ÁGUAS VIVAS
Para a proclamação do Evangelho e a edificação do Corpo de Cristo
Uma experiência real
Quem torna real a Palavra é o Espírito Santo, porque ele é o Espírito de realidade,
e o faz quando está enchendo o nosso coração.
Rodrigo Abarca
"No primeiro tratado, Oh! Teófilo, falei a respeito de todas as coisas que Jesus começou a fazer e a ensinar" (Atos. 1:1).
Fazer e ensinar
O primeiro tratado ao que trata esta citação era o evangelho de Lucas. Seu tema é tudo o que Jesus «começou a fazer e a ensinar»; não só o que ele ensinou verbalmente aos seus discípulos, mas também o que ele fez.
Um dos grandes defeitos de nossa formação hoje é que ela tem uma ênfase essencialmente cognitiva. Mas o Senhor Jesus, quando formou os seus discípulos, não lhes transmitiu apenas informação sobre o reino de Deus. Precisamos ler com atenção a Escritura, para descobrir não só o que lhes falou, mas o que ele lhes mostrou vivendo com eles. Ambas as coisas são igualmente importantes.
«Jesus começou...», mas agora continuará operando, através do Seu corpo que é a igreja. O reino de Deus ou o reino dos céus foi o grande tema do ministério do Senhor. «Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus» (Mat. 4:17). Durante todo o seu ministério, ele anunciou a manifestação do Reino. E não só o ensinou, mas também manifestou, em sua própria vida e ministério, a presença, o poder e a glória do reino de Deus entre os homens.
Todos os recursos do céu se aproximaram; a porta do céu se abriu sobre a terra. Por isso, o poder do pecado e da morte, o poder de Satanás, estão sendo desfeitos.
A promessa do Pai
No momento prévio a sua ascensão aos céus, o Senhor lhes fala pela última vez. «E estando juntos, mandou-lhes que não se ausentasse de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, a qual, disse-lhes, ouviram de mim. Porque João certamente batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo dentro de poucos dias» (vv. 4-5).
Ainda não é tempo de ir e cumprir a missão que lhes encomendou. Recordem que ele lhes havia dito: «Ide por todo mundo e pregai o evangelho a toda criatura» (Mar. 16:15). Era uma tarefa realmente titânica. «E ser-me-eis testemunhas em Jerusalém, em toda Judéia, em Samaria, e até os confins da terra» (Atos. 1:8). Com que recursos poderiam cumprir uma comissão semelhante?
Tinha que ocorrer algo absolutamente imprescindível para que eles pudessem ir e cumprir aquela comissão que excedia toda capacidade humana; porque é uma tarefa que vem do céu, e que apenas o céu pode cumprir na terra. Para isto, quem é suficiente? Apenas o Espírito Santo de Deus.
Quando João o Batista começou a pregar, disse: «Eu na verdade vos batizo em água para arrependimento; mas aquele que vem após mim, cujo calçado eu não sou digno de levar, é mais poderoso que eu; ele vos batizará no Espírito Santo e fogo» (Mat. 3:11).
A palavra batizar, em grego, significa submergir. «aquele que vem depois de mim, vos submergirá no Espírito Santo e em fogo». Ser submerso é ser simplesmente saturado, envolto, pelas águas daquele rio que flui do trono de Deus, um rio de vida. Isso fará o Senhor Jesus Cristo.
"Recebereis poder"
«Não vos cabe a vós saber os tempos ou as estações, que o Pai pôs apenas em sua autoridade; mas recebereis poder, quando vier sobre vós o Espírito Santo, e ser-me-eis testemunhas em Jerusalém, em toda Judéia, em Samaria, e até os confins da terra» (Atos. 1:7-8).
Ao vir o Espírito Santo, eles seriam revestidos com tal tipo de poder, que lhes impulsionaria para serem as suas testemunhas até os confins da terra. «Recebereis poder». Que tipo de poder é este? Paulo ora para que recebamos espírito de sabedoria e de revelação, entre outras coisas, para conseguir entender qual é a sobre-excelente grandeza do seu poder para conosco os que cremos, usando várias palavras superlativas, pois não há maneira de descrever a grandeza desse poder.
Permitam-me fazer uma comparação, para que de algum modo possamos entender quão grande é aquele poder do qual o Senhor Jesus está falando aqui.
Na criação do universo feita por Deus foi dispensado uma grande quantidade de poder. Deus exerceu um poder inimaginável para criar este universo. É tal aquele poder que se requer, por exemplo, para criar a matéria e mantê-la em existência, que é quase inconcebível para nós.
Os cientistas dizem que é tal a energia contida apenas em uma noz, que –se pudesse liberar toda essa energia– seria suficiente para iluminar durante um ano uma cidade como Santiago. Mas, quando eles vão à origem do universo, sabem que, para criá-lo, requereu-se tal quantidade de poder, que não existem leis matemáticas nem físicas capazes de descrevê-lo. Por isso, a essa energia original, chamam-na «uma singularidade», quer dizer, algo que eles não podem explicar.
De onde veio esse poder do qual surgiram todas as galáxias? Do Espírito Santo. A Escritura diz que no princípio criou Deus todas as coisas. A terra estava desordenada e vazia, as trevas estavam sobre a face do abismo, «e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas» (Gên. 1:2). O Espírito de Deus era como um vento, mas também como uma pomba que estava ‘chocando’ toda a criação; quer dizer, estava emprestando a energia necessária, para dar forma a tudo o que foi criado por Deus.
É por aquele poder do Espírito Santo que se criaram todas as coisas que existem. Entretanto, o poder empregado na criação não é nada comparado com aquele poder do qual a Escritura fala aqui, porque este é aquele poder mais sobre-excelente de todos. É o mesmo poder que ressuscitou a Jesus Cristo dentre os mortos. Esse é aquele poder que ele enviaria por meio do seu Espírito Santo. Aqui não se está falando simplesmente de poder, mas sim da fonte de todo poder, que é o Espírito Santo de Deus.
«Recebereis poder». Na queda do homem, a criação inteira foi afetada por aquele pecado, submetida à vaidade e à morte, destinada a corromper-se e perecer, a menos que Deus intervenha para reverter tudo.
O poder que virá com o Espírito Santo é um poder maior que qualquer outro poder nesta criação, capaz de submeter todo o universo e levá-lo de volta ao propósito eterno de Deus.
Unânimes em oração
Uma vez que o Senhor se foi, os discípulos voltaram para Jerusalém. «E entrando, subiram ao aposento alto, onde moravam Pedro e Tiago, João, Andrés, Felipe, Tomás, Bartolomeu, Mateus, Tiago filho de Alfeu, Simão o Zelotes e Judas irmão de Tiago. Todos estes perseveravam unânimes em oração e súplicas, com as mulheres, e com Maria a mãe de Jesus, e com os seus irmãos» (Atos 1:13-14).
Entretanto, sabendo o que o Senhor Jesus lhes tinha prometido, eles não assumiram uma atitude passiva diante da vinda do Espírito. Não foram essas as suas atitudes, porque eles foram ensinados pelo Senhor Jesus, não só com palavras, mas também com o seu exemplo.
Uma das coisas que foi gravada a fogo do exemplo do Senhor para eles, é que ele dedicava as horas mais importantes de sua vida para estar em comunhão com o Pai. Se os discípulos viram Jesus fazer isso, o que eles fizeram quando ele lhes disse que esperassem? Esperaram durante muitos dias, concentrados, separando-se de tudo.
Eis aqui uma lição importante. O Espírito Santo não desce sobre crentes ocupados com outras coisas, que não estão focados em sua vinda nem em sua presença, nem na necessidade de serem cheios por ele. Se aquela foi uma necessidade para os próprios discípulos, quanto mais para nós? «Quando chegou o dia de Pentecostes, estavam todos unânimes juntos» (Atos. 2:1).
Fugindo da anormalidade
Compreendemos que o mais importante para nós, como igreja do Senhor, é sermos cheios do Espírito Santo? Na Escritura não existe uma igreja que não seja cheia do Espírito Santo. Uma igreja tal é uma anormalidade histórica, que surge do fracasso dos crentes de negligenciar uma vida cheia do Espírito; mas esse não é o propósito de Deus com respeito a sua igreja.
Nós somos os que nos acostumamos à anormalidade. Por isso temos o livro de Atos, porque nele temos uma visão da igreja manifestada no tempo, na história do mundo, tal como está no coração de Deus.
A vontade de Deus é imutável. Ele quer que apareça essa igreja sobrenatural, que se levante acima dos poderes do mundo, como uma maré irresistível que avança vitoriosa, derrotando toda forma de oposição, porque está capacitada por um poder que este mundo não conhece nem pode resistir.
Essa é a igreja de Cristo, é o que somos chamados para sermos em Cristo. Se crermos a veremos, se pedirmos, se nossa necessidade de sermos cheios do Espírito Santo se tornar imperativa para nós. «Coisas que olho não viu, nem ouvido ouviu, nem subiram no coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam» (1ª Cor. 2:9). Não olhemos para a nossa experiência como o padrão do que a igreja deve ser. Não. Vamos ao livro de Atos e vejamos ali o que o Espírito Santo pode fazer pela igreja.
Um vento forte
«E de repente veio do céu um estrondo como de um forte vento que soprava» (Atos. 2:2). Isto não foi um belo ensino, mas um fato real. Um vento forte, que todos ouviram, remexeu a casa. Foi tão estrondoso, que as pessoas da cidade correram para ver o que acontecia. Aquilo ocorreu realmente no mundo material. O poder e a glória de Deus irromperam fisicamente na história humana. Isso é o reino de Deus.
Assim tem que ser. O mundo se estremece quando aquele poder do Espírito Santo o toca. Um dos grandes tipos do Espírito Santo na Bíblia é o vento. Aqui foi um vento poderoso, como esse vento de Deus do Antigo Testamento, que quebra os cedros do Líbano.
Chama ardente
«E lhes apareceram línguas repartidas, como de fogo, assentando-se sobre cada um deles. E foram todos cheios do Espírito Santo, e começaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem» (Atos. 2:3-4). Outra das grandes figuras do Espírito Santo é o fogo. «Ele vos batizará no Espírito Santo e fogo».
O fogo tem dois significados básicos. Primeiro, quando o fogo toca algo, o limpa, o liberta de toda escória. Quando o Espírito Santo enche o coração, o purifica, o santifica. Sendo santo, o Espírito não pode morar em corações enegrecidos; por isso, ele queima toda impureza. É aquele poder do Espírito Santo o que nos santifica para Deus e nos faz arder como uma chama que não se consome.
Mas, junto com isso, sabem por que ele também é um fogo? Porque, na Escritura, o amor de Deus está descrito como um fogo.
O capítulo 8 de Cantares é a consumação do amor da amada pelo Amado, da igreja por Cristo; é o amor em seu estado mais perfeito. Diz ela: «ponha-me como um selo sobre o teu coração, como uma marca sobre o teu braço; porque o amor é forte como a morte; duro como a sepultura, o ciúmes; suas brasas, brasas de fogo, forte chama. As muitas águas não poderão apagar o amor, nem os rios afogá-lo» (Cant. 8:6-7). Este não é um amor humano, mas o amor divino.
O Espírito de Deus é uma chama ardente de amor. Quando toca o coração, ele o acende com uma chama de amor que nada nem ninguém poderá extinguir. Não há rio, por grande e poderoso que seja, que possa apagar o fogo do amor de Deus que o Espírito Santo acende no coração dos crentes.
Esse é o amor que levantou os santos no princípio. Foram acesos de um amor indestrutível, que os levou a uma vida de entrega e sacrifício. Por esse amor, Estevão morreu como um mártir, vendo a glória de Deus. Por essa chama, o Espírito acendeu o coração de Paulo. Por essa chama, os missionários deixaram o que tinham e foram a lugares esquecidos para pregar a Cristo, e sofreram e morreram por ele.
O seu coração arde com o fogo do Espírito? Às vezes, estamos cheios de coisas que não são esse fogo: aquilo que te apaixona ou que te motiva. Mas, quando o Espírito Santo enche, ele acende um fogo de amor por Cristo, pela igreja, pela obra de Deus.
A.B. Simpson
Há tempos atrás, li a vida de A.B. Simpson, o grande pregador do princípio do século XX. Ele tinha uma das igrejas mais prósperas de Nova Iorque. Todo mundo o admirava. Um dia, reuniu todas as igrejas da cidade para pregar o evangelho às pessoas mais pobre, e convidaram a um evangelista.
Ele conta: «Eu estava ali, e aquele homem começou a chamar os homens ao arrependimento. Eu era um ministro orgulhoso e frio, autossuficiente. Comecei a ver essas pessoas que vinham a Cristo e, de repente, tive uma visão. Vi uma longa fila de pessoas de todas as partes do mundo, de todas as nações, de todas as raças, de todas as tribos, que vinham ao Salvador. E um amor tão intenso ardeu em meu coração, que me quebrantou». Aquilo foi tão profundo, que esse dia, Simpson abandonou tudo e foi pregar nas ruas, aceso por uma chama que nunca mais se apagou em sua vida.
Hudson Taylor
Algo muito parecido conta Hudson Taylor. Ele tinha estado pregando na China, com a visão de levar o evangelho ao interior da China. Mas adoeceu, e teve que voltar para a Inglaterra. E vivia entristecido e atormentado, porque por um lado sabia que o Senhor o chamava para a China, mas não tinha a fé suficiente para abandonar tudo e se comprometer, além disso, a outros, nessa visão.
E diz: «Um dia fui a uma reunião de igreja em uma cidade. Os irmãos se regozijavam, cantando alegres ao Senhor; mas o meu coração estava partido de amor, e não podia esquecer os rostos desses homens e mulheres na China. Então não suportei mais, e saí a caminhar pela praia, sozinho. E ali, o amor do Senhor, finalmente, venceu-me, e me consagrei à obra de minha vida».
Desde esse dia em diante, ele se converteu em um instrumento para levar o evangelho a milhões de pessoas perdidas no interior da China. O amor de Cristo, a chama ardente do Espírito, o venceu.
Irmão, não crês que o teu coração pode ser derretido, pelo Espírito, com uma chama que jamais se apagará? Quanto precisamos ser cheios do Espírito Santo! Ser cheios do Espírito Santo é uma experiência concreta. Não é simplesmente uma teologia; é algo real.
Poder e caráter
A plenitude do Espírito significa duas coisas, que infelizmente se separaram na experiência da cristandade, mas que nunca deveriam andar separadas. Por um lado, significa uma plenitude de poder, uma capacitação sobrenatural, um poder divino que está além da capacidade humana, para levar adiante o propósito de Deus. E é vital que a igreja possua esse poder.
A igreja foi criada para ser o vaso que expressa o reino de Deus sobre a terra, assim como Cristo foi nos dias da sua carne. Não há razão para pensar que isso não tenha que ocorrer hoje com a igreja. Mas é trágico quando essa investidura de poder se separa do caráter de Deus.
O reino de Deus tem dois fundamentos. No princípio, quando Deus criou ao homem, disse: «Façamos o homem a nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine» (Gên. 1:26).
De maneira que a primeira parte do Reino Deus tem a ver com o caráter de Deus no homem, e a segunda parte, com aquele poder ou a autoridade de Deus, manifestada através do homem.
Estas duas coisas nunca têm que andar separadas. É trágico quando há poder sem caráter; mas também seria trágico que houvesse caráter sem poder. Ambas as coisas são necessárias.
Na Escritura, Sansão e Saul são exemplos do que significa ter poder sem caráter, cujas vidas terminaram em tragédias. Mas isso não quer dizer que o propósito de Deus seja que não haja poder ou que devamos rejeitar aquele poder, porque o que nós seríamos sem esse poder? Esse poder é vital para a igreja.
Vida sobrenatural
Quando Pedro pregou a palavra em Pentecostes, três mil pessoas foram acrescentadas ao Senhor, porque aquele poder de Deus estava em suas palavras. E em seguida lemos: «E perseveravam na doutrina dos apóstolos, na comunhão uns com outros, no partir do pão e nas orações» (Atos. 2:42).
Estas pessoas foram submersas imediatamente em uma vida sobrenatural. A razão pela qual os irmãos perseveravam é porque estavam cheios do Espírito. Quando a igreja está cheia do Espírito Santo, é inevitável que queiramos estar na presença de Deus, porque ela é tão necessária como o ar que respiramos.
É muito diferente viver na capacidade da carne; isso é algo exaustivo, que destrói a qualquer um. Mas que poder, que graça e que libertação ocorrem quando vivemos naquele poder do Espírito Santo. A vida cristã se torna fluída e a palavra de Deus se torna real em nossos corações.
Experiência contínua
Ser cheio do Espírito Santo não pode ser uma experiência pontual. Os discípulos foram cheios não só no dia de Pentecostes, mas ao longo de toda a sua vida, uma e outra vez. Foi uma experiência contínua, e cada vez mais profunda.
«E sobreveio temor a toda pessoa» (Atos. 2:43). Essas pessoas não eram os crentes, mas pessoas do mundo. Sobreveio temor, porque algo natural estava ocorrendo. Os cristãos de hoje se esforçam por impressionar o mundo com campanhas, com publicidade, com marketing. Mas, quando o Espírito Santo nos enche, não precisamos dizer ao mundo que experimente a diferença; eles percebem algo que não podem entender e que traz temor ao coração.
Quando a glória de Deus desceu sobre o tabernáculo, os homens caíram de joelhos. Quem pode sustentar-se em pé diante da glória de Sua presença? A Escritura diz: «Estes que transtornam o mundo inteiro também vieram para cá» (Atos. 17:6). O mundo se estremece, porque está na presença de um poder que não pode resistir.
«E muitas maravilhas e sinais eram feitos pelos apóstolos» (Atos. 2:43). Veio um poder e um amor aceso que encheu o coração dos santos. «E perseverando unânimes cada dia no templo» (V. 46). Quando esse amor está derramado na igreja, então, somos um. Ele nos batizou pelo mesmo Espírito em apenas um corpo. Quando o Espírito Santo nos enche, experimentamos de maneira real o que significa ser um nele.
Em Atos capítulo 4, João e Pedro são chamados diante do Sinédrio, o qual, pouco tempo atrás, tinha condenado o Senhor Jesus à morte. Serem convocados por estes homens era algo extremamente perigoso. Mas, que mudança há quando o Espírito Santo arde no coração; há um poder que o medo não pode vencer, um fogo que o mundo não pode apagar!
«...e lhes pondo no meio, perguntaram-lhes: Com que poder, ou em que nome, fizeram vós isto? Então Pedro, cheio do Espírito Santo, disse-lhes: Governantes do povo, e anciãos de Israel ... seja notório a todos vós, e a todo o povo de Israel, que no nome de Jesus Cristo de Nazaré, a quem vós crucificastes...» (Atos. 4:7-10). Ele lhes joga na cara que eles mataram a Cristo. Que valor!
«...e a quem Deus ressuscitou dos mortos, por ele este homem está são em sua presença. Este Jesus é a pedra reprovada por vós os edificadores, a qual veio a ser cabeça do ângulo. E em nenhum outro há salvação; porque não há outro nome debaixo do céu, dado aos homens, em que possamos ser salvos» (V. 10:12). São palavras de poder e de vitória lançados no rosto do inimigo, pois estavam cheios do Espírito Santo. Que diferença, não é verdade?
«Então vendo a intrepidez de Pedro e de João, e sabendo que eram homens sem letras e do vulgo, maravilhavam-se; e reconheciam que eles tinham estado com Jesus. E vendo o homem que tinha sido curado, que estava em pé com eles, não podiam dizer nada contra» (V. 13-14). Aquele homem que estava em pé com eles era uma evidência concreta do poder de Jesus Cristo.
«E postos em liberdade, vieram aos seus e contaram tudo o que os principais sacerdotes e os anciãos lhes haviam dito» (V. 23). Você crê que a igreja se assustou? Aqui já não são os apóstolos, mas os irmãos, que também estavam cheios do Espírito. «E eles, havendo-o ouvido, elevaram unânimes a voz a Deus, e disseram: Soberano Senhor, tu és o Deus que fez o céu e a terra, o mar e tudo o que neles há... E agora, Senhor, olhe para as suas ameaças, e concede aos teus servos que com toda intrepidez falem a tua palavra, enquanto estendes a tua mão para que se façam curas e sinais e prodígios mediante o nome de teu santo Filho Jesus» (V. 24, 29-30).
Qual foi a resposta do céu? «Depois de orar, o lugar em que estavam congregados tremeu; e todos foram cheios do Espírito Santo, e falavam com intrepidez a palavra de Deus» (V. 31). Você quer que estes tempo se repitam? É possível, porque o Senhor prometeu. Mas, recordem, isto só ocorrerá conosco se realmente desejarmos, com todo o nosso coração e com todas as nossas forças, sermos cheios continuamente do Espírito Santo. É um imperativo.
As emoções debaixo do Espírito
Precisamos caminhar naquele poder do Espírito. Necessitamos que ele não só nos capacite com poder, mas também transforme o nosso coração, os nossos sentimentos, as nossas emoções, sendo vasos que contenham e expressem a Cristo; ele, a Cristo real em nós e, através de nós, ao mundo.
As emoções são parte vital da existência humana, são como a temperatura da nossa alma. Se as suas emoções forem negativas, são más, serão erradas, toda a sua vida estará poluída.
Há irmãos que estão sempre tristes ou amargurados, com um tom de vida negativo. Nesse caso, como o Espírito Santo pode expressar a Cristo em nós? Por isso, Efésios 4:31 diz: «Retirai de vós toda amargura, irritação, ira, gritaria e maledicência, e toda malícia», todas estas emoções negativas, para que o Espírito Santo nos possa encher.
Nós não temos que manipular as emoções; mas o Espírito Santo sim toca as emoções; ele toca todo o ser humano. Por isso, se ele puder tomar a nossa língua, o órgão controlador de tudo, então ele pode tomar controle de todo o seu ser: sua alma, suas emoções, suas lembranças, suas crenças, seus pensamentos. Tudo tem que ser, tomado e renovado pelo Espírito Santo.
Charles Finney
Charles Finney, um grande servo de Deus do passado, usado poderosamente por Deus nos Estados Unidos, onde centenas de milhares se voltaram para Cristo através dele e de outros, dizia o seguinte:
«Um dia, depois de ter crido no Senhor Jesus Cristo, estava eu em meu quarto, e senti um desejo intenso de orar. De repente, foi como se o meu coração se derretesse como cera, um amor inexpressável se apoderou de mim e comecei a chorar. Ondas de amor e de alegria, cada vez mais poderosas, passavam através de mim, fazendo transbordar o meu coração. Era tão forte, que eu rogava a Deus que parasse, parecia que ia morrer; mas também lhe rogava que não terminasse, porque não queria que isso terminasse. Assim estive horas e horas. Os rios de vida e de amor me encheram e me encheram até que quase explodi».
Quando Finney saiu do seu quarto, uma nação inteira foi sacudida pelo Espírito. Já não era ele, mas o Espírito Santo de Deus.
Como seria se toda a igreja fosse cheia do Espírito Santo? Como seria seu lugar de estudo ou de trabalho, ou sua família, se caminhássemos cheios do Espírito Santo? Precisamos ser cheios do Espírito Santo, hoje.
«Porque para vós é a promessa, e para os teus filhos, e para todos os que estão longe; para quantos o Senhor nosso Deus chamar» (Atos. 2:39). Não só para Pedro e Paulo, não só para Finney, Wesley e os grandes pregadores; é para todos nós. É a promessa, o dom de Cristo à igreja; todas as suas riquezas, todo o seu poder, toda a sua glória e sua vida poderosa.
Que o Espírito de Deus possa entrar em todos os recantos da nossa alma. Abramos-lhe o coração, todo o nosso ser, para que nos encha uma e outra vez.
Síntese de uma mensagem oral ministrada em Rucacura (Chile), em janeiro de 2015.