Apeles, aprovado em Cristo

A história de um cristão no contexto da epístola aos Romanos.

Gonzalo Sepúlveda

Sem dúvida, a epístola de Paulo aos Romanos constitui um valiosíssimo documento que define magistralmente o evangelho que professamos. Podemos também considerá-lo como um guia para o nosso crescimento em Cristo.

Mais até, à medida que vamos avançando no estudo de cada capítulo, podemos discernir quantas das verdades nela contidas se cumpriram ou não em nossa experiência cristã. Somos crentes, filhos de Deus, salvos pela graça do Senhor a partir do momento em que cremos no evangelho, e dessa maneira, já estamos localizados no capítulo três de Romanos. Se estivermos andando na fé e nos alegramos com a experiência de Abraão, já estamos no capítulo 4, e assim sucessivamente, esta epístola nos permite conhecer nosso estado espiritual e o de muitos filhos de Deus.

Também, se seguirmos esta linha de pensamento, os crentes de Romanos 3 estariam na etapa mais inicial de sua experiência em Cristo, e aqueles que já estäo vivendo e servindo coordenadamente no corpo de Cristo que é a igreja, podem ser chamados «crentes» ou «irmãos de Romanos 16», maduros, quebrantados em sua força natural, capazes de receber aos mais fracos e suportá-los; além disso, seriam irmãos capazes de sustentar batalhas espirituais e seguir avançando nos propósitos de Deus.

Apeles

Entre os muitos irmãos e irmãs mencionados no último capítulo, chama-nos a atenção à forma como Paulo se refere a Apeles. Certamente o apóstolo conhecia bem a vida e testemunho deste irmão, portanto pôde dizer dele, que é um homem «aprovado em Cristo». Normalmente chamamos «aprovado» a uma pessoa que passou por muitas provas e as superou; caso se tratasse de um estudante, diríamos que ele não fracassou na metade do caminho, mas conseguiu qualificar-se em seus estudos e agora pode ser considerado um profissional na área em que foi formado… quer dizer, foi aprovado.

O que será, então, para nós um homem aprovado em Cristo?

À luz das verdades expostas nos 16 capítulos de Romanos, podemos assumir que um homem como Apeles (seu nome pode representar a cada um de nós), foi «superando etapas» em sua vida cristã.

Em primeiro lugar, far-nos-á bem como exercício, imaginar a Apeles como um homem a mais neste mundo em trevas: negando a Deus, corrupto, atestado de toda injustiça como define o capítulo 1:29. Tal é a condição do homem cansado, do qual todos nós fizemos parte antes que a luz de Deus irrompesse em nossos corações. Precisamente aqui parte a eficácia, o poder do evangelho, pois está dirigido, não a pessoas boas, corretas ou de bom nome – por certo são incluídas, pois mesmo os bondosos, sem Cristo todos estamos perdidos. O evangelho, pois, chega ao coração do homem, mediante a proclamação ou mediante a leitura… e o milagre acontece, a Palavra convence, o coração se quebranta, o homem se vê pecador, miserável, necessitado de Deus, e, ao mesmo tempo, culpado de lhe haver negado e ofendido. Esta palavra do evangelho contém assim tanto o juízo como a atrativa misericórdia que triunfa sobre o coração mais endurecido.

Como um fogo

As palavras de João Batista, o precursor, já foram pronunciadas com fogo, pois ele mesmo era uma tocha que ardia e iluminava (João 5:35).

Em seguida o próprio Salvador em pessoa, veio chamando ao arrependimento. Reuniu multidões com uma palavra que convencia e de uma vez lhes enchia de esperança… o reino dos céus se aproximou, e aqueles homens não viram nada a não ser uma realidade poderosa em cada sílaba pronunciada pelo Senhor. As suas almas eram alcançadas e se convenciam de que Suas palavras eram verdade. Como pronunciaria o Senhor cada palavra que conseguia capturar o coração dos homens! O reconhecido expositor bíblico G. Campbell Morgan escreveu: «A autoridade de Jesus residia e reside no fato de que Ele dizia a verdade pura, eterna, da qual ninguém pode fugir. Suas palavras nos sondam, são como uma chama de fogo. Desejamos escapar delas, mas sabemos que Ele está correto».

Assim é que podemos imaginar a Apeles, um pecador como todos, que ouviu a verdade pura, eterna, e não pode fugir dela –essa palavra é o evangelho–, sente-se escrutinado, como por uma chama de fogo da qual não consegue escapar.

Bem-aventurado o homem que chega a experimentar esta bela crise que antecede à genuína conversão, pois sob tal contrição, ao homem não cabe a não ser receber o evangelho, quer dizer, o perdão dos pecados, mediante o sacrifício de Jesus Cristo na cruz, e a injeção de vida do Espírito Santo. O resultado deve ser nada menos que um homem regenerado, das trevas para a luz, de morte para a vida. Tal é o poder do bendito evangelho de Jesus Cristo nosso Senhor!

Nova vida

Agora Apeles começa uma nova vida, que é maravilhosa, mas é só o princípio de uma grande carreira. Estranhamente, Apeles sente que nada fez, apenas creu no que ouviu e/ou leu a respeito da pessoa e obra de Cristo. A partir de agora, a sua vida será como um rio que flui e que só lhe convém deixar-se levar por essa bendita corrente.

Começa a descobrir que as Sagradas Escrituras hebraicas cobram uma linda vigência, que o antes citado nos Salmos se cumpre em Cristo, que a doutrina da graça era uma realidade nos personagens bíblicos de maior relevância como Abraão ou Davi, a quem sua fé foi contada por justiça, ou seja, creram em Deus e aquilo bastou para lhe agradar. Os capítulos 3 e 4 de Romanos expõem abundantemente este tema.

Apeles então descobre o valor do sangue de Cristo, sabe que Deus o Pai não poderá lhe rejeitar caso se aproxime dele limpo e redimido por ela, a sua consciência também descansa, pois já não há acusações pelos atos passados… Se sente um vencedor!

No entanto, há mais ainda: quem lhe ajudou a se convencer de pecado, justiça e juízo, não foi outro senão o bendito Espírito Santo, que agora habita nele, e que veio para encher o seu coração com o amor (ágape) de Deus. Agora Apeles é um homem que não se envergonha de ser crente e se gloria na esperança que lhe conduz à glória do seu Deus. É esta a sua condição? Então, você é um cristão de Romanos 5.

Vivendo Romanos

Se considerarmos os ensinos do livro de Romanos como a história da vida espiritual de um filho de Deus, veremos que quem tem alcançado como experiência o que foi descrito no capítulo 5, sem dúvida experimentou uma mudança radical em sua vida. Como é ou como se sente alguém que tem a experiência de Romanos 1? O estado espiritual não é mais do que o de morte, angústia e dor. É uma pessoa incapaz de ser verdadeiramente feliz, as suas alegrias serão passageiras e muitas as suas frustrações. Mas, se essa mesma pessoa, agora pode dizer que é um bem-aventurado (4:7), que tem paz para com Deus, que está firme na graça e se gloria na esperança (5:2), que o amor de Deus foi derramado em seu coração pelo Espírito Santo que foi dado (5:5), que reinará em vida, que recebeu em abundância a graça e o dom da justiça (5:17), que pela obediência de Cristo foi constituído justo, escapando assim de sua herança adâmica (5:19), etc. A experiência é maravilhosa; necessitar-se-ão vários anos para assimilar estas riquezas. Muitos cristãos, quando chegam a este ponto, sentem-se tão plenos, tão contentes, tão seguros, que pensam que nada mais lhes é necessário. E mais, muitos cristãos permanecem aqui em sua história com Deus pelo resto de suas vidas.

Avançando

No entanto, a carta continua, segundo o parâmetro divino; ainda há muitos montes para escalar; e se a meta for Romanos 16, nem mesmo nos aproximamos da metade do caminho.

Os capítulos 6, 7 e 8 contêm elementos que não são simples de compreender, são como uma escarpada montanha. Inclusive entender estas verdades mentalmente pode ser algo medianamente simples, mas viver em experiência que morremos para o pecado, que o nosso velho homem foi crucificado, que morremos com Cristo, que também ressuscitamos com ele, etc.

Como pode uma pessoa assimilar que por um lado está morto (para o pecado) e que por outro está vivo (para Deus)? Certamente não é algo que se experimenta apenas ouvindo uma vez uma mensagem a respeito. Aqui o cristão, Apeles em nosso caso (ou nós), enfrentará alguns problemas. Começará por descobrir que não são apenas os seus atos pecaminosos que o separavam da comunhão com Deus –aqueles que já foram limpos graças ao sangue de Cristo–, agora o problema parece ser a sua própria natureza. Os argumentos são abundantes, prevendo o Espírito Santo que não seria fácil para nós internalizar um ensino tão vital.

Morrendo para viver

Pois bem, se o capítulo 6 muda totalmente o esquema dos capítulos anteriores, pior ainda é o que vem no capítulo 7. «Mortos para a lei». Se fizéssemos uma pesquisa para um certo número de cristãos de distintos contextos doutrinários, com ao menos dez anos de convertidos, o mais provável é que a maioria deles nunca tenham compreendido cabalmente estes dois importantes capítulos. Muitos chegam a duvidar que Romanos 7 seja a experiência de um renascido; mais parece a linguagem de um perdido pecador, um não convertido ignorante da vida de Deus. O que é isto de «morrestes para a lei mediante o corpo de Cristo» (7:4), «agora estamos livres da lei, por ter morrido»? (7:6).

Certamente Apeles viveu este conflito, quantas vezes teve que caminhar sem compreender-se a si mesmo, sem compreender a seus irmãos em Cristo. Como pode um cristão chegar a exclamar: «Miserável de mim!» (7:24)?

O problema é que se não conseguir superar Romanos 5 na experiência, ficamos no ABC do evangelho, salvos, mas imaturos. Filhos de Deus, mas em um estado de permanente infância. Como se não alcançasse o objetivo divino de obter um povo que agrade o seu coração. Convenhamos que Romanos 6 e 7 não podem permanecer como terra desconhecida para a maioria dos cristãos. Romanos 16 está lá adiante, terá que avançar.

Se Apeles chegou a exclamar: «Miserável de mim!», é um bom prenúncio; o homem começou a chegar «ao fim de si mesmo». Agora começamos a compreender que a obra de Deus em Cristo para nós inclui não só o perdão dos pecados, mas também nos levar com ele em sua morte, para terminar com nossa antiga natureza. Então a morte de Cristo se torna a minha própria morte, «morremos nele». Deus não nos quer conformados a Adão, o homem cansado, rebelde, alienado de Deus, independente e soberbo. Adão deve morrer, só Cristo deve viver. Mas, o conflito pelo que indevidamente passaremos, é que na realidade da experiência cotidiana, muitas vezes parecemos «muito vivos ainda».

Até Romanos 5 não havia problema: a fé, a graça, o perdão, o dom do Espírito Santo, tudo foi dado sem que fôssemos «tocados» – por assim dizer. Agora apareço com um corpo mortal sujeito a concupiscências, com um pecado que pretende recuperar o seu antigo escravo e assenhorear-se dele. Encontro-me em mim mesmo, isto é, em minha carne (não se fala disto em Romanos 5), não mora o bem (7:18), apenas há em mim «um querer», mas não «um fazer» o bem que desejo.

Processo

Ninguém pense que este é um processo fácil, a experiência demonstrou reiteradamente que a partir de Romanos 6, o cristão é tocado em suas fibras mais íntimas. Toda aparência cedo ou tarde se tornará em uma crua realidade: a menos que morramos, somos inúteis na vida e serviço cristão. Multidões de cristãos ficaram tristemente na metade do caminho. Apeles deve ter sido testemunha, como você e eu, de uma grande quantidade de irmãos que tiveram uma boa partida, desfrutaram da graça de Deus, receberam a palavra da justificação pela fé, receberam vida nova, alegraram-se com a esperança de ver a glória de Deus… mas o seu caminhar demonstrou que não estavam dispostos a tomar a sua cruz, sucumbiram na hora de ter que serem quebrantados; eles nunca chegaram a gemer com angústia um «Miserável de mim!». Permaneceram «inteiros», firmes em suas boas intenções, com um alto conceito de sua própria natureza, com a efêmera glória de uma humana reputação. Não seguiram ao Mestre, não aborreceram a sua carne, amaram-se a si mesmos mais que a Cristo o Senhor.

Sem alternativa

 Logo depois de Romanos 6 e 7 está a vida conforme o Espírito, a vitória sobre a carne e suas paixões. Há um andar, um pensar, um ocupar-se nas coisas do Espírito do Senhor. Há uma comunhão viva com o Espírito de Deus. Notemos que em Romanos 8 não se enfatiza nada externo, não são ensinadas certas normas de conduta, mas o aprofundamento da vida de Deus dentro do crente, ali onde «o próprio Espírito dá testemunho ao nosso espírito, de que somos filhos de Deus». Não há alternativa possível para a crise de Romanos 7; quem não tem sido treinado nestas verdades, não avançam em Cristo; não é porque não façam um estudo bíblico a respeito, pois o mero conhecimento não nos concede a realidade das coisas espirituais.

Notemos que estes conceitos do «espírito e da carne», não são utilizados até depois de Romanos 5, são algo assim como «conceitos novos». Isto é porque até então, apenas estávamos conscientes dos nossos pecados cometidos, dos atos comportamentais, seja de palavra ou de obra, dos quais nós estávamos nos desfazendo. Agora, a partir de Romanos 6, «o homem» começa a ser tocado, e não podemos negar que se trata de um processo doloroso. Talvez agora possamos começar a compreender melhor a forma como Paulo define a vida cristã em Gálatas 2:20: «Já não vivo eu, mas Cristo vive em mim».

Consolo

É muito possível que algum leitor esteja passando por uma incompreensível crise. De repente, já não sente o mesmo gozo do princípio, tem tentado fazer as coisas da melhor forma possível, procurando afastar-se de tudo que sabe que é danoso ou pecaminoso, mas a tentação aumenta, e os fracassos parecem ser inevitáveis. Em vez de avançar, sente que tem retrocedido; a sua carne, o seu eu, os seus sentimentos, ferem-se com bastante facilidade; enfim, o desalento vem e aumenta, a comunhão se torna dificultosa, os amigos escasseiam. O caminhar cristão se torna pesado, irmão Apeles, o monte é escarpado, parece que estamos a ponto de escorregar!

Compreendamos, com o socorro do Senhor, que é nada menos que a SUA mão que está por trás de tudo isto. Todo cristão sincero, que deseja avançar no Senhor, viverá o fracasso da energia natural, deverá compreender por experiência (aqui a doutrina só é um valor informativo) que sem o Senhor nada podemos fazer; que devemos nos abandonar ao Senhor e a seu Espírito, sofrer a dor, e sim a agonia, das qualidades da carne, quer dizer, os que são próprias de sua natureza sejam isto bom ou mau. Quando o Senhor trata conosco, ele não só conta o ‘mau’ de mim, mas também o que considero ‘bom’ de mim mesmo.

Com propósito

Quando aquela «noite escura da alma» tiver passado, Romanos 8 já não será uma mera pregação linda, nem um bom tema para o sermão mais inspirado: será uma sólida realidade de vitória. «Mais do que vencedores»? (8:37), sim, porque a vitória foi do Senhor – é «por meio daquele que nos amou». Os pecados foram perdoados, Romanos 3 e 4; a carne foi vencida, Romanos 6 e 7; a vida do Espírito veio tomar o seu lugar, Romanos 8. Agora o propósito de Deus começa a se cumprir.

«Propósito», palavra nova, que não aparece antes de Romanos 8:28. Agora compreendemos a razão de ser de tanto conflito com a carne, o homem velho, Adão, ou como o chamem. Agora vemos que Deus fez tudo ou permitiu porque tinha este propósito em mente: «…que sejamos conformados à imagem de seu Filho, para que ele seja o primogênito entre muitos irmãos».

Então valeu a pena o tratamento, a meta era muito mais alta do que pudemos imaginar. Devíamos ser limpos, não só dos pecados cometidos (no plural), mas ainda mais, do pecado (singular) que morava em nós. Agora o caminho ficou livre, o nosso entendimento pode ser renovado, agora podemos pensar com prudência. Já podemos começar a nos coordenar com o resto do corpo.

Romanos 12 e 13

«Corpo»? Outro conceito novo. Nada foi dito do corpo entre os capítulos 1 e 8 de Romanos! Ainda estávamos muito imaturos, muito «inteiros», muitos meninos; nós até estávamos vivos, dominando tudo, não podíamos «ver» o corpo de Cristo, muito menos poderíamos respeitar ou nos coordenar com o resto do corpo… Já estamos no capítulo 12, parece que demos um grande salto; Apeles se alegra, o seu coração se alarga, a estreiteza ficou para trás, a crise do capítulo 7 foi necessária, agora a visão se amplia, no amor aos irmãos, no serviço diligente, no ardor do espírito (12:10-11). Submetemos-nos às autoridades, desprezamos as trevas, vestimo-nos de Cristo… Já estamos em Romanos 13… A nossa vestimenta fala de nós, se estamos elegantes ou esfarrapados; a roupa é muito vistosa, se nos vestimos de Cristo, se nos escondemos em Cristo. O mundo vai começar a ver ele formado em nós. Que maravilha!

Recebendo-nos

«Recebei ao fraco na fé». Só alguém que é forte, maduro, crescido em Cristo, pode obedecer este mandato. Um fraco não recebe nem contém a outro fraco. Voltemos a pensar em Apeles… Agora o nosso irmão cresceu, pode-se esperar muito dele. Antes, quando ainda conhecia apenas as verdades até Romanos 5, outros tinham que suportá-lo. Mas agora cresceu, superou os obrigações de Romanos 6 e 7; aprendeu a viver pelo Espírito Santo; mudou a sua mentalidade, é um membro do corpo cumprindo a sua função; é maduro, é forte; pode receber a quem Deus recebeu; não contende sobre opiniões, sobre dias, ou sobre comidas; vive para o Senhor; não julga, deixa os julgamentos para o Senhor (Rom. 14); mais até, suporta as fraquezas dos mais fracos, não se agrada a si mesmo (ou seja, o «si mesmo» já não importa).

Apeles já é um cristão ao nível de Romanos 15. O que aconteceu com «si mesmo»? Morreu, foi sepultado e não ressuscitou. Outro se levantou, e esse Outro é Cristo morando em Apeles, ou podemos dizer também: agora já não vive por si mesmo, deixou de ser ele a fonte do seu viver. Agora a vida de Cristo, a vida do Espírito se manifesta nele. Notem a frase contida dentro do versículo 18 do capítulo 15: «o que Cristo tem feito por meio de mim». Que todos cheguemos a viver essa bendita realidade!

Aprovado

Finalmente, chegamos ao desejado capítulo 16. Não olhemos este capítulo como um conjunto de meras «saudações pessoais», vejamos o corpo de Cristo em ação; todos os membros abençoando uns aos outros, cada qual cumprindo a sua função. Entre eles aparece o nosso amigo Apeles. Dele é dito apenas: «Aprovado em Cristo». Não em si mesmo, não. Apeles já não está em Adão, está quebrantado em sua força natural; pode-se ver claramente a obra do Senhor em sua vida. Passou as maiores estreitezas, permaneceu quando muitos tropeçavam em sua fé; correu etapas, amadureceu, compreendeu que o propósito de Deus para com ele era muito alto; agora Cristo é visível nele, e, portanto, pode viver corporativamente contribuindo com a vida ao resto dos santos – e com toda segurança também ao resto dos homens, levando-lhes o simples, mas poderoso evangelho que o transformou. Não está entre quem causa divisões; está entre aqueles que travam a boa batalha, confiado na plena vitória do seu Senhor por meio de sua igreja.

Apeles se tornou um homem aprovado em Cristo.

A vida da igreja

Romanos nos ensina a glória do evangelho. O capítulo 16 nos mostra o resultado que o evangelho obteve: muitos membros servindo ao Senhor e servindo uns aos outros.

Devemos observar como chaves as expressões: «no Senhor... em Cristo». Até aqui, em toda a epístola não fora mencionado a palavra «igreja»; então podemos concluir, que o evangelho teve como resultado o expressar-se na igreja, que estava no coração do Senhor.

Na igreja cada membro tem a sua função: uns ajudam, outros colaboram, outros trabalharam muito, outros têm aberto as suas casas, outros hospedaram os apóstolos, outros têm exposto as suas vidas pelo evangelho, ninguém está ocioso!

A riqueza de Romanos 16 é imensa, são os membros redimidos por Cristo, vivificados pelo Espírito, que seguindo ao seu Senhor, iluminam no meio das trevas deste mundo. Enfim, é a igreja!

A vitória do evangelho

Finalmente, esta igreja recebe a promessa de que «Deus esmagará em breve a Satanás debaixo dos vossos pés» (16:20). Tal é a igreja, tal é a obra do Senhor. Tal é a GLÓRIA do EVANGELHO!

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