ÁGUAS VIVAS
Para a proclamação do Evangelho e a edificação do Corpo de Cristo
O caminho da salvação
Como Deus assegura a salvação a todo pecador que crê em Cristo.
George Cutting
Em que classe você viaja?
Esta pergunta se ouve frequentemente nas estações de ferrovia. Quero te fazer a mesma pergunta porque, na verdade, você também está viajando deste mundo para a eternidade, e em qualquer momento pode chegar ao final. Nesta vida, em que classe você está viajando? Há apenas três classes, e eu te explicarei quais são, para que prove a consciência, como se estivesse na presença daquele a quem temos que prestar conta» (Heb. 4:13).
Poderíamos dizer que na primeira classe viajam aqueles que são salvos e sabem que são; na segunda classe, aqueles que não têm a segurança da sua salvação, mas que desejam tê-la e, na terceira classe, aqueles que não são salvos e que, além disso, são completamente indiferentes a tal questão. Então, em qual delas você viaja?
Recentemente viajava de trem e vi um homem que vinha a toda pressa, e que escassamente teve tempo de sentar-se em um vagão quando já o trem estava em marcha. Um dos passageiros lhe disse: «Como você teve que ter corrido para alcançar este trem!». «É verdade», foi a resposta, «mas economizei quatro horas, e assim, pois, valeu a pena correr».
Quatro horas economizadas! Para ouvir estas palavras, não pude deixar de pensar: «Se ganhar quatro horas é considerado tão importante, quanto mais deveria ser quando se trata de ganhar a eternidade!». Existem milhões de homens previdentes quanto aos seus interesses neste mundo; no entanto, em relação aos interesses eternos, estão cegos.
Apesar do infinito amor de Deus pelos pecadores, manifestado no Calvário; apesar da evidente brevidade da vida do homem e da terrível probabilidade de achar-se depois da morte com uma tortura insuportável no inferno e do outro lado daquela camada que separa os salvos dos perdidos, apesar de tudo isto, o homem corre indiferente ao seu triste fim, como se não existisse Deus, nem morte, nem juízo, nem céu, nem inferno. Se este for o seu caso, rogo a Deus que tenha misericórdia de ti, e que nesta mesma hora te abra os olhos para que reconheça a sua perigosa situação, ao permanecer na beira de uma desgraça sem fim.
Quer você creia ou não, a sua situação é extremamente crítica. Não deixe para outro dia o assunto da eternidade. Postergar isto é uma arma de Satanás para te enganar e perder a sua alma. Ele atua desta forma, que é um enganador e um homicida. Quão real é o refrão que diz: «O caminho do mais tarde conduz à cidade do nunca». Rogo-te, querido leitor, que não siga a sua viagem por esse caminho, pois está escrito: «Eis aqui agora o dia de salvação» (2ª Cor. 6:2).
A incerteza
É provável que alguém diga: «Eu não sou indiferente ao bem-estar da minha alma; mas a incerteza me produz uma viva angustia. Seguindo o exemplo, poderia dizer que estou entre os passageiros de segunda classe». Pois bem, tanto a indiferença como a incerteza são filhas de uma mesma mãe: a incredulidade. A indiferença vem da incredulidade quanto ao pecado e à ruína em que se acha o homem depois de sua queda; a incerteza vem da incredulidade referente ao infalível remédio que Deus oferece.
Estas palavras são dirigidas especialmente a aqueles que, como você, desejam ter a completa e inequívoca segurança de sua salvação. Compreendo a sua ansiedade e estou seguro que, quanto mais interessado esteja por este tema de vital importância, maior será o seu desejo, até que tenha a segurança de que, na realidade, é salvo para sempre. «Porque, o que aproveitará ao homem, se ganhar o mundo inteiro, e perder a sua alma?» (Mat. 16:6).
Suponhamos que o filho único de um pai amoroso esteja navegando, quando chegam notícias de que o casco do navio naufragou em uma costa longínqua. Quem poderia descrever a angústia que a incerteza produz no coração daquele pai, até que através de uma autoridade digna de confiança possa assegurar-se de que seu filho está são e salvo?
Ou suponhamos que você esteja muito longe de sua casa, em uma noite escura e tempestuosa, e não conhece o caminho. Chega a um ponto onde o caminho se divide em dois e então pergunta a um transeunte qual é o caminho que conduz ao povo ao qual te diriges, e ele responde: «Parece-me que é esse, e espero que por ali você chegue a esse povo». Você ficaria satisfeito com uma resposta tão vaga? Seguro que não; precisa estar seguro de que aquele, e não o outro, é o caminho que buscas; do contrário, suas dúvidas aumentarão a cada passo.
Não deve nos surpreender, pois, que haja homens que não podem comer nem dormir tranquilos enquanto estiver sem resolver o problema da salvação de suas almas.
Portanto, com a ajuda do Espírito Santo, queremos explicar claramente o caminho da salvação e o conhecimento da salvação. Embora estejam intimamente relacionadas entre si, cada uma destas coisas tem uma base própria, de modo que pode dar-se o caso de que uma pessoa conheça o caminho da salvação sem ter a segurança absoluta de ser salva.
O caminho da salvação
Em Êxodo 13:13 vemos um exemplo ou uma figura da salvação nas seguintes palavras saídas da boca de Deus: «Mas todo primogênito de jumento redimirá com um cordeiro; e se não o redimir, quebrará a sua nuca. Também redimirá o primogênito dos seus filhos».
Agora imaginemos uma cena que pôde ter ocorrido há três mil anos atrás. Vemos dois homens falar animadamente; um é sacerdote de Deus, o outro é um israelita muito pobre. Ao nos aproximarmos para ouvir, compreendemos que estão absorvidos em uma séria conversa sobre um jumentinho que está junto deles.
«Vim para perguntar se é possível fazer uma exceção compassiva a meu favor, só por esta vez. Este animal é o primogênito de uma jumenta que tenho, e embora saiba o que a lei pede em tais casos, peço que lhe perdoe a vida. Sou muito pobre e me prejudicaria perder este jumentinho», diz o israelita.
O sacerdote lhe responde com firmeza: «A lei de Deus é clara e não admite dúvidas: Todo primogênito de asno redimirá com um cordeiro; e se não o redimir, quebrará a sua nuca. Traz, pois, o cordeiro». «Mas, senhor, não tenho nem um cordeiro!». «Então, compra um e volta; do contrário, o jumentinho terá que morrer. Um dos dois deve morrer, se não o cordeiro, então o jumentinho». «Ai de mim! Todas as minhas esperanças se desvanecem, porque sou muito pobre para comprar um cordeiro», responde o israelita.
Mas, no curso deste diálogo, uma terceira pessoa se une a eles e, depois de escutar o relato do homem pobre, diz-lhe bondosamente: «Não te desalentes; eu posso suprir a sua necessidade. Tenho um cordeiro criado em nosso lar, não tem mancha nem defeito algum; nunca se desencaminhou e em casa todos o queremos muito; vou trazê-lo».
Em pouco tempo retorna trazendo o cordeiro e o põem junto ao burrinho. Depois, o cordeiro é preso ao altar, o seu sangue é derramado e o fogo consome o sacrifício. O sacerdote se volta para o israelita pobre e lhe diz: «leve o teu asno e vai tranquilo porque o cordeiro morreu em seu lugar. Portanto, este tem o direito de ser livre, graças ao seu amigo».
Pode ver aqui a imagem que Deus mesmo nos dá a respeito da salvação do pecador? Por seus pecados, a sua justiça exige a morte, quer dizer, o teu justo castigo. A única alternativa é a morte de um substituto aprovado por Deus. O homem jamais teria achado o que necessitava para sair de sua desesperada situação; mas Deus o encontrou na pessoa de seu Filho. Ele mesmo proveu o Cordeiro. João Batista disse aos seus discípulos, enquanto fixava o seu olhar em Jesus: «Eis aqui o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo» (João 1:29).
Com efeito, Jesus subiu ao Calvário, levado como um cordeiro para o matadouro (Isaías 53:7), e ali «padeceu uma só vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para nos levar a Deus» (1ª Ped. 3:18). «O qual foi entregue por nossas transgressões, e ressuscitado para a nossa justificação» (Rom. 4:25). De modo que Deus não tira nenhum til de suas justas e santas demandas contra o pecado quando justifica, quer dizer, quando absolve de toda culpa ao pecador ímpio que crê em Jesus (Rom. 3:26). Bendito seja Deus por tal Salvador e sua salvação!
Crês tu no Filho de Deus?
«Crês tu no Filho de Deus?» (João 9:35). Se puder responder: «Sim, como pecador digno de ser castigado encontrei em Cristo Alguém em quem posso confiar com toda segurança. Verdadeiramente creio nele», então posso te assegurar que todo o valor do sacrifício de Cristo na cruz te serve diante de Deus como se você mesmo tivesse sofrido a condenação merecida.
Ah, que salvação tão maravilhosa! É digna do próprio Deus. Com ela satisfaz os desejos do amor do seu coração, dá glória a seu amado Filho e assegura a salvação a todo pecador que crê nele. Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que assim ordenou que seu próprio Filho levasse a cabo esta grande obra e recebesse por ela todo o louvor, e para que você e eu, pobres criaturas culpadas, não só alcançássemos toda bênção por crer nele, mas, além disso, gozássemos eternamente da bem-aventurada companhia daquele que nos tem abençoado! «Engrandecei ao Senhor comigo, e juntos exaltemos o seu nome» (Sal. 34:3).
Permita-me que te pergunte uma vez mais: Em que classe está viajando? Rogo-te que te voltes para Deus em seu coração, e responda a ele mesmo.