Venho em breve

A experiência de João em Apocalipse e sua espera pelo retorno do Senhor.

Gonzalo Sepúlveda

A fim de dar testemunho das coisas vindouras, em especial, relacionado-as com o tempo do fim, o Senhor escolheu um servo especial: João, na maturidade, o último dos seus apóstolos ainda vivo sobre a terra, aquele que se recostava no peito de seu Mestre, e o único que é mencionado, junto a Sua mãe, aos pés da cruz. Era, sem dúvida, um instrumento apropriado para tão magnífica tarefa.

Advertências

Era necessário advertir à igreja de seu estado, deixar desvendada quanta irrealidade estava presente nas assembleias e chamar os seus servos fiéis a um genuíno arrependimento, para ouvir o fiel Espírito Santo e preparar-se para a Sua vinda. Às quatro últimas igrejas, ele menciona o seu retorno, fato de extremo significado para os crentes hoje sobre a terra, pois se trata de uma advertência profética, plenamente aplicável ao nosso tempo.

A razão pela que somos constrangidos a atender a voz do Espírito Santo, é porque se aproxima a vinda do Senhor.

Também era necessário revelar o que acontece nos lugares celestiais; a mensagem de Apocalipse contém elementos terrenos e elementos celestiais. É muito importante que atentemos para as coisas terrestres: o estado da igreja como corpo, como expressão local, o estado de cada filho de Deus como indivíduo, e uma vez que já estejamos atentos aos acontecimentos ocorridos no céu: o Cordeiro entronizado e os selos que se começam a desatar.

Palavras de consolo

Constitui um poderoso consolo para quem crê, pois somos bem-aventurados de conhecer a vitória de nosso Senhor em todos os âmbitos: a soberba dos homens será castigada, a antiga serpente será amarrada por mil anos e finalmente lançada em um lago de fogo, a Babilônia será severamente julgada; e, por outro lado, a terra será ceifada, os anjos poderosos de Deus cumprirão a sua tarefa, os vencedores serão reconhecidos, as bodas do Cordeiro será vista como um fato consumado, e a alegria celestial exultante.

O juízo do trono branco será inapelável, e só se salva quem estiver inscrito no livro da vida do Cordeiro.

Um novo céu e uma nova terra, mais a Nova Jerusalém, a desposada, a esposa do Cordeiro, tomarão o seu lugar definitivo na história de Deus.

Estado do coração

A obra de Deus avança inexoravelmente para uma bendita conclusão: o dia do Senhor vem. Aconteça o que acontecer, negue quem negar o nosso Deus e Salvador, Jesus Cristo voltará. Mais até Ele mesmo deseja retornar, vem pelo que é dele, pelos redimidos por seu precioso sangue. Quanto mais consagrados estejam nossos corações, sentiremos, como João, os batimentos do coração do seu coração: sentiremos o mesmo que ele, um poderoso desejo de lhe ver retornar. Cada vez que o coração do crente se esfria, a vinda do Senhor parece algo tão longínquo. Começamos a nos apegar às coisas terrenas, a supervalorizar os lucros humanos, a cobiçar as mesmas coisas que o mundo cobiça. Para que esperar algo que talvez ocorra depois da nossa morte? Gozemos o que a terra nos presenteia e adiemos a esperança celestial… a fé começa a se esfriar e ficamos à custa dos mesmos cálculos que o resto dos homens fazem da vida e da morte.

Mas a palavra de Deus vem como uma trombeta: Certamente cedo venho, diz nosso Mestre e Senhor. Também antecipou o Senhor Jesus em Lucas 21:34 dizendo:»…que não se carreguem nossos corações de glutonaria e embriaguez e dos cuidados desta vida, e venha de repente sobre vós aquele dia...». Uma boa prova para conhecer o real estado dos nossos corações hoje, é perguntar-nos o quanto é importante para nós a sua vinda? Que coisas em nossas vidas revelam que somos discípulos expectantes por sua vinda? Ou melhor, apenas exibimos um mortal descuido de tal fato?

Nossas orações costumam revelar a nossa realidade espiritual. Quando só oramos pela prosperidade material, pela saúde e pela vida natural, porque os planos terrestres são mais importantes, estamos pensando na vinda do Senhor? Quantos cristãos hoje procuram o Senhor em oração só quando estão afligidos, porque não vão bem, porque procuram um melhor trabalho e etc..? Quantos, na realidade, procuram o rosto do Senhor só porque o amam, porque Ele é digno, e porque desejam o seu retorno?

Uma conclusão

A história humana avança para um final inevitável. As coisas não ocorrem por acaso; as mudanças políticas, as crises econômicas, os desastres naturais, a maldade dos homens, a amoralidade onde tudo é lícito. Hoje em dia, em nome das «liberdades humanas», as leis divinas mais básicas são simplesmente violadas, como se nunca os homens fossem enfrentar um severo tribunal. A negação da existência de Deus deixa o homem à custa de sua própria baixeza. Mas não será para sempre o que vemos hoje, há Alguém que vê tudo que acontece e precisamente o livro de Apocalipse nos ajuda a entender que fim se dará a todas as ambições do homem sem Deus.

De acordo com a história bíblica, o mundo antigo foi destruído por água nos dias de Noé, e por fogo, as cidades corruptas de Sodoma e Gomorra. Hoje o pecado é ainda maior, pois Deus visitou a terra, enviou o seu amado Filho para morrer pela humanidade; o seu evangelho foi amplamente pregado em toda a terra, por mais de dois mil anos. Hoje apenas uns poucos países, ou as tribos mais longínquas, poderiam alegar ignorância da vinda do Filho de Deus ao mundo. Mas, da mesma forma que os grandes avanços tecnológicos são globalmente conhecidos, o evangelho de Jesus Cristo também o é e mais ainda, este evangelho sobreviveu aos mais ferozes ataques, e, longe de extinguir-se, propagou-se com força crescente. Portanto, a responsabilidade do homem moderno é muito maior que nos dias de Noé ou de Abraão, pois o pecado atual da humanidade tem um terrível agravante, é que foi advertida por Deus a respeito das consequências dos seus atos. Hoje a ignorância é voluntária; é um exercício da soberba inerente à raça caída, e tal atitude de desprezo pela pessoa e obra de Jesus Cristo terá a sua hora final. O resultado será a justa condenação de uns, e a maravilhosa salvação de quem tem recebido ao bendito Salvador.

As profecias de Apocalipse se cumprirão integralmente, e os homens, nem mesmo assim, se arrependerão de suas más obras. Ao mesmo tempo, tal cumprimento significa um poderoso consolo para quem peregrinou no dia a dia aqui na terra, muitas vezes cansados pelas tarefas não cumpridas, pelos constantes fracassos que agoniam, pela pressão que rodeia os filhos de Deus.

Temos que saber que tudo que hoje é visível aos nossos olhos, logo será julgado, pois «o fim de todas as coisas se aproxima» (1ª Ped. 4:7).

O coração de João

No evangelho de João, este, como autor, tem o costume de esconder-se por trás do relato. Por exemplo ele diz: «André... era um dos dois que tinham ouvido…» (João 1:40) e «… mas o outro discípulo correu mais às pressas que Pedro…» (João 20:4). Mas em Apocalipse, identifica-se constantemente: «João às 7 igrejas que estão na Ásia», «Eu João, seu irmão, e coparticipante da tribulação», «E eu João vi a Santa cidade», «Eu João sou o que ouviu e viu estas coisas», como querendo dizer: «Olhem a misericórdia do Senhor, quem sou eu? Um simples João, e vim a ser testemunha de todas estas coisas».

O livro inteiro está cheio de declarações na primeira pessoa: ouvi, olhei, vi, caí como morto aos seus pés, pôs sua mão direita sobre mim, estava eu, disse-me, e chorava eu muito, e fui ao anjo e me disse, toma e come-o, prostrei-me para adorar…etc.. João é participante ativo de tudo aquilo que vê e ouve. É-lhe concedido escrever e enviar mensagem às igrejas do seu tempo e também deixa para nós, privilegiados leitores dos últimos tempos, todo este magnífico registro.

Não podemos a não ser admirar a experiência de João, nosso irmão; é bom reafirmá-lo, pois «nosso irmão» é quem foi testemunha de todas estas coisas tremendas que foram tendo um cumprimento espantoso e por sua vez glorioso. Se apenas meditarmos um pouco, se procurarmos nos pôr na situação de João, por exemplo, quando atravessou aquela porta aberta no céu (4:1-2) e pôde ter aquela extraordinária visão do trono de Deus e a adoração celestial dos capítulos 4 e 5. Seu pranto como testemunha humana em meio de uma cena celestial, e o consequente consolo ao ver o seu Amado, como um Cordeiro imolado, mas em pé, vencedor, no meio do trono e dos quatro seres viventes.

A cena é tão magnífica que excede toda capacidade imaginativa, no entanto, nossa certeira esperança é que nós a veremos também! Em seguida, João passa a ser testemunha da abertura de cada selo daquele livro e suas consequências. Mais tarde virão as sete trombetas, e finalmente as sete taças da ira. Vê o «filho varão que regerá as nações com vara de ferro que é arrebatado para Deus e para o seu trono» (12:5, 11). Depois, vê uma besta que surge do mar e outra que surge da terra; esta ordena marcar a todos os homens de tal maneira que ninguém sem essa marca poderá comprar ou vender… O temível 666 aparece na cena terrena.

Há multidões que adoram; a terra é ceifada; a grande prostituta e a Babilônia recebem o seu castigo e condenação.

Há umas bodas nos céus, com alegria que transborda, o Cordeiro e sua esposa que se preparou com vestido de linho fino (Cristo e a igreja!)... Podemos pensar por um só instante como palpitava o coração de João, nosso irmão, diante de tal visão?

O capítulo 19:19 mostra uma batalha na terra: Quais são os competidores? Quem triunfa na batalha? Alegre-se lendo você mesmo em sua Bíblia.

Últimas palavras

Os três últimos capítulos do livro que nos ocupamos são consolo após consolo para o leitor cristão e em particular para o nosso irmão João.

O diabo preso por mil anos, todos os mortos de pé diante do trono branco, cena de salvação e de condenação. Todos os habitantes do mundo deveriam tremer diante dessa escritura; os crentes se alegram pela salvação que ostentamos e nos entristece por quem rejeita o Salvador.

O novo céu, a nova terra, a Jerusalém celestial e seus bem-aventurados habitantes com roupas lavadas e embranquecidas no sangue do Cordeiro, não admitem maior comentário… Tudo é glória, vitória e consolo para quem espera o cumprimento de cada detalhe de tão preciosa profecia.

João ao limite

Mas retornemos, por uma última vez a João, nosso irmão. Em 22:8 já não suporta mais, e mostra a sua humana fraqueza prostrando-se aos pés do anjo que lhe mostrava estas coisas… Não há condenação para este servo, mas um novo consolo lhe é acrescentado: «Olha, não o faças tal; porque eu sou conservo teu, de teus irmãos os profetas, e dos que guardam as palavras deste livro. Adora a Deus». Você não sente que também está incluído nesta lista de irmãos, profetas e conservos? 

Finalmente, ao fechar a profecia, aparece um nome muito conhecido e familiar para todos os santos: «Eu Jesus enviei o meu anjo para lhes dar testemunho destas coisas nas igrejas. Eu Sou o Alfa e Ômega, Eu Sou a raiz e a linhagem de Davi, a estrela resplandecente da manhã». O anjo passa a segundo plano e o próprio Jesus, em pessoa, aproxima-se para falar com o seu amado João! Isto não é maravilhoso demais?

Breve venho

As palavras finais do Senhor: «Certamente breve venho» ficaram retumbando para sempre no coração do seu servo João. Não houve dia, depois de ouvir aquela doce voz, que ele não recordasse tais palavras. Nós temos o registro escrito e o testemunho do Espírito Santo que habita em nós, mas João, nosso irmão, podia saborear a força e, outra vez, a doçura desta bendita promessa. Impossível resistir em responder: «Amém, sim, vêm Senhor Jesus». Esta vez não se equivocou; não era um anjo, esta vez era o Amado do seu coração. João ouviu muitas vozes, trovões e juízos durante a profecia, mas esta voz era distinta, tinha o tom terreno que ele ouviu tantas vezes, agora com maior doçura, ao alcance do seu irmão, amigo e discípulo a quem amava… «Sim, vêm Senhor Jesus», é a última oração da Bíblia, e deveria ser a diária e constante oração de quem hoje sustenta este glorioso Nome em seus lábios e coração… Na realidade, somos sustentados por ele.

Através dos escritos de João possuímos a mesma visão, somos responsáveis pelo mesmo testemunho, outros homens devem nos ouvir proclamar sempre este Nome, em toda circunstância…

João viveu com esta esperança até o fim de seus dias aqui na terra…. Com estas palavras, hoje nós cristãos devemos viver e não temer os juízos que se estão começando a desencadear na terra, na sociedade e na natureza…

Sim, vêm, Senhor Jesus!

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