Perigos de um evangelho falso

O terrível engano de querer “acomodar” a mensagem do evangelho para que seja aceito pelos incrédulos.

David Wilkerson

Hoje quero falar como uma voz profética. Deus me sacudiu recentemente com esta mensagem. Esta manhã, o Senhor por meio de seu Espírito falou ao meu coração que este era o tempo. Ele me chamou para ser um dos seus vigilantes e tenho chorado e orado sobre isto, para que Deus me ajude a entregar a mensagem em um espírito de amor. Esta não é uma mensagem de repreensão, mas sim de advertência.

Um 'novo' evangelho

Há um evangelho acessível sendo introduzindo hoje em nossa sociedade. Acomodar significa adaptar, ajustar, fazer algo aceitável e conveniente. É uma invenção cultural dos Estados Unidos, que se dá nas grandes cidades e que está varrendo à nação, influenciando ministros de todas as denominações, gerando mega-igrejas, com milhares de pessoas que vão ouvir uma mensagem não confrontadora.

Ela é uma mensagem adaptada, servida em pequenas doses por meio de sátiras humorísticas, dramas e breves sermãozinhos sobre como enfrentar certos problemas. É conhecido também como «o evangelho da procura amigável». Para começar, esses termos não são escriturísticos. O evangelho de Jesus Cristo sempre foi confrontador. Não há tal coisa como um evangelho amigável, melhor dizendo, uma graça amigável.

Este novo evangelho está sendo propagado por ministros jovens e brilhantes. Sua fórmula é esta – você pode ir a qualquer cidade e, se tiver a estratégia correta, pode levantar uma mega-igreja em pouco tempo. Deve usar as suas habilidades e procurar o lugar que melhor se ajuste a elas. Vai, mora nesse lugar e faz uma pesquisa para conhecer o que deseja todo aquele que não frequenta nenhuma igreja: «Você não gosta dos corais? Bem, iria a uma igreja que não tenha coral? Você não gosta que restrinja seus trajes? Frequentaria uma igreja onde o vestuário é informal?».

Em seguida, vai ao seu computador e projeta um evangelho que não te confronta, que satisfaça os desejos e necessidades das pessoas. Depois de reunir um grupo de pessoas, prepara a sua mensagem para lhes ajudar a enfrentar as suas necessidades. O programa procura fazer da igreja um lugar agradável e amigável para todos os pecadores que desejem frequentar.

Este está se convertendo no mais florescente de todos os movimentos religiosos. Milhares vão a estas igrejas. O pastor é um gerente, e tudo se transforma em um negócio. Eles não andam com rodeios: seguem o exemplo das técnicas de marketing e estão tendo êxito. Sua fórmula para o crescimento rápido é vendida especialmente aos ministros jovens – aqueles que querem alcançar com brevidade uma carreira bem sucedida.

A advertência de Paulo

Paulo advertiu da chegada de outro evangelho e de outro Jesus (2 Cor. 11:14), e adverte que realmente não é outro evangelho, mas uma perversão do verdadeiro evangelho de Jesus Cristo. Se você ouvir qualquer outro evangelho, diz ele, tal pregador seja maldito. Em outras palavras, não importa quão agradável, quão piedosa ou quão sincera seja a pessoa, se a mensagem dada não é a morte do pecado por meio da cruz de Cristo, o pregador está debaixo de maldição.

Estremeço quando leio nas Escrituras que, nos últimos dias, Satanás entrará na igreja de forma encoberta. O diabo tomará ministros que, em algum tempo, tinham o toque de Deus e os transformará em agentes deles, para que se convertam em suas ferramentas de engano.

Isto é aterrador. Tais falsos obreiros se fazem passar por apóstolos de Cristo. Não é maravilha, pois até Satanás se transforma em «anjo de luz». Portanto, não é de se surpreender se os ministros também fingem ser servos de justiça, cujo fim será conforme as suas obras.

Paulo disse que eles se gloriariam na carne, em sua grandeza, em seus números e em sua relevância. Gabam-se de serem modernos, dizendo que há um evangelho fora de moda, que já não satisfaz as necessidades humanas. Eles se gloriam na aceitação do mundo. Jesus advertiu: «Guardai-vos dos falsos profetas que vêm a vós vestidos de ovelha, mas por dentro são lobos devoradores» (Mat. 7:15). O contexto dessa advertência é: «Porque estreita é a porta, e estreito o caminho que leva a vida, e poucos são os que a encontram» (7:14).

Paulo chama a estarmos alertas com os lobos que dirão que, na realidade, a porta não é tão estreita, depois de tudo. Eles vêm e fingem serem ovelhas submissas. Jesus pôs o seu dedo sobre a chaga: a ambição deles. No grego, a expressão se refere a homens «famintos pelo reconhecimento e rápida gratificação».

Na atualidade, podemos ver um pastor que trabalhou por anos em um lugar, e não viu o crescimento que esperava. Mas um jovem com um evangelho de prosperidade chega ali, e dentro de pouco tempo tem uma mega-igreja, onde as pessoas se aglomeram, porque há diversão.

Estive em alguns desses lugares. É um evangelho de entretenimento, que não tem nenhuma convicção de pecado. Ali não se fala com os pecadores sobre o arrependimento, o quebrantamento e a cruz. O nome de Jesus é mencionado, mas Paulo diz que esse é outro evangelho e outro Jesus.

Que cada pastor ouça esta advertência: No momento que comece a considerar a «competência», aquela semente começará a germinar em seu coração. Satanás porá em seu caminho um lobo vestido com pele de ovelha, alguém que tentará te seduzir para uma ambição ímpia, para obter um crescimento da igreja a qualquer preço. Entretanto, a verdade é que isso pode custar a tua alma.

O que produz o evangelho da prosperidade

1. É a acomodação do amor do homem pelo prazer

«Também deves saber isto: que nos últimos dias virão tempos perigosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos... mais amantes dos deleites que de Deus» (2 Tim. 3:1-4).

A palavra grega para «deleite» significa «sensual, ambicioso, voluptuoso, excitante, gratificante, prazeroso». Se você se mover para este tipo de pregação, deverá acomodar a cobiça e a sensualidade das pessoas, pois elas não vão renunciar a aquilo. A menos que sejam confrontados com a verdade do evangelho de Jesus Cristo, terá que acomodar esse desejo pelo prazer que se encontra impregnado no estilo de vida norte-americano.

Fiquei horrorizado ao ler um artigo no New York Times. Um pastor disse: «A conduta sexual inapropriada não torna automaticamente imoral a um líder”. A moralidade deve ser também medida por outros indicadores, tais como a valentia, a preocupação com os pobres, o fomentar a paz mundial, dirigir a economia responsavelmente e fomentar a igualdade racial. A heterossexualidade e o homossexualismo são meramente expressões culturais».

Deus disse que homens que pregam doutrinas como estas resistem à verdade, são homens de mente corrupta falsificando a verdade.

Vendo um programa televisivo, um domingo a noite, em uma dessas igrejas «procuras amigáveis», quase não podia acreditar. Em uma igreja apertada, diante de milhares de pessoas, o pastor disse: «Esta é uma noite divertida». Um jovem pregador deu o seu monólogo. Depois mostraram dez das coisas mais aborrecíveis que os adolescentes fazem durante a pregação. A congregação enlouquecia. Depois da ministração, o pastor anunciou com descaramento o seguinte: «Aqui não estamos para ofender ninguém, mas para fazer da igreja algo agradável para todos». Eu chorei.

Quanto tempo podemos crer que essa audiência permaneceria nesse lugar se o pastor, compungido por entreter às pessoas em seu caminho ao inferno, de repente tivesse pregado uma mensagem intitulada: «Seguramente, teu pecado te alcançará»? Quantos retornariam se tivesse pregado a respeito de uma vida santa e de separação do mundo? Duas coisas, certamente, se tivessem acontecido: 1) Todos os que estavam famintos e não conheciam algo melhor, chorariam e correriam para o altar. 2) Aqueles que estavam cegos por seus prazeres teriam fugido para nunca mais retornar.

Mantenho isto em minha mente e diante dos meus olhos, porque cada ministro do evangelho, um dia terá que prestar conta diante do Senhor. Ele lhes será dito: «Filho do homem, te pus por atalaia. Deverias escutar as palavras da minha boca e lhes advertir. Deveria haveres dito ao ímpio: ‘Certamente morrerás’; mas não lhe admoestou para que se convertesse de sua impiedade e salvasse a sua vida. Esses ímpios morreram nos seus pecados, mas o seu sangue demandarei das suas mãos».

2. Este evangelho acomoda a aversão do homem a autonegação

O evangelho de Jesus Cristo é um evangelho de autonegação. «Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me» (Mat. 16:24). A autonegação não é algo que você dá. É algo a qual você renuncia: a renúncia de ti mesmo, renunciando a tudo o que você é. É apresentar o seu corpo em sacrifício vivo, santo e agradável ao Senhor, que é o nosso culto racional.

Deus tem todo o direito de dizer a sua igreja: «Se esperas que eu te dê um corpo, teu corpo ressuscitado por toda a eternidade, eu tenho todo o direito –é razoável da minha parte– de te pedir o teu corpo enquanto estás nesta terra. Quero cada parte de ti, quero que sejas meu». O evangelho que pregamos deve trazer para as pessoas a posse total de Jesus Cristo. De outro modo, é um evangelho acessível.

O evangelho de «procura amigável» se acomoda ao corpo; o corpo humano lhe pertence. O que vemos nos Estados Unidos é um neognosticismo aonde você toma o seu corpo por um lado e faz o que deseja com ele contanto que o seu espírito esteja bem com Deus. Há uma divisão da personalidade. Entretanto, somos uma personalidade e toda ela pertence a Jesus Cristo. Este neognosticismo está destruindo a fé de muitos.

3. Existe uma acomodação da ofensa do homem pelo evangelho

As Escrituras declaram: «Eis que ponho em Sião… pedra de tropeço e rocha que faz cair». Paulo falou da ofensa da cruz. Este é o coração da ira de Deus. Não somos chamados somente para irmos para a cruz, mas para irmos através da cruz –a experiência que teve o próprio Cristo–, morrendo e indo à sepultura com ele, para depois ser ressuscitados para uma vida nova.

É cruel conduzir os pecadores para a cruz, lhes dizer que são perdoados pela fé e em seguida deixá-los retornar aos seus antigos hábitos e desejos carnais, sem que experimentem mudança alguma e ainda acorrentados pelo diabo. Se a pregação da graça não produz um caminhar em justiça, então é outro evangelho e outro Jesus.

Horror e tremor

Ouvi horrorizado um homem que frequenta uma das maiores dessas igrejas de «procuras amigáveis», ao ser entrevistado pela CBS. Disse: «Frequento esta igreja porque me sinto cômodo. Nunca me fazem me sentir incomodado. Trago meus amigos judeus e nunca ouvi algo que digam que os ofende. O melhor é que toda a ministração dura só uma hora».

Medite nisto: Você pode ter uma grande igreja e ser um dos grandes, mas isso vai te custar a tua alma se pregar apenas com o enfoque nas coisas desta terra em lugar das coisas de Deus.

Vivi em Nova Iorque por 35 anos. Há na cidade pessoas de todos os estilos de vida, dos mais pobres até os mais ricos. E vejo na congregação homens que saíam das lojas de pornografia; houve um homem de negócios que começou a inalar cocaína e perdeu tudo, e agora é um vagabundo; uma jovenzinha de 14 anos que se prostituía na rua. Eles vieram para a igreja dizendo: «Pastor, preciso sair disto; necessito de ajuda».

Não vou preparar uma sátira ridícula e pregar um sermãozinho de 15 minutos sobre como enfrentar os problemas da vida a aqueles que estão morrendo e estão indo para o inferno. Estremeço só em pensar.

Vivemos tempos perigosos

Muitos não desejam ouvir isto, mas vivemos tempos perigosos. Estamos às portas de um terrível colapso. Quando isso acontecer, os que pregam prosperidade deverão se esconder, pois seus seguidores dirão: "Teu evangelho falhou". Quando esse dia vier, quero me agarrar a Cristo, e que todos aqueles aos que preguei tenham fé em seu poder sustentador, conheçam-no em sua plenitude e saibam a diferença entre o santo e o profano.

Muitos estão sendo enganados; se não forem despertados, acontecerá o que lhes advirto hoje. Que Deus sustente às igrejas em seu propósito original. Ele mostrou que muitos precisam ouvir um evangelho bíblico e milhares irão aonde a palavra de Deus é pregada sem concessões, mas em graça. Que os que se encontram desanimados não optem pelos atalhos, mas se quebrantem e se rendam diante do Senhor. Que possamos tirar os nossos olhos do crescimento e pô-la em uma nova revelação de quem realmente é Jesus Cristo.

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