ÁGUAS VIVAS
Para a proclamação do Evangelho e a edificação do Corpo de Cristo
Um melhor pacto
Deus é fiel; ele não precisa assinar um contrato. No entanto, em Seu amor, ele desce ao nosso nível e nos dá um novo e (até) melhor pacto.
Stephen Kaung
Leitura: Hebreus 8:6-13.
Quando viajo entre o povo de Deus, posso ver que as pessoas realmente estão crescendo no conhecimento de Deus; mas, infelizmente, percebo que nossa vida espiritual não cresceu na mesma proporção. Então, diante do Senhor, quis saber qual era a razão disso. Sinto que provavelmente isto tem haver com o nosso fundamento.
Um contrato
Sinto de forma muito profunda que este é um momento em que devemos examinar o nosso fundamento. Se este for firme, então quando todas essas coisas acontecerem, graças a Deus, poderemos permanecer e estaremos preparados para a sua volta. Então, queridos irmãos e irmãs, eu gostaria de compartilhar com vocês algo que é fundamental para nós – a vida no Novo Pacto.
Nós estamos vivendo sob um novo pacto e temos que nos assegurar que efetivamente estamos vivendo em tal pacto de graça. Quando lemos a Bíblia, há algo que nos surpreende, é que Deus parece que gosta de fazer pactos. Não sei se vocês conhecem o sentido da palavra «pacto», porque em inglês, pelo menos, é uma palavra antiga. A palavra moderna para pacto é contrato. Creio que todos nós sabemos o que é um contrato. Por exemplo, se comprarmos um automóvel ou uma casa, você irá assinar um contrato.
Por que são necessários os contratos? Recordo do meu avô, que era um empresário. Ele construía casas. Em seu tempo, quando se fazia um negócio, não se assinava um contrato; tudo era de palavra. E embora tivessem que sofrer por isso, eles mantinham a sua palavra. Mas hoje é diferente, porque a nossa palavra não é digna de confiança. Nós podemos prometer algo de forma belíssima, mas não cumprimos.
Não somos confiáveis. Por isso há necessidade de assinar um contrato. Tudo é colocado por escrito: suas responsabilidades, seus deveres e seus privilégios, o que deve fazer e o que não tem que fazer. Um contrato tem peso legal. Se você não cumprir, os tribunais de justiça irão atrás de ti.
Nós não somos dignos de confiança, não se pode confiar em nós. Por isso, é muito estranho que Deus faça um contrato, porque Deus é a Verdade. Tudo o que ele diz, ele faz, e tudo o que ele diz, está feito. Ele é o mais fiel. Não é necessário que ele firme um contrato; podemos confiar nele plenamente.
Por desgraça, por nós mesmos sermos pouco confiáveis, necessitamos de alguma segurança adicional da parte de Deus, como se a sua palavra não fosse suficiente. Nossa fé é muito pequena; por isso, o nosso Deus, que nos ama tanto, desce ao nosso nível. Ele não só é fiel; até mais, ele faz um juramento. E com essas duas coisas ele quer fortalecer a nossa fé, para que possamos crer nele e confiar no que ele nos tem dito. Por esta razão vemos na Bíblia que, desde o início da humanidade, Deus fez pactos com o povo uma e outra vez.
Pactos com os antigos
Em Gênesis capítulos 1 e 2, Deus criou o homem a sua imagem e semelhança, e depois de criá-lo, deu-lhe domínio; deu-lhe privilégios, mas também lhe deu responsabilidades e deveres. Eles deviam guardar o jardim. O jardim do Éden não tinha muros; por isso, Deus desejava que o homem guardasse o jardim, pois havia um inimigo fora, tratando de entrar e arruinar a obra de Deus. Assim descobrimos que ao homem não só lhe deram privilégios, mas também responsabilidades.
Em Gênesis 1 e 2 não encontramos a palavra «pacto». Mas, ao lermos Oseias 6:7, quando Deus fala com Efraim, diz: «Mas eles, qual Adão, transgrediram o pacto». Isso mostra que Deus fez um pacto com Adão, mas Adão não cumpriu com a sua parte.
Ao seguir lendo a Bíblia, descobrimos o dilúvio. Depois do dilúvio, Noé e sua família saíram da arca e em gratidão a Deus, Noé ofereceu-lhe um sacrifício. E lemos em Gênesis capítulo 9 que Deus fez um pacto com Noé e com os seus filhos, e não só com o homem, mas também com os animais. E nesse pacto, Deus disse que nunca mais destruiria a terra com água. E para confirmar isto, Deus pôs o arco-íris depois da chuva. Depois que Noé e sua família passaram pelo dilúvio, seus corações se atemorizariam cada vez que chovesse, e por isso Deus os confortou, e esse pacto permanece até hoje. Sempre que chove, o arco-íris nos assegura que Deus nunca mais destruirá a terra com água – mas sabemos que ele destruirá a terra com fogo.
Nos dias de Abraão, o Deus da glória lhe apareceu em Ur dos caldeus. Abraão creu em Deus, saiu dali e foi para Canaã. Deus prometeu que lhe daria essa terra e à sua descendência.
No entanto, quando Abraão já peregrinava na terra da promessa, ele não tinha um herdeiro nem propriedade ali. Então em Gênesis 15, Deus faz um pacto com Abraão. Quando Deus disse: «Dar-te-ei a terra», Abraão disse: «Eu não tenho filhos. Qual é sua promessa para mim?». Então Deus o levou a um lugar aberto onde se via o céu estrelado e lhe perguntou: «Pode contar as estrelas do céu? Assim será a tua descendência». E, graças a Deus, Abraão creu em Deus, e isto lhe foi contado por justiça.
Quando Deus fala a respeito da terra, vemos que Abraão não podia crer, por isso Deus faz um pacto com ele. Naqueles dias, quando se fazia um pacto, matavam alguns animais, e punham a metade deles para um lado, e a outra metade para o outro lado, e os dois participantes do contrato passavam pelo meio das metades.
Assim era feito um pacto, um pacto de sangue; em outras palavras, era um pacto que tinha vigência até a morte. E graças a Deus, a fé de Abraão foi fortalecida.
Pactos com Israel
Depois disso, vemos como Deus tirou os filhos de Israel do Egito. Quando o povo chegou ao monte Sinai, em Êxodo 19, Deus fez um pacto com Israel: «Agora, pois, se deres ouvido a minha voz, e guardares o meu pacto, vós sereis meu especial tesouro sobre todos os povos; porque minha é toda a terra. E vós me sereis um reino de sacerdotes, e povo santo».
No entanto, apesar de Deus fazer tal pacto com Israel, eles vagaram no deserto por quarenta anos, porque não podiam crer em Deus. Depois de quarenta anos vagando, Deus levou a segunda geração ao oriente do Jordão, e ali, na terra de Moabe, ele fez outro pacto com Israel. Lemos isso em Deuteronômio. E em seguida, no final do livro, Deus faz mais outro pacto com Israel, um pacto de lei e misericórdia, e por causa desse pacto eles entraram em Canaã.
Já na Terra Prometida, Deus fez outro pacto. Em 2 Samuel 7, Davi quis construir a casa de Deus. Então Deus fala com o rei através de Natã. O desejo de Davi agradou a Deus. Mas este homem de guerra tinha derramado muito sangue, e não podia representar a Deus de maneira correta. Então Deus lhe diz que seu filho lhe construiria uma casa. Mas Deus diz que primeiro construirá casa para Davi. E esse é o pacto de Deus com Davi, e com sua casa.
Anúncio de um novo pacto
Os filhos de Israel não guardaram a lei; uma e outra vez se rebelaram contra Deus. Deus decidiu destruir essa nação, mas antes de destrui-la, descobrimos estas palavras em Jeremias 31:31-32: «Eis que vêm dias, diz Jeová, nos quais farei novo pacto com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não como o pacto que fiz com seus pais no dia que tomei sua mão para tirá-los da terra do Egito; porque eles invalidaram o meu pacto…».
Deus anuncia aqui um novo pacto. Até hoje, a nação de Israel ainda não desfruta deste pacto. O novo pacto com a casa de Israel se cumprirá no tempo do Reino. Ou seja, depois que concluir esta era em que estamos. Quando chegar a era do Reino, os filhos de Israel desfrutarão do novo pacto. Eles serão uma nação de sacerdotes, servirão a Deus e serão os primeiros dentre as nações do mundo.
Que relação tem o Antigo Pacto conosco? Romanos 2:14:16: «Porque quando os gentios que não têm lei, fazem por natureza o que é da lei, estes, embora não tenham lei, são lei para si mesmos, mostrando a obra da lei escrita em seus corações, dando testemunho a sua consciência, e acusando-lhes ou defendendo-lhes os seus raciocínios, no dia em que Deus julgará por Jesus Cristo os segredos dos homens, conforme o meu evangelho».
No que se refere às nações gentias, embora Deus não tenha feito um pacto formal com eles, a lei da natureza está escrita em seus corações. Em outras palavras, a lei de Deus está escrita em nosso coração, e assim nossa consciência nos acusa ou nos defende. Por isso, a Bíblia diz que «todos pecaram, e estão destituídos da glória de Deus». Por que Deus pode dizer isso? Porque, embora não tenhamos a lei escrita exteriormente, temos a lei da natureza dentro de nós.
Nossa consciência, antes, estava em um coma. Porque a consciência estava aí, mas tínhamos pecado tanto, que ela foi silenciada, entrou em estado de coma. Às vezes, as pessoas dizem: «Eu sou bom, faço tudo de acordo com a minha consciência». Mas aquela pessoa pode ser um ladrão, ou um estudante. Quando eu era um estudante, quando me comparava com o mundo, eu acreditava ser uma pessoa boa. Mas, quando o Espírito Santo toca a sua consciência, aí você começa a descobrir o quanto você tem pecado.
Na China temos um ditado: «Quando uma ave está morrendo, seu pranto é muito triste; quando uma pessoa está morrendo, sua consciência é acordada». Recordo que, quando estava na escola secundária, eu tinha um companheiro que também era filho de um pastor. Era um bom moço, mas um dia adoeceu e estava morrendo. Então, ele disse aos seus pais que estava em trevas, porque sua consciência o acusava. Ele sabia que não podia ver a Deus face a face, mas graças a Deus, finalmente ele pôs a sua confiança no Senhor Jesus, e ele deixou este mundo em paz.
Então, irmãos e irmãs, de certa maneira, todos nós estamos sob a lei, mas graças a Deus, por sua graça, ele nos libertou. E, qual é a nossa relação com este novo pacto da graça? Porque, ao lermos Jeremias 31 diz muito claramente que um dia Deus faria um novo pacto com a nação de Israel, não conosco. Então, como nós participamos desse novo pacto da graça? Graças a Deus, nós temos a mesa do Senhor.
A mesa do Senhor
A mesa do Senhor é tremendamente significativa para nós. Quero mencionar apenas uma coisa. Depois cear, o Senhor Jesus tomou o cálice, e em Lucas 22:20, ele diz: «Este cálice é o novo pacto no meu sangue, que por vós será derramado». Nessa mesa do Senhor, Deus nos deu o Novo Pacto. «Este cálice é o novo pacto no meu sangue», quer dizer: «Este sangue do pacto é eficaz e agora vou dar esse novo pacto». Quando bebemos do cálice, isso significa que aceitamos o novo pacto.
Queridos irmãos e irmãs, já não estamos mais debaixo do Antigo Pacto da lei, que nos condena. Graças a Deus, o nosso Senhor Jesus Cristo derramou o seu sangue por nós. Ele levou sobre o seu corpo os nossos pecados e pagou o preço por nós. Agora, ele nos dá um novo pacto. Então, cada vez que lembramos do Senhor diante da mesa, isso renova a nossa fé, sabendo que não estamos mais debaixo do Antigo Pacto da lei, não estamos mais debaixo da condenação; mas agora estamos debaixo do Novo Pacto da graça, e é com base nesse pacto que Deus vai tratar contigo e é nessa base que você também trata com Deus. Essa é a única maneira em que nós como cristãos devemos viver e a isso chamamos viver no novo pacto.
Dizendo de outra forma, o viver no novo pacto é a vida cristã normal. Estamos vivendo a vida cristã normal? Depois que somos salvos, creio que em nosso coração, queremos fazer a vontade de Deus, queremos agradar-lhe. Já não podemos viver como vivíamos antes.
Irmãos e irmãs, somos capazes de viver essa vida cristã normal? Realmente sabemos o que é o novo pacto? Permitam-me dizê-lo de outra forma. Hoje, Deus nunca tratará contigo de acordo com o antigo pacto da lei; todos os tratamentos contigo são de acordo com o novo pacto. Ele tem feito um novo contrato contigo, e ele diz: «É dessa forma que vou tratar contigo; se não for assim, não é a minha forma». E se você quer tratar com Deus de qualquer outra forma, está fora de sua vontade.
Irmãos e irmãs, vocês estão claros com respeito a isto? Nosso fundamento é o novo contrato. É nessa base que a nossa vida se fundamenta agora. E se viver dessa forma, estará vivendo uma vida cristã normal. Está entendendo bem agora? Se estiver claro, agora tem que saber o que é exatamente esse novo pacto.
Só três artigos
Quando Deus faz esse contrato conosco, ele não pôs «letra pequena» nele. Quando um homem quer fazer um contrato contigo, e quiser te enganar; a letra grande parecerá fantástica, mas se você não ler as letras pequenas estará em apuros. Mas com Deus é diferente; quando ele assina um contrato contigo, não há letras pequenas; não há dez mandamentos, não há estatutos nem regulamentos, apenas três artigos.
Quando você lê Jeremias 31:31-34, isso se repete em Hebreus 8:10-12, e vê que é muito simples. Hebreus 8:10: «Pelo qual, este é o pacto que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei as minhas leis na mente deles, e sobre o seu coração as escreverei; e serei para eles por Deus, e eles me serão a mim por povo». Este pode ser chamado o artigo do poder. Em seguida, no versículo 11: «E ninguém ensinará a seu próximo, nem ninguém a seu irmão, dizendo: Conhece o Senhor; porque todos me conhecerão, do menor até o maior deles». É o artigo do conhecimento. E o versículo 12: «Porque serei propício às suas injustiças, e nunca mais me lembrarei dos seus pecados e de suas iniquidades».Este chamamos o artigo do perdão e do esquecimento.
No que se refere ao propósito de Deus, começa com o primeiro artigo, no versículo 10; mas em relação a nossa experiência, começa no versículo 12. No tabernáculo, a parte mais interior é o Lugar Santíssimo. Ali encontramos a arca de Deus, e sobre a arca está o propiciatório. Deus habita sobre o arca, sobre o propiciatório. Isso é tudo o que há no Lugar Santíssimo, e ali está a presença de Deus; dali ele fala com o seu povo.
Também há um véu, e fora desse véu está o Lugar Santo, onde os sacerdotes serviam queimando o incenso sobre o altar de ouro, acendiam o castiçal e colocavam o pão sobre a mesa dos pães da proposição. Mais fora está o átrio exterior, um espaço aberto, onde havia um altar de bronze. Ali se faziam os sacrifícios, e atrás do altar estava o lavatório onde os sacerdotes se lavavam antes de servir.
Em relação ao propósito de Deus, este se encontra no Lugar Santíssimo; mas, para se aproximar de Deus, você começa pelo átrio exterior, através do altar de bronze, passando pelo lavatório e isso te habilita a servir a Deus, e finalmente para entrar em Sua presença. Então, no que se refere ao propósito de Deus começa em sua presença, conhecendo a Deus e seu perdão. Mas, quanto a nossa experiência, começamos no versículo 12, perdão e esquecimento. Em seguida entramos no Lugar Santo, que significa conhecer a Deus para poder lhe servir, e finalmente chegamos ao Lugar Santíssimo para viver na Sua presença.
Primeiro: perdão e esquecimento
Queria considerar estes versículos do ponto de vista da nossa experiência. Irmãos e irmãs, eu creio que todos nós sabemos como nossos pecados são perdoados. Nós fomos injustos diante de Deus. Talvez pensávamos que fazíamos coisas boas, mas na realidade o que fazíamos era o mal em todo o tempo. Não havia nenhuma justiça em nós. Tínhamos transgredido a lei de Deus, tínhamos ofendido a santidade de Deus e estávamos debaixo de condenação. Mas, graças a Deus, quando cremos no Senhor Jesus nossos pecados são perdoados.
Mas, irmãos e irmãs, há algo mais que temos que conhecer: Não só nossos pecados foram perdoados. Lembre-se, Deus os esqueceu. É dessa forma que os nossos pecados foram perdoados. Nós, seres humanos, podemos perdoar a alguém, mas nunca esquecemos. Mas Deus é diferente, quando ele perdoa, esquece. Se você vier a Deus e lhe contar sobre o seu passado, Deus dirá: «Não me lembro».
Quando eu era um menino, no início do século XX, houve um movimento cristão chamado ‘o grupo de Oxford’, que se iniciou na Inglaterra e chegou até a China. A sua ênfase era de uma total entrega, e enfatizava que um cristão deveria ser realmente absoluto. Esse movimento chegou a China e os cristãos da classe alta se uniram a ele, os advogados, os educadores, e o movimento terminou mudando o seu nome para Rearmamento Moral.
Conheci um chinês da geração do meu papai, um cristão muito conhecido, que tinha escrito livros. Durante a guerra, encontrei-me com ele no interior da China e ele começou a compartilhar comigo. Ele me disse que quando se sentia fraco fisicamente, todos os seus pecados voltavam para a sua memória e sentia a necessidade de confessá-los uma e outra vez. Ele sentia que deveria fazê-lo para viver essa vida absoluta. Então tentei compartilhar com ele, lhe dizendo: «O sangue do Senhor Jesus nos purificou, e tem uma eficácia eterna. Quando ele perdoa, ele esquece». Mas aquele pobre homem era incapaz de esquecer os seus antigos pecados; toda a sua vida se consumia em uma luta contra o passado. Irmãos e irmãs, espero que as suas vidas sejam diferentes.
Até entre cristãos, fala-se às vezes de como podem purificar a sua mente recordando tudo desde a sua infância, todos os pecados que cometeram, confessá-los um a um e isso limpará a sua mente. Mas esse não é o caminho de Deus. Graças a Deus, a sua salvação é tão perfeita; todos os nossos pecados do passado foram perdoados e foram esquecidos.
E, o que dizer dos pecados que você pode cometer hoje? Eles te oprimem a consciência? Irmãos e irmãs, o que faremos se tropeçarmos? Ficaremos prostrados? Não, se levante e continue caminhando. Em outras palavras, se de alguma forma tropeçares, vá ao Senhor; o seu sangue é eternamente eficaz. E se confessarmos, ele perdoa. E quando ele perdoa, esquece. Então você se levante e segue andando. Não permita que nenhum pecado permaneça em sua vida. No momento em que cair, confessa, e serás purificado pelo sangue de Jesus, levanta-te e continua.
Essa é a forma de viver a vida cristã normal. Não precisa esperar até a noite para confessar o seu pecado. No momento em que caíres, confessa, levanta-te e continua. Esse é o primeiro artigo do novo pacto. Isto é muito prático. Está praticando isso? Se não o estiveres, não será capaz de viver a vida cristã normal. Entre você e Deus não deve haver sombra alguma. O sangue do Senhor Jesus é tão precioso. Quanto mais cresce no Senhor, mais precioso é esse sangue para ti.
Segundo: conhecendo o Senhor
O segundo artigo diz que não necessitas que ninguém te diga: «Conhece ao Senhor». Isto te surpreende? Quando no princípio creste no Senhor Jesus, querias ser um cristão, querias agradar a Deus; mas não sabia qual era o caminho de Deus. Então, como novos crentes, vamos a um cristão que já é por vários anos, e lhe perguntamos: «Agora que sou cristão, posso fazer isto? Posso ir a aquele lugar? Diga-me o que devo fazer, e o farei».
Irmão, irmã, você não necessita de um mestre. Todos querem ser mestres e, mesmo que não lhes pergunte, eles vão te ensinar. Se você perguntar a eles, com maior razão, terão a oportunidade de dizer o que tem que fazer. «Para ser um bom cristão, tudo o que tem que fazer é seguir estas instruções». No princípio, quando creste no Senhor Jesus Cristo, não lhe disseram que, como cristão, tem que ler a sua Bíblia cada dia, deve orar todos os dias, ir à igreja cada domingo, e que há certos lugares que você não deve ir e certas coisas que não deve fazer?
Se necessitarmos de mestres, acharemos mestres por todos os lados. Serás afortunado se não encontrares um mestre falso. Mas, embora encontres um bom mestre e ele te ensine, e obedeça o que ele te diz, isso ajudará a sua vida cristã? Não, porque estarás fazendo algo externo. Não há um contato entre você e Deus. Você não vai a Deus para buscar a sua vontade. Deus não tem te falado. Tudo o que está fazendo é guardar leis e regulamentos, e isso não é a vida cristã.
A vida cristã é uma vida interior. No tempo do Antigo Testamento, a lei foi dada e escrita em pedras. Se você não soubesse ler, necessitava que alguém lesse para ti. E se não a compreendia, necessitava que alguém lhe ensinasse. «Conhece a lei». A palavra «conhece», em grego, é gnosis, e se refere ao conhecimento comum, e essa é a maneira como aprendemos no mundo.
Nossa aprendizagem natural vem de fora para dentro, nossa mente recolhe e armazena informação do exterior. Isso te faz ser um conhecedor. Não tem nada que ver com seu coração, nem com o espírito; tudo é um processo exterior. E, embora sejam coisas corretas, é algo morto; não é o conhecimento vivo de Deus. Esse é o caminho do antigo pacto, mas não é o caminho cristão.
A Bíblia diz: Sim, temos que conhecer ao Senhor, temos que conhecer a sua mente, temos que conhecer a sua vontade para poder obedecê-la. Mas, como conhecê-la? Não por ensino externo; essa é a forma do antigo pacto. Mas, como é o conhecimento no novo pacto? Você conhecerá o Senhor interiormente, «do menor até o maior deles». Dito de outra maneira é um conhecimento intuitivo, um conhecimento direto. A palavra grega é «oida», e se refere a um conhecimento interior e direto. Graças a Deus, depois que somos salvos, nosso espírito é renovado e vivificado. Deus é espírito, e a única forma de chegarmos a Deus é mediante o espírito.
Quando o primeiro astronauta russo foi ao espaço, disse: «Eu fui ao espaço, olhei, e não vi Deus em nenhuma parte». Isto é uma coisa sem sentido, porque Deus é espírito; não o verás com os seus olhos naturais, necessitas do seu espírito para vê-lo. Graças a Deus, os que fomos salvos, temos um novo espírito, e o Espírito Santo mora em nosso espírito, e está ali afim de nos ensinar todas as coisas.
Frequentemente digo que nossa alma é tão preciosa para Deus, que nunca ele vai confiar uma alma a qualquer pessoa. Deus confia nossas almas ao seu Espírito Santo. E o Espírito Santo nos ensina intuitivamente. Em seu interior, você sente a mente de Deus.
Agora, se isto for assim, por que eu estou aqui falando? Deveria dizer: «Bom, não fale mais, não necessitamos que esteja aqui». Mas a Bíblia diz que há mestres. Por que é assim? Porque ainda estamos no princípio. Nosso sentido interior ainda não está desenvolvido plenamente; necessitamos confirmação e até correção. Não seja tão orgulhoso de dizer: «Não necessito de ninguém, apenas o Senhor me basta». Isto parece muito espiritual, mas na realidade é algo muito próprio da alma. Precisamos ser suficientemente humildes para receber a ajuda dos nossos irmãos e irmãs. Mas, em primeiro lugar, precisamos ir a Deus.
Frequentemente me entristeço, quando vejo que o cristianismo hoje leva às pessoas a uma forma exterior, em lugar de lhes ajudar a viver a forma interior.
Cada vez que tiver um problema, antes de perguntar a qualquer pessoa, vá ao Senhor e espera a sua resposta. E ele te falará em uma forma suave. É como uma unção que será aplicada sobre ti. Em 1a João 2:27 diz que temos a unção sobre nós.
O Espírito Santo é como esse óleo santo que é aplicado sobre a sua consciência, um óleo que lhe acalma, que é suave, quieto, mas poderoso. Precisamos aprender a forma interior de viver, porque esta é a vida cristã real. Quanto mais aprender isso, mais conheceremos ao Senhor. E esse conhecimento não vem de fora, mas sim do interior. Uma vez que é salvo, o Espírito Santo, morando em seu interior, começa a te ensinar.
Creio que todos nós temos essa experiência; mas, por desgraça, somos levados para fora dela. Temos que saber então, a forma real de conhecer a mente do Senhor. Vá ao Senhor, porque ainda somos novos, temos que ser suficientemente humildes para obter confirmação e, às vezes, receber a correção do corpo de Cristo. Necessitamos uns dos outros.
Terceiro: habitando no Lugar Santíssimo
Agora você está no Lugar Santíssimo e é capaz de servir a Deus. Mas agora o dilema é que conheço a vontade de Deus, mas não tenho o poder para cumpri-la. Essa foi a experiência de Paulo em Romanos 7. Ele diz: «O querer o bem está em mim, mas não o fazê-lo». E Paulo passa por aquela experiência profunda, até que clama: «Quem me livrará deste corpo de morte?». E então ele clama no versículo 25: «Graças dou a Deus, por Jesus Cristo». Ou seja, eu não posso, mas ele pode; é ele quem o faz. «Para mim o viver é Cristo».
Queridos irmãos e irmãs, o que é a vida cristã? A vida cristã é que Cristo vive em mim. Esta é a única forma de viver a vida cristã. Nós temos que minguar para que Cristo possa crescer, até que sejamos conformados à sua imagem.
Exemplo de Hudson Taylor
Permitam-me usar uma ilustração. Os crentes chineses sempre recordam do irmão Hudson Taylor, porque foi o pioneiro, o primeiro missionário que abriu o caminho ao interior da China. Quanto sofrimento suportaram os primeiros missionários na China! E nós damos graças a Deus por eles. Hudson Taylor, o fundador da missão no interior da China, trabalhou ali para o Senhor muitos anos. No entanto, ele não estava satisfeito com a sua vida cristã, porque via fraqueza em si mesmo. Ele queria descobrir o segredo da vida cristã. Jejuou, estudou as Escrituras e pensou: «Se apenas pudesse estar conectado a Cristo, todo o seu poder estaria a minha disposição, e assim poderia eu ser um vencedor».
Ele orava muito e, naqueles dias, um dos seus colaboradores estava passando por uma experiência similar, e o Senhor lhe abriu os olhos. Aquele irmão escreveu a Hudson Taylor: «Esta é uma questão de fé; tem que crer, e então irá experimentá-la».
Hudson Taylor tratou de crer. Como poderia ser unido a Cristo? Um dia, repentinamente, o Espírito Santo lhe revelou a forma de Deus. O Senhor lhe disse: «Você quer estar unido a mim, para obter todo o poder de mim, mas não sabe que já está em mim? Eu sou a videira, tu és uma vara. Tu estás tentando ser uma vara unida a mim para obter todo o sustento. Mas saibas tu que já estás em mim? Tu estás em mim, e eu estou em ti».
Irmãos e irmãs, isso abriu todo o seu ser. Ele deu graças a Deus. Ele estava unido a Cristo de forma indissolúvel, e Deus era seu poder. Todas as suas preocupações se foram. E, durante a chamada revolução dos boxers na China, muitos missionários foram assassinados. Hudson Taylor estava doente, na Europa e, quando aquelas notícias chegaram, notícias que nenhum ser humano podia suportar, no entanto, não perturbaram o seu coração. Ele pôde descansar no Senhor e suportar a carga sobre os seus ombros.
Irmãos e irmãs, esse é um segredo agora aberto, para ti e para mim. Não mais eu, mas Cristo. Este é o segredo da vida cristã. O Senhor abençoe a todos. Graças a Deus, ele não quer nos salvar como que nos arrastando. Um irmão disse: «Se meus dois pés entrarem na cidade de Deus, já estou feliz». Mas esse não é o pensamento de Deus. Deus deseja que você entre na cidade gloriosamente. Glória a Deus!
Síntese de uma mensagem oral ministrada em Santiago do Chile, em setembro de 2012.