Um arrebatamento de amor

O Senhor Jesus Cristo, em sua vinda, tomará uma esposa santa para si.

Marcelo Díaz

"Porque o Senhor mesmo com voz de mando, com voz de arcanjo, e com trombeta de Deus, descerá do céu; e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro. Em seguida nós os que estivermos vivos, os que tivermos ficado, seremos arrebatados junto com eles nas nuvens para receber ao Senhor no ar, e assim estaremos para sempre com o Senhor" (1 Tes. 4:16-17).

No cenário futuro da igreja, há um acontecimento ansiado pelos crentes: aquele momento no qual ela verá realizado o seu desejo de encontrar-se definitivamente com o seu amado Senhor. É o rapto ou arrebatamento, o encontro do Senhor com a igreja.

O amor, a base de tudo

Este é um marco na história humana. No último século, as interpretações dos sucessos escatológicos geraram discussões, desviando com isso a atenção do que é fundamental, para a forma e o tempo no qual ocorrerá. Desejando ter uma maior compreensão, perdeu-se o sentido mais profundo deste encontro de amor entre Cristo e a igreja.

A igreja é levantada, atraída para reunir-se com o seu Senhor. Nem o melhor filme poderia expressar o que será este evento. A plenitude de gozo será o sentimento predominante, similar a um encontro nostálgico de duas pessoas que se amam. Na verdade, é o encontro de dois amores.

Na experiência humana, podemos imaginar palidamente aquele gozo. Os noivos, ao fim, estarão unidos para sempre. Nesse momento, a eternidade será um instante absorvido pelo amor. O Noivo vem formoso e radiante. Ela, embelezada, lhe deseja com expectação. Em um instante, o amor a arrebatará para uma união eterna. Ao fim, Cristo e a igreja serão um para sempre. Aleluia!

O Espírito Santo e a noiva

No entanto, o Senhor virá por uma noiva «sem mancha, nem ruga, nem coisa semelhante» (Ef. 5:27), uma noiva que dedicou tempo para embelezar-se para ele. Deus tem provido todas as condições para que este seja um evento único. Por isso, o Espírito Santo comprometeu a sua assistência permanente.

O criado exemplar

Existem no Antigo Testamento algumas figuras da ação do Espírito Santo sobre a igreja. Em Gênesis capítulo 24, temos a história do momento em que Abraão procura uma mulher para seu filho Isaque, figura do Pai que procura esposa para seu Filho Jesus Cristo.

É surpreendente ver que a representação para nos mostrar o serviço do Espírito Santo em compromisso com os propósitos de Deus, seja um servo. O servo de Abraão foi encomendado debaixo de juramento para encontrar uma esposa para Isaque. O que aprendemos nesta figura em relação ao Espírito Santo?

A lealdade ao propósito

O servo de Abraão era quem governava sobre tudo, e além disso o mais velho, com maior experiência. Sem dúvida, ele era quem melhor interpretava os desejos de Abraão. Por isso, encarregou-lhe essa transcendente missão, vinculada à promessa que tinha recebido do próprio Deus.

O Espírito Santo conhece os mais profundos pensamentos de Deus e conhece o interior do homem (1 Cor. 2.11). Por isso, em lealdade ao eterno conselho de Deus, ele endereça a vontade divina na igreja, através de uma experiência pessoal com cada crente. A intenção final do Espírito em nós é nos levar sempre para Cristo. Qualquer outro objetivo é incompatível com aquele sentimento de Deus. O Pai encarregou esta missão ao mais fiel «servo», o qual não se apartará nem um pouquinho de sua vontade em nós, por isso podemos confiar plenamente nele.

Diligencia no serviço

O servo saiu acompanhado de outros servos e dez camelos porque a viagem seria longa. O propósito dá sentido e urgência ao serviço. Vemos através do relato que aquele criado não desejava descansar até ver cumprida a sua missão. De igual maneira, o Espírito trabalha nos crentes, nos equipando de riquezas divinas até ver consolidado o propósito do Pai, o qual é apresentar uma donzela santa para seu Filho. Esta é a missão mais importante do Espírito, que não cederá em sua tarefa. Uma e outra vez insistirá em nós a necessidade de nos santificar para nos apresentar dignos.

A eleição

Abraão delegou a sua confiança naquele criado. Os padrões de beleza estariam subordinados a Eliezer, que orou pedindo como sinal uma mulher que tivesse aptidão de serviço. Ele escolheu primeiro a beleza do serviço, antes que a beleza natural. E, dentre todas as donzelas, Raquel cumpriu o sinal, e sua beleza confirmou o intuito divino. Em seguida, o criado a adornou com um pendente e braceletes em seus braços.

Assim é o Espírito Santo, quem escolheu, conforme o plano divino, a mulher mais idônea para o Filho, e ela concordou. A igreja foi escolhida para servir ao Senhor; em cada ato de serviço transborda a sua beleza. Cada crente que serve a Cristo realiza o que em essência é a igreja. O Espírito que nos santifica e reparte os seus dons, não tem outro objetivo além de levar atributos dignos ao Amado, entregando os penhores da herança com a qual enriquece a igreja, frutos de serviço para o Senhor.

O exemplo do Mardoqueu

No livro de Ester, temos outra figura importante que nos ensina a preparação da noiva antes de ir para o Amado. O relato destaca a figura do Mardoqueu, um judeu que prepara Ester, sua prima órfã, para apresentá-la ao rei. Mardoqueu adota a Ester para guiá-la nos propósitos divinos. O que aprendemos desta historia em relação com a ação do Espírito Santo na igreja?

A filiação

Esta história começa com a valiosa ação protetora a uma órfã. Talvez nem o próprio Mardoqueu pensou em primeira instância que nesse ato eram lançados os destinos do povo Judeu.

A história é comovedora. No momento mais culminante Mardoqueu declara a Ester: «E quem sabe se para esta hora chegaste ao reino?» (4:14). Ela devia apresentar-se diante do rei, para interceder por seu povo, arriscando a sua própria vida. A história termina em beneficio para Ester e seu povo.

O Novo Testamento nos ensina que, pelo Espírito de adoção dado aos crentes, podemos nos aproximar de Deus dizendo: «Abba Pai!».

A filiação é o maior ato de generosidade recebido através de Jesus Cristo. O Espírito Santo tem o mesmo propósito em cada crente, mas a execução é distinta em cada um. Irá se desenvolvendo conforme a nossa história individual. Os cristãos compartilham um mesmo nascimento, um mesmo propósito, mas diferentes processos de vida.

A sabedoria divina

Mardoqueu, sabiamente, conduz Ester. Suas intervenções, vigilância, ações, trouxeram luz às situações, descobrindo maquinações adversas. A sabedoria foi agindo, passo a passo, na história de Ester. Assim também é a ação do Espírito nos crentes: uma ação dinâmica, nova e protetora para benefício do propósito eterno na igreja.

Os crentes contam com o mais fiel conselheiro, como testemunha o próprio Senhor: «Mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo o que eu vos tenho dito» (Jo. 14:26).

A formação

«E cada dia Mardoqueu passeava diante do pátio da casa das mulheres, para saber como ia a Ester, e como lhe tratavam. E quando chegava o tempo de cada uma das donzelas para vir ao rei Assuero, depois de ter estado já doze meses conforme a lei a respeito das mulheres (porque assim se cumpria o tempo de suas purificações, isto é, seis meses com óleo de mirra, e seis meses com perfumes aromáticos e cosméticos de mulheres) então a donzela vinha assim ao rei. Tudo o que ela pedia lhe dava, para vir com isso da casa das mulheres até a casa do rei» (Est. 2:11-13).

Podemos dizer que Ester foi levada a um concurso de beleza, onde recebeu vários tratamentos antes de ir à presença do rei.

Que maravilhosa figura! Uma jovenzinha órfã, sem nenhuma possibilidade na vida, é preparada para ser rainha. A figura é fácil de entender. O Espírito Santo nos guiará por um processo de santificação, a fim de aperfeiçoar a esposa, durante o tempo que for necessário. O Espírito Santo cuida, favorece o processo e lhe outorga todos os dons para ir ao encontro do Amado.

O amor tudo pode

O Senhor Jesus Cristo, em sua vinda, tomará uma esposa santa para si. A atração do seu amor levantará a igreja da terra e os mortos em Cristo para nos reunirmos com ele. Por isso, a santificação por amor é um processo de importância ao qual devemos atender.

Existem no Antigo Testamento três personagens a quem, por suas características, Deus os arrebatou de entre os homens. Eles moveram o coração de Deus para irromper na história humana, tomando-os para Si, por amor. O testemunho de suas vidas é um exemplo para nós.

O primeiro é Enoque (Gên. 5:22; Heb. 11.5). Foi transladado para não ver morte e não foi achado, porque Deus o transladou. O seu exemplo principal é que «caminhou com Deus» e teve testemunho de ter agradado a Deus.

O segundo é Moisés (Heb. 3:5, 11:23-28), que «foi fiel em toda a casa de Deus». Recusou identificar-se com os deleites temporários do mundo, preferindo o vitupério de Cristo do que os tesouros dos egípcios, porque tinha em vista o galardão. O corpo de Moisés foi disputado com o diabo (Jud. 9), como sinal de quão importante foi para Deus este servo. De alguma forma, ele representa a aqueles que morreram em Cristo e que serão tirados de entre os mortos.

Por último, o profeta Elias. Existem duas exclamações próprias dele que caracterizam a sua vida e o seu serviço. A primeira é: «Vive Jehová em cuja presença estou»; e a segunda: «Sinto um vivo zelo por Jehová Deus dos exércitos». Estas são características da vida daqueles que, logo, em um abrir e fechar de olhos, serão arrebatados para encontrar-se com o seu amado Senhor nos ares, e assim estar para sempre com ele.

«E o Espírito e a esposa dizem: Vem. Amém; sim, vem, Senhor Jesus» (Apoc. 22:17,20).

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