Vivendo nos lugares celestiais

Tomando consciência do real significado da vida cristã.

Luiz Fontes

“... e juntamente com ele nos ressuscitou, e a si mesmo nos fez assentar nos lugares celestiais com Cristo Jesus... Se, pois, ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas de cima… Assim, irmãos, tendo liberdade para entrar no Lugar Santíssimo pelo sangue de Jesus Cristo…” (Ef. 2:6; Col. 3:1-3: Heb. 10:19-25).

Estas três passagens se referem à vida cristã nos lugares celestiais. O nosso desejo é poder ver um pouco mais sobre o que realmente é a igreja, segundo como Deus a vê. Se conseguirmos tocar essas realidades, isso mudará a nossa maneira de ser e do viver pessoal e também congregacional.

Uma questão de fé

A igreja não é religião nem filosofia, não é um grupo de pensadores ou de pessoas que se comportam diferentemente da sociedade. A igreja é o corpo de Cristo. Não é um assunto acadêmico ou um fruto do intelecto humano; é uma questão de revelação, uma questão de fé.

E a fé não é algo que você adquire por si mesmo; é um dom de Deus. Os seres humanos têm cinco sentidos, mas um cristão tem um sentido a mais: a fé. O incrédulo não sabe isto. Entretanto, um cristão, «através deste sentido», consegue constatar as esferas mais elevadas, do ponto de vista espiritual.

Este sentido chamado fé é o que nos faz perceber e experimentar a Deus, o tocar e sentir a sua presença em nós. Pela fé desfrutamos da glória celestial, embora ainda não em sua plenitude. Podemos sentir um gozo antecipado. Não há nada neste mundo que se compare a isto.

O que nos possibilita ter esta experiência? A fé. A fé não é algo pequeno. Nosso próprio Senhor Jesus é o autor da fé. Quando ele foi para a cruz e morreu em nosso lugar, ele levou a fé à esfera mais alta. Então, a fé que temos é fruto dele, o Autor e consumador da nossa fé.

A fé nos é dada por Deus em Cristo Jesus. Nossa salvação é por fé; nossa justificação é por fé; nossa santificação é por fé, e nossa esperança eterna é por fé. Nossa vida cristã, dia a dia, é por fé. E a fé nos permite compreender o que é a igreja e também a nossa vida espiritual.

O viver na carne

Podemos ver a sequência dos textos lidos como três degraus da vida cristã. Ao nascer de novo, temos uma realidade celestial em nossa vida, a qual muda a nossa maneira de ver tudo: nosso comportamento em relação ao mundo; nossa maneira de trabalhar e de estudar, de viver o casamento e a família, de lutar com todas as coisas da esfera terrena. Muitos cristãos não se dão conta disto, e vivem a sua vida cristã «na carne».

Um exemplo de alguém que rebaixou a sua relação com Deus ao nível da carne, é Abraão. Deus tinha lhe dado a promessa da terra e a promessa do filho. Isso está em Gênesis 15. Isso é algo espiritual, algo de profundo significado. Ele teve uma experiência com Deus. Nele, Deus tinha a semente de uma geração terrena e de uma geração celestial; a primeira, tipificada pela areia do mar, é Israel; e a outra, as estrelas do céu, é a igreja, porque a essência espiritual da igreja é celestial.

Em Atos 10, Pedro teve a visão daquele lençol. Aquela era uma visão da igreja. Depois daquela experiência, chegaram três homens para buscá-lo. Deus tinha preparado tudo. Então, quando Pedro se reúne com eles, o evangelho alcança os gentios. A igreja não era algo exclusivo dos judeus; ela inclui todas as pessoas, povos, tribos, línguas e nações. Como isto é possível? Porque é uma obra celestial.

Hoje, nós estamos aqui como um testemunho vivo disso. Deus prometeu a Abraão que ele teria uma geração terrena e também uma geração celestial. Mas, (Gên. 16), Sara, sua esposa toma a iniciativa e faz uma proposta a Abraão por um caminho que não era a plena vontade de Deus.

Abraão gerou Ismael. Ismael representa a mistura da fé com a carne. É uma prática comum entre os cristãos reduzir a fé para um caminho carnal. Você coloca fé, mas acrescenta a sua força. Frequentemente, os cristãos determinam fazer alguma coisa e a buscamos da nossa maneira. Ou, primeiro tomamos uma decisão, e depois oramos. Isso não é fé; é misturar a carne com a fé.

O caminho da fé

Quando você anda por fé, a primeira coisa que busca é o descanso. Sabe que Deus o fará da sua maneira. E se Deus não responde o que pede, essa é a certeza de que Deus está no controle. Às vezes Deus não responde ao que pedimos, para nosso próprio bem. Precisamos aprender a percorrer o caminho da fé.

Efésios capítulo 2 começa dizendo que nós estávamos mortos em nossos delitos e pecados; em outro tempo, andávamos segundo o curso deste mundo e éramos por natureza filhos de ira. E em seguida diz: «Mas Deus, que é rico em misericórdia, por seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em pecados, nos deu vida juntamente com Cristo (por graça sois salvos)» (2:4-5).

«...e juntamente com ele nos ressuscitou, e deste modo nos fez assentar nos lugares celestiais com Cristo Jesus» (v. 6). Observemos a frase: «Juntamente com ele nos ressuscitou». Aqui temos que aprender três lições. Primeiro, o tempo do verbo aqui é perfeito, e aponta para uma ação completa, com resultados contínuos, enfatizando um estado e condição permanente. O que isto significa? O fato de nós termos ressuscitado com Cristo é a maior experiência que alguém pode ter. Isto é a nossa salvação.

Não podemos pensar na salvação meramente como uma libertação do inferno. Não é apenas que nós pecamos e Deus nos perdoou. Essa é a maneira religiosa de vê-la. A nossa salvação é muito maior que isso; ela significa que você e eu experimentamos tudo aquilo que Cristo realizou.

Paulo o descreve assim: Quando Cristo foi crucificado, nós fomos crucificados com ele; quando Cristo morreu, nós morremos com ele; quando Cristo foi sepultado, nós fomos sepultados com ele; quando Cristo ressuscitou, nós ressuscitamos com ele, e quando Cristo ascendeu, nós também fomos nele naquela ascensão. Isto é a salvação. Se isto não estiver claro para você, procure receber hoje a Cristo em sua vida, porque, no máximo, o que você tem é uma salvação religiosa.

A salvação é uma mudança de estado e de posição. O que significa uma mudança de estado? Nós estávamos mortos, mas agora não, pois fomos incluídos na ressurreição de Cristo. Isto significa que a obra de Sua ressurreição está presente em nossas vidas.

Sabemos que neste corpo de carne temos deficiências, mas fomos ressuscitados com Cristo, e esta grande obra ainda está sendo realizada em nossas vidas. Primeiro foi a justificação. Agora, Deus está trabalhando em nós a santificação, e em seguida teremos a glorificação, participando da plenitude de sua glória eterna.

Conseguimos ver essa salvação? Primeiro, ele nos libertou do império das trevas. Houve uma mudança do estado em que nos achávamos. Nossa condição era de condenados; agora é de justificados. Mas não é apenas uma mudança de estado, mas também uma mudança de posição. Que posição é esta? Paulo diz que nós éramos filhos da ira, e agora somos filhos do Seu amor. Esta é nossa salvação!

Aqui temos outro ponto. Esse estado que nós temos agora é uma condição permanente. Esta não é uma salvação simples. No Antigo Pacto, era necessário cada ano a oferta pela expiação. Mas em Hebreus 10 vemos que Cristo fez uma única oferta, e nos perdoou eternamente. Ele está assentado agora. Por quê? Porque ele descansa sobre o fundamento da sua obra.

«Agora, pois, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus» (Rom. 8:1). Esta salvação implica que fomos tirados do poder das trevas, e transportados para o reino do Filho de Deus (Col. 1:13).

A obra do inimigo

Satanás trabalha na fraqueza da nossa carne. Ainda estamos neste corpo de carne; somos limitados por ela, somos vulneráveis. Não nos esqueçamos disso. Nossos pecados foram perdoados; mas nosso pecado, nossa natureza, tem que ser trabalhada pela cruz, pela Palavra, por meio do Espírito Santo operando em nós, nos convencendo do pecado, da justiça e do juízo.

Não nos esqueçamos disso, porque muitos cristãos hoje têm dificuldades espirituais, e embora tenham recebido ao Senhor em sua vida, estão em constante fraqueza. Não conseguem viver a vida cristã celestial; sempre estão tratando com os mesmos pecados. Isto é próprio da carne, mas isso não é a vida no Espírito.

Paulo chega a dizer em Romanos 7 que é como se tivesse duas pessoas dentro dele, em uma batalha interior. Em Gálatas capítulo 5, mostra-nos também isto, o contraste do andar no Espírito, e as obras da carne. Somos confrontados todo o tempo com isto. Mas, o que pode nos ajudar? O caminhar por fé. Porque a fé aponta para o alto.

Temos uma posição celestial. Se não vivermos esta realidade, aceitando as condições da carne, seremos cada dia mais vulneráveis diante de Satanás. É através da carne e do poder do mundo que ele tenta te seduzir e te fazer cair. Você começa a ser um cristão problemático, uma pedra de tropeço no meio dos irmãos. Sua vida cristã não flui. Têm dificuldades com a Palavra, com a oração e com a plenitude do Espírito, dificuldades para servir de maneira consagrada. Sua vida está enredada. Mas, o que ocorre? Satanás está ganhando vantagem por causa da ignorância espiritual.

Ressuscitados com Cristo

O Senhor nos libertou do poder das trevas, e a vida cristã é a vida vivida nas esferas celestiais. A frase: «Juntamente com ele nos ressuscitou», é uma descrição grandiosa. Não podemos aceitar uma vida que seja menos que isso! Não permitamos que Satanás nos engane.

Este é um fato imutável: você ressuscitou com Cristo; sua vida é uma vida celestial na terra. Tem limitações? Sim. Tem tribulações e dificuldades? Sim. Entretanto, você já não vê as coisas do ponto de vista carnal, mas da perspectiva celestial. Aí saberá que todas as coisas cooperam juntamente, para que o supremo propósito de Deus se cumpra em sua vida. Consegue ver esta vida celestial?

«Se, pois, ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas de que são de cima» (Col. 3:1). O que significa este «Se…»? Aqui há uma característica de alguém que ressuscitou. Aquele que participa desta tão grande salvação tem este lado visível. Não podemos dizer que somos salvos se não estamos desfrutando das glórias da ressurreição de Cristo.

A vida celestial

Apesar de nós, este assunto é imutável. Isto é realidade. Uma vida cristã sem realidade espiritual não é vida cristã, mas apenas religião. Não permitamos que o inimigo transforme a nossa vida em religião. «Se, pois, ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima».

O que significa buscar as coisas de cima? Aqui há dois pontos significativos. Primeiro, sim, devemos procurar as coisas do alto. E segundo, devemos ver tudo do ponto de vista celestial. Nossa perspectiva não é horizontal, mas celestial. Se você olha para frente, estará vendo segundo a esfera carnal.

Talvez em sua vida conjugal, você esteja enfrentando uma grande luta e já não tem esperança. Se for assim, deixe de olhar para o teu casamento do ponto de vista natural. Você o está considerando segundo as suas emoções. Comece a vê-lo não de baixo para cima, mas sim de cima para baixo. Por quê? Porque você está com Cristo nos lugares celestiais.

Por que Abraão falhou? Por que ele misturou a fé com a carne? Porque olhou para a sua condição, viu a velhice de Sara, e então tomou um caminho errado. Deus tinha lhe dado o caminho da fé. O caminho da fé não é fácil: é impossível. Mas é ali que Deus age. Não é um assunto da carne ou de força humana; é algo onde só Deus age.

Deus escolhe esse caminho «impossível» com o único propósito de que, em todas as coisas, nós tenhamos comunhão com ele. Assim você começará a perceber que não são «as coisas», as bênçãos recebidas, o que te faz feliz, mas verá que, tudo o que é de real valor, tem a ver com a sua comunhão com Deus, com a presença de Deus e com a glória de Deus. Então você não irá se gloriar nas bênçãos, nem se julgará como a pessoa mais espiritual, porque o próprio Senhor será sempre o seu objetivo supremo. Isto muda a nossa maneira de andar e de viver.

Um dia entraremos na plenitude desta vida. Esta é a nossa esperança viva. Nós não estamos esperando a sepultura; estamos esperando o reino de glória, porque o nosso Senhor venceu a morte, venceu o pecado, venceu o mundo e venceu o diabo. Ele é a nossa vitória.

Nosso culto racional

Precisamos ter uma mente celestial. Nossa fraqueza não é só o nosso corpo, tão vulnerável ao pecado; mas também a nossa mente. É ali onde são geradas as grandes batalhas espirituais. Como ter uma mente celestial? Paulo nos ensina: «Rogo-vos, pois irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo, agradável a Deus, que é vosso culto racional» (Rom. 12:1). Nosso corpo consagrado é o culto racional.

O corpo é templo do Espírito Santo. Temos que consagrar o nosso corpo, porque dentro dele temos a nossa alma (mente, emoções e vontade) e nosso espírito (intuição, consciência e comunhão). Paulo diz que este é um culto consciente; ele está falando destas faculdades da alma e do espírito. Isso é o que deve ser um culto a Deus. Se não oferecermos nossa vida como um culto a Deus, pouco importa o que cantamos. Isso não faz diferença.

Se passo todo o dia fazendo coisas abomináveis, mas chego na reunião, coloco uma máscara de santidade e levanto as minhas mãos para louvar a Deus, isso não é bom, porque o culto não começa no momento da reunião. O culto a Deus é a minha vida. Deus não procura a adoração; ele procura adoradores. Para ele, ambas são uma só coisa. O que tem valor para ele não é o que cantamos, mas a nossa vida.

As formas do mundo

«Não vos conformeis a este século» (V. 2). A palavra «conformeis», no original, significa «encaixar-se em uma forma». Quando a nossa vida não é um culto a Deus, ainda estamos na forma do mundo. Não há um terceiro caminho: ou somos um templo, ou somos moldados pelos padrões do mundo.

Muitas vezes pensamos: Por que eu não tenho uma vida celestial na terra? Aqui está a resposta: porque estamos na forma do mundo. Mas se você quer ter uma vida celestial na terra, teu corpo tem que ser um culto para Deus. O mundo ficou para trás; aquele é a poder das trevas, de onde fomos arrancados. Agora nós estamos no reino do Filho de Deus. Esta é outra realidade.

«Não vos conformeis a este século, mas transformai-vos por meio da renovação do vosso entendimento». Agora, em Cristo, a mente é transformada; deve ser uma mente renovada. Uma nova mente, uma nova maneira de pensar, de ver, de discernir. Esta é a mente de um cristão espiritual, aquele que vive a vida cristã elevada, não uma vida cristã superficial ou medíocre.

Apesar de todas as dificuldades, este cristão tem uma vida celestial. Ainda em situações extremamente difíceis, quando tudo parece estar perdido, ele considera tudo de uma perspectiva celestial. Deus está no controle, ele está trabalhando; tudo coopera para o bem de Seu propósito. Não é o meu bem, é o bem dele; não é o meu propósito, é o propósito de Deus. Isso muda tudo.

Agora entendemos porque aqueles primeiros cristãos morreram por este evangelho, por esta causa. E qual é a nossa causa? Nós não chegamos a morrer pelo evangelho, nem mesmo estamos conseguindo viver por ele. Temos dificuldades na comunhão, na oração, dificuldades com a palavra, dificuldades com o Espírito Santo, com os dons e com os frutos. Isso não é correto. Então, o que faremos?

Que hoje possamos ter a sinceridade de chegar diante de Deus e confessar as nossas faltas, dizendo: «Senhor, me tome em tuas mãos e me leve a experimentar as esferas mais altas da minha salvação. Me tire desta periferia, me ajude a viver este evangelho, no meu matrimônio, meu lar, até diante de todos os principados e poderes nos lugares celestiais».

«Porque morrestes…» (Col. 3:3). Isto tem um contraste. Fomos ressuscitados. E por que fomos ressuscitados? «Porque morrestes». Morremos para que? Morremos para o pecado. «Considerai-vos mortos para o pecado» (Rom. 6:11). O pecado era nosso amo; estávamos escravizados por ele. Mas nosso Senhor venceu o pecado!

Morrer para o pecado é também morrer para o mundo. Não permita que o mundo tenha poder sobre a tua vida; porque ele roubará o teu tempo, perderá a presença e o gozo do Espírito e perderá a comunhão com o Senhor. Então, você deve saber que morreu para o mundo, para o pecado e para a carne. Você ressuscitou com Cristo. Já não pertence ao poder das trevas; é um cidadão celestial.

Escondidos com Cristo

«Porque morrestes, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus» (Col. 1:3). Que bela declaração! Tomemos a força desta frase. Tua vida está escondida com Cristo em Deus. É maravilhoso. Quanto poder há nesta declaração! Não há nada que possa esmagar mais a Satanás como a força que há nela. Ele só tem poder quando nós lhe damos brecha. Quando você a declara com fé, desejando esta realidade, é como fechar a porta com todas as forças diante do rosto de Satanás. Sua vida está escondida com Cristo em Deus. Que o Senhor fale ricamente ao teu coração através desta frase.

A oferta perfeita

«Assim que, irmãos, tendo liberdade para entrar no Lugar Santíssimo pelo sangue de Jesus Cristo» (Heb. 10:19). O contexto do versículo 19 se encontra nos versículos 17 e 18: «E nunca mais me lembrarei dos vossos pecados e transgressões. Pois onde há remissão destes, não há mais oferta pelo pecado». Onde está à força deste texto? Nos versículos 12 e 14. Ao lermos os versículos 12 e 14, 17 e 18, teremos um lindo quadro a respeito da nossa redenção.

«Mas Cristo, tendo oferecido uma vez para sempre um só sacrifício pelos pecados, assentou-se à mão direita de Deus» (V. 12). A versão em português diz que ele está «assentado para sempre» à mão direita de Deus. Por que assentado para sempre? Porque ele ofereceu uma única oferta, e esta é totalmente suficiente, porque ela satisfez todas as exigências de Deus.

Tudo o que esta oferta necessitava cumprir, cumpriu, com relação aos pecados, à morte e ao diabo, com relação ao inferno e ao mundo. E também diante de Deus, ela satisfez a justiça de Deus, a santidade de Deus e a glória de Deus. Esta é nossa salvação. Um único sacrifício.

«Porque com uma só oferta fez perfeitos para sempre aos santificados» (V. 14). Ele os aperfeiçoou para sempre. Qual é o segredo disto? Versículo 12: «Um só sacrifício». Versículo 14: «Uma só oferta». «Fez perfeitos para sempre». Que salvação é esta! Esta salvação entrou em seu coração gerando uma fé viva, uma esperança viva, uma certeza eterna; quebrou os grilhões do pecado, te tirou da poder das trevas e te colocou na posição de filho de Deus. Aleluia!

Um convite celestial

O versículo 19 começa: «Assim que».  Esta é uma cláusula conclusiva. Está concluindo tudo o que Paulo vem falando nos versículos anteriores. «Assim que, irmãos, tendo liberdade para entrar no Lugar Santíssimo pelo sangue de Jesus Cristo. Isto é glorioso. A frase «no Lugar Santíssimo» é outra maneira de dizer «nos lugares celestiais».

Este texto diz que você pode entrar. Satanás te dirá que você tem tantas deficiências. Mas aqui não diz isso. Diz que você pode. E por que pode entrar? Porque Cristo fez um só sacrifício para te salvar. Se você fosse a única pessoa perdida neste universo de trilhões de pessoas, ele teria vindo igualmente aqui para realizar a mesma oferta para te salvar.

O Senhor está assentado no lugar de glória, no Lugar Santíssimo. E hoje nos convida a entrar. Você diz: «Mas eu não me sinto digno». É o inimigo quem quer te fazer retroceder. Mas Paulo diz que nós não somos daqueles que retrocedem. Não podemos retroceder, pois somos convidados a entrar. Sim, pode entrar, porque o que te habilita para isso é o poder do sangue de Jesus. Este é o sangue que Deus vê. Isto é maravilhoso.

Um plano eterno

Lembremos de Êxodo capítulo 12. Quando Deus ordenou que sacrificassem um cordeiro, e que seu sangue fosse colocado nos umbrais da porta, o cordeiro devia ser tomado no décimo dia, mas era sacrificado no décimo quarto dia. Vê a beleza disto? É o que Paulo diz em Romanos 3:25. A versão em português diz que Deus «propôs» a seu Filho como Propiciação. Significa que Deus o realizou antes. O que nos mostra este quadro? Antes de Jesus morrer na cruz, antes que Adão caísse, já havia um Cordeiro separado e crucificado. Deus já havia provido para nós uma salvação eterna em Cristo Jesus.

A salvação foi consumada na cruz. Mas o plano dela já estava dentro de Deus por toda a eternidade (1 Pedro 1:19-20). Isto é maravilhoso. Esta é a salvação que você tem! Satanás quer tirar a tua alegria e a certeza dela. Não permita que o pecado te limite; não permita que suas fraquezas ou sua carne o façam retroceder. Olhe para ele. Se ele está assentado, é por você, porque ele ofereceu um único sacrifício.

Deus aceitou o sacrifício, porque o sangue é o caminho. Quando você vai por este sangue, Deus não vê a um pecador, mas vê o sangue sobre ele. Quando Deus olha o sangue, ele vê a grandeza da obra de seu Filho. «Está consumado». Aleluia, podemos entrar! Não podemos aceitar outra salvação que não seja esta.

Cristo, sumo sacerdote

«E tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus…» (V. 21). É impressionante a linguagem desses textos. A casa de Deus é outra maneira de referir-se a nós. Hebreus 3:6 diz que a casa de Deus somos nós. Está falando de nós de maneira coletiva. Ao vermos o versículo 19: «Assim, irmãos…», estes também são a casa de Deus. Então, os irmãos podem entrar.

Sobre à casa de Deus há um sumo sacerdote. O que isto quer dizer? Em primeiro lugar, a obra de Cristo como Salvador, é uma obra do passado; ela já foi feita. Mas, como sumo sacerdote, a sua obra está sendo realizada agora. Neste exato momento, Cristo é o sumo sacerdote. Nossa relação com ele não é só o relacionamento com o Salvador. Sua obra de salvação foi consumada há dois mil anos atrás; mas a sua obra como sumo sacerdote está sendo realizada agora.

Com o que ele está tratando agora? Em nossa salvação, ele tratou com os nossos pecados. No entanto, como sumo sacerdote, ele trata com as nossas fraquezas. Ele sabe que somos frágeis. Às vezes, quando a nossa oração não consegue chegar a Deus, sabe o que o Senhor faz? Ele intercede por nós.

«Disse também o Senhor: Simão, Simão, eis que Satanás pediu para vos joeirar como o trigo; mas eu roguei por ti, que a tua fé não falte» (Luc. 22:31-32). Vemos como o Senhor Jesus se antecipou a Pedro; ele sabia que a fé de Pedro se enfraqueceria, e este o negaria. Mas ele não desistiu de Pedro.

Quando Pedro o negou, viu que os olhos do Senhor estavam sobre ele. Jesus não tirou os seus olhos nem mesmo quando este o negava. Você pode negá-lo, mas ele não te abandonará. Esta é a nossa salvação! Tudo isto é tão glorioso. Temos um sumo sacerdote sobre a casa de Deus. «nos aproximemos». Não é retroceder, mas entrar, aproximar-se, avançar; é viver a vida celestial na terra.

Congregados no alto

«Não deixando de congregar, como alguns têm por costume, mas nos exortando; e tão mais, quanto veem que aquele dia se aproxima» (V. 25). Há duas maneiras de analisar este texto. Primeiro, de maneira natural. Esta nos mostrará que o texto se relaciona com as reuniões da igreja. Mas devemos saber que, até esse tempo, os irmãos não tinham um local de reunião.

Segundo, a palavra «congregar» é muito interessante. Ela só aparece duas vezes na Bíblia. A primeira em 2a Tess. 2:1: «com respeito à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, e nossa reunião com ele». No grego é episunagoge. A ideia aqui é congregar-se no alto.

Todos os textos que temos lido têm relação com a vida cristã celestial. Efésios 2:6 diz que «nos fez assentar nos lugares celestiais com Cristo Jesus». E Hebreus 10:12 diz que ele está assentado para sempre à mão direita de Deus. Então, se ele está assentado para sempre à mão direita de Deus, o que quer dizer «assentados com Cristo nos lugares celestiais»? Que nossa salvação nos introduziu na esfera mais elevada da presença de Deus. Podemos entrar e desfrutar desta presença todo o tempo. Você pode se aproximar com um coração sincero, em plena certeza de fé.

A certeza da fé

Qual é a certeza da fé? A eficácia do sangue de Cristo Jesus. Não é olhando para ti mesmo, mas considerando aquilo que Deus vê. Este é um ato de fé. Então, esta certeza de fé agora tem um objetivo: o sangue de Cristo Jesus. O sangue de Jesus te purifica de todos os seus pecados. Então diz: «Não deixemos de nos reunir com o Senhor nos lugares celestiais, como é costume de alguns».

Precisamos nos exortar, porque o nosso Senhor está voltando, e antes de entrar nos céus para viver a plenitude eterna, nós podemos desfrutar dos céus até estando nesta terra. Se tocarmos a realidade desta palavra, veremos uma grande oportunidade para que Deus comece um grande avivamento conosco. Porque esta é a experiência prática do avivamento: a consciência do verdadeiro significado da vida cristã. Amém.

Síntese de uma mensagem compartilhada em Temuco, Chile, em agosto de 2017.

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