Luz na escuridão (2)

A função da igreja no meio de uma sociedade hostil à fé.

Rodrigo Abarca

No Senhor confio. Como, pois, me dizeis: Foge para o monte, como um pássaro? Pois eis que os ímpios armam o arco, põem a sua flecha na corda, para atirarem, às ocultas, aos retos de coração. Quando os fundamentos são destruídos, que pode fazer o justo?” (Sal. 11:1-3).

Um mundo em crise

A sociedade foi se afastando cada vez mais de Deus, dos princípios morais e das verdades reveladas pelo Senhor. Vivemos em uma sociedade cada vez mais hostil ao cristianismo. Isto é uma mudança na história do mundo.

Hoje enfrentamos uma sociedade que já não vê o mundo com os olhos da fé, nem crê nos valores fundamentais do cristianismo. É um mundo diferente, e estamos sendo confrontados por ele. Há um mistério de iniquidade atuando, há uma mente que está por trás de tudo o que ocorre no mundo, cujo propósito é produzir uma sociedade hostil à fé. Com isto, Satanás procura destruir a igreja.

«Vós sois o sal da terra» (Mat. 5:13). Se tirarmos o sal dos mantimentos, estes se corrompem. Claramente, uma das funções da igreja no mundo é impedir que o mal avance em sua obra de destruição. «Deus quer que todos os homens sejam salvos e venham ao conhecimento da verdade».

Uma resposta de fé

No Salmo 11 notamos algumas coisas interessantes com respeito ao que estamos vivendo hoje. «Se forem destruídos os fundamentos, o que há de fazer o justo?» (Sal. 11:3). Se os justos são colocados em interdição, e seus fundamentos são atacados, o que se pode fazer? Frente à ameaça do mundo, a igreja deve fugir e ocultar-se? E, se ela se ocultar, o que será do mundo?

A resposta do salmista está no versículo 4. «O Senhor está no seu santo templo, o trono do Senhor está nos céus; os seus olhos contemplam, as suas pálpebras provam os filhos dos homens.». Por que ele responde com estes dois grandes fatos? «O Senhor está no seu santo templo; o Senhor tem no céu o seu trono».

Em Apocalipse achamos exatamente a mesma resposta. Como o Senhor responde a um tempo de crise? Quando a igreja é ameaçada pelo mundo, deve esconder-se? Apocalipse responde: Cristo está em seu templo, em sua igreja. A igreja não está à mercê do poder de engano que governa o mundo.

Não estamos indefesos, nem estamos à deriva; ao contrário, o Senhor está conosco. Ele é Rei de reis e Senhor dos senhores. E embora todos os poderes terrenos se unam contra ele, não poderão vencê-lo.

Apocalipse 17:13-14, falando dos poderes do mundo, diz. «Estes têm um mesmo propósito, e entregarão o seu poder e sua autoridade à besta. Pelejarão contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, porque ele é o Senhor de senhores e Rei dos reis; e os que estão com ele são chamados e eleitos e fiéis». Assim como eles não podem vencer ao Cordeiro, tampouco poderão vencer a igreja do Cordeiro.

Há um mistério de iniquidade no mundo. Em Apocalipse capítulo 13 vimos antes como este mistério funciona como um poder cultural, que tem a ver com filosofias, ideologias ou religiões que procuram seduzir os homens para conduzi-los a servir, a adorar e a submeter-se ao domínio desta besta, este monstro político, que surge para usurpar o lugar de Deus.

E observamos que esse trabalho consiste em seduzir as mentes com ideias que tornará possível o advento do anticristo, abrindo espaço a uma geração cuja mente e coração estejam preparados para submeter-se a este anticristo político. Isto já ocorreu na história da humanidade. João diz que não há apenas um anticristo, mas muitos. O último aparece em Apocalipse 13, mas essa besta, de alguma forma, já esteve presente na história, em personagens que a antecipam.

O drama da Alemanha

Permitam-me contar-lhes um caso que, talvez, nos ajude a entender o que ocorrerá no tempo do fim. Nos princípios do século XX, a Alemanha era uma das nações mais evangelizadas do mundo. Ali se iniciou a Reforma, com Martín Lutero, o primeiro movimento de restauração.

No entanto, com o passar do tempo, aquela igreja afastou o seu coração do Senhor, e seguiu sendo nominal, exteriormente cristã, mas o seu coração estava longe de Deus. Aquilo criou uma situação para que surgissem ideologias e formas de pensamento totalmente anticristãs.

No início do século XX, as ideias predominantes na sociedade alemã tornaram possível o surgimento de um personagem como Adolfo Hitler. A grande tragédia foi que a igreja alemã e seus pastores, quase sem exceção, apoiaram o nazismo. A igreja, que devia ser sal da terra e luz do mundo! Em que momento foi perdida a capacidade de discernir?

Só um pastor, Dietrich Bonhöffer percebeu o que estava ocorrendo, e se opôs a aquela ideologia. Isso lhe custou a vida. Ele antecipou que aquele homem era a encarnação do espírito do anticristo, porque pretendia usurpar o lugar de Deus no coração dos homens.

A consequência daquilo foram os horrores que vieram a seguir; foi o preço que pagou essa nação por ter seguido o engano. Mas, antes que tudo isso ocorresse, ninguém sabia, exceto aqueles cujos olhos foram abertos pelo Senhor. O que estava ocorrendo não era uma mera questão política; por trás, havia algo espiritual, um poder demoníaco, operando.

Aqui vemos o fracasso de uma igreja que devia ser sal da terra em uma nação, porque o seu coração estava afastado do Senhor; uma igreja secularizada, que tinha adotado as ideias do mundo.

As ideias que dominavam na Alemanha avalizaram o surgimento de Hitler. Uma delas era o darwinismo social, a ideia da sobrevivência do mais apto. Isso levava logicamente, à ideia de que a raça mais forte era a que devia submeter às outras. Outra era a preeminência da ciência como o fator final de solução dos problemas da vida humana, cuja concretização era o nazismo.

Tais ideias também dominaram a igreja, tornando-a impotente para responder ao que ocorria. Quando o sal perde o seu sabor, não serve para nada. Este é um caso histórico. Claramente, Hitler era um anticristo, e demonstrou isso em sua intenção demoníaca de exterminar o povo judeu.

Em Apocalipse capítulos 13 ao 18, aparecem os três grandes inimigos da igreja, três grandes poderes que Satanás levanta para destrui-la. Já mencionamos dois: o poder político, que muitas vezes perseguiu a igreja. E em seguida a besta, o poder cultural que acossa a igreja e tenta capturar a mente e o coração dos homens.

Uma mulher vestida de púrpura

Em Apocalipse capítulos 17 e 18 aparecem um terceiro grande poder. Hoje nos centraremos particularmente neste, um poder mais sutil e inclusive mais perigoso que os anteriores.

«Veio um dos sete anjos que tinham as sete taças, e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei a condenação da grande prostituta que está assentada sobre muitas águas;com a qual se prostituíram os reis da terra; e os que habitam sobre a terra se embriagaram com o vinho da sua prostituição.Então ele me levou em espírito a um deserto; e vi uma mulher montada numa besta cor de escarlate, que estava cheia de nomes de blasfémia, e que tinha sete cabeças e dez chifres.A mulher estava vestida de púrpura e de escarlate, e adornada de ouro, pedras preciosas e pérolas; e tinha na mão um cálice de ouro, cheio das abominações, e da imundície da prostituição;e na sua fronte estava escrito um nome simbólico: A grande Babilónia, a mãe das prostituições e das abominações da terra» (Apoc. 17:1-5).

A abominação desoladora

A palavra abominação, no judaísmo, tem um só significado: idolatria. Assim chamavam os judeus a qualquer ídolo: uma abominação. Jesus fala da «abominação desoladora», lembrando da profecia de Daniel, esta era a estátua de Júpiter, que Antíoco Epífanes pôs no templo (300 A. do C., aprox.).

Esta mulher é a mãe das idolatrias da terra. Idolatria é pôr algo no lugar de Deus. A maior abominação do tempo final é usurpar o lugar de Deus, pondo o homem no lugar de Deus. A grande meretriz é a promotora de toda forma de abominação, a semelhança das antigas sacerdotisas dos cultos pagãos, que exerciam a prostituição com o fim de difundir a idolatria.

Esta grande meretriz é a prostituta que está na raiz de toda a idolatria do mundo. E as ferramentas que ela usa são a sedução do prazer e o sexo. Quão importante foi o sexo desde o começo da história humana como ferramenta de sedução, e ainda continua sendo.

«E a mulher estava vestida de púrpura e escarlate, e adornada de ouro, de pedras preciosas e de pérolas, e tinha na mão um cálice de ouro cheio de abominações e da imundície da sua fornicação» (17:4).

«Um segundo anjo o seguiu, dizendo: Caiu, caiu a grande Babilónia, que a todas as nações deu a beber do vinho da ira da sua prostituição.Seguiu-os ainda um terceiro anjo, dizendo com grande voz: Se alguém adorar a besta, e a sua imagem, e receber o sinal na fronte, ou na mão,também o tal beberá do vinho da ira de Deus, que se acha preparado sem mistura, no cálice da sua ira; e será atormentado com fogo e enxofre diante dos santos anjos e diante do Cordeiro» (Apoc. 14:8-10).

As armas da sedução

Esta mulher seduz às nações para que adorem e sirvam à besta. Atrás do surgimento do «homem do pecado», o anticristo –além disso do falso profeta, que promove a ascensão do anticristo–, está também esta mulher, cujo propósito é seduzir os homens, já não com ideias, mas com ofertas de prazer, para que sirvam à besta. Que tipo de sedução ela promove? Basicamente, a oferta de satisfazer tudo o que o coração humano deseja.

Em uma palavra, esta mulher representa o mundo. O que há no mundo? «Os desejos da carne, os desejos dos olhos, e a vangloria da vida» (1 João 2:16). É esse sistema corrupto que oferece a satisfação dos desejos do coração humano, ilimitadamente. Mas não o oferece de graça, mas em troca de algo: em troca de que submeta o seu coração, a sua mente e a sua alma, vendendo a sua alma ao anticristo.

Estamos vivendo esses tempos? Talvez hoje não estamos sob uma perseguição política, embora haja irmãos que estejam sendo perseguidos. Mas não é a realidade nossa ainda. Estamos experimentando o surgimento do espírito do falso profeta e das ideologias hostis ao cristianismo, mas, também, estamos vendo a oferta ilimitada de sedução do mundo, a grande Babilônia.

Quantos crentes estão apanhados por aquilo! Vejam o que diz a Escritura quando fala do julgamento de Babilônia. «Ouvi outra voz do céu dizer: Sai dela, povo meu, para que não sejas participante dos sete pecados, e para que não incorras nas suas pragas.Porque os seus pecados se acumularam até o céu, e Deus se lembrou das iniquidades dela.Tornai a dar-lhe como também ela vos tem dado, e retribuí-lhe em dobro conforme as suas obras; no cálice em que vos deu de beber dai-lhe a ela em dobro.Quanto ela se glorificou, e em delícias esteve, tanto lhe dai de tormento e de pranto; pois que ela diz em seu coração: Estou assentada como rainha, e não sou viúva, e de modo algum verei o pranto» (Apoc. 18:4-7).

Se lembram quem diz palavras similares em Apocalipse 3? São palavras para uma igreja, onde não se esperaria jamais encontrar. «Porque tu dizes: Eu sou rico, e me enriqueci, e de nada tenho necessidade; e não sabe que tu és um desventurado, miserável, pobre, cego e nu» (Apoc. 3:17). Eis aqui uma igreja cativada pelo espírito de Babilônia, que fala quase as mesmas palavras, uma igreja secularizada, cativada pelo mundo, pelas ideias da Babilônia e os contratos babilônicos.

O tráfico de almas humanas

Uma das características da Babilônia são os seus contratos, as suas negociações. No julgamento sobre Babilônia, lemos: «E sobre ela choram e lamentam os mercadores da terra; porque ninguém compra mais as suas mercadorias:mercadorias de ouro, de prata, de pedras preciosas, de pérolas, de linho fino, de púrpura, de seda e de escarlate; e toda espécie de madeira odorífera, e todo objeto de marfim, de madeira preciosíssima, de bronze, de ferro e de mármore…» (18:11-12).

Quem não gostaria de ter todas estas coisas? « e canela, especiarias, perfume, mirra e incenso; e vinho, azeite, flor de farinha e trigo; e gado, ovelhas, cavalos e carros; e escravos, e até almas de homens» (V. 13). Vejam a última frase: «e almas de homens». Ela procura, sobretudo, apropriar-se e traficar com almas humanas. Por quê? Porque na alma estão os desejos do coração pelas coisas materiais. E, como se apropria da alma? Através daqueles desejos.

Agora, se forem destruídos os fundamentos, o que Deus pôs no coração humano, para impedir que estes desejos se assenhoreiem da alma? A lei moral. Quando se perdem os valores e os princípios morais, só ficam os desejos, e eles devem governar a vida humana, de modo que as pessoas vivem apenas para satisfazerem os seus desejos, por ter perdido o conhecimento do bem e do mal. Isso ocorre com a geração atual, a qual foi arrebatada o conhecimento moral.

Há todo um sistema mercantil que vive de fomentar e satisfazer os desejos, formado por empresas transnacionais, que dirigem orçamentos fabulosos, e estão aliadas com esta filosofia anticristã. Convém a eles, pois esta ideologia procura a destruição de todo princípio restritivo, o que significa soltar as rédeas para todos os desejos, e quanto mais coisas buscam para se satisfazerem, mais eles se enriquecem.

Recentemente, um estado se negou a aceitar uma lei de união homossexual. E, sabem o que as grandes corporações fizeram? Ameaçaram tirar todos os seus produtos daquele estado se essa lei não fosse aprovada. Esse é o mundo em que estamos vivendo. Grandes poderes econômicos aliados com o anticristo, com a besta, com o falso profeta. É Babilônia.

A teologia da prosperidade

A Babilônia tem capturado uma parte da igreja? Vejamos como isto está funcionando. Em primeiro lugar, temos a teologia da prosperidade. Grandes setores da cristandade já são cativos dela. A teologia da prosperidade não é mais que a busca de satisfação dos desejos do coração humano. Quer ter um automóvel ou uma casa? Quer ter férias de luxo? Deus te dará tudo isso. Babilônia. Por isso, diz: «Saiam dela, meu povo, para que não sejam participantes dos seus pecados» (Apoc. 18:4).

Há toda uma indústria de entretenimento. Sabem como esta afeta à igreja? As pessoas trabalham muito, em um sistema que as espreme; e, em troca disso, este sistema econômico lhes oferece diversão ilimitada. Se você não gosta de uma coisa, há outra. Mas também, se quiser, tem cinema, TV, jogos, etc. As pessoas estão sendo atraídas por estas coisas, porque converter-se a Cristo significa que o fim de semana já não pode dedicá-lo a distrair-se, porque terá que reunir-se. Quantos crentes adquirem uma casa na praia e terminam esquecendo do Senhor?

Este sistema corrompe a igreja. Todas essas coisas fazem que as pessoas estejam dispostas em seu coração, seduzidas pelo mundo e suas ofertas.

Então, temos estes três grandes inimigos da igreja. E o que este terceiro inimigo busca é a exaltação dos desejos do coração, para satisfazê-los com uma promessa ilimitada, em troca desta forma de idolatria suprema, a exaltação do homem no lugar de Deus.

A resposta de Deus

Qual é a resposta do Senhor a tudo isto que ocorre, e que seguirá ocorrendo com maior intensidade? Em Apocalipse capítulos 2 e 3, quando o Senhor fala com as igrejas, no versículo final da mensagem a cada igreja, a resposta é: «Ao que vencer».

Em um tempo de escuridão, de opressão e perseguição, o Senhor responde levantando os seus vencedores. Estes não são pessoas extraordinárias, uma elite espiritual, como alguém pudesse pensar, mas irmãos que se mantêm na normalidade, na visão de Cristo, no que a igreja realmente é, quando outros se afastam. Com eles, é suficiente para que o Senhor responda a ameaça do inimigo.

«Depois disto vi quatro anjos em pé nos quatro cantos da terra, retendo os quatro ventos da terra, para que nenhum vento soprasse sobre a terra, nem sobre o mar, nem contra árvore alguma.E vi outro anjo subir do lado do sol nascente, tendo o selo do Deus vivo; e clamou com grande voz aos quatro anjos, quem fora dado que danificassem a terra e o mar,dizendo: Não danifiques a terra, nem o mar, nem as árvores, até que selemos na sua fronte os servos do nosso Deus» (Apoc. 7:1-3).

«Depois olhei, e eis um Cordeiro estava em pé sobre o monte de Sião, e com ele cento e quarenta e quatro mil, que tinham o nome dele e o de seu Pai escrito na fronte» (Apoc. 14:1).

Vocês se lembram da besta da terra, o falso profeta? Seu trabalho era pôr uma marca na testa e na mão de cada homem e mulher. Isto significa cativar, seduzir a mente e levá-la a render-se ao anticristo. Mas aqui temos a resposta de Deus.

Recordam que há um mistério de iniquidade, que já mencionamos; mas também há um mistério de Deus operando no mundo. Este mistério de Deus é a igreja de Cristo. Isso é o que Deus está fazendo. E a igreja tem também em sua mente uma marca: o selo de Cristo, o selo de Deus o Pai. Isso significa que a mente deles está cativada por Cristo; é uma mente que pertence ao Senhor.

Coração, alma e mente

Vocês se lembram como o Senhor definiu a lei? Neste tempo nos tem dito que Cristo é nosso grande amor, o amor dos amores. E o chamado é a lhe amar como nosso primeiro amor. Como se ama a Deus? Jesus, definindo a lei, disse: «Amarás ao Senhor teu Deus com todo o teu coração, e com toda a tua alma, e com toda a tua mente» (Mat. 22:37).

O coração se refere à vontade, a alma se refere às emoções e aos sentimentos, mas também inclui a mente. «Eles tinham o nome dele e o de seu Pai escrito na fronte». São pessoas que permitiram que sua mente fosse conformada à mente de Cristo. Só se tivermos a mente de Cristo, seremos defendidos da mente e das mentiras do diabo. Não há outra maneira.

Por isso, Paulo diz em Romanos 12:2: «Não vos conformeis a este século», a este mundo perverso, enganoso, falso, «mas transformai-vos por meio da renovação do vosso entendimento». Quer dizer, todas as ideias, as filosofias e os conceitos do mundo têm que ser desarraigados da nossa mente.

Uma coisa importante é que isto não ocorre de maneira automática. É necessário participar de maneira ativa, decidida. Quantos de nós seguimos ainda pensando como faz o mundo, com filosofias e crenças do mundo, e as adotamos como nossas? Não somos conscientes disso; mas estão ali.

A mente de Laodicéia

Laodicéia pensava que a prosperidade material era a sua segurança. Essa é a mente do mundo, a mente da Babilônia. Quantas pessoas vivem a sua vida servindo aos seus sentimentos? Hoje, as pessoas já não dizem: «Eu penso», porque já não se crê mais no pensamento nem na verdade. Se alguém disser que conhece a verdade, é ofensivo. Então, já não dizem: «Eu penso», mas: «Eu sinto». Claro, quem pode ir contra um sentimento!

Produz riso ouvir, nos filmes e séries contemporâneos, uma espécie de máxima suprema em termos da conduta humana. Quando há uma crise e se requer decidir algo, sempre se aconselha assim: «Segue o que o teu coração disser». Esta é a grande sabedoria. «Segue os seus desejos, segue os seus pensamentos».

A mente de Cristo

Aqueles que são de Cristo levam o nome do Cordeiro e o de seu Pai escrito na fronte. Eles têm a mente de Cristo, e terão também os sentimentos e os desejos de Cristo. É a confrontação de duas formas de pensamento, um que vem de Deus, e outro que vem do próprio inferno, de Satanás.

Em termos práticos, o que podemos fazer? Vemos que, no tempo de Davi, entre os valentes que lhe ajudaram a conquistar o reino –que justamente estão representados nesta figura do monte de Sião e os cento e quarenta e quatro mil– havia alguns da tribo de Issacar. E, sabem qual era o contribuição desses varões? Eram entendidos nos tempos e nas estações, e sabiam o que Israel devia fazer.

Precisamos ser homens e mulheres entendidos nos tempos. Jesus disse: «Quando anoitece, dizem: Bom tempo; porque o céu tem vermelhidões. E pela manhã: Hoje haverá tempestade; porque tem vermelhidões no céu nublado. Hipócritas! Sabeis distinguir o aspecto do céu, mas os sinais dos tempos não podem!» (Mat. 16:2-3). São palavras duras do Senhor.

Pregando o evangelho

Estamos entendendo os dias que vivemos? Ou estamos tão entretidos, cada qual com o que é propriamente seu, e não percebemos o tempo que nos cabe viver? Já não existe uma sociedade onde os valores cristãos sejam aceitos por todos, como ocorria há umas décadas atrás no mundo ocidental. Precisamos aprender a pregar o evangelho a um mundo que é hostil à fé, como ocorreu nos primórdios da igreja.

Quando a igreja começou a sua história e entrou pelas ruas do império romano, enfrentou um mundo alheio à fé, para o qual Cristo e a palavra do Senhor, inclusive a existência de um Deus único, era algo simplesmente impensável. Aprenderam a responder, como diz o apóstolo, «para que saibais como deveis responder a cada um», com razões tiradas da palavra de Deus, conforme as necessidades do seu tempo. Por isso, a fé prevaleceu. Hoje necessitamos assimilar isto novamente. Que o Senhor nos ajude.

Essa forma da pregação antiga é o que os estudiosos do Novo Testamento chamam pregação apologética. Era uma pregação que devia confrontar e desarmar os argumentos dos incrédulos, porque estes vinham de um mundo, de uma cultura e uma maneira de ver a vida, totalmente diferentes.

Quando Paulo pregou em Atenas, o primeiro que disse foi: «Olhem, toda esta idolatria, toda esta maneira de ver o mundo povoada de deuses, não serve, é falsa. Há um só Deus, um verdadeiro Deus». É uma pregação que confronta as ideias que governam o mundo. Assim ocorreu, e assim ocorrerá outra vez.

Em um mundo onde as pessoas creem que a verdade e os valores morais são relativos, temos que pregar o evangelho de maneira persuasiva. Isso é a primeira coisa; mas não é suficiente. Precisamos instruir os nossos filhos, precisamos fortalecer a verdade de Deus em relação à família, o casamento e os filhos.

Defendendo o projeto divino

«E criou Deus o homem a sua imagem, a imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou» (Gên. 1:27). O propósito divino em relação à humanidade tem a ver, basicamente, com a identidade sexual de homem e mulher. Se essa identidade essencial é destruída, então também se destrói o propósito de Deus para a vida humana. E isso é o que está sendo atacado hoje, pela chamada ‘ideologia de gênero’.

Precisamos nos preparar para defender o projeto divino com respeito ao homem e a mulher, a família e os filhos. É algo que devemos abordar. Nos colégios, na universidade, nossos filhos serão expostos a esta ideologia, cujo fim é preparar as mentes para a mudança que se pretende impor.

O Senhor nos socorra, porque é evidente a intencionalidade de mudar a mente e o coração de uma geração inteira. Os irmãos que trabalham em educação sabem muito bem que isto já está em processo, para arrancar da sociedade os valores morais cristãos, e implantar um novo sistema, de valores anticristãos, contrários ao Senhor e à fé.

Conhecimento do Senhor

Necessitamos que o Senhor nos ajude nisso. E, o mais importante, necessitamos, acima de tudo, ver o Senhor, conhecer ao Senhor Jesus Cristo. O profeta Oséias diz: «Meu povo foi destruído, porque lhe faltou conhecimento, conhecimento da palavra de Deus (4:6). Isaías diz: «Meu povo foi levado cativo, porque não teve conhecimento» (Is. 5:13). E se refere ao cativeiro da Babilônia.

Essa é a tragédia, a falta de conhecimento do Senhor. Quando não o conhecemos, estamos expostos. O que nos salva é conhecer a ele profundamente. Por isso, quando o Senhor fala com as Igrejas da Ásia Menor, como ele as limpa e restaura? Revelando-se a si mesmo, além do que elas têm nesse momento. A cada igreja revela algo de si mesmo que responde à necessidade particular delas.

A uns, ele se apresenta como «o que tem olhos como chamas de fogo». A outros, «que anda no meio dos sete castiçais». A outros se manifesta como «o que tem a espada aguda de dois fios». A cada um revela algo de sua natureza, restaurando assim a condição de cada igreja.

Conhecer ao Senhor é nossa principal necessidade. Ele está nos alertando porque nos ama, assim como alertou às igrejas no tempo de João. Apocalipse é um livro de alerta.

O Senhor promete que vem, mas nos alerta. «Este perigo vem no caminho. Isto está ocorrendo; isto é o que virá logo. Preparem-se!». O Senhor está nos preparando em seu amor, em sua graça, em sua compaixão.

Preocupemos-nos de instruir a nossos filhos, a nossos jovens, no conhecimento do Senhor. Os jovens hoje são o alvo de toda a mudança cultural que se pretende impor à sociedade. Que o Senhor nos dê graça, como igreja, para falar a verdade, para não nos escondermos entre quatro paredes.

Obedecendo a nossa vocação

Sabem o que diz a Lei de Culto? A igreja deve permanecer na privacidade de suas quatro paredes. Ali, seus membros podem falar o que quiserem; mas, fora, não têm direito de dizer nada. Entretanto, o mandamento do Senhor diz: «O que ouvis ao ouvido, proclamem dos terraços» (Mat. 10:27).

O Senhor nos encarrega de fazer pública a fé, manda-nos a proclamar a todo mundo quem Ele é; o quão grande e glorioso Ele é, a pregar a sua salvação. É Deus mesmo quem nos manda viver a nossa fé publicamente, não em segredo.

Não podemos desobedecer ao Senhor. Por mais que vivamos em uma sociedade que quer privatizar a fé, não podemos aceitar isso. Necessitamos que o Senhor nos faça valentes.

Cada um de nós hoje em dia é um missionário, um enviado do Senhor ali onde estiver, em um mundo extremamente obscurecido. Ali cada um deve fazer público a sua fé. «Uma cidade assentada sobre um monte não se pode esconder» (Mat. 5:14).

Sabem o que Paulo fez, o apóstolo de Jesus Cristo? Ele foi pregar ao centro do pensamento cultural do seu tempo, no ágora de Atenas. Naquele lugar público era possível encontrar a todos os grandes pensadores e filósofos da época; era o espaço onde se definia o pensamento que regia a sociedade daquele tempo. Ali Paulo ficou em pé, servo de Jesus Cristo, e deu testemunho de sua fé, sem temor.

Assim devemos fazer hoje, continuar esse caminho. Não temos do que nos envergonhar. Temos que ser testemunhas de Jesus Cristo, até o final. Que o Senhor socorra a todos.

Síntese de uma mensagem oral ministrada no Él Trébol (Chile), em janeiro de 2017.

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