O mistério de Deus

O mistério de Deus reúne em si todos os outros mistérios, e os explica.

Gino Iafrancesco

Vimos alguns elementos fundamentais do testemunho da igreja. Hoje procuraremos ampliar um pouco mais esta panorâmica, como recolhendo flores dispersas no Novo Testamento, para fazer um ramalhete, e assim ter uma visão mais geral em relação ao depósito de Deus confiado à igreja.

Somos os depositários de uma grande riqueza que Deus deu à igreja, e que, logicamente, a igreja deve, ela mesma, desfrutar primeiro, e também ela deve administrá-la aos cordeirinhos, aos que acabam de nascer. Eles devem ser alimentados com os nutrientes da palavra de Deus.

E também o mundo necessita o testemunho da igreja. Tanto os que têm que ser salvo, como os que irão se perder precisa ouvir esse testemunho. Para alguns, esse testemunho será, como diz Paulo, cheiro de vida, porque os trará para a vida; e para outros, será cheiro de morte, porque ficarão sem desculpa diante do juízo do Senhor.

A consumação do mistério de Deus

Então, vamos completar essa visão, com algumas passagens da palavra, começando em Apocalipse 10.

«E o anjo que vi em pé sobre o mar e sobre a terra, levantou a sua mão para o céu, e jurou pelo que vive pelos séculos dos séculos, que criou o céu e as coisas que estão nele, e a terra e as coisas que estão nela, e o mar e as coisas que estão nele, que o tempo não mais se estenderia, mas nos dias da voz do sétimo anjo, quando ele começar a tocar a trombeta, o mistério de Deus se consumará, como ele anunciou aos seus servos os profetas» (Apoc. 10:5-7).

Essas são palavras de um juramento celestial. E aqui, na frase que ele diz, resume a essência da questão. Estamos no livro final da Bíblia. Apocalipse significa ‘tirar o véu’. O que Deus tinha começado a fazer desde Gênesis, e que vinha desenvolvendo ao longo de toda a Palavra –que era uma obra não entendida para a generalidade das pessoas, com exceção do povo de Deus–, quando chega o final, o Senhor explica o que era que estava fazendo.

Apocalipse é para tirar o véu, como o escultor que estivesse esculpindo uma obra de arte. Quando passamos pela casa do escultor, só escutamos marteladas. Talvez saísse pó pela janela, e não entendíamos o que é que estava acontecendo. Mas no dia da inauguração, quando foi tirado o véu, pode ser vista a obra mestra que Deus estava fazendo. Aí dá sentido a toda história, dá sentido a todos os momentos. Tudo tem sentido quando no final é tirado o véu e se vê a obra mestra do Senhor.

Mas nesta frase: «...nos dias da voz do sétimo anjo, o mistério de Deus se consumará, como ele o anunciou aos seus servos os profetas», podemos notar que o assunto principal do mistério era o próprio Deus.

Do que tratava o mistério? Sim, há muitas coisas; o mistério tem muitas partes. De fato, tudo está relacionado a Deus. O que existe, só existe em função de Deus, e só se explica em relação com Deus. Mas, o mistério, em última instância, tratava do próprio Deus. «O mistério de Deus». Na Palavra aparece relacionado com o mistério, e temos que ver muitas outras palavras; mas nenhuma com a categoria desta palavra – Deus. «O mistério de Deus se consumará».

Recordemos aquela passagem de 1ª Coríntios 15, quando nos fala da ressurreição, e nos fala que o Senhor Jesus, depois que todas as coisas lhe estiverem sujeitas, ele mesmo se sujeitará a aquele (o Pai) que lhe sujeitou todas as coisas, para que esse Deus seja o objetivo final–, Deus, seja tudo em todos, Deus encha tudo.

A essência e fim de tudo é Deus

A essência de tudo é o próprio Deus. Deus sendo plenamente revelação, plenamente conhecido, através da face gloriosa do Senhor Jesus, e plenamente compartilhado, habitando, formando a plenitude de Cristo em sua igreja, e a esposa do Cordeiro tendo a glória de Deus. No princípio, só Deus tinha a glória de Deus; mas o Pai a deu ao Filho. E o Filho agora disse: «Eu lhes dei a glória que a mim me deste».

E no final, em Apocalipse, quando vemos descer a esposa do Cordeiro, diz que ela vem com a glória de Deus. Ou seja, o Pai se revelou e se doou ao Filho, e o Filho também se doou, pelo Espírito, à igreja, e se formou na igreja. E no final, Deus enche tudo em todos, e Deus é conhecido através de todos. E nesse todos há um ponto central, uma capital, a nova Jerusalém. E nessa Jerusalém há também um ponto central, e é o trono de Deus e do Cordeiro.

Então, no final, vemos que todas as coisas confluem em Deus. Nada se explica sem relação ao próprio Deus. Por isso fala ali, no singular, de que «o mistério de Deus se consumará». Mas o Espírito Santo acrescenta uma frase: «...como ele o anunciou aos seus servos os profetas». Então, aí está, resumido, o assunto do qual tratavam os servos, os profetas de Deus.

Qual era o assunto da Bíblia? Qual era o assunto da história sagrada? Qual era o assunto do trabalhar de Deus ao longo de toda a história? A consumação do mistério de Deus. «O mistério de Deus se consumará, como ele o anunciou». Ou seja, Deus anunciou aos seus servos os profetas sobre o mistério de Deus a ser consumado. Esse é o assunto de toda a Bíblia, dito de uma maneira extremamente sintética; mas, extremamente significativa.

Mas o Senhor foi o criador de todas as coisas, e faz aos seus herdeiros de todas as coisas. Todas as coisas foram criadas por Deus, e por sua vontade existem. Mas não existem para competir com Deus; existem somente para falar de Deus, para fazer chegar ao seu amor, e para nos fazer retornar para Deus.

Não devemos nos perder nas coisas. Embora fossem criadas por Deus, e vamos herdar todas elas, só poderemos aproveitar todas as coisas se as herdarmos em Cristo, herdamo-las com Cristo, e se Deus, em Cristo, pelo Espírito, encher todas as coisas, e Deus for tudo em todas as coisas. Aí, todas as coisas têm uma razão de ser. É uma linguagem do amor de Deus; revelam um pouco de Deus.

As coisas não devem desvincular-se da totalidade, e principalmente de sua fonte, de seu sustento e de seu sentido; porque a totalidade é tudo o que Deus criou, mas além disso –e antes disso– está o próprio Deus. Deus é a fonte, que quis que existisse, que lhe desse o seu lugar no contexto. Deus é o sentido de todas as coisas.

Os mistérios de Deus: capítulos do mistério de Deus

Agora sim, o mistério de Deus, como é todo um programa, como vem da eternidade e passa pelo tempo até que se acabe o tempo e continue na eternidade, e especialmente pela passagem pelo tempo, o mistério de Deus tem seus capítulos. Então, o singular –o mistério de Deus–, converte-se em plural – os mistérios de Deus.

Mas esse plural tem uma unidade essencial. Todas as coisas dessa pluralidade, dessa diversidade, dessa seqüência, todas elas estão unidas, todas têm haver uma com a outra. Então, agora, Deus, que nos falou do mistério de Deus no singular, em 1ª Coríntios capítulo 4 nos fala no plural. O singular se tornou plural, porque um se administra em uma seqüência em vários capítulos.

Por isso, no capítulo 4, verso 1, diz: «Assim, pois, nos tenham os homens por servidores de Cristo, e administradores dos mistérios de Deus». Agora é plural. Versículo 2: «Além disso, requer-se dos administradores, que cada um seja achado fiel». Fiel à administração central, fiel ao economista supremo, que é o próprio Senhor Jesus, o Ungido, o Cristo.

O mistério de Deus na Trindade

Agora, o Senhor nos fala dos mistérios de Deus. Essa administração de Deus tem partes, e deve descer das alturas aos campos, à vida cotidiana. Por isso, agora a palavra fala no plural – os mistérios de Deus. Antes já nos detivemos principalmente em três: no próprio mistério de Deus quanto ao seu ser, a Trindade, como ponto fundamental do testemunho do depósito que foi confiado à igreja, o ser de Deus. Deus revela o seu ser. Deus na Trindade, revelado e também morando, dispensado, formando-se, imprimindo-se na sua igreja, para enchê-la de si mesmo.

O mistério da vontade de Deus

Mas não só víamos que existe o ser de Deus, mas também o Deus único tem um propósito. Aí se abre um segundo capítulo nos mistérios de Deus, o que a Bíblia chama o mistério da vontade de Deus.

Desse mistério podemos reler em Efésios 1:6-9: «...no Amado, em quem temos a redenção por seu sangue, o perdão de pecados segundo as riquezas de sua graça, que fez superabundar para conosco em toda sabedoria e inteligência, nos dando a conhecer o mistério de sua vontade».

 «...em quem temos a redenção por seu sangue». Graças a Deus, todos que conhecemos a Cristo, isto é a primeira coisa que recebemos do Senhor Jesus: o perdão dos nossos pecados pelo sangue de Cristo. No Amado, temos primeiro a remissão dos nossos pecados. «...a redenção por seu sangue, o perdão de pecados segundo as riquezas de sua graça...».

Mas aqui foi posto uma vírgula. Ao falar das riquezas da graça relativas à redenção, e dentro da redenção, no primeiro capítulo –que é o perdão dos pecados– colocou depois disso uma vírgula; quer dizer, que não terminou. Mas agora diz, no seguinte verso, «...graça, que fez superabundar...».

Quanto a nos perdoar os pecados, essa já foi uma graça muito abundante; mas a graça continuou abundando agora em outra direção. Quer dizer, o perdão dos pecados é o primeiro que recebemos da graça de Deus. Mas a graça de Deus não só nos traz o perdão. A graça segue fazendo mais coisas. E é o que continua dizendo aqui o apóstolo Paulo. Diz: «...graça, que fez superabundar para conosco...». E agora diz: «...em toda sabedoria e inteligência».

Até aqui era abundante a graça no perdão; mas diz que a sua graça superabundou agora em sabedoria e inteligência, agora não só sobre o perdão, mas do propósito para o qual Deus nos salvou.

Porque às vezes pomos o perdão dos pecados e a salvação como se esse fosse o fim das coisas. Mas, aos olhos da palavra de Deus, esse é só o começo. A graça de Deus superabundou agora em outro aspecto. É também pura graça.

Diz: «...nos dando a conhecer o mistério de sua vontade». Agora passou do mistério do próprio Deus  –que é o ser de Deus, a Trindade de Deus–, ao propósito de Deus. Do ser, passou ao querer; e o querer de Deus, por graça de Deus, é aberto aos santos.

Para que você foi salvo? Por que Deus te salvou? Deus te salvou porque ele tinha um objetivo contigo. Deus te planejou, te salvou, te buscou, porque ele está te recrutando para o seu propósito. É o mistério da sua vontade, «segundo o seu beneplácito, o qual propôs em si mesmo...».

Deus tinha proposto algo segundo o seu beneplácito. Cada criatura, segundo a sua qualidade, segundo a sua excelência, tem os seus beneplácitos. A uma criatura baixa lhe agradam as coisas baixas; mas a uma criatura elevada lhe agradam coisas mais elevadas. Há criaturas que gostam de coisas horrendas, e nunca sobem dalí; como aqueles peixes que vivem no fundo do mar, acostumados a viver debaixo de milhões e milhões de litros de água. Se um dia subirem um pouquinho, e diminuir um pouco a pressão da água, explodem.

Há criaturas muito baixas, e lhes agradam as coisas baixas. Mas na medida em que as criaturas se aventuram ‘em outra onda’, então lhes agradam coisas melhores. Uma pomba não pode alegrar-se com o que um abutre se alegra. Um abutre come carniça; uma pomba não pode. E assim, na medida em que as criaturas vão crescendo, agradam-lhes coisas mais elevadas.

Agora, imaginem, que por sobre as criaturas está o Criador. E a Bíblia nos fala do beneplácito do Criador. Ao Criador se agrada com coisas elevadíssimas; não há nada mais elevado que possa ser concebido, nada mais nobre, nada mais digno, nada mais excelente, que aquilo que agrada a Deus.

Agora, muitas criaturas têm desejos disto e daquilo; às vezes o conseguimos e às vezes ficamos frustrados. Mas Deus nunca será frustrado quanto ao seu beneplácito. O seu beneplácito é excelente. O mistério de sua vontade, o que ele se propôs, é «segundo o seu beneplácito». Ou seja, o que lhe traz prazer, o que agrada o seu coração. O que Deus se propôs, ele vai obter.

E o que ele se propôs é o seguinte: «...nos dando a conhecer o mistério de sua vontade, segundo o seu beneplácito, o qual propôs em si mesmo...». O que é o que agrada a Deus? O que é o que traz alegria e satisfação ao coração de Deus? O que são essas coisas que lhe agradam?

Então diz aqui: «...reunir». A palavra em grego é 'anakefaleosastai', recapitular, ou seja, dar a todas as coisas uma cabeça e um sentido. «...reunir em...». Claro que aqui a tradução «reunir em» é simples; a palavra «recapitular» é muito mais rica. Reunir é uma parte da palavra recapitular. Então, diz aqui que o que Deus se propôs é «recapitular todas as coisas...». As coisas têm um sentido; se não, não as teria criado. Por sua vontade existem, não para que sofram; existem para que sejam realizadas. Mas, quando a gente fica sem Deus, as coisas ficam perdidas.

Então, Deus se propôs recapitular, encabeçar tudo, dar sentido a todas as coisas, em Cristo. Ou seja, que Cristo seja o sentido de tudo, que tudo seja para Cristo, que tudo expresse a Cristo, que tudo obedeça a Cristo, que tudo esteja submetido a ele. E quando todas as coisas giram ao redor dele, em função dele, obedecendo a ele, as coisas ficam felizes, porque Deus sabe que além dele não há felicidade.

E em seguida diz mais: «...na dispensação...». A palavra no original grego é economia. Uma economia é um acerto administrativo. É o acerto divino.

Cada presidente quer organizar a economia do seu país a sua maneira, e diz: ‘vamos pôr isto, subir isto para cá, baixar isto para cá. Vamos subir os impostos; vamos baixar uma medida’. E fazemos o país desta maneira, ao estilo comunista, ou ao estilo capitalista. Há várias economias, vários acertos. Mas, aquele que tem um acerto final planejado, definitivo, de todas as coisas, que todas sejam realizadas, sem injustiça, com paz, com equilíbrio, é Deus. E o encarregado é o seu Cristo.

Quando? «...na economia do cumprimento dos tempos». Ou seja, que existe uma sucessão de tempos, uma sucessão de eras, de períodos; mas tudo o que acontece em cada era ou em cada período, acontece em função do que vai acontecer no final.

Como quem disse, para poder ter colheita de trigo ou de milho, primeiro temos que semear; ter depois umas folhinhas verdes, depois as plantinhas têm que crescer, por fim vai sair uma espiguinha. A espiguinha, no princípio, parece um menino sem dentes; não tem senão uns grãozinhos pequenos. Mas, pouco a pouco, o grão vai crescendo, até que a espiga se enche. Quando o grão está maduro, em seguida se mete a foice, porque a ceifa chegou. Quer dizer, todas as etapas se dão em função da colheita final.

Então, a Bíblia fala aqui do «cumprimento dos tempos». Ou seja, os tempos têm um cumprimento, e esse cumprimento, essa razão de ser, para onde vão os tempos, porque passamos pelo período patriarcal, e o mosaico e o josueico, e o dos juízes e o dos profetas, e dos reis e dos escribas e a restauração, e o período intertestamentário e a época dos apóstolos, e os chamados pais da igreja, e a Idade Média, e os pré-reformadores, e a Reforma, e porque depois vieram as denominações e porque depois a visão da igreja.

Para onde vamos? Para onde Deus quer nos levar com tudo isto? À economia do cumprimento dos tempos, na qual todas as coisas serão recapituladas em Cristo Jesus. Então, todo o sentido da história é submeter tudo ao Senhor.

E às vezes, o Senhor dá permissão aos que têm outra proposta. Uma vez, Mao Tse-tung tinha uma proposta. ‘Bem, qual é sua proposta, Mao? Tem tantos anos para que mostre a sua proposta’. E uma quantidade de mortos! Uma quantidade de loucuras! Hitler teve o seu tempo. ‘Nabucodonozor, teve tantos anos. Vejamos, qual é a sua proposta?’. Morreu, e não fez nada de bom. ‘Bem, veja o tempo dos persas. Vejamos, qual é a proposta dos persas?’. E os gregos... Todos tiveram o seu tempo. Subiram, e caíram. Enquanto eles subiam e caíam, Deus está trabalhando com um povozinho escondido, não contado entre as gentes. Primeiro com Israel; depois, com a igreja. Porque no final, o reino será entregue aos santos do Altíssimo! E esse reino permanecerá, e nunca será tirado, nem será entregue a outro povo.

As demais propostas, fora de Deus, sobem e caem; a proposta de Deus se gera no ventre do povo de Deus. O povo de Deus foi escolhido para manter em vigência do propósito de Deus, para que o propósito de Deus avance. Já que aqueles sobem e caem, estorvam, incomodam o povo de Deus, mas eles caem, e o propósito segue.

Deus se propôs uma economia final, em que todas as coisas fossem recapituladas em Cristo, «tanto as que estão nos céus, como as que estão na terra». E o versículo 11 nos diz: «Nele...», ou seja, neste Cristo central, neste Cristo onde tudo se recapitula, «deste modo». E esta palavra me parece muito grande; porque se houvesse dito cinqüenta por cento, ou vinte, ou noventa e nove por cento, mas não... «deste modo». Nele, em Cristo, assim como ele herda a plenitude de tudo.

«Nele, em si mesmo fomos feito herança». A igreja tem um lugar central com Cristo, como co-herdeira de Deus e de todas as coisas. Não é muito alto o lugar que o Senhor deu à igreja? Junto com Cristo, como sua esposa. A Primeira Dama do universo! Não é muito alto? Em Cristo, do mesmo modo; assim como Cristo é o herdeiro, a sua esposa é a co-herdeira.

«Nele, em si mesmo fomos feito herança, tendo sido predestinados conforme o propósito daquele que faz todas as coisas segundo o desígnio da sua vontade». Este capítulo é o capítulo do querer de Deus; este é outro dos mistérios de Deus, o mistério da vontade divina, para ser administrado pela igreja. Porque estas coisas falam do coração de Deus à igreja. Os de fora não sabem. Deus quer que seja de muitos, mas têm que receber o testemunho da igreja, tem que receber ao Senhor.

A graça abunda em perdão de pecados, e superabunda em toda sabedoria e inteligência sobre o mistério da vontade de Deus, sobre o sentido da vida. Esse é o paradigma, o tipo de pensamento que deve nos governar. Só através da Palavra sabemos de onde viemos e para onde vamos.

O mistério da economia divina

Agora saltamos ao capítulo 3 de Efésios, que nos fala de outro mistério, que é conseqüência do anterior. Deus, um ser tão excelente, tem um propósito excelente. E se ele tiver um propósito excelente, ele tem uma estratégia excelente para esse propósito. Um acerto administrativo, uma economia.

Esse acerto administrativo, agora, tem suas etapas, mas vai haver a economia do cumprimento; ou seja, nós devemos trabalhar agora em função do cumprimento final. O que não fazemos assim, com transcendência, é tempo perdido. Cada coisa, por menor que se faça, deve ser feita com sentido de transcendência, na função de colaborar com o Espírito de Deus, para aquilo que Deus está fazendo.

O que Deus está fazendo é o que nós devemos estar fazendo com ele. Outros estão fazendo outra coisa; mas seus amados, seus escolhidos, devem estar nisto. Então, também devemos conhecer o outro capítulo. Se conhecermos a Deus e o que ele quer, agora devemos conhecer como chegar aí, como colaborar com Deus.

O capítulo 1 de Efésios nos falou do propósito; o capítulo 2 de Efésios nos fala da provisão em Cristo para esse propósito. Primeiro nos falou do que Deus quer, e logo depois de como toda a plenitude do Pai está no Filho, e o Filho está no corpo, e como nos deu vida estando mortos, ressuscitou-nos com ele, assentando-nos nos lugares celestiais, fez-nos um só corpo. E agora, então, no capítulo 2, da provisão, continua com o 3 – a provisão é para a estratégia, para o objetivo.

Para que fomos ressuscitados e assentados com Cristo nos lugares celestiais? Para edificar-lhe uma casa para a sua plenitude; para que a sua plenitude, que passou dele para Cristo, passe agora de Cristo para a igreja. Então há o mistério da economia divina e o mistério de Cristo. A Palavra nos fala da economia divina e nos fala de Cristo. O mistério do Pai vemos em Colossenses, é Cristo; e aqui em Efésios vemos que o mistério de Cristo é a igreja. A circulação do dispensar-se de Deus, do Pai ao Filho, do Pai e o Filho ao Espírito, e do Pai ao Filho e ao Espírito, à igreja, a qual é o seu corpo, a plenitude daquele que tudo enche em todos. Por meio do Espírito e a igreja, este Deus encher tudo, isso vai acontecer.

Então, no capítulo 3, nos versos 7, 8 e 9 nos fala do mistério da economia que vimos com antecedência. Diz o verso 7: «(o evangelho), do qual eu fui feito ministro pelo dom da graça de Deus que me foi dado segundo a operação do seu poder. A mim, que sou menos que o menor de todos os santos, foi dada esta graça de anunciar entre os gentios o evangelho das inescrutáveis riquezas de Cristo,».

Já depois dessa frase –inescrutáveis riquezas de Cristo– era para pôr um ponto final; mas Paulo só põe uma vírgula. Inescrutáveis riquezas de Cristo, e algo mais. O que é o outro, depois disso? «...e de esclarecer a todos...». Além de pregar o evangelho, tem que esclarecer algo mais? Sim, porque o evangelho é o meio para recuperar as pessoas. Mas, para que recuperar?

«...esclarecer a todos qual seja a dispensação (a economia) do mistério escondido dos séculos em Deus que criou todas as coisas; para que a multiforme sabedoria de Deus seja agora dada a conhecer por meio da igreja aos principados e potestades nos lugares celestiais, conforme o propósito eterno que fez em Cristo Jesus nosso Senhor...». E ainda não lhe põe o ponto, segue com vírgulas e vírgulas.

Então, Paulo diz: «...esclarecer ... qual seja a economia do mistério». Você pode notar? Ou seja, que a economia do mistério é o mistério da economia divina. Isso tem que ser esclarecido à igreja. Temos que saber não só como ser salvos, mas também para que fomos salvos, qual é o objetivo final da salvação, e como Deus conduzirá a esse objetivo, e qual será a maneira mais prática de colaborar com Deus para o objetivo, para sermos eficazes e para não perder o tempo. Então, aí está o mistério da economia divina.

Agora, se houver uma economia, há um economista, um encarregado principal, e esse encarregado principal é o Senhor Jesus. Então, agora passamos ao seguinte capítulo; mas o seguinte, brota deste. O mistério de Deus se torna os mistérios de Deus, e do ser de Deus passa ao querer de Deus, e dali à estratégia de Deus, e da estratégia de Deus ao estrategista de Deus.

O mistério da piedade

«E indiscutivelmente, grande é o mistério da piedade: Deus foi manifestado em carne, justificado em Espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, recebido acima em glória» (1ª Timóteo 3:16). Esta é a passagem do estrategista; até aqui era a estratégia e o propósito.

Qual é o mistério da piedade? O mistério da piedade é o capítulo seguinte dos mistérios de Deus. Piedade significa semelhança a Deus. Onde está a semelhança de Deus? Onde podemos ver a Deus? No Filho. Então, o mistério da piedade tem os seus sub-capítulos. Primeira parte: «...manifestado em carne». A encarnação. «...justificado no Espírito, visto dos anjos». Esse é o espetáculo. O primeiro espetáculo era a Trindade; o segundo, a encarnação, e depois a edificação da igreja. Mas, todos formam um grande drama, de eternidade a eternidade – o conselho de Deus.

«...visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, recebido acima em gloria». No princípio, pensava que este canto da igreja primitiva estava um pouco desordenado, porque se eu tivesse escrito este canto –e Deus me perdoe–, teria posto «recebido acima em glória» antes que «pregado aos gentios». Porque, depois que ressuscitou, ele ascendeu. Então, «recebido acima em glória», e depois que derramou o Espírito Santo, aí sim que foi pregado ao mundo inteiro. «...pregado aos gentios», e depois, «crido no mundo». Mas aqui diz «recebido acima em glória» depois.

O Espírito Santo não se equivocou; quem se equivocou fui eu. Porque este «recebido acima em glória» inclui o corpo; não só a Cabeça. Quando ele ascendeu, depois de ressuscitar, subiu para interceder, para nos abrir lugar. O mistério de Cristo inclui Cristo e a igreja; portanto, o «recebido acima em glória» tem que ser completado pela igreja. «vou preparar lugar, e se eu for e lhes preparar lugar, virei outra vez, e vos tomarei para mim mesmo, para que onde eu estiver, estejais vós também». Por isso, «recebido acima em glória» está no final. Então, esta é a ordem correta.

Ele subiu para nos ascender. Primeiro ele; mas, agora, nos alimentamos dele; ele vai se formando em nós, e o que é dele vai se reproduzindo em nós até que, quando ele subir, nós também subamos, inclusive fisicamente, porque em espírito já estamos  em cima. Nosso espírito está em cima, mas a vida que agora vivo na carne tenho que vivê-la na fé do Filho de Deus.

Então, o mistério da piedade tem haver com quem Cristo é. A encarnação; a sua ressurreição, porque diz que foi justificado em Espírito, e em Romanos diz que Deus declarou a Cristo, Filho, por meio da ressurreição. Ou seja, que a ressurreição de Jesus foi a maneira em que Deus declarou: «Este era meu Filho, que estava comigo. Ele é meu Filho, e o sacrifício que ele fez por vocês, eu o aceitei. E por isso, depois que morreu, ressuscitou, e está vivo». Então, sabemos que ele é. Todos outros estão mortos; não eram. Mas ele está vivo; ele sim é.

O mistério do evangelho

Agora, o evangelho, o mistério da piedade, centra-se principalmente no Senhor, na pessoa e na obra do Senhor. Então, a este capítulo, a este mistério da piedade, segue-lhe outro mistério, que está em Efésios capítulo 6, a outra florzinha do ramalhete de mistérios de Deus a ser administrados na igreja e à partir da igreja.

«...a fim de que ao abrir da minha boca me seja dada a palavra com confiança, para fazer notório o mistério do evangelho» (Efésios 6:19). Intimamente relacionado com o mistério da piedade, está o mistério do evangelho. O mistério do evangelho nos fala da obra central de Cristo. O mistério da piedade nos fala fundamentalmente da pessoa de Cristo; mas o mistério do evangelho nos fala do que esta pessoa fez por nós na cruz e na ressurreição.

O evangelho começa pela pessoa, e segue pela morte e ressurreição. Esse é o evangelho. Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras; foi sepultado e ressuscitou. Ou seja, que o capítulo seguinte ao mistério da piedade é o mistério do evangelho.

O mistério da fé

E o seguinte está em 1ª Timóteo: «Os diáconos deste modo devem ser honestos, sem dobres, não dado a muito vinho, não ambiciosos de lucros desonestos; que guardem o mistério da fé com uma consciência pura» (3:8-9). Se houver o mistério do evangelho, o mistério seguinte é o da fé. Porque a fé vem pelo ouvir o evangelho; e pela fé nos apropriamos do que o evangelho anuncia.

Se Cristo é anunciado, mas não é crido, não é aproveitado. Mas, se Cristo veio e é anunciado, agora é aproveitado. Por isso, primeiro era a festa da páscoa, dos ázimos, das primícias, a ressurreição, a do Pentecostes, a do Espírito. «Ficai em Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder» (Luc. 24:49).

Bom, o Espírito Santo já veio. Agora, o que temos que fazer? «... e ser-me-eis testemunhas em Jerusalém, em toda Judéia, em Samaria, e até os confins da terra». Ou seja, depois do Pentecostes, vêm as trombetas, os trombeteiros que anunciam. E depois vem a expiação. A expiação; mas, e a páscoa? É que a páscoa foi sacrificada lá no átrio; mas o sangue tem que ser introduzido.

Há muitas pessoas às quais são anunciados o sangue, mas não o introduzem com a fé na presença de Deus; não vêm diante de Deus através do sangue. O Senhor, depois que derramou o Espírito Santo, continuou intercedendo por nós em apóio ao seu sacrifício. Então, a festa da expiação nos mostra o aspecto de Cristo como advogado, como o sumo sacerdote que está à mão direita do Pai intercedendo por nós. E diz em Hebreus: «O ponto principal do que estamos dizendo é que temos tal sumo sacerdote, que transpassou os céus. Ele é a propiciação pelos nossos pecados».

«Filhinhos ... vos escrevo para que não pequeis, e se alguém tiver pecado, temos um advogado...» (1a João 2:1). Ou seja, aquele que morreu na cruz agora é um advogado à mão direita do Pai, em apóio ao seu sacrifício, e o valor do seu sacrifício é permanentemente aplicado, porque ele intercede em apóio à vigência do seu sacrifício. E por isso aparece de novo a expiação; por isso, diz: «...temos um advogado para com o Pai, a Jesus Cristo o justo, e ele é a propiciação –ou seja, a expiação– por nossos pecados; e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo» (1a João 2:1-2).

O Senhor intercede por todos, para que os perdidos se salvem, e os salvos se levantem de novo. «Olha, Simão, eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça». «Eu tenho rogado por ti». É um aspecto fundamental. De cada aspecto da vida de Cristo recebemos benefícios. Pelo que fez na cruz, na ressurreição, na ascensão, na intercessão; todos são benefícios. Mas tudo isso só é recebido pela fé.

O mistério de Cristo, a igreja

Agora sim, quando há fé, podemos passar para o mistério seguinte: o mistério de Cristo, a igreja. Porque, se não houverem salvos, não há igreja. Se houver evangelho, mas não há quem creia, não há igreja. Mas, se houverem salvos, agora sim há igreja. Então, a Bíblia fala do mistério de Cristo, a igreja.

E junto com esse mistério, ele pôs um mistério subsidiário, tipológico: o mistério do matrimônio. E ele mistura os dois mistérios, e começa a falar do matrimônio, mas apoiado no mistério de Cristo. O que ele faz ao falar do matrimônio é falar do mistério de Cristo. «Grande é este mistério; mas eu digo isto com respeito a Cristo e a igreja». O mistério do matrimônio é um mistério subsidiário, explicativo do mistério de Cristo e a igreja – o mistério do corpo de Cristo.

Paulo, em Efésios 3, fala do mistério de Cristo. Qual é? Que os gentios são co-herdeiros e membros do mesmo corpo, por meio do evangelho. O evangelho é o meio para que exista o corpo, no qual não só participam os judeus crentes, mas também os gentios. Então, qual é o mistério de Cristo? O corpo de Cristo, a igreja.

A igreja é outro dos mistérios de Deus, o mistério de Cristo. O mistério de Deus é Cristo, mas o mistério de Cristo é a igreja. Passando por todos esses mistérios intermediários, relacionados, consecutivos, e agora, quando se fala da igreja, parece que podemos ficar por lá, falando da igreja no céu, no propósito de Deus. Muito bonito, mas o Senhor põe à igreja com os pés na terra.

O mistério das igrejas locais

E depois que falou do mistério de Cristo, a igreja, agora diz: «O mistério das sete estrelas que estão em minha mão direita e dos sete castiçais de ouro, entre os quais se move o Filho do Homem». Apocalipse 1:20 fala do mistério dos sete anjos e das sete igrejas, da igreja em cada localidade, a vida prática da igreja. Não algo somente místico, mas prático e cotidiano. Vemos como vai se encarnando, como Deus vai se dispensando; e na medida em que ele se dispensa, aparece a igreja em cada lugar: Em Éfeso, em Pérgamo, em Esmirna, em Tiatira, etc. Em Temuco, que maravilha!

O dispensar divino –Deus saindo para o Filho, e o Pai e o Filho saindo pelo Espírito ao espírito dos irmãos–, para regenerá-los e introduzi-los primeiro na igreja, e também no reino.

Os mistérios do reino de Deus

Porque depois do mistério de Cristo e a igreja, e do mistério da sabedoria oculta predestinada para a glória da igreja, o Senhor Jesus predestinou para a glória da igreja, para os de dentro, e disse em Mateus 13: «a vós é dado conhecer os mistérios do reino de Deus; mas aos que estão fora, só por parábolas». Os de fora se enredam nas parábolas, e não as entendem; mas os de dentro, atrás do véu, entendem o sentido do reino dos céus.

Mateus fala dos mistérios do reino dos céus; Lucas, dos mistérios do reino de Deus; Marcos, do mistério do reino de Deus. Cada um dos três evangelistas o diz de maneira diferente, mas os três foram inspirados pelo mesmo Espírito Santo. Não há contradição entre eles. Porque os mistérios do reino dos céus de que fala Mateus são uma parte dos mistérios de Deus.

Os mistérios de Deus são mais que os mistérios do reino dos céus; mas os mistérios do reino dos céus são alguns dos mistérios de Deus. E os mistérios de Deus, todos juntos, são partes do mistério do reino de Deus. Só que Mateus apresenta a parte por cima, unida, e Lucas apresenta a parte por baixo, em suas partes. Mas, entre as partes dos mistérios do reino de Deus, algumas, não todas, correspondem aos mistérios do reino dos céus.

Para ver essa diferença, vejamos Mateus capítulo 21. Mateus é o único que faz menção aos mistérios do reino dos céus. Mas olhe o que diz Mateus 21:43: «portanto vos digo, que o reino de Deus será tirado de vós, e será dado a pessoas que produza os frutos dele». Tantas vezes que se refere Mateus ao reino dos céus, mas aqui não diz o reino dos céus, e sim o reino de Deus.

Então, quando dizemos no singular, como Marcos, «o reino de Deus», este abrange de eternidade a eternidade, porque o reino é desde sempre. Há muitos versículos nos Salmos, em Daniel, em muitas outras partes que nos falam do reino de Deus e que Deus é o rei eterno. Então, quando a expressão é singular, «o reino de Deus», vai de eternidade a eternidade. Mas, entre eternidade e eternidade, há etapas.

No jardim do Éden, as coisas eram de uma maneira; mas depois da queda já começou a consciência para funcionar diferente; depois do dilúvio, veio o governo humano, aquele pacto com Noé, a pena de morte, comer carne, e outras coisas. Depois veio Abraão, e depois Moisés. Todos esses eram capítulos do reino de Deus, porque Deus está reinando em todas essas etapas.

Então, o que Deus fazia com Israel, era uma parte do reino de Deus. Mas em seguida vem João Batista, bem antes disto, e diz: «O reino dos céus tem se aproximado». Ou seja, que o reino de Deus já estava. Os capítulos do reino de Deus estavam com Israel; mas o reino dos céus, que é outra parte do reino de Deus, mas não a mesma de Israel, estava por vir. Então, eles tinham o reino de Deus, mas foi tirado deles, para ser dado a outros.

Mas vem João, nesse ínterim, para anunciar que o reino dos céus está próximo, e vem o Senhor Jesus e diz: «O reino de Deus está entre vós». Ou seja, o Senhor Jesus introduziu o reino dos céus. O reino dos céus é um capítulo do reino de Deus. O reino de Deus abrange de eternidade a eternidade, tem várias partes, e uma delas é o reino dos céus; melhor, duas partes, é o reino dos céus.

Em seguida o Senhor começa a explicar e a dizer: «O reino dos céus é semelhante a...». E nós pensamos que é às nuvens, os anjinhos com harpa e nós voando. Mas ele diz: «Não, não, não. O reino dos céus é como um semeador que saiu a semear, e havia boa terra...». É na terra, não nas nuvens. E em seguida diz: «O reino dos céus é semelhante a um homem que semeou trigo, e veio o inimigo enquanto dormia, e semeou joio, e em seguida cresceram o joio e o trigo juntos...».

Isso é o reino dos céus. O reino dos céus será semelhante à parábola do semeador. É a história da igreja. A parábola do trigo e o joio é durante a história da igreja e à vinda de Cristo, para começar o milênio. «O reino dos céus é semelhante a aquele que semeou uma semente pequena de mostarda e cresceu, e em seguida vieram as aves». Tudo isso é durante a história da igreja. «O reino dos céus é semelhante a uma grande rede que é lançada no mar e recolhe toda espécie de peixes». Não aparecem nuvens por aqui, nem anjinhos, nem harpas; mas redes e peixes no mar. Esse é o reino dos céus.

Todas as parábolas do reino dos céus se referem à história da igreja, à vinda de Cristo e ao reino de Cristo em sua segunda vinda, ou seja, no milênio. Ou seja, que o reino dos céus tem duas partes: a primeira parte na história da igreja é a vinda do Semeador; e a segunda vinda e o milênio. O reino de Deus tem vários capítulos; por isso Lucas fala dos mistérios do reino de Deus. Mas, dentro dos mistérios do reino de Deus, uma parte deles –os que têm que haver com a história da igreja e o milênio–, são os mistérios do reino dos céus.

O mistério de Israel

Israel tinha parte no reino de Deus, mas foi tirado e foi passado a outras gentes. Depois, diz Romanos, quando tiver entrado a plenitude dos gentios, quando Deus tiver tomado um povo dentre os gentios, Deus tornará a reinserir na oliveira a Israel, e tornará a trabalhar com Israel, e Israel receberá o Messias. Então, depois dos mistérios do reino de Deus, vem o mistério de Israel.

Paulo falou muito da igreja. Mas, falando de Cristo e a igreja, o apóstolo nos diz: «Amados, não quero que ignoreis este mistério, para que não sejais arrogantes quanto a vós mesmos. A Israel aconteceu endurecimento em parte. E não é para sempre, até que tenha entrado a plenitude dos gentios, e em seguida, todo o Israel –não todo israelita, Israel é a nação– será salvo». E fala do plano de Deus para com Israel, e Paulo, pelo Espírito Santo, não quer que a igreja ignore o mistério de Israel.

Não vamos nos fazer judaizantes, nem estudar o Torá, nem acender velinhas, pormos  kipá ou rezar em hebraico. Não estou falando dessas coisas. Mas Romanos 11 e toda a quantidade de capítulos que há em Isaías, em Jeremias, em Ezequiel, em Daniel, em Zacarias, etc., está falando do mistério de Israel. Agora, quando recuperaram a sua terra, quando se tornou realidade o retorno a Israel, a igreja não deve ignorar isto. «Não quero que ignoreis este mistério». Não é o único, não é o centro; mas é um deles.

O mistério das nações

Naquele ramalhete que são os mistérios de Deus, um deles é o mistério de Israel. E também se complementa com o mistério das nações, que aparece no sonho de Nabucodonozor. Deus é quem revelou esses mistérios da estátua com a cabeça de ouro, peito de prata, ventre de bronze, pernas de ferro, pés de ferro misturado com barro. E isso é a história da humanidade.

O que tem que acontecer nos últimos dias, são também mistérios de Deus relativos às nações. Há mistérios relativos à igreja e ao reino, como há relativos a Deus e a Cristo. E o lado negativo, também: o mistério da iniqüidade, o mistério da Babilônia, o mistério da mulher e da besta que a traz e que tem as sete cabeças e dez chifres.

O mistério da última trombeta

E, por último, o mistério da última trombeta. «Nem todos dormiremos, mas todos –não alguns, mas todos os verdadeiros filhos de Deus– seremos transformados em um momento, em um abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta. Esse é o tempo de dar o galardão aos seus servos os profetas, diz aí na última, a sétima. Isso abrange o começo da conclusão, a vinda do Senhor e o estabelecimento do milênio. O trono branco, o juízo das nações, o milênio. Em seguida, aquela rebelião, o juízo final, novo céu e nova terra, a nova Jerusalém.

Quando você lê o mistério da última trombeta, em Apocalipse, vê que a trombeta abrange até a eternidade, porque nela se consuma o mistério. A sétima trombeta inclui as sete taças, a ira das nações, o Armagedom, os juízos e a eternidade, porque nela se consuma o mistério de Deus.

Síntese de uma mensagem ministrada em Temuco, em agosto de 2008.

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