ÁGUAS VIVAS
Para a proclamação do Evangelho e a edificação do Corpo de Cristo
Jehová-Jireh
Um convite a participar da plenitude da graça e da glória de Deus providas em Cristo Jesus.
Henry Law
“E chamou Abraão o nome daquele lugar, Jehová-Jireh (Jehová proverá). Portanto se diz hoje: No monte de Jehová será provido” (Gên. 22:14).
A fé é a estrela mais brilhante no firmamento da graça. Sua origem é muito alta, pois nasceu no céu. Seu lar, não obstante, é muito humilde, pois habita na terra, nos corações dos redimidos. As obras da fé são poderosas, porque ela convence a Deus, e derrota o pecado e a Satanás.
O dom da fé
A fé derruba aparentes dificuldades; ultrapassa toda classe de obstáculos; cruza rapidamente mares de problemas; equipa o guerreiro cristão para o combate, lhe dando um escudo para defender-se e uma espada para atacar. A fé pode ler a mente de Deus. A fé faz que Jesus seja o Rei de nosso homem interior. A fé acende e alimenta a chama do amor, e abre os lábios em oração e louvor. A fé viverá até que os portais de luz se abram a seu contato, e morrerá quando virmos o Senhor face a face.
Sendo assim, não deveríamos ansiar este dom precioso? Não deveríamos usá-lo para nosso bem? Não deveríamos buscá-lo como se fosse o melhor tesouro? Se tiver este desejo, vêm comigo e examinemos aquele poder da fé em uma das passagens mais nobres da edificante vida de Abraão; e que o Espírito Santo nos acompanhe com os seus amorosos ensinos, para que cheguemos a ser herdeiros da fé e bênção daquele grande servo de Cristo.
Deus reparou em Abraão quando este estava afundado naquele pecado. Fez que se separasse de adorar a ídolos de pedra e madeira, para que visse a luz da vida. Depois, o Senhor lhe falou com frequência em doce comunhão, trazendo diante dos seus olhos as inescrutáveis riquezas da redenção. Também lhe prometeu que o Salvador que havia de vir adquiriria natureza humana através da família do patriarca.
Entretanto, as esperanças de ter descendência eram nulas. Mas o Senhor falou, e Isaque veio ao mundo. Depois de tais milagres, e tão maravilhosas promessas, cumpridas de maneira não menos maravilhosa, «Deus provou a Abraão» (Gên. 22:1). Deus mandou uma dificuldade para provar a realidade e fortaleza de sua fé.
A fé posta à prova
Uma fé sem ser posta a prova e sem ser sondada, é uma fé incerta. A qualidade de um metal é conhecida pelo que pode fazer e resistir. O valor do soldado fica aparente no campo de batalha. A rocha que não se move por causa da arrebentação, manifesta estar firme. Os fundamentos de uma casa são bons se o edifício não se mover com as vibrações.
Mas as provas fazem algo mais que investigar a profundidade da fé. Seu outro objetivo é consolidá-la e lhe injetar vigor. Um tendão, submetido a um frequente esforço, se torna mais forte; e o corredor que se prepara muito é o que ganha a corrida.
Leitor, se você for um participante deste bendito dom, não sinta saudades se tiveres que enfrentar à corrente de ondas contrárias. É algo necessário, justo e bom. O resultado será uma colheita mais rica, e melhor, de certeza e bem-estar. «Tende por máximo gozo quando vos achardes em diversas provas» (Tg. 1:2).
A fé de Abraão
A prova que a fé de Abraão teve que resistir foi realmente dura. Ele tinha um filho que era a sua alegria, e sinal do favor de Deus. Mas, de repente, aquela voz que outras vezes tinha feito arder o seu coração, o enche de um gelo profundo: «Toma agora teu filho, teu único, Isaque, a quem amas, e vá para a terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto sobre um dos montes que eu te direi» (Gên. 22:2).
Os seus ouvidos estavam enganados? Suas melhores esperanças ficaram arruinadas. Aquela promessa, mais preciosa que a vida, murchava-se como uma planta doente. O canal de corrente redentora tinha ficado obstruído. Mas Deus falou, e isto é suficiente. O mandamento vem do céu, de forma positiva e clara. Não pode estar equivocado. Isaque pode morrer; mas a fé, não.
A fé sabe que Deus possui todo o poder e a sabedoria; e que nele «não há mudança nem sombra de variação» (Tg. 1:17). Quando a vida se vê envolta em nuvens e trevas, surge, como uma aurora, uma palavra de amor e um propósito benfeitor. Por isso, Abraão se levantou cedo, pronto para cumprir a vontade divina.
Obediência imediata
Este exemplo nos ensina que a obediência imediata é a melhor sabedoria. Deus te fala claramente na Bíblia, te mostrando o único caminho da vida. Deus te chama para que, por fé, ofereça-lhe o sacrifício de um Cordeiro sobre um altar. Levanta-te logo e obedece, porque o atraso é a rede mais sutil que Satanás possa tender. Haverá muitos no inferno que chorarão pela vacilação que os levou a sua triste situação. Eles esperaram, mas a morte não esperou. Os mandamentos que se desprezam se convertem no caminho mais rápido para o inferno.
Abraão viajou três dias a caminho da montanha indicada. Este longo espaço de tempo era uma oportunidade de sobra para que a incredulidade tentasse lhe dissuadir. Era muito tempo para que o coração daquele pai pudesse resisti-lo. Ao olhar para o seu filho, ele se sentia invadido pela angústia; mas, ao tornar seu olhar para Deus, uma paz infinita lhe embargava.
A fé é um dom que persevera e não titubeia nunca. Seu firme apoio é a Palavra. Não obstante, até a fibra mais profunda do sentimento se deve sentir tocada pela singela pergunta do confiado Isaque: «Meu pai, eis aqui o fogo e a lenha; mas onde está o cordeiro para o holocausto?» (Gên. 22:7). É impossível explicar a angústia daquele momento.
Os caminhos de Deus
«Deus se proverá do cordeiro para o holocausto, meu filho» (Gên. 22:8). Aqui vemos a fé em sua forma de simples confiança e atuando segundo o seu único propósito. Não se cambaleia. Sua posição é como a de um gigante sobre a terra, cuja cabeça tivesse transpassado os céus e contemplado a Deus. A fé deixa o tempo, o lugar, os meios, o método, tudo, nas mãos de Deus. E assim vai avançando, sabendo que os caminhos de Deus levam a glória de Deus.
Tudo aconteceu rapidamente: Isaque ficou amarrado e posto sobre o altar. A mão se estendeu para pegar a faca. O último momento tinha chegado. Mas o último instante é o momento adequado para recompensar a fé com paz e vitória. A voz que antes ordenou, agora proíbe. Aquele que havia dito: «Toma agora teu filho», detém a tragédia dizendo: «Não estendas a tua mão sobre o moço» (Gên. 22:12). Estes são os caminhos maravilhosos de Deus. Sua palavra se cumpre. A fé triunfa. As provas não fazem senão confirmá-la e aumentá-la.
O patriarca começa agora uma vida de gozo celestial. Porque a alegria do nascimento de Isaque não é nada comparada com a de sua ressurreição. O amor de Deus se manifesta mais nesta restauração que em seu primeiro dom. Mas isto não é tudo: aquele lugar ficou como um monumento para consolar os fiéis de outras gerações. «E chamou Abraão o nome daquele lugar, Jehová-Jireh (Jehová proverá). Portanto se diz hoje: No monte de Jehová será provido» (Gên. 22:14).
A completa provisão de Deus
Esta lembrança proclama a provisão completa que Jesus apresenta ao seu povo. Ele os ama, cuida e os enriquece. Estas páginas se escrevem com o propósito de que faça daquele lugar seu rincão predileto cada dia. Pode estar seguro de que aqui há plena abundância para este tempo e para a eternidade; abundância para o corpo e o espírito em todo momento imaginável.
Sei muito bem que a sua pobreza é profunda, que está em muitos perigos, e que as suas forças são muito escassas. Mas, apesar de tudo, é rico e está a salvo, e é forte, porque Jesus troca as suas cisternas rotas e vazias, por fontes transbordantes. Quando sentires que o peso dos teus pecados é intolerável, e que te afundas até o profundo do abismo, vá ao Jehová-Jireh. Jesus proporciona ali o alívio necessário. Seu braço é o braço do Onipotente. Com sua mão poderosa, ele coloca toda a sua culpa sobre si mesmo, e a leva longe, onde não pode ser achada.
Quando quiser estar seguro de que a sua dívida está paga e de que todo o castigo se cumpriu, vá ao Jehová-Jireh. Jesus se tem feito carne e veio a ser seu melhor substituto, para que com a sua natureza, e em seu lugar, ele pague e sofra tudo.
Quando a sua alma tremer e se estremecer, como uma pomba entre falcões cruéis, vá ao Jehová-Jireh. Jesus te ajuda em cada dificuldade, poder em cada tarefa, amparo em cada tormenta. Sua voz declara com segurança: «Eu Jehová a guardo, cada momento a regarei; a guardarei de noite e de dia, para que ninguém a danifique» (Is. 27:3).
Do mesmo modo que o sol está cheio de luz e o oceano de água, assim também Jesus tem abundância de todo dom necessário. É como uma árvore carregada de fruto em toda época do ano. Sempre que nos aproximamos, ele tem fruta madura ao alcance da mão, que é a fé. A graça que ele dá se aplica a cada necessidade. No momento do trabalho, sua graça se adapta a este, e assim o faz com nossas lutas, com a oração, com o sofrimento e com a própria morte.
Há graça para a prosperidade e para a adversidade; graça para a vida pública e privada; graça para os que governam e para os que obedecem; graça para a infância, para a maturidade e para a velhice; graça para a saúde, e para a enfermidade e a dor. Quando o Pai deu a Jehová-Jireh à igreja, deu um dom que continha tudo: «que não poupou nem a seu próprio Filho, mas antes o entregou por todos nós, como não nos dará também com ele todas as coisas?» (Rom. 8:32).
Um convite
Leitor, queria te perguntar solenemente se tens buscado a Jehová-Jireh. Jesus é o Rei e dono do teu coração? Se for assim, faça o possível por conhecer a sua grande possessão; se alegre e viva nela. Não esbanje o seu dinheiro naquilo que não satisfaz. Coma do manjar que está diante de ti, para que a tua alma se deleite em abundância. Não fique em uma choça sofrendo penúrias, quando o seu rico palácio te convida a entrar. Não te apoies em uma bengala quebrada, tendo tão perto a Rocha eterna para te sustentar.
Pode ser que algum pecador ouvisse desta grande abundância e exclamasse: «Oh, se eu pudesse participar desses benditos manjares! Enquanto que outros se deleitam, eu morro de fome». Amigo, e por que é isso? Por que não podes desfrutar desse vale fértil? É porque estás muito longe de Jehová-Jireh, e porque há muitas barreiras que impedem os seus passos. Mas as Escrituras proclamam que ainda há lugar; e o próprio Jesus se aproxima da porta do teu coração e chama.
Nestas linhas que tens diante de ti, peço-te que lhe abras. Vais tardar ou recusar? Por que prefere ser pobre e miserável agora e pela eternidade, se Jehová-Jireh te convidas a participares da plenitude da graça nesta vida, e da glória na futura?
Do Evangelho em Gênesis