Preparando à noiva para a volta do Senhor

Atentos aos sinais dos nossos dias, devemos olhar para esse grande “dia”. Os dias de Noé no passado têm muito haver com o dia do retorno do Senhor.

Luiz Fontes

«Porém, daquele dia e daquela hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, mas somente meu Pai. Mas como nos dias de Noé, assim será a vinda do Filho do Homem. Porque como nos dias antes do dilúvio estavam comendo e bebendo, casando-se e dando-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca, e não se deram conta até que veio o dilúvio e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do Homem» (Mat. 24:36).

A carga que o Senhor tem trazido para o seu povo neste tempo tem sido um despertar acerca do sentimento que devemos ter sobre o momento que estamos vivendo, em relação à volta do Senhor.

Um piedoso irmão do passado tinha tanto desejo pela volta do Senhor, que, nos últimos dias de sua vida, cada manhã, abria a janela, olhava para fora e dizia: «Senhor, chegou um dia mais, e o Senhor ainda não voltou». Ele vivia em uma expectativa constante pela volta do nosso Senhor.

Coração espectador

Isto nos faz lembrar do próprio João: «Filhinhos, já é o última hora» (1ª João 2:18). Corremos o risco de querer interpretar este texto e não entender o coração deste servo de Deus. João tinha uma ardente expectativa pela volta do seu Amado. Para ele, era a última hora. Mas para nós, que estamos aqui, olhamos para trás, e vemos que já se passaram dois mil anos. Para João era sempre a «última hora», porque ele esperava o Senhor a qualquer momento.

Este é o tipo de coração que o Espírito Santo deseja encontrar em nós para glorificar a Cristo; ele espera de nós um coração cheio de expectativa. E, olhando para a igreja de maneira geral, parece que a igreja perdeu essa expectativa. De maneira sutil, o inimigo introduziu tantas coisas em nossa vida particular e na vida da igreja, que, no sentido pessoal e corporativo, perdemos o anseio pela volta do nosso Senhor.

Procure observar como você está vivendo, observe o teu trabalho, como está edificando a tua casa, como está falando, ensinando, orando por seus filhos; veja o estilo de vida que você está vivendo, e veja se isto não prova, de maneira clara, que você não tem um coração cheio de expectativa pela volta do Senhor. O meu desejo diante do Senhor neste momento, é que o Espírito Santo possa nos constranger a refletir a respeito de como está o nosso coração em relação à volta do Senhor, qual tem sido o nosso sentimento de santidade e consagração, qual tem sido a nossa busca por uma vida de santidade, santidade em todos os sentidos.

Desgaste

Há uma palavra que aparece na Bíblia apenas uma vez, em Daniel 7:25, quando diz –em referência ao anticristo– que ele vai «magoar» os santos. Infelizmente, esta é uma tradução inapropriada para este texto, porque o sentido não é magoar, mas é «desgastar». Que o Senhor envie luz ao nosso coração sobre esta palavra e veja como o inimigo, pelo governo deste mundo, tem desgastado e aprisionado os cristãos.

O slogan que se usa hoje é: «O cristão também é cidadão». E vocês, em sã consciência, acreditam que este mundo vai melhorar? É tolo quem pensa assim. Este mundo não vai melhorar, mas piorar. Irmão, não se envolva nisto. Ouvi cristãos convocando a outros cristãos para sair às ruas para se manifestar.

Isso é ridículo para alguém que diz ser salvo e cheio do Espírito Santo; é uma contradição interior, está em uma guerra que o Senhor não convocou, está renegando a sua vocação celestial.

Desgastar é o que o inimigo tem feito. Hoje vemos os cristãos cansados, desanimados, frustrados e até deprimidos. O que está acontecendo? Estejamos atentos. O Senhor pediu primeiro que vigiássemos e orássemos. Temos que discernir o território; não temos o direito de sermos ignorantes. O Espírito Santo está convocando a noiva de Cristo, ele está atraindo ela para ele, a está reivindicando. Então, nos rendamos; não nos oponhamos a ele.

«O dia» e «os dias»

Quero chamar sua atenção para duas palavras. Uma em Mateus 24:36 diz: «Daquele dia e hora ninguém sabe». A outra no versículo 37: «Mas como nos dias de Noé…». A conjunção «Mas» é a chave para compreender a relação entre esse «dia» e esses «dias».

Muitos cristãos distraidamente se deixam levar por os sopros, às vezes imperceptíveis, do maligno, sobre a sua falta de diligência e compreensão da Palavra. Precisamos ser cuidadosos: quanto ao dia e a hora, nós não sabemos, e graças a Deus por isso. Quem não gosta de surpresa? Mas o Senhor nos dá uma chave muito importante: «Mas, como foi nos dias de Noé...».

O versículo 37 nos mostra todos os contornos que envolvem esse grande dia. As palavras dias e dia aqui são muito importantes, porque uma complementa a outra. Pensem bem! Como foram nos dias de Noé. Porque eles não foram colocados aqui só para nos fazer lembrar a história, para evocar o passado, mas para que olhemos para a frente. Atentos aos sinais dos nossos dias, agora devemos olhar por volta desse grande «dia». Os dias de Noé no passado têm muito haver com o dia do retorno do Senhor.

Outro texto: «Mas vós, irmãos, não estais em trevas, para que aquele dia vos surpreenda como ladrão» (1ª Tes. 5:4). As trevas falam de ignorância, escuridão espiritual, falta de revelação. Neste texto, Paulo está falando da mesma coisa; aqui temos elementos suficientes para saber que o tempo de Sua vinda não será um tempo obscuro para nós. Nós não estaremos vivendo distraidamente quando de repente tudo se cumpre. Não. À medida que o tempo se aproximar, teremos plena consciência, por meio de seu Espírito, de estar muito perto do encontro com o nosso Senhor. 

Peregrinos ou mundanos?

«…como nos dias de Noé». Qual é o significado de olhar para trás com os olhos focados nesse grande dia que está adiante? O Espírito Santo nos dá material suficiente para meditar nestas coisas. Para muitos, isto pode ser uma grande novidade. Muitos cristãos perderam a sua condição de peregrinos, e estão lutando pelos valores deste mundo, com seus corações endurecidos para a voz do Espírito Santo, pois se encheram de uma visão mundana que não provém de Cristo e que não glorifica a Cristo.

Quantos de nos permitimos ter uma vida condicionada ao curso deste mundo, seja no trabalho, nas finanças, no lar. Não é errado ter um bom trabalho, um grande salário ou uma posição nesta sociedade; não é errado você ter dinheiro, mas é errado quando ele te tem, quando o dinheiro é o seu senhor e sua vida gira em torno dele, quando o vê como um privilégio e não como uma responsabilidade. Aí entramos no curso deste mundo, tornamo-nos vulneráveis a que Satanás nos aprisione de acordo com os padrões do mundo.

Como alguém que foi salvo pela obra eterna e redentora de Cristo Jesus, que recebeu o Espírito Santo para eternamente habitar em ti, e realizar uma obra e despertar para uma vocação celestial, se permite ser minimizado de acordo com os padrões do mundo? O mundo jaz no maligno, e segundo a Bíblia, é uma entidade espiritual que se opõe a Deus, a sua obra, a sua glória e a sua vontade.

Por isso, o Senhor nos fala tão claramente com respeito a sua vinda. Para algumas pessoas, são palavras obscuras, porque os seus ouvidos, seus corações e sua mente estão entulhados com as coisas do mundo. Assim se tornam semelhantes a aquilo que amam.

Terra corrompida

Vejamos outro detalhe. Diz o Senhor em Mateus 24:38: «Porque como nos dias antes do dilúvio estavam comendo e bebendo, casando-se e dando-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca». Isto quer dizer, simplesmente, que eles estavam vivendo a vida segundo o seu curso natural. Como nós estamos vivendo hoje? Eles não se deram conta, até que repentinamente veio o dilúvio.

Mas, por acaso o Senhor não lhes deixou nenhum aviso? Claro que sim. Noé foi o pregador da justiça. Aquela arca era o testemunho da graça de Deus para aquele povo. Todos os dias que Noé esteve trabalhando naquela arca, era um testemunho da graça e a misericórdia de Deus. Mas, aquela geração pervertida o ignorou. Para entender isso, precisamos ver alguns textos. De maneira cronológica, veremos alguns detalhes do livro de Gênesis, a fim de compreender quanto o Senhor nos diz em referência aos dias de Noé.

Gênesis 6:10: «Gerou Noé três filhos: Sem, Cão e Jafé». Agora Gênesis 6:11: «A terra estava corrompida…». O Espírito Santo não pôs esta palavra aqui de qualquer maneira. Ela tem três significados em seu original em hebreu: perversão, corrupção e destruição. Se tivermos que sintetizar nossa sociedade hoje, descrevendo-a em seu aspecto moral, social, político, educacional, espiritual, etc., veremos que estas três palavras explicam o caráter da nossa sociedade: perversão, corrupção e destruição.

Também diz em Gênesis 6:11: «A terra estava corrompida diante de Deus, cheia de violência». Esta palavra fala de maldade, violência e iniquidade. A corrupção, a perversão e a destruição provocam, por sua vez, violência, iniquidade e maldade. Violência e corrupção são duas palavras que precisam ser estudadas juntas, para entendermos estes textos. Versículo 12: «Viu Deus…». Aí novamente temos a outra palavra. «Viu Deus que a terra, estava totalmente corrompida», perdida, depravada. O Senhor está dizendo que isto constitui um grande sinal dentro «destes dias» que antecedem a «aquele dia».

Santidade e consagração

Irmãos, nós não temos o direito de sermos ignorantes. Nós não estamos em trevas. O Espírito Santo habita em nós, e ele está nos dando revelação. Então, como você vai dizer: «Eu não sabia, não me preparei, não me aprontei»? Esse aprontar-se envolve duas palavras: santidade e consagração. Quantas coisas estão debaixo desta palavra santidade, e quantas coisas envolvem a palavra consagração!

Nosso problema da consagração é, consequentemente, o problema da nossa santidade. Nossa santidade está ligada a nossa vida íntima com Deus, a nossa vida relacional com Deus. A vida de consagração está intimamente ligada ao nosso serviço ao Senhor. Uma é totalmente interior, a outra é totalmente exterior.

Por isso, precisamos refletir diante do Senhor. Olhe para a nossa sociedade, veja o que este mundo virou de poucos anos até agora, como a violência e a iniquidade prosperaram em toda parte. Não há nada que impeça isso, porque vivemos em uma terra caída, perdida, governada por homens caídos.

O Senhor está nos dizendo: «Olhem os dias de Noé e saberão sobre esse dia tão importante». Não podemos fazer contas; o Senhor não quer que somemos e subtraiamos anos; ele quer que sejamos sérios e leiamos a sua palavra, porque ele nos deixou tudo de uma maneira clara. O primeiro que ele quer que você veja é a corrupção, a iniquidade e a perversão do mundo em nossos dias, esta é uma grande prova, de que já estamos entrando nos dias que antecedem a aquele grande dia do retorno do Senhor.

Prazer em Deus e prazer sem Ele

Se voltarmos para Gênesis capítulo 1 e 2, veremos algo muito especial no tratamento de Deus com o homem. A vida do homem poderia ser resumida em três partes: provisão, proteção e prazer. A vida de Adão e Eva no Éden se resumia a isto, porque o prazer, a proteção e a provisão deles estava no próprio Deus e em tudo aquilo que Deus lhes dera.

Essa era a vida no Éden, porque aquele era o jardim de Deus. Aquela terra refletia a glória do céu, e o céu era como um espelho para aquela terra. No jardim de Deus, havia uma profunda e íntima proximidade espiritual entre os céus e a terra. Mas, desde que o homem caiu, ele perdeu essa proteção, essa provisão e esse prazer em Deus.

Em seguida vemos que a descendência do Caim foi a geração que edificou uma cidade (Gên. 4:17-22). Aqui há uma figura do mundo, em seu sentido espiritual. E os três filhos de Lameque –o Espírito Santo coloca isso aí com muito cuidado para nós–, os filhos de Ada e Zila, mostram-nos algo muito sério.

Observem: «Jabal, o qual foi o pai dos que habitam em tendas e criam gados» (4:20). Isso fala de provisão. «E o nome de seu irmão foi Jubal, o qual foi pai de todos os que tocam harpa e flauta» (V. 21). Prazer, alegria. «E Zila também deu a luz ao Tubal-Caim, fabricante de toda obra de bronze e de ferro» (V. 22). Para que? Para proteção.

Agora o homem não tem em Deus o seu prazer, sua proteção, sua provisão. Onde achará isso? Então, o inimigo procurou sistematizar todas as necessidades do homem, todos os seus desejos, todo o seu prazer, toda a sua segurança, em um sistema mundano, sem Deus, porque aqui mostra uma geração sem Deus. Por que não são contados os anos da geração de Caim? Porque, diante de Deus, essa geração, que representa o mundo, está morta. Isso é muito sério.

No contexto do que estamos vivendo, para Deus, este mundo está perdido, morto em seus delitos e pecados, e caminha a passos largos para o inferno. É uma triste realidade, um quadro sinistro que devemos entender, que precisamos contemplar. O mundo está morto em seus delitos e pecados. O pior é quando os cristãos não têm esta consciência da perversidade, da corrupção, da destruição, e de que o mundo sempre se encaminha para essa nefasta realidade.

Aprendamos com a desgraça de Ló, onde ele foi armando as suas tendas até Sodoma (Gên. 13:12), assim, muitos cristãos começam a viver uma vida ao estilo do mundo. Como é possível que nós, que temos esta consciência, que estamos debaixo desta palavra do Senhor, que nos chama e nos convoca a prepararmos o caminho para a volta de seu Filho, a nos oferecermos como instrumentos de Deus, para esse momento tão importante da história que é o retorno do Filho de Deus, estejamos tão distraídos, estejamos tão desviados, e nos deixemos corromper e nos deixemos seduzir?

Estas três palavras –provisão, proteção e prazer–, explicam e resumem a compulsão do coração do homem nesses dias, e elas, por sua vez, revelam-nos a compulsão do coração dos homens em nossos dias. Veja aqui que o Senhor quer que olhemos como foram os dias de Noé, pois assim também será este tempo contextual da volta do Filho de Deus.

Pés na terra, coração no céu

Se olhares agora, você entenderá o que o Senhor está falando, entender o seu desejo. Os homens procurarão de maneira ávida por proteção, por segurança. Cada um tentará manter o seu território ao máximo, guardar-se a si mesmo. As pessoas amontoarão tudo para si mesmos, desde o dinheiro até mantimentos. Eles não terão, no sentido estrito, uma vida espiritual. E, como é essa vida? É uma vida com os pés na terra, mas com o coração no céu; mas eles terão corpo, alma e espírito enterrados nesta terra.

Como podes, diante de Deus, diante da luz da sua palavra, dizer: «Eu nasci de novo», se teu coração está dividido, e teu corpo, alma e espírito estão enterrados neste mundo? É claro que temos que trabalhar, que devemos nos preocupar com a nossa provisão, nossa proteção e nosso prazer. Mas nossa provisão, nossa proteção, nosso prazer, estão em Deus. Paulo explica isto tão claro em Filipenses 4, dizendo que Cristo é o seu alvo, o seu tudo; que ele aprendeu a viver contente em qualquer circunstância.

O perigo da prosperidade

Irmãos, já disse isto em outra ocasião, mas o repetirei uma vez mais. É comum julgarmos que as tribulações, as provações ou as lutas são coisas negativas, como as enfermidades, o desemprego, a fome ou as crises conjugais. Entretanto, se alguém disser: «Estou vivendo uma vida financeira abastada, tenho o emprego que sonhava, o meu salário dá para eu viver muito bem, e minha aposentadoria vai ser maravilhosa», quem ousaria dizer que isto é tribulação, ou é provação, ou é luta? Ninguém. Porque inclusive é comum que todo mundo corra atrás destas coisas, porque isso se torna um alvo.

Quem ousaria dizer que uma vida abastada é uma dura provação ou que uma vida profissional bem-sucedida é uma terrível luta? Ninguém. Ao contrário, as pessoas costumam dizer: «Olhem, quero lhes contar que passei em um concurso, o meu salário agora dá para eu viver todo o meu futuro sem preocupações». E, sabe? Diante disso, todos dirão: «Amém, este irmão foi abençoado!».

Provando o seu amor

Então, quem dirá que isto é uma grande prova? O Senhor! Porque ele nos dá estas coisas para provar o nosso amor por ele. Pense nisto. Nestas coisas é que o Senhor está provando o seu amor, não a sua fé. Às vezes, nestas outras coisas negativas, o Senhor prova muito a nossa fé; mas aqui ele está provando o nosso amor.

Lembrem, o inimigo vai desgastar. Agora, como é que ele desgasta? Nós estamos neste mundo, lidando com a provisão, com a proteção, com o prazer. Nós procuramos isto, são coisas lícitas, naturais; mas é dentro destas coisas naturais que existe um terrível combate espiritual. É aqui onde ocorrem as distrações, é aqui onde muitos se perdem. Quando Paulo diz: «Demas me abandonou, amando o presente século», ele está falando disto. Aqui está a explicação do coração de Demas. Por que ele o abandonou? Por que muitos tem abandonado o Senhor por muito pouco?

Na primeira geração de cristãos, a forte característica deles era «morrer pelo Senhor»; mas entre nós, que estamos vivendo a última etapa da obra do Senhor, a grande característica é «viver pelo Senhor». Temos compreendido isto?

Novo começo

Então, observem isto. Agora aqui em Gênesis 5:7: «…depois que gerou a Enos». Voltemos para o capítulo 4 versículo 26, e vemos: «E a Sete também nasceu um filho, o qual o chamou de Enos. Então os homens começaram a invocar o nome do Senhor». Algo novo começou na geração de Sete.

Isto é algo muito especial. O Senhor está nos dizendo –apesar de todo este cenário corrompido que é o mundo– que neste contexto de trevas, de ignorância espiritual e de perversidade, o Senhor tem um testemunho. «Então os homens começaram a invocar…».

A palavra invocar significa proclamar, exaltar, elevar, de sustentar o nome do Senhor. Em meio deste contexto corrosivo, há uma geração que sustenta o nome do Senhor. Esse é um grande sinal! Graças ao Senhor, porque sempre houve e haverá testemunho de Deus na terra.

Anos roubados

«Depois que gerou Enos, Sete viveu oitocentos e sete anos, e gerou filhos e filhas» (Gên. 5:7). Aqui houve anos de vida que foram contados, mas não foi assim na descendência de Caim. Isto é muito sério.

Que o Senhor nos ajude a ver isto de maneira mais profunda, mais significativa, mais prática, porque os anos de vida da geração de Caim foram anos roubados.

O Senhor está nos mostrando que este mundo corrompido tem uma forte característica diante de Deus, aquilo que registra Daniel 7:25. Satanás, o inimigo, está desgastando as pessoas. Uma forte característica deste espírito do anticristo é desgastar os santos, roubar os seus anos de vida. As pessoas estão vivendo; mas, vivendo para que? O Salmo 90 diz: «Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos um coração sábio».

Vou dar um outro exemplo para vocês. Lembrem do livro de Juízes. Ali ocorreram vários cativeiros, e se você estudar o livro de Juízes verá que o cativeiro espiritual do livro de Juízes foi muito pior do que o cativeiro na Babilônia. O cativeiro na Babilônia durou 70 anos. Mas, sabem quantos anos durou todo o cativeiro do povo de Deus no livro de Juízes? 111 anos. Atentem para isto. Só entenderemos a vida e o ministério de Sansão se entendermos esses 111 anos roubados. A investida do inimigo contra o povo de Deus é roubar o seu vigor espiritual, roubar o propósito de Deus em suas vidas.

Por isso, a grande tragédia cristã dos nossos dias é que os cristãos estão vivendo sem conhecer o propósito eterno de Deus. Então, que vida é que estão vivendo? Compreendem, irmãos? Como é possível que alguém diga ser um cristão, uma pessoa que nasceu de novo, que lê a Bíblia todos os dias, se não conhece o eterno propósito de Deus, não conhece a mente de Deus, não conhece o significado de sua vida diante de Deus, não conhece a esfera elevada do seu chamamento celestial! Que vida é esta! O inimigo está roubando os seus anos de vida.

Para Deus, é como se Caim não tivesse existido. Em Gênesis 16 e 17, temos o mesmo princípio. Gênesis 16:16: «Era Abrão da idade de oitenta e seis anos, quando Agar deu a luz a Ismael». No versículo seguinte, 17:1: «Era Abrão da idade de noventa e nove anos, quando lhe apareceu o Senhor e lhe disse: Eu sou o Deus Todo-poderoso; anda na minha presença e sê perfeito». De um versículo ao outro, quantos anos da vida de Abrão não foram contados? Treze. Por quê? Porque ele misturou a fé com a carne. Esse é o propósito do inimigo – roubar o nosso vigor espiritual e nosso tempo espiritual.

Tempo redimido

Irmãos, o nosso tempo tem que ser um tempo contado, um tempo remido, um tempo vivido diante do Senhor; porque esse tempo não é teu. Eu e você não viemos a esta terra para viver nossos sonhos, para viver nossa vontade; nós estamos aqui por causa da glória do propósito eterno de Deus.

A maior tragédia da vida não é a morte, mas é você estar vivo e não conhecer o propósito eterno de Deus, ser um cristão e não conhecer o propósito de Deus em sua vida. Irmãos, casar-se e dar-se em casamento são coisas lícitas em nossa vida natural. Seu trabalho é uma coisa lícita, tudo o que adquiristes são coisas lícitas. Mas, consegue ver o propósito de Deus detrás de tudo isso? Entendes a mente de Deus em tudo isso?

Peçamos ao Senhor que abra os nossos olhos, que ele nos dê discernimento espiritual, para que não sejamos enganados nem nos tornemos uma presa vulnerável nas mãos do inimigo, porque não estamos aqui para cooperar com o inimigo; estamos aqui para cooperar com o Espírito Santo, para amar e apressar a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.

Um filho, uma profecia

Um detalhe a mais. Em Gênesis 5:21-24 temos dois personagens muito importantes dentro este contexto: «Viveu Enoque sessenta e cinco anos e gerou a Matusalém, e andou Enoque com Deus depois que gerou a Matusalém, trezentos anos». Quando tinha 65 anos gerou a Matusalém. O nome Matusalém é muito significativo. Existe uma chave linguística que os eruditos traduziram do hebreu para o grego. A sua raiz é incerta; mas eles estudaram muito e entenderam o significado. Sabe qual é? «Quando este menino morrer, virá o juízo». Muito interessante, porque Deus não só deu um filho a Enoque, mas também lhe deu uma profecia.

Ao fazer um estudo cuidadoso, vemos que, no final dos anos da vida de Matusalém, começa o processo do dilúvio. É curioso isto, porque quando o Senhor deu a Matusalém a Enoque, então Enoque começou a andar com Deus, pois, nesse menino, ele viu a profecia do juízo de Deus sobre a terra. «E foram todos os dias de Enoque trezentos e sessenta e cinco anos. Enoque andou com Deus e desapareceu» (V. 23).

Observem que, em poucos textos, o Senhor nos descreve os dias que antecedem o dilúvio. E nós, muito mais que nos dias de Enoque, temos o Espírito Santo nos abrindo a sua Palavra todos os dias, e nos mostrando detalhes muito claros em relação à vinda do Senhor.

Nosso privilégio

Vemos aqui uma linha paradoxal. Por um lado, a geração de Caim, que representa o mundo em todas as suas instâncias; mas também vemos, por outro lado, uma geração piedosa, que proclama o nome do Senhor, que anda com o Senhor, uma geração gerada pelo poder da vida da ressurreição. Esta é a geração do povo de Deus na terra, a geração do testemunho de Deus.

Irmãos, temos que nos regozijar. Que privilégio que temos de viver esta hora, que alegria é poder examinar as profecias! Quando tomamos este «Apocalipse sinóptico», que está nos evangelhos, em Mateus 24, Marcos 13 e Lucas 21, podemos ouvir o nosso Senhor, nos falando com tanto amor, com tanta clareza, não podemos ignorá-lo. Há muito que o Senhor quer nos mostrar sobre os dias de Noé, os dias que estamos vivendo hoje.

Como não andar com o Senhor! Mas isto não é por causa do que acontecerá com este mundo, nem mesmo por causa da Sua vinda, mas por causa do Senhor mesmo, porque não queremos perder a sua face, não queremos perder a ele. É por isso que prosseguimos para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.

Que seu Espírito Santo nos ajude.

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