A hora do Espírito Santo

O Espírito Santo vem, esvaziando-se de si mesmo, a fim de que o Filho possa expressar a sua plenitude através dele.

Rubén Chacón

O prólogo do evangelho de João termina com uma declaração solene: «Ninguém jamais viu a Deus; o Filho unigênito… o deu a conhecer» (Jo. 1:18). Com o termo Deus,João está se referindo ao Pai, e sabemos disto pela frase que segue: «o Filho unigênito… o deu a conhecer». Em outras palavras, o Filho unigênito nos deu a conhecer que Deus é seu Pai.

Deus revelado

Na economia de Deus, o Pai reservou esse aspecto da Deidade que é absolutamente incognoscível ao homem. Ele é o Deus invisível (Col. 1:15). Paulo, escrevendo em sua primeira carta a seu filho na fé, Timóteo, descreve o Pai celestial nos seguintes termos: «… aquele que habita em luz inacessível; a quem nenhum dos homens viu, nem pode ver…» (6:16).

Não obstante o anterior, a boa notícia do evangelho de João é que este Deus, a quem ninguém jamais viu, nem pode ver, foi revelado por seu Filho unigênito. O Deus incognoscível se deu a conhecer, mas não diretamente, e sim por meio de seu bendito Filho. Com efeito, o evangelho de João nos mostra como o Filho de Deus deu a conhecer o seu Pai celestial aos homens.

As principais declarações do Senhor Jesus Cristo que mostram este glorioso feito, são as seguintes: «Porque aquele que Deus enviou, fala as palavras de Deus…» (3:34). O Filho de Deus se apresenta aqui como o enviado de Deus. Como tal, ele é um mensageiro, um comissionado do Pai.

Em termos modernos, diríamos que Jesus era um ‘júnior’ de Deus seu Pai. Nessa qualidade, o Filho não pode fazer o que quiser nem dizer o que lhe ocorra. Ele só pode fazer e dizer aquilo de que foi encarregado, daquele que o enviou. Por isso, Jesus diz: «aquele que Deus enviou, fala as palavras de Deus».

Não fala e não faz

Jesus Cristo não expressa as suas próprias palavras, mas as palavras do Pai. Os que lhe ouvem devem, pois, tomar consciência de que, em última análise, estão escutando nada mais nada menos que o próprio Pai.

O testemunho seguinte de Jesus Cristo se encontra em 5:19: «Em verdade em verdade vos digo: O Filho não pode fazer nada por si mesmo…». Quando o Filho anunciava uma declaração com a expressão «em verdade em verdade vos digo» queria significar com ela que revelaria uma verdade suprema. Era como um chamado de atenção para que os discípulos abrissem os seus ouvidos com particular cuidado.

Em termos atuais, seria um chamado para pegar papel e lápis. Tudo o que Jesus Cristo disse era verdade, mas não há dúvida de que há verdades mais relevantes, superlativas e máximas. Este era um desses casos.

«O Filho não pode fazer nada por si mesmo». Na declaração anterior vimos que o Filho não fala nada por si mesmo; aqui vemos que não faz nada por si mesmo. Não é que o Filho não pudesse fazer nada por si mesmo, porque ele poderia ter feito tudo.

O que o Senhor Jesus quer dizer é que, podendo fazer tudo por si mesmo, decidiu de maneira livre, consciente e voluntária renunciar de fazer as coisas por si mesmo. Não esqueçamos que João quer nos mostrar em seu evangelho como foi que o Filho unigênito nos deu a conhecer o Pai.

Um vaso vazio

O bendito Filho foi um vaso vazio de si mesmo para que o Pai celestial o enchesse completamente. Se, pois, Jesus não fez nada por si mesmo como é que fez tudo o que fez? Ele então acrescenta: «…senão somente o que vê o que seu Pai faz, porque algo que o Pai faça, o Filho faz também. Pois o Pai ama ao Filho e lhe mostra tudo o que faz…» (NVI). Que bela, única, e extraordinária declaração!

A íntima, profunda e real comunhão que o Filho tinha com o seu Pai, permitia-lhe ver quando seu Pai se movia, e então o Filho o seguia; se o Pai atuava de uma determinada maneira, o Filho atuava da mesma forma. O que vemos em Jesus são, em definitivo, os movimentos do Pai.

Entender isto é muito importante, porque a maioria de nós guarda um recôndito pensamento, quase subconsciente, que nos faz pensar que Jesus Cristo é mais amoroso, paciente e pormenorizado que o Pai. Como se pudéssemos vir ao Filho com mais confiança que ao Pai. Do Pai temos uma imagem mais autoritária que nos faz ir a ele na ponta dos pés. Mas nada mais longe da realidade.

Quando Jesus foi misericordioso com alguém, foi porque ele tinha visto primeiro a seu Pai ser misericordioso com essa pessoa. Quando o Filho se comoveu por amor, o Pai o tinha feito primeiro. E quando Jesus Cristo foi duro e forte com alguém, foi porque antes tinha visto seu Pai ser duro e forte com ele. O Filho nos dias de sua carne foi a réplica exata do Pai, foi «a própria imagem da sua substância» (Heb. 1:3).

«Conforme ouço»

No versículo 5:30 do evangelho de João, Jesus reitera pela segunda vez: «Eu não posso fazer nada por mim mesmo». , esta vez, disse aplicando a um aspecto particular: concernente a emitir juízos. Então Jesus acrescenta: «Conforme ouço, assim julgo». Seus julgamentos eram todos justos, porque eram os julgamentos do Pai que sabe e conhece todas as coisas. Jesus julgava de acordo com o julgamento que ouvia de seu Pai.

Nós ao contrário, não julgamos conforme ouvimos, mas segundo as aparências. Por isso, a maioria de nossos julgamentos são equivocados e errados. Mas Jesus julgava de acordo com o julgamento do Pai. Por exemplo, quando o Filho viu Natanael vir, e disse dele: «Eis aqui um verdadeiro israelita, em quem não há engano» (Jo. 1:47), estava expressando o pensamento do Pai a respeito de Natanael.

Minha doutrina e sua doutrina

Um quarto testemunho do Filho do Homem que mostra como ele revelou o Pai encontramos em João 7:16: «Jesus respondeu-lhes e disse: A minha doutrina não é minha, mas sim daquele que me enviou». Jesus Cristo tinha uma doutrina muito clara e definida. O seu ensino tinha sido dado a conhecer em público e em privado a todos os que o rodeavam. No entanto, diante da admiração dos judeus pelos altos e profundos conhecimentos que Jesus possuía, mesmo não tendo passado pela escola rabínica, o Filho faz a assombrosa elucidação de que seu ensino não está originado nele, mas no Pai que o enviou. Portanto, todos os que tinham ouvido a sua doutrina estavam, em última análise, escutando o ensino do Pai.

Buscando a Sua glória

E no versículo seguinte (v. 17), o Senhor afirma que ele não fala por sua própria conta, já que todo aquele que assim o faz, procura a sua própria glória. Como a palavra de Jesus desnuda a todos nós que gostamos de falar por nossa própria conta! Mas o bendito Filho não estava procurando a sua própria glória; ele procurava que o Pai fosse glorificado. Por isso, as palavras que falava eram as palavras do Pai, as obras que fazia eram as obras do Pai, os julgamentos que emitia eram os do Pai e a doutrina que ensinava era daquele que o enviou.

E neste ponto é bom fazer uma precisão. Que problema teria acontecido se Jesus, em lugar de expressar o Pai, expressasse a si mesmo? Acaso o conteúdo da expressão nessa eventualidade teria sido diferente? É obvio que não, porque o Filho é tão divino como o Pai. A única coisa diferente teria sido o resultado final: em lugar de, o Pai ser glorificado, o Filho é que teria sido e, em consequência, o Pai não teria sido revelado.

Glória corporativa

Deus, é o Pai, é o Filho e é o Espírito Santo. Portanto, se Deus tiver que ser conhecido, necessariamente o Pai tem que ser revelado. Da mesma maneira o Filho terá que ser e o Espírito Santo. Mas Deus em sua perfeita sabedoria determinou que nenhuma das pessoas da Trindade glorifique a si mesmo, mas o Filho dá a conhecer o Pai e o Espírito revela o Filho.

A declaração que o Filho de Deus faz em seguida, em favor de mostrar e de revelar o Pai se encontra em João 8:26, 28. No versículo 26, o Senhor afirma: «Muitas coisas tenho que dizer e julgar de vós; mas o que me enviou é verdadeiro; e eu, o que tenho ouvido dele, isto falo ao mundo». Este texto confirma aquilo que dissemos a propósito do texto de João 3:34 onde Jesus afirmava que aquele que é enviado de Deus, fala as palavras de Deus. Em seguida, no versículo 28, Cristo reitera pela terceira vez que ele nada faz por si mesmo, «mas conforme o Pai me ensinou, assim falo».

Expressão plena

A esta altura do relato evangelístico, cabe a pergunta: Qual pode ser o clímax do glorioso feito de que o Pai possa expressar a Sua plenitude por meio do Filho? A partir do capítulo 12 do evangelho de João nos aproximamos desse clímax. No versículo 44, Jesus faz uma elucidação importante: «quem crê em mim, não crê em mim, mas naquele que me enviou».

A NVI diz melhor: «quem crê em mim… crê não só em mim mas naquele que me enviou».

Muitos, ao ver as preciosidades de Jesus, terminaram crendo nele. No entanto, a beleza do seu caráter, a bondade da sua obra e a veracidade das suas palavras não eram outra coisa senão as preciosidades do Pai. Por isso, vale a elucidação que o Filho faz: «Ao crer em mim, estão crendo no Pai que me enviou». Continuando, no versículo 45, Jesus faz uma declaração que tem um caráter de clímax: «E aquele que me vê, vê aquele que me enviou».

Dissemos que esta oração tem caráter de clímax, porque não esqueçamos que esta história começou lá em João 1:18, com a categórica e absoluta afirmação de que ninguém jamais viu a Deus. Não obstante, agora, graças ao bendito Filho de Deus, o Pai pode ser visto nele. Isto é sublime e inefável! Esta declaração do versículo 45 será desenvolvida amplamente no capítulo 14 de João.

Mas antes, digamos algo do versículo 49. Aqui o Filho reitera pela segunda vez que ele não falou por sua própria conta: «O Pai que me enviou, ele me deu mandamento do que tenho que dizer, e do que tenho que falar».

Assim, chegamos ao capítulo 14, onde o ponto máximo de que ver o Filho é ver o Pai, será explicitada claramente. No versículo 6, Jesus proclama: «Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida». Neste ponto, é interessante perguntar que caminho Jesus Cristo é? Para onde leva este caminho? Que destino tem?

Bom, a resposta está no que Jesus continuou dizendo: «Ninguém vem ao Pai, senão por mim». Atenção! Ele não disse: «ninguém vai ao Pai», mas «ninguém vem ao Pai». Jesus Cristo não estava se localizando ao Pai lá nos céus, inalcançáveis para o homem, mas nele. O que Cristo está dizendo é que o Pai está nele. Esta é a boa notícia do evangelho: O Pai, que habita em luz inacessível, se aproximou no Filho. Através do Filho, podemos chegar ao Pai. Os homens podem vir ao Pai, porque agora ele está próximo e acessível. Onde? No Filho de Deus.

Pai acessível

Mas não nos equivoquemos. O Deus inacessível é agora um Pai acessível unicamente no Filho. Quem pretende passar por cima do Filho jamais alcançará o Pai. Desde que o Pai se expressou cabalmente através do Filho e, assim este se constituiu na imagem do Deus invisível (Col. 1:15), a norma eterna na relação de Deus com os homens, será esta: Não podemos separar o Pai do Filho para nenhum efeito em nossa relação com Ele.

Então Jesus continua no versículo 7: «Se me conhecêsseis, também conheceríeis a meu Pai; e a partir de agora o conheceis, e o haveis visto». Para conhecer o Pai é absolutamente necessário conhecer primeiro o Filho, porque este é a revelação do Pai. O Filho é o resplendor da sua glória (Heb. 1:3). E como os discípulos tinham conhecido o Filho e o tinham visto, Jesus lhes revela que por essa causa eles estavam conhecendo o Pai e também vendo a ele.

À luz da tremenda revelação que o nosso Senhor Jesus Cristo acaba de fazer aos seus discípulos, parece néscia e ingênua o pedido que Felipe faz no versículo 8: «Senhor, mostra-nos o Pai, e nos basta». «Mas, Felipe», respondeu Jesus, «há tanto tempo que já estou entre vós, e ainda não me conheces? Quem viu a mim , viu o Pai. Como podes me dizer: ‘nos mostre o Pai’? Acaso não crê que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim?» (vv. 9-10 NVI).

Mas no que consiste o engano de Felipe? Em pretender separar o Pai do Filho e o Filho do Pai. Felipe queria ver o Pai, não no Filho, mas diretamente. Nesse sentido, o engano de Felipe representa a todos nós, porque assim como vimos anteriormente que em muitos de nós se esconde a ideia de que o Filho pudesse ser mais bondoso que o Pai, separando assim o Pai do Filho, da mesma maneira não são poucos os que perguntam se na eternidade futura poderemos ver o Pai. E quando alguém lhes responde que sim, mas no Filho, tornam a perguntar: «Mas veremos o Pai, o Pai?» Sim, mas veremos o Pai, o Pai, no Filho. Então este nota que essas pessoas não ficam satisfeitas com a resposta.

O que refletem, em definitivo, todas estas indagações humanas é que não conhecemos profundamente o Filho, porque se o conhecêssemos cabalmente, todas estas interrogações desapareceriam. Ao conhecer verdadeiramente o Filho, nos encontraríamos inevitavelmente com o Pai, já que ver o Filho é ver o Pai e conhecer o Filho é conhecer o Pai.

Por outro lado, uma das perguntas feitas por Jesus a Felipe vai ao fundo da questão: «Acaso não crês…?». O Senhor adverte um problema de incredulidade em todas estas divagações. Aquele que não crê não pode conhecer. Tudo começa com a fé. Para conhecer tem que primeiro crer. No aspecto que estamos falando, devemos necessariamente crer que o Filho está no Pai e o Pai está no Filho, se é que queremos realmente conhecer o Filho e, nele, encontrar e conhecer o Pai.

Cabe aqui uma segunda precisão. Em nenhum momento o Filho disse que ele é o Pai. O Filho é o Filho e o Pai é o Pai. Tudo o que o Filho disse é que o Pai habita nele e se expressa através dele: «O Pai que habita em mim, ele faz as obras» (João 14:10).

Bendito o Filho de Deus que foi, nos dias de sua carne, como um vaso vazio de si mesmo, para que o Pai pudesse enchê-lo completamente e pudesse expressar a sua plenitude através dele! Isto jamais tinha ocorrido e jamais tornará a ocorrer. Jesus Cristo é o primeiro homem na história humana em quem Deus pôde manifestar-se completamente, sem nenhuma oposição nem resistência.

Experiência parcial

Os homens do Antigo Testamento que se destacaram por suas experiências com Deus, como Moisés, Abraão, Daniel e muitos outros, foram iguais aos homens do Novo Testamento, pessoas por meio das quais Deus pôde se expressar, mas parcialmente; jamais na sua plenitude. Em todos eles, embora em distintos graus e níveis, vemos Deus se expressando em parte através deles e em parte se expressam a si mesmos. Somente o seu bendito Filho expressou o todo de suas emoções, seu caráter, seus pensamentos, suas motivações, suas atitudes, suas ações, suas palavras e seus sentimentos. Somente pelo Filho o Pai pôde dar-se a conhecer plenamente.

Mas antes de deixar este parágrafo do evangelho de João (14:6-10), observemos que, no versículo 10, Jesus, pela terceira vez, afirma que ele não fala por sua própria conta. Esta frase é importante que a retenhamos para quando tratarmos a relação entre o Filho e o Espírito Santo.

Embora no capítulo 14 de João encontramos um clímax do aspecto que viemos tratando, no entanto, todos sabemos que falta o ato mais sublime, celestial e salvador de todos, onde acharemos o verdadeiro clímax da revelação do Pai por meio do Filho. Referimos-nos à morte e à ressurreição de Jesus Cristo.

De todas as maneiras o Filho, sabendo que a sua hora de ir para a cruz tinha chegado, começa a falar, no capítulo 13 do evangelho de João, de sua volta ao Pai nos céus. Por esta razão, Cristo como nenhum outro anuncia nos capítulos 14, 15 e 16 de João, a vinda do Espírito Santo. Ninguém honrou e revelou tanto o Espírito Santo como o próprio Filho de Deus nestes capítulos. Interessante será observar para que, e por que o Espírito Santo ia ser enviado, e qual será a relação entre ele, o Filho e o Pai.

A hora do Espírito Santo

Comecemos com o parágrafo de João 16:12-15. No versículo 12, Jesus adverte aos seus discípulos que ainda tinha muitas coisas que lhes dizer, mas que, por agora, não poderiam suportar. De alguma forma, o Filho estava aqui lhes prometendo que, mais adiante, ele mesmo terminaria de lhes dar a conhecer toda a verdade. E no versículo 13, esclarece-lhes qual será esse tempo vindouro em que lhes completará a verdade: «Mas quando vier o Espírito de verdade, ele vos guiará a toda a verdade…». O Espírito Santo guiaria os discípulos à verdade plena. No entanto, havíamos dito que, no versículo 12, parece que o próprio Jesus estava prometendo lhes dar a conhecer todas as coisas.

No que pensamos então? Será o próprio Cristo ou o Espírito Santo? A frase que segue resolve todo o assunto: «…porque não falará por sua própria conta, mas falará tudo o que tiver ouvido». Então, como o Espírito Santo poderia fazer algo que o próprio Cristo tinha prometido fazer? A resposta é simples: o Espírito Santo não falará por sua própria conta, mas falará tudo o que ouvir de Cristo. Graças à bendita atitude do Espírito, aquele que definitivamente guiará a toda a verdade será o próprio Cristo.

Mas, a propósito do versículo 13, observa a frase «não falará por sua própria conta»? É a mesma frase que Jesus tinha pronunciado três vezes no evangelho de João (7:17; 12:49; 14:10). Agora, esta frase está aplicada ao Espírito Santo. Consegue ver? Pode notar o que este fato implica? É algo que comove e estremece. O Espírito Santo viria com a mesma atitude que o Filho tinha vindo. O Espírito, da mesma forma que o Filho, também seria um vaso vazio de si mesmo. No entanto, a pergunta é: por que ou para que o Espírito viria com essa mesma atitude? Por acaso ele também vem para dar a conhecer a Deus?

Anteriormente dissemos que, se Deus, segundo seu beneplácito, determinou revelar-se ao homem, então o Pai deverá ser revelado, o Filho e o Espírito Santo, já que Deus é uma Trindade. Também já vimos que, de acordo ao evangelho de João, o Filho nos dias de sua carne, deu a conhecer aos homens o Pai celestial. Assim, o Pai foi revelado e glorificado por meio do Filho. Mas, agora, o Filho retornará ao Pai e a pergunta é: Quem dará a conhecer o Filho aos homens? Porque se Deus tem que ser plenamente revelado e conhecido, não é suficiente que apenas o Pai seja manifestado. Também o Filho e o Espírito Santo devem ser.

Pois bem, o bendito e humilde Espírito Santo veio, esvaziando de si mesmo, a fim de que o Filho possa enchê-lo completamente e expressar a sua plenitude através dele. Quer dizer, exatamente o mesmo que vimos no Filho com respeito ao Pai, vemos agora no Espírito com respeito ao Filho. O Filho que tinha dado a conhecer a Deus Pai, a quem ninguém tinha visto jamais, será agora dado a conhecer por meio do Espírito.

Falará o que ouviu

Mas, podemos afirmar isto com todo rigor e exatidão? É obvio que sim. Já advertimos que, no versículo 13, Jesus declarou que o Espírito Santo falaria «tudo o que ouviu», e que segundo o versículo 12, o Espírito falaria tudo o que ouviu de Cristo. Mas, o assunto determinante e categórico está na primeira frase do versículo 14. Jesus falando da vinda do Espírito, disse: «Ele me glorificará». O Espírito Santo foi enviado para glorificar o Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus. Desta forma, o próprio Jesus ligou a pessoa do Espírito a ele. A pessoa do Pai está ligada ao Filho e este está unido à pessoa do Consolador.

Não obstante, o texto do versículo 14 é ainda mais claro, pois Jesus, logo depois de dizer: «Ele me glorificará», acrescenta: «porque tomará do que é meu, e vos fará saber». Ou como diz a versão NVI: «porque tomará do que é meu e o dará a conhecer a vocês». Quer dizer, assim como o Filho tinha dado a conhecer o Pai, o Espírito dará a conhecer o Filho. O que encontraremos no Espírito, não será aquilo do Espírito, mas o de Cristo. Graças ao deslumbramento do Espírito, tudo o que será expresso através dele, será de, e o próprio Cristo.

Definitivamente, assim como o Pai expressou a plenitude através da sujeição livre, consciente e voluntária de seu bendito Filho, e assim, Cristo tinha glorificado o Pai, assim também o Espírito Santo foi enviado com a disposição livre, consciente e voluntária de que Jesus Cristo possa expressar-se plenamente por meio dele, e assim, Cristo possa ser glorificado.

Somente desta maneira se pode entender que Cristo, falando da vinda do Espírito Santo, tenha dito: «Não vos deixarei órfãos; virei a vós» (Jo. 14:18). Aqui, ele não disse: «Não vos deixarei órfãos, porque vos enviarei o Espírito Santo», mas «porque eu mesmo virei a vós». A rigor, aquele que veio foi o Espírito Santo, mas em virtude de seu esvaziamento, aquele que se expressará por meio dele, será o Filho.

Deste modo podemos entender agora por que, quando João estava no Espírito e escutou uma voz como de trombeta, essa voz não era outra que a voz de Jesus Cristo lhe falando; no entanto, uma vez que Jesus Cristo entrega a sua mensagem às igrejas, ele não tem reparos em advertir que o que foi dito por ele, o Espírito Santo também diz (Ap.1:10-11; 2:1, 7).

Para terminar este parágrafo, no texto de João 16:15 o Senhor Jesus Cristo aproveita para fazer uma elucidação importante: «Tudo o que o Pai tem é meu; por isso disse que» (o Espírito Santo) «tomará do que é meu, e vos fará saber». Como já advertimos anteriormente, o conteúdo do Pai não é distinto ao do Filho, nem o do Filho ao do Espírito. Não obstante, as pessoas em Deus não se glorificam a si mesmos, mas o Filho glorifica o Pai e o Espírito glorifica o Filho.

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