As riquezas de sua glória

O sentido da graça e a responsabilidade na vida cristã.

Álvaro Astete

«…para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai de glória, vos dê espírito de sabedoria e de revelação no conhecimento dele, iluminando os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança para que ele vos chamou, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos» (Efésios 1:17-18).

Nossa vida de crentes é um assunto de posição. Em toda a carta aos Efésios, a nossa posição é «assentados em lugares celestiais com Cristo». A posição da igreja não é uma posição terrena, não é uma posição em que ela vê as coisas só em duas dimensões, mas a igreja está em lugares celestiais com Cristo.

Temos uma posição de privilégio, e dessa posição nada nem ninguém nos poderão mover, nem mesmo o inimigo. Nem mesmo as hostes da maldade, mesmo que com artimanhas o tentem. E mesmo que às vezes pareça ser que consigam, não é verdade, porque Deus nos colocou em seu Filho, e se ele o fez então isso nos dá plena segurança de que, aconteça o que acontecer, a nossa posição não mudou. Portanto, quando temos diversas provações, e passamos por diversas angústias, o assunto é como enfrentamos essas tribulações, de que posição nós olhamos as coisas. É um assunto de posição.

Um exemplo muito prático: aqueles que tiveram a possibilidade de viajar de avião contam que, quando sobrevoam a cordilheira dos Andes, por exemplo, vê-se muito alta, majestosa e grandiosa; se alguém quiser cruzá-la a pé seria um desafio quase impossível para alguns. Mais até, quando eles dizem que passam pelas cidades mais populosas com grandes arranha-céus, do avião eles são vistos bem pequenininhos. No entanto, vistos da terra são construções monumentais, e nos admiramos delas.

Então, a percepção das coisas é um assunto de posição. Se você se apropriar da palavra sobre a posição que temos como igreja, então a forma de enfrentar os problemas vai ser distinta. Glórias ao Senhor por isso! Vamos ter problemas, sim, vamos ter grandes montes que saltar, sim; mas vamos fazê-lo de uma posição gloriosa.

A realidade da palavra

A carta aos Efésios é uma carta gloriosa, uma carta que, sem dúvida, traz-nos muita riqueza e revelação. Por esta razão, líamos o versículo 1:17, um versículo chave para entendê-la. Paulo fala de uma petição que ele tem, «para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai de glória, vos dê espírito de sabedoria e de revelação no conhecimento dele». Isso é muito importante, porque estas coisas não podem ser entendidas pelo raciocínio humano.

Talvez alguém pudesse, em sua sabedoria humana, em suas capacidades, entender de alguma forma estas idéias que estão expostas em Efésios. E até poderia fazer toda uma exposição da palavra do Senhor. No entanto, isso pode ser apenas conhecimento humano.

Mas as coisas de que falamos aqui…, e por isso Paulo enfatiza essa oração com clamor, rogando ao Pai que lhes dê espírito de sabedoria e de revelação. Não é pelo intelecto, mas sim por revelação. A revelação deixa de lado o conhecimento humano. Eu posso conhecer a palavra ‘de A a Z’, e posso expor sobre ela perfeitamente; mas uma coisa distinta é enfocar a realidade da palavra. Uma coisa é o conhecimento e outra coisa distinta é a realidade da palavra.

Eu posso falar da teoria, mas não da experiência, porque não a vivi. Então, a oração de Paulo é a minha oração hoje também, primeiramente por meu coração e também pelo de vocês, para que esta palavra seja entendida não sobre a base do conhecimento humano, mas pelo espírito de sabedoria e de revelação.

As riquezas de sua graça e as riquezas da sua glória

Podemos dividir a carta aos Efésios em duas partes. Vamos fazer uma divisão distinta a que conhecemos tradicionalmente, que é a que temos do irmão Nee. Ele divide a carta em três seções: «Assentados… andeis… e estejais firmes». No entanto, também é possível dividi-la em só duas seções, em duas idéias fortes.

Vejamos Efésios 1:7. «…em quem temos a redenção por seu sangue, o perdão de pecados segundo as riquezas de sua graça». A expressão: «as riquezas de sua graça» aparece mencionada duas vezes nesta carta. A segunda vez em Efésios 2:7. «…para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas de sua graça».

O que é a graça, a não ser algo imerecido? Nós não merecíamos, de acordo com a nossa conduta, ser parte da igreja. Se nós estamos aqui, é por sua graça. Não é por quão bons fomos. Porque, segundo a Escritura, até a nossa justiça é como trapo de imundície. Então, os primeiros três capítulos de Efésios nos falam basicamente das abundantes riquezas da graça de Deus.

Efésios 1:18: «…iluminando os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual é a esperança a que ele vos chamou e quais as riquezas da glória de sua herança nos santos». Destaquemos a expressão: «as riquezas da glória». Esta expressão, da mesma forma da anterior, está repetida duas vezes na carta aos Efésios. Encontramo-la também em 3:16: «…para que vos dê, conforme às riquezas da sua glória…».

Sobre a base destes versículos que temos lido, podemos então dividir a carta aos Efésios nestas duas expressões. Os três primeiros capítulos falam das abundantes riquezas da sua graça, e os últimos três capítulos se referem às riquezas da sua glória. Falaremos agora sobre estes últimos três capítulos.

As riquezas da sua glória, ou a responsabilidade do homem

Antes de aprofundar estes pontos, tentaremos explicar o que é a glória, segundo o que temos recebido por parte do Senhor através de nosso irmão Romeu Bornelli. Ele nos falava há um tempo atrás, que a glória não é um conceito abstrato. Quando dizemos que vamos ir para a glória, alguns entendem que a glória é o céu, um determinado lugar. Essa expressão está incutida também no meio do mundo cristão.

Agora, o irmão explicava que a glória não é algo abstrato, mas uma pessoa. A glória é Cristo. Cristo é a glória de Deus. Hebreus vai dizê-lo de outra forma, também, que ele é «o resplendor da glória de Deus». Então, agora podemos entender um pouco mais do que Paulo irá falar nestes últimos três capítulos. Do que nos irá falar, então? De Cristo, da vida de Cristo na igreja.

Isto implicaria dividir a carta nestes dois conceitos: Graça, na primeira parte, e depois, nos últimos três capítulos, a vida de Cristo na igreja, mas aqui tem haver com a nossa responsabilidade nessa vida. Então, vamos ver à partir dessa posição estes três últimos capítulos.

Efésios 4:1 diz: «Eu pois, preso no Senhor, rogo-vos que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados». Aqui há novamente um rogo de Paulo. Este segundo rogo tem haver com andar como é digno da vocação com que fomos chamados. Há um chamado do Senhor para cada um de nós. Esse chamado do Senhor não se baseia no que a sua vida teria que ser, porque ele nos chamou antes da fundação do mundo.

Não fomos chamados por homem algum. Tampouco viemos como voluntários para nos arrolarmos a um sistema, porque a igreja não se compõe de voluntários, mas de chamados. Fomos chamados por Deus Pai para estarmos em Cristo.

Então, o Espírito Santo diz através de Paulo: «…rogo-vos que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados». Essa palavra, «dignos», no sentido original no grego, tem haver com andar em harmonia com a vocação com a qual fomos chamados. Em termos simples, isto nos fala de uma conseqüência. Algo que é harmônico é algo que tende a ser igual entre suas partes. Quando há similitude, unimos essas duas partes, e então falamos de que isso é algo harmônico.

Portanto, quando o apóstolo diz que andemos como é digno, significa que temos que andar na plena consequência com a vocação com a qual fomos chamados. Já no versículo 1, a medida deste caminhar nos eleva. Como vou andar para que seja digno? Ainda há tanta carnalidade em mim; todavia, se me examinar, vejo que não alcanço a altura.

Mas o Espírito Santo, o próprio Senhor, é tão sábio e tão equilibrado em todas as coisas, que não iria nos mandar que andemos como é digno, sem nos prover de tudo o que é necessário para que andemos como é digno. Ele não irá nos mandar algo do qual ele não nos tenha provido com antecipação em Cristo. Essa é a igreja gloriosa, a que tem todos os recursos nele; portanto, não temos nenhuma desculpa para não andarmos como é digno da vocação com que fomos chamados.

Paulo a seguir fala dos ministérios dados à igreja. «E ele mesmo constituiu a uns, apóstolos; a outros, profetas; a outros, evangelistas; a outros, pastores e mestres» (4:11). Aqui temos os cinco ministérios dados à igreja. Não falarei dos cinco ministérios, mas quero centrar a atenção no versículo 12, porque ali está a razão do por que desses ministérios: «…a fim de aperfeiçoar aos santos para a obra do ministério». Irmãos amados, este é o propósito pelo qual existem os apóstolos, os profetas, os evangelistas, os pastores e mestres. Não existem como um fim em si mesmos.

Sem querer julgar a ninguém, hoje em dia vemos, na cristandade, que se levantam homens como apóstolos, profetas ou evangelistas, que certamente começaram com uma visão clara do Senhor em seus corações. No entanto, depois de andar um pouco, distraíram-se de Cristo. Disto fala o apóstolo Paulo em Colossenses – a carta gêmea de Efésios. Paulo diz em Colossenses que, não retendo a Cabeça, muitas vezes nos equivocamos do rumo, pensamos coisas que não devemos; não agimos como é devido, como é digno da vocação, porque não retemos a Cabeça, porque nos distraímos de Cristo.

Se não estivermos conectados à cabeça, o corpo não pode caminhar, perde a vida. A cabeça não pode andar sozinha; ela necessita de um corpo. O Senhor se restringe até nisto. Se ele quisesse descer hoje dos céus e apresentar-se ao mundo inteiro, ele poderia fazer, e o mundo inteiro creria nele. Mas ele se restringiu, porque o seu propósito é ter um corpo, e através deste corpo, chegar ao mundo, ministrar a todos os homens, chegar até os limites da terra com o seu Evangelho transformador.

A cabeça não pode andar sem o corpo, nem pode o corpo andar sem a sua cabeça, porque então não haveria vida. É horrendo quando a igreja se distrai de Cristo e não está atrelada à Cabeça, e começa a fazer as coisas como ela acredita que é correto. Não nos distraiamos de Cristo.

O propósito eterno de Deus é reunir todas as coisas em Cristo, a ele como cabeça de todas as coisas. Nós somos o corpo, e todas as coisas estão debaixo dele e da igreja. Então, o propósito destes cinco ministérios não é que estes homens-dons criem uma fama individual.

Normalmente ocorre dos irmãos criarem expectativas pelo irmão que vem, porque o ministério daquele irmão é tão grande, e em seguida se envaidece e se enriquece em sua própria opinião; a vaidade sobe ao seu coração, e corremos o risco tremendo de não cumprir com a demanda que o Senhor nos deu, que não é para fazermos um nome, mas aperfeiçoar aos santos.

«…aperfeiçoar aos santos para a obra do ministério». A obra não pode ser realizada por um só homem. Nem o apóstolo, nem o profeta, nem o evangelista; a obra é realizada pelos santos. O propósito desta palavra não é que a recebamos e em seguida fiquemos apenas com a impressão de que a palavra foi «linda» e não pratiquemos nada, não vivamos nada. Por isso, como no início, roguemos ao Pai que nos dê espírito de sabedoria e de revelação no conhecimento dele.

O Senhor nos conceda, em sua graça, tocar a realidade das coisas de que estamos falando, a realidade espiritual das coisas. Temos uma obra, e isto tem haver com o andar da igreja. Há uma obra a ser realizada, a obra do ministério. As palavras que escutamos durante anos e a seguimos ouvindo hoje são para que todos nós sejamos equipados pelo Senhor para realizar a obra do ministério.

O ministério da oração

Quero me referir especificamente a um ponto desta obra do ministério. Há uma obra preciosa, uma função preciosa, que envolve a todos como igreja. É o ministério da oração, onde todos nós fomos chamados a ser participantes. E este assunto da oração tem haver com o sacerdócio.

O principal propósito da função sacerdotal era interceder pelo povo, a favor do povo, com respeito a Deus. Vejamos a Arão, quando os juízos de Deus estavam descendo sobre Israel. Arão tomou o incenso e correu no meio da mortandade sob o juízo divino, para aplacar a ira de Deus em favor do seu povo (Núm. 16:47). 

A palavra sacerdote aparece reiteradamente na carta aos Hebreus. Quando esta palavra é passada para o latim, que era o idioma do império romano, aparece como pontífice. E pontífice é o que constrói pontes.

Com respeito à oração, algum irmão pode dizer que não tem nada que fazer, que não sabe qual é o seu dom no meio da igreja? Se tomarmos esta palavra como da parte do Senhor, o que estamos dizendo? Que temos um ofício. E qual é o nosso ofício? Deus te pede hoje que construa pontes.

Para que serve uma ponte? Para cruzar de um lugar para o outro. E sobre tudo, quando existe um abismo entre um lugar e outro, construímos uma ponte para que as pessoas que vivem neste lugar possam deslocar-se para o outro lado. Espiritualmente falando, há um abismo que separa o reino da luz da potestade das trevas. Graças a Deus Pai, porque ele tem nos provido uma ponte, que é Cristo, que disse: «Eu sou o caminho».

No evangelho de João, quando Jesus fala com Natanael, diz-lhe: «Quando estavas debaixo da figueira, te vi», e em seguida lhe diz: «daqui por diante verão o céu aberto, e os anjos de Deus que sobem e descem sobre o Filho do Homem». Que imagem Jesus tinha ali? A imagem da escada de Jacó, pela qual os anjos desciam e subiam todo o tempo. Cristo é como a escada e é também como uma ponte.

Agora, você e eu somos chamados para construir pontes, para que a nossa família e os nossos amigos conheçam o Senhor. Esse é um dos ministérios que, como igreja, temos que realizar. Esta é a nossa responsabilidade. Nesta carta em particular, Paulo sempre vai manter o equilíbrio divino entre a responsabilidade e a graça.

Com respeito a isto, o irmão Romeu diz que nós, quando andamos em um bote por um rio, não podemos remar com um só remo, porque começamos a girar sobre nós mesmos. Então, esta carta nos dá os dois remos, para poder avançar e chegar ao destino. Um dos remos é a graça, e o outro é a responsabilidade ou a glória. Preciso usar os dois remos para chegar ao destino.

Paulo fala de suas aflições, em Colossenses 1:24; de suas dores de parto, em Gálatas 4:19, e dos seus trabalhos «na graça de Deus», em 1a Coríntios 15:10. A graça não nos exime do trabalho, da responsabilidade.

Se você quiser avançar na vida cristã, se queres avançar no conhecimento do Senhor, tem que pegar os dois remos: a graça e a responsabilidade. Agora, com respeito à responsabilidade e as demandas do Senhor, como temos dito, ele mesmo irá nos prover dos recursos necessários para responder a estas demandas.

O corpo de Cristo tem a vida de ressurreição

Efésios 5:30. «…porque somos membros do seu corpo, da sua carne e dos seus ossos». Irmãos amados, somos membros do corpo de Cristo. Creio que esta realidade, em nosso meio, já está assimilada, compreendemo-la, mesmo que o Senhor tenha que seguir nos revelando ainda mais sobre esta palavra. Esta palavra nos diz que somos membros do seu corpo, e em seguida descreve como é isto.

Destaquemos a expressão: «de sua carne e dos seus ossos». Por que não diz: «da sua carne e do seu sangue»? Aqueles que têm filhos, vêem os seus filhos ter algum lucro, alguma satisfação, então o pai diz: «Esse é meu filho, é sangue do meu sangue». Por que não diz da sua carne e dos seus ossos? Gênesis capítulo 2 versículo 23: «Disse então Adão: Isto é agora osso dos meus ossos e carne da minha carne». É a mesma expressão de Efésios 5:30. Em relação à igreja, Jesus diz: «Isto é carne da minha carne e osso dos meus ossos», a mesma coisa que Adão disse com respeito à Eva. É interessante esta expressão.

Um detalhe: Quando Eva foi criada, nesta cena de Gênesis, o pecado já tinha sido manifestado? Não. Então, aqui estamos em uma cena antes do pecado. O pecado ainda não tinha feito a sua aparição, não está em Adão nem em Eva.

Agora, quando Efésios 5:30 diz que somos membros do corpo de Cristo, carne de sua carne e osso dos seus ossos, acontece em um momento em que o pecado não tem nenhuma participação. É interessante, o que é o pecado? O pecado é um grande parêntese; o pecado não é a vontade de Deus. O pecado aparece sozinho como um parêntese na história. Antes desse parêntese, temos a cena que acabamos de ver, e então Adão diz: «Isto é carne da minha carne e osso dos meus ossos». Não havia pecado.

O parêntese do pecado se fecha quando Cristo morre por nós. A Escritura diz que os nossos pecados foram tirados, o sangue de Jesus apagou os nossos pecados. A Escritura diz que, uma vez Jesus morto, cravaram uma lança no seu lado e dali saiu sangue e água. Espiritualmente, ali nasceu a igreja, a qual foi comprada pelo sangue e lavado pela Palavra.

Então, a igreja aparece em um momento da história quando o pecado já tinha sido julgado. Ambas as mulheres, Eva e a Esposa, nasceram antes e depois deste parêntese, respectivamente. Então, a expressão «carne da minha carne e osso dos meus ossos», fala-nos de algo muito mais profundo, fala-nos de uma realidade espiritual.

Por que não se fala de carne e sangue? 1ª Cor. 15:50. «Mas isto digo, irmãos: que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus». Aqui temos uma expressão distinta. Aqui aparecem a carne e o sangue, e nos diz que elas não podem herdar o reino de Deus. Nenhum ser humano, em sua própria carne, com os seus esforços, com a sua vida humana, poderá alcançar o reino de Deus.

O sangue nos fala da vida humana. Em suas forças, em sua vida, com os seus recursos humanos, jamais alcançará o reino de Deus. A palavra é clara: «A carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus».

Então, a que se refere a expressão «da sua carne e dos seus ossos»? Refere-se a outro tipo de vida distinta da que conhecemos biologicamente, da carne e do sangue. E essa vida é representada na Escritura com a expressão «carne e ossos», porque é uma vida de ressurreição.

Vamos confirmar esta expressão em Lucas 24:39. É o Senhor Jesus quem fala aqui, em uma cena posterior a sua ressurreição, quando ele se apresenta aos seus discípulos. «Olhem minhas mãos e meus pés, que sou eu mesmo; apalpai, e vede; porque um espírito não tem carne nem ossos, como vêem que eu tenho». Aqui temos pela terceira vez a expressão «carne e ossos», que faz referência à vida ressurreta do Filho de Deus, uma vida de ressurreição, que passou pela morte e saiu vitoriosa.

Isto é muito interessante, e eu quis enfatizar, porque, em relação à igreja, é necessário entender isto: a igreja não é uma reunião de pessoas que se congregam em torno de um assunto em comum, não é um grupo social, onde nos ajuntamos para comer.

Então, o que é a igreja? Quando eu realmente sou membro de Cristo, sou membro do seu corpo? Irmão, sua união com Cristo, que é a sua cabeça, apóia-se em uma vida de ressurreição. Porque carne e sangue não podem herdar; por isso é que a sua opinião e a minha opinião na igreja não servem, porque isso é da carne e do sangue. Mas, quando a sua opinião vem de uma vida de ressurreição de carne e osso, quanta vida traz, porque saiu de uma vida de ressurreição, de uma vida que passou pela morte.

O que é a igreja? Os que se reúnem em torno de um nome somente? Os que têm em comum certas práticas e ritos? Não, irmãos. Cristo em nós, Cristo habitando em ti e habitando em mim, isto é a igreja, e esta é a glória da igreja.

Um padrão de conduta superior

Paulo diz uma coisa a mais com respeito ao andar da igreja. Do capítulo 5 em diante, até o versículo 9 do capítulo 6, fala de um andar como filhos da luz, de nos submeter uns aos outros, e vai dizer, entre outras coisas, muitos deveres que temos que cumprir. Vocês encontrarão ali muitas coisas que o Senhor demanda. Há demandas muito altas, mas já sabemos como as cumpriremos: pela vida de ressurreição que o Senhor mesmo nos deu.

Agora, tudo isto de que fala nos capítulos posteriores, resume-se neste versículo: «…comprovando o que é agradável ao Senhor» (Ef. 5:10). Colossenses 1:10 diz: «…para que andeis como é digno do Senhor, agradando-lhe em tudo». Aqui há um princípio estabelecido pelo Senhor. Como deve ser o nosso andar como crentes? Temos duas formas de ver as coisas. Em Gênesis, vemos que Deus proibiu Adão de comer de uma árvore em particular: a árvore da ciência do bem e do mal. Essa árvore, do qual Adão e Eva comeram, estabelece um princípio universal quanto ao comportamento humano da sociedade.

Como se comporta a sociedade hoje em dia? Debaixo de que parâmetros a sociedade normatiza a sua vida? O bem e o mal. Adão e Eva comeram dessa árvore, e então, essa idéia do bem e o mal ficou estabelecida como um princípio universal para todas as sociedades. Todas as culturas são regidas pelo mesmo princípio. A nossa vida como sociedade está normatizada e guiada por este parâmetro do que é bom e o que é mau. Eu faço isto, porque é bom, e não faço isto outro, porque é mau.

Agora, por que Deus proibiu que comessem do fruto da árvore da ciência do bem e do mal? Acaso Deus não queria que o homem conhecesse o que é bom e o que é mau? O Senhor proibiu, não porque ele não quisesse que o homem conhecesse o bem e o mal, mas porque ele tinha preparado algo melhor para o homem, um padrão de conduta superior.

O padrão de conduta humana hoje é este: bom e mau. O que pode ser superior a isto como padrão de comportamento? Mas o que o Espírito Santo nos diz aqui com respeito ao caminhar? Menciona esta dicotomia entre o bem e o mau? O que Paulo menciona, tanto em Efésios como em Colossenses, é uma só expressão: «…agradável a Deus». Então, como vamos andar? Como é agradável ao Senhor.

Então, quando eu pratico uma ação, quando vou pensar algo, quando vou dizer algo, o que vou fazer? Qual deveria ser a nossa pergunta? Isto que eu vou fazer é bom ou é mau? Essa vai ser a minha pergunta?

Não; nós, como crentes, diremos: «Senhor, quero te agradar em tudo. Vou pedir perdão, mesmo que sejam eles que deveriam me pedir isso Senhor, eu quero agradar o teu coração». A Escritura diz: «perdoai-vos uns aos outros, assim como Cristo nos perdoou». Um irmão disse o seguinte: «O perdão de Cristo é um perdão unilateral». O que isso quer dizer? Que não fomos nós que fomos a ele primeiro lhe pedir perdão. Então, não esperemos que eles venham a nos pedir perdão. Ele nos perdoou, porque ele quis nos perdoar.

Agrademos o coração do Senhor. Eu quero agradar o coração daquele que deu a sua vida por mim, daquele que me salvou, daquele que me redimiu, daquele que me colocou em uma posição tão gloriosa. Não descuidemos de uma salvação tão grande. Irmãos, desprezemos o princípio que rege a vida desta sociedade. Paulo diz: «Não andeis como os outros gentios, que andam na vaidade da sua mente». Eles andam pelo bem e o mal; a igreja do Senhor deve andar agradando ao seu Senhor em tudo.

Síntese de uma mensagem oral.

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