A apostasia e a propagação do engano

Hoje, espíritos enganadores promovem falsos ensinos que perturbam a obra de Deus.

Luiz Fontes

"Mas com respeito à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, e nossa reunião com ele, rogamos-vos, irmãos, que não vos deixeis mover facilmente do vosso modo de pensar, nem vos conturbeis, nem por espírito, nem por palavra, nem por carta como se fora nossa, no sentido de que o dia do Senhor está perto. Ninguém vos engane em nenhuma maneira; porque não virá sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem de pecado, o filho da perdição” (2 Tes. 2:1-3).

O Espírito Santo nos diz que os dias anteriores à volta do Senhor serão marcados por dois grandes eventos. Se examinarmos a Palavra com cuidado, veremos que faltam apenas vinte profecias para fechar todo o cânon. Muitas delas se cumprirão depois de Sua vinda. Mas aqui há dois: a apostasia e a manifestação do anticristo. Uma delas, a apostasia, já está presente.

A última fase da obra de Deus

Estamos vivendo o tempo de uma terrível apostasia. Esta palavra, no texto original, significa «abandono de princípios». Dá a ideia de retroceder. Devemos olhar isto com máximo cuidado, porque estamos em um momento crucial de nossa jornada cristã, e necessitamos da ajuda do Espírito Santo para exercitar, sobre todas as coisas, o dom de discernimento de espíritos. O inimigo sabe muito bem como nos enganar, como nos distrair, como roubar o nosso foco, como diluir os fundamentos espirituais.

Hoje vemos muitas destas coisas ocorrendo entre nós. Em 1a Timóteo 4:1-2, achamos outro fator que caracteriza esta apostasia. «Mas o Espírito diz claramente que nos últimos tempos alguns apostatarão da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios; pela hipocrisia de mentirosos que, tendo a consciência cauterizada...».

«Mas o Espírito diz claramente». Algumas versões traduzem: «expressamente». Não é que o Espírito Santo esteja falando algo claramente por palavras, mas é algo expresso, urgente.

«…nos últimos tempos». Biblicamente, esta frase tem uma profunda conotação espiritual. Ela se refere de maneira estrita à última fase da obra de Deus, ao período que antecede à volta do Senhor Jesus. Em algumas passagens, segundo o contexto, é uma referência a estes últimos 2000 anos, mas, estritamente falando, está apontando para o último período antes do retorno do Senhor.

Espíritos enganadores

«…alguns apostatarão da fé». Apostatar significa retroceder, «…ouvindo a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios». A frase «espíritos enganadores», em uma versão alternativa da Bíblia, fala de «ilusões demoníacas ensinadas por profissionais da mentira». Isso é muito forte.

A segunda característica da apostasia é a disseminação do engano doutrinário. Precisamos compreender a natureza deste engano. «…pela hipocrisia de mentirosos» (V. 2). A hipocrisia é a primeira característica da falsidade doutrinária. A palavra hipocrisia fala da atuação de um artista de teatro, uma pessoa simulada.

O Espírito Santo está dizendo que há um espírito de engano, de mentira, por trás de muitos ensinos. Devemos ser cuidadosos neste tempo. Existem muitos espíritos enganadores tentando atrair o povo de Deus. Há muito engano espalhado, muitas sutilezas e distrações, que impedem que nós descubramos o ardil. Muitas vezes, os fundamentos são mudados, e nós não notamos.

Os fundamentos da fé

Ao ler a palavra de Deus, vemos que a Bíblia sempre coloca os fundamentos em ordem. Por exemplo, de Mateus 16:13 em diante, o Senhor põe quatro fundamentos: Cristo, a igreja, a cruz e o reino. Para entender toda a exposição da doutrina, essa é a ordem: primeiro, Cristo, sua pessoa, sua doutrina e obra; depois, a igreja, seu caráter e vocação; em seguida, a Cruz, de um aspecto eterno, como princípio em Deus, e a cruz na qual o nosso Senhor Jesus morreu por nós, consumando a sua obra.

Por último, temos que entender o caminho da cruz, no que diz respeito ao reino sobre nossa vida; como devemos entender a vida cristã tendo o coração voltado para este Rei e este reino.

E depois, temos que ver o reino em uma esfera futura, como está em Apocalipse capítulo 20, que encontra aquele fundamento especialmente nos ensinos de Cristo e os apóstolos. Nos capítulos 21 e 22 de Apocalipse, temos a esfera eterna do reino. Então, temos aqui esta ordem doutrinária.

A centralidade da Palavra

Outro exemplo: «Perseveravam na doutrina dos apóstolos, na comunhão uns com outros, no partir do pão e nas orações» (Atos. 2:42). Aqui temos, de novo, uma ordem nos assuntos práticos, o qual não pode ser alterado. Já falamos sobre os fundamentos doutrinários; agora se trata de fundamentos práticos. Primeiro, a Palavra. Ela deve ter a preeminência na vida da igreja.

Como o inimigo tentou tirar a centralidade da Palavra! Isso é visível entre nós. Não temos o mesmo amor pela Palavra como aquele que damos a outras coisas. Por exemplo, no momento dos cânticos, quando estamos adorando, temos alegria, gozo, uma expressão de amor; emocionamo-nos, levantamos nossas mãos e nossas vozes.

Que bom é adorar ao Senhor! Mas não temos o mesmo coração quando estamos recebendo a Palavra. Somos frios em nossas expressões. Muitas vezes, nossa mente questiona, filtrando o que quero e o que não quero receber.

Frequentemente, o que nos impressiona é o conhecimento, e não a vida. Somos indiferentes à Palavra. Essa é a triste causa da apostasia presente, do fracasso dos nossos relacionamentos. Esta é a figura que vemos em 2 Reis capítulo 22: a palavra de Deus entre escombros.

Precisamos ser honestos nisto. Não temos a mesma disposição com a Palavra. Se procurarmos nos lembrar dos últimos retiros, o que recebemos? Que avanço prático houve em nossa vida pessoal e congregacional? Para ouvir a Palavra, não conseguimos concentrar a nossa mente e coração como quando cantamos.

Este é um assunto sério. Satanás sabe muito bem como nos distrair, desviando o nosso foco daquilo que é essencial. Não existe nada que expresse melhor o nosso amor a Deus que colocar a sua palavra em primeiro lugar. Nossa adoração não é uma ação, mas uma reação à palavra do Senhor.

«Aquele que me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada» (João 14:23). A palavra guardar significa pôr em alto. O sentido é de estima. É como se você tivesse algo muito precioso e o tirasse da vista de todos, para guardá-lo com muito cuidado e zelo.

Isso é o que o nosso Senhor está dizendo. «Se alguém me amar, terá zelo por minha palavra». Isso tem uma resposta de Deus: seu amor é derramado em nosso coração, e o Espírito de Deus, o Espírito de habitação, traz o tabernáculo da Trindade para dentro de nós.

Pensem na grandeza disto. Nosso problema não está no louvor em si; mas na reação, na manifestação, na apreciação e na expressão da Palavra. Precisamos considerar isto. Nós não temos uma resposta de gozo e de alegria. Em muitos lugares, quando a pregação é concluída, um irmão passa à frente, e diz: «Amém, irmãos, vamos». Isto é estranho. Eu fico perguntando o que foi realmente que aconteceu. Como é que desprezamos a palavra de Deus?

A direção do Espírito

Foi o Espírito Santo quem inspirou a Lucas a escrever: «E perseveravam na doutrina dos apóstolos, na comunhão uns com outros, no partir do pão e nas orações» (Atos. 2:42). Esta ordem não pode ser alterada. Devemos ser muito cuidadosos, porque Satanás tem trabalhado para inverter a ordem das coisas. Damos mais ênfase à igreja que a Cristo, mais ênfase ao programa e ao entretenimento que à direção do Espírito Santo.

Precisamos descobrir qual é a direção do Espírito, não qual é o programa que teremos para a igreja. Precisamos entender que o louvor é uma reação à palavra de Deus, uma reação à graça, ao amor e à misericórdia de Deus. Precisamos colocar as coisas no lugar adequado. Não podemos colocar o nosso trabalho, nossas obras, na frente da Palavra.

É pela Palavra que o Espírito Santo traz a direção para todo serviço. Cuidemos para não inverter as coisas, porque isso é o que o inimigo quer. São espíritos enganadores, são profissionais da mentira, usados para enganar e para distrair, para enfraquecer aquilo que é essencial. E, quando menos esperamos, há um rastro de morte espiritual dentro da assembleia.

Ensinos falsos

«Porque virá tempo quando não sofrerão a sã doutrina, mas tendo comichão de ouvir, amontoarão mestres conforme as suas próprias concupiscências» (2 Tim. 4:3). Há uma versão alternativa, muito interessante: «Descobrirás que, daqui a um tempo, o povo já não terá estômago para um ensino sólido; entretanto, se alimentarão de um alimento espiritual decomposto, mensagens cativantes que combinam com as suas fantasias. Eles voltarão as costas à verdade e a trocarão por ilusões».

«Mas houve também falsos profetas entre o povo, como haverá entre vós falsos mestres, que introduzirão encobertamente heresias destruidoras, e até negarão ao Senhor que os resgatou, atraindo sobre si mesmos destruição repentina» (2 Pedro 2:1). Considerem estes textos, porque é justamente o que está ocorrendo em nosso tempo. Há espíritos enganadores, profissionais da mentira, que estão pregando mensagens superficiais, levando o povo a abandonar a Palavra.

Hoje, as pessoas já não têm um espírito de concentração em torno da Palavra. Somos uma geração cativada pelo ver, e não pelo ouvir. Hoje, quase todos dão muita mais importância ao que veem, que ao que ouvem. A forma em que funciona a tecnologia do mundo destruiu nas pessoas a capacidade de ouvir. Estamos perdendo a capacidade de contemplação.

O Senhor, por seu Espírito, conclui as suas cartas às sete Igrejas dizendo: «Aquele que tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às Igrejas». Estão perdendo a capacidade de ouvir.

«A fé é pelo ouvir, e o ouvir, pela palavra de Deus» (Rom. 10:17). A fé não vem pelo ver, mas pelo ouvir. O inimigo está destruindo isto; por isso, muitos que expõem a Palavra estão mais preocupados em entreter. E quando termina uma reunião, ouve-se dizer: «Viu?», em lugar de: «Ouviu?». Isto é muito sério.

Há uma terrível estratégia que Satanás está usando entre nós. Paulo diz que estas pessoas sentem «comichão de ouvir». Uma tradução alternativa diz: «desejo de ouvir algo agradável».

Profetas e mestres

Necessitamos com urgência que, dos céus, Deus venha e irrompa com a sua Palavra, como uma trombeta, e toque os nossos ouvidos, para retirar toda obstrução, toda sujeira, para que a sua Palavra entre e produza entre nós a transformação, a obra necessária.

Que Deus levante entre nós profetas e mestres que sejam como a boca de Deus, para despertar a igreja e trazê-la de volta para o seu chamado, para inspirar nela a sua verdadeira vocação, para que ela seja a expressão do verdadeiro testemunho de Deus na terra. Devemos entender que vivemos tempos perigosos. Estes tempos não são para o futuro; são para os dias de hoje.

Se os nossos olhos estão procurando um foco diferente, é sinal seguro de que estamos perdendo a visão celestial. A visão foi dada a Paulo quando ele ficou cego. Ele ouviu uma voz. A visão entrou por aquele ouvido. Que o Senhor fale com os nossos ouvidos neste dia. Que sua Palavra penetre como uma espada em nossos ouvidos e alcance nossa mente e nosso coração, nos ajudando a despertar neste momento.

Necessitamos de profetas e mestres. Quais são eles, nestes dias? «Quando se elevava a nuvem do tabernáculo, os filhos de Israel partiam; e no lugar onde a nuvem parava, ali acampavam os filhos de Israel... Quando a nuvem se detinha sobre o tabernáculo muitos dias, então os filhos de Israel guardavam a ordenança de Jehová, e não partiam... E quando a nuvem se detinha da tarde até a manhã, ou quando de manhã a nuvem se levantava, eles partiam; ou se tinha estado um dia, e de noite a nuvem se levantava, então partiam» (Núm. 9:17, 19, 21).
«Jehová falou com Moisés, dizendo: Faz-te duas trombetas de prata; de obra de martelo as fará, as quais lhe servirão para convocar a congregação, e para fazer mover os acampamentos» (Núm. 10:1-2).

Prestemos atenção a estes textos. Sobre a congregação de Israel havia uma nuvem que se movia. Eles não sabiam o momento em que ela se moveria. Aquilo ocorria de forma repentina. Então, eles deviam segui-la. Às vezes se deslocava de noite, às vezes de dia; sempre, a nuvem estava se movendo de uma estação para a outra. Sabemos que, nesses quarenta anos, deslocou-se em quarenta e duas ocasiões.

O som da trombeta

O que Deus fez para ordenar aquele movimento? Ordenou a Moisés que fizesse duas trombetas de prata. Números capítulo 10 fala de forma específica sobre a ordem da marcha. O povo de Israel tinha saído de Ramessés, no Egito, e durante três meses, eles peregrinaram, até chegar ao monte Sinai, onde permaneceram três anos.

Aqui estão os dias finais do tempo que eles estiveram no monte Sinai. Agora, eles irão partir do monte Sinai. Deus estabeleceu uma ordem para que as tribos partissem. Essas marchas deveriam estar de acordo com o movimento da nuvem. Mas eles não tinham que olhar para a nuvem. Deus colocou dois trombeteiros. Os israelitas tinham que escutar o som das trombetas, e quando estas soavam, todos sabiam que deviam partir.

A função principal dos trombeteiros era olhar para a nuvem. Ambos estavam sempre atentos aos céus. Ao perceber que ela estava se movendo, tocavam a trombeta, e o povo se preparava para sair. Aqueles dois trombeteiros são figuras do ministério dos profetas e mestres no Novo Testamento.

Homens que olham para o alto

«Havia então na igreja que estava em Antioquia, profetas e mestres… e disse o Espírito Santo» (Atos. 13:1-2). O Espírito Santo sempre falará em um ambiente onde há profetas e mestres. Qual é o papel dos profetas e mestres? Olhar para a nuvem, discernir o movimento celestial.

«Não vemos já nossos sinais; não há mais profeta, nem entre nós há quem sabe até quando» (Sal. 74:9). Isto é uma grande advertência. Se nós não tivermos sinais, não temos profetas, não saberemos a que hora da noite estamos. Quais são estes dois trombeteiros? São aqueles que expressam o ministério da palavra: profetas e mestres, homens que olham para o alto.

Ilustremos isto com outra porção da Palavra. Em Atos capítulo 6, houve uma primeira crise na igreja primitiva, um assunto de assistência social. Algumas irmãs viúvas não estavam sendo atendidas. Isso trazia instabilidade emocional e espiritual. Então, os apóstolos se levantaram para resolver a questão.

O Espírito Santo trouxe direção, e eles concluíram dizendo: «Não é justo que nós deixemos a palavra de Deus, para servir às mesas. Buscai, pois, irmãos, dentre vós a sete varões de bom testemunho, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, a quem encarreguemos deste trabalho. E nós persistiremos na oração e no ministério da palavra» (Atos. 6:2-4).

A maior carência hoje é que haja homens que se dediquem à oração e à palavra. Uma vez mais, reiteramos: Não invertam as coisas, não ponham a palavra antes que a oração. O que traz a palavra celestial do coração de Deus ao coração de sua igreja, não são os livros nem as ferramentas, mas a oração.

A oração é a fonte do conhecimento espiritual, do ensino e da profecia. Os trombeteiros, profetas e mestres, têm que olhar para o céu, não para os livros, nem para seus próprios recursos. Estes têm o seu lugar e seu valor; mas a palavra surgirá da comunhão com Deus, dos movimentos celestiais.

A Palavra não é nossa, mas de Deus. Quem deseja falar com a igreja é ele. Deus conhece a necessidade do seu povo; ele vê o que ninguém vê. Sua palavra entra onde a mente mais hábil não consegue fazê-lo. Devemos entender que a única forma em que Deus impede que esse ministério da mentira e as doutrinas falsas encontre lugar entre nós, é que haja profetas e mestres.

Precisamos ir aos pés do Senhor e orar: «Senhor, levanta profetas e mestres, trombeteiros espirituais, que estejam olhando para o céu, para que tu fales a tua igreja, dissipando as trevas, para que haja libertação dos nossos ouvidos e nossas mentes, para que todo engano, toda falsificação e toda forma de entretenimento sejam lançados fora, e tu possa prevalecer sobre nós, por meio da tua Palavra».

Características do engano doutrinário

A primeira marca do engano doutrinário é a hipocrisia. «…pela hipocrisia de mentirosos que, tendo a consciência cauterizada…» (1 Tim. 4:2). A hipocrisia é a simulação que surgiu no meio de muitas assembleias, produzindo engano e mentiras destruidoras.

A segunda característica é a mentira. O versículo 2 fala de «mentirosos». O termo original mostra aquele que ensina falsidades. Nos últimos tempos, espíritos enganadores usarão a homens com uma mensagem caracterizada pela hipocrisia e a mentira. Estes espíritos enganadores promovem falsos ensinos que deformam o crescimento cristão e impedem o avanço da igreja.

Em 2 Timóteo 3:8, Paulo fala sobre Janes e Jambres. Quando o povo de Israel estava para sair do Egito, aparecem estes falsos profetas. Quando Deus usava a Moisés para operar grandes sinais, um espírito maligno possuía estes homens, que faziam milagres imitando aquele poder de Deus. Entretanto, enquanto os milagres de Deus tinham como propósito tirar o seu povo do Egito, os milagres enganosos de Janes e Jambres tentavam reter o povo em território egípcio.

Prestem atenção ao grau de sutileza destas coisas. Tudo o que o Senhor está fazendo na igreja, inclusive a prosperidade material, não é para que firmemos nossas raízes na terra, mas para que tudo isso, de algum modo, seja usado pelo Senhor agora a fim de que nós possamos sair deste mundo.

Honrando ao Senhor

Nós não temos o direito de usar as bênçãos de Deus para assegurar nossas raízes neste mundo. Com certeza, em algum momento, Deus usará tudo o que te deu, para socorrer os santos. Em nosso caminhar, chegará um momento em que tudo o que temos seja para a glória da obra de Deus, para socorrer os santos que estejam sofrendo privações.

Devemos entender que tudo o que o Senhor nos deu e tem feito em nós tem em vista este tempo que estamos vivendo. Nada será para nós neste mundo; tudo é para a glória de Deus. Devemos nos preparar, nos libertando da avareza, do ganho, do amor aos bens materiais.

Um dia, tudo o que você ganhou e o que tem neste mundo, Deus os usará. Nossos verdadeiros tesouros são eternos e celestiais. Nós estamos a ponto de sair desta terra. Que o Senhor arranque as nossas raízes do mundo e encha nosso coração de amor pelo retorno do nosso Amado.

Há um falso evangelho, o evangelho da mentira, que não tem nenhum crédito divino, um evangelho humanizado, cheio de entretenimento, que procura agradar às pessoas, ensinando de maneira errada a prosperidade material, levando-as a desejar ter mais; suas mãos estão atrofiadas, seus corações petrificados, sem entender que somos apenas mordomos de Deus.

Tudo o que nós possuímos, nossa casa, nosso trabalho, nossos bens, pertencem ao Senhor. Nós somos servos; temos que colocar tudo em adoração a ele. O Senhor quer multiplicar, mas não para nós, mas para a sua glória. Devemos ter nossas mãos abertas para ele, porque um dia partiremos deste mundo, e não levaremos nada disto.

Um dia nos apresentaremos diante do Senhor, e devemos chegar com alegria, podendo dizer: «Tenho procurado te honrar com tudo o que me deu». Quantas vezes o Senhor não foi honrado em nosso trabalho, nem em nossos lares. Não lhe honramos com os nossos bens. Nada disto é nosso. Tudo é do Senhor.

Os trombeteiros celestiais são levantados por Deus para pregar a verdade que liberta, que transforma e que sara, a verdade que nos arranca deste mundo. Ela nos lembra de que nossos pés estão aqui, mas nosso coração está no céu. O evangelho nos mostra que somos filhos de Deus, peregrinos neste mundo. Este não é o lugar de nossa delícia. Nosso descanso será contemplar eternamente o rosto do nosso Senhor Jesus.

A consciência cauterizada

Uma das características próprias de um falso ensino doutrinário é a mentira. Quanta mentira tem ocorrido no meio do povo de Deus! A igreja requer autenticidade; ela não pode aceitar ensinos malignos que procuram destruir o testemunho. O Senhor nos enche de sua verdade. Que os profetas e mestres que o Senhor levantou possam nos impressionar com a verdade da palavra de Deus.

«…tendo a consciência cauterizada» (1 Tim. 4:2). Esta é a terceira característica dos falsos ensinos. Estes demônios cauterizam a consciência. Nosso espírito tem três faculdades: consciência, comunhão e intuição. A consciência é uma faculdade muito importante.

Estes falsos ensinos conseguem cauterizar a consciência. As pessoas já não conseguem discernir a voz de Deus. Estão perdendo o temor, a sensibilidade, a capacidade de receber algo da parte de Deus. Têm os seus corações petrificados; não se quebrantam, não se rendem, porque a consciência está cauterizada.

Necessitamos que a palavra do Senhor opere realmente em nossa consciência e a cure. Estamos vivendo em um tempo terrível, em que todos os valores estão sendo invertidos. Coisas que a sociedade reprovava há dez anos atrás, hoje são práticas normais. Há leis que protegem a promiscuidade e a imoralidade. Os abusos mais absurdos, que jamais teríamos imaginado ver, estão ocorrendo diante dos nossos olhos, diante dos nossos filhos pequenos.

O perigo presente

Hoje em dia, a verdade não tem o mesmo peso que o engano. O engano e a mentira, em nossa sociedade caída, têm muito mais valor que a verdade. A pureza e santidade são algo absurdo para esta geração caída. Se os moradores de Sodoma e Gomorra pudessem ver os nossos dias ficariam espantados com o nível de promiscuidade que vive a sociedade moderna.

E o pior é quanto tratam disto para influenciar na vida dos nossos jovens. O mais terrível em todo este contexto é como Satanás, através dos ensinos falsos, de mensagens superficiais, cauterizou a mente das pessoas.

Nos ocupamos muito com as heresias. É verdade, não devemos descuidar disso. Mas há algo tão terrível como elas, que é o ensino superficial, a mensagem que só traz informação. O verdadeiro evangelho não é mera informação. A voz de Deus, a Palavra, traz uma vida poderosa, traz saúde, vem cortar as ataduras que capturam a consciência, traz o colírio para os nossos olhos, vem para nos ressuscitar da morte espiritual, a inflamar o nosso coração de amor ao Senhor no meio da frieza espiritual.

A mensagem do alto vem para nos transpassar, para nos quebrantar, para penetrar em nós, para dividir a carne do espírito, o que é de Deus do que é satânico, o carnal e o espiritual, o terreno e o celestial. Precisamos clamar a Deus por sua Palavra nesta hora. Vivemos dias perigosos. Os espíritos enganadores estão pervertendo o evangelho. Que o Senhor nos desperte neste dia.

Verdade que impacta o coração

Antes de concluir, vocês se lembram como o nosso Senhor pregava? Como eram as suas mensagens? Qual era a natureza e o caráter daquilo que ele falava? Olhem Mateus capítulo 7. É a conclusão de todo o ensino do sermão do monte; é uma das maiores exposições doutrinárias de nosso Senhor Jesus, aquele que é o nosso modelo como Mestre e Profeta.

Ao ler Mateus capítulos 5 ao 7, pensamos como o Senhor pregou este grande sermão? Creio que as palavras finais podem nos ajudar.

«E quando terminou Jesus estas palavras, as pessoas se admirava por sua doutrina; porque lhes ensinava como quem tem autoridade, e não como os escribas» (Mat. 7:28-29). A palavra «admirava», foi traduzida de forma inadequada. A ideia não é esta; no original, significa arrancar algo de repente. A tradução correta é «se recolhiam atônitos».

Quando as pessoas o ouviam, saíam comovidas, impactadas, feridas. Assim o nosso Senhor pregava, «não como os escribas». A verdade de Cristo penetrava nas pessoas, e estas se envergonhavam de si mesmos, sentiam os pecados em seus rostos, sentiam as suas misérias.

Esta é a mensagem que o Espírito quer trazer neste tempo. Não são mensagens que acariciem o ego, mas palavras que entrarão no coração, abrindo porta à iniquidade e perversidade que levamos dentro de nós: falsidade, ódio, falta de perdão, falta de amor, insinceridade, hipocrisia escondida dentro de nós, por causa desta mente cauterizada.

É isto o que o evangelho tem que fazer agora. O Senhor está voltando; somente a sua palavra poderá nos arrancar deste mundo. Só a verdade do céu, proclamada por seus trombeteiros, poderá nos dizer: «Arruma tua vida, porque chegou a hora de deixar este mundo. Prepara-te, abandona o que está fazendo, porque talvez não tenha tempo mais tarde. Prepara-te hoje! Deixa essas impurezas, agora; aparta-te daquilo que está destruindo a sua comunhão com Deus». O Senhor está te falando face a face. É agora, irmão!

Senhor, não desista de nós. Nesses dias maus, livra-nos de tudo aquilo que impede seu operar em nós. Penetra em nosso coração com a sua voz. Necessitamos de ti com urgência. Vivemos uma terrível apostasia, uma inversão dos valores espirituais. Senhor, recebemos tanto de ti; não permita que o nosso amor se esfrie, nem permita que o engano corrompa o nosso coração. Visita teu povo nesta hora, visita tua vinha; vêm, e olhe para ela. Toma hoje nossas vidas, e faça o que tu quiseres conosco, para que tenha o teu testemunho nesta terra. Abençoe-nos, Senhor; nos sare, nos restaure, nos vivifique. No nome de Jesus. Amém.

Síntese de uma mensagem oral ministrada em Rucacura (Chile), em janeiro de 2017.

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