ÁGUAS VIVAS
Para a proclamação do Evangelho e a edificação do Corpo de Cristo
Os vencedores e a herança (3)
Como Deus cumprirá o seu propósito de levar muitos filhos à glória.
Rodrigo Abarca
“Aquele que vencer herdará todas as coisas, e eu serei o seu Deus, e ele será o meu filho” (Ap. 21:7).
Os que vão à batalha
Por isso temos aquele censo.
Voltemos para Apocalipse 7:1: «depois disto vi quatro anjos em pé sobre os quatro cantos da terra, que detinham os quatro ventos da terra, para que não soprasse vento algum sobre a terra, nem sobre o mar, nem sobre nenhuma árvore. Vi também a outro anjo que subia de onde sai o sol, e tinha o selo do Deus vivo; e clamou com grande voz aos quatro anjos, a quem fora dado poder de fazer dano a terra e ao mar, dizendo: Não façam dano à terra, nem ao mar, nem às árvores, até que tenhamos selado em sua testa os servos do nosso Deus. E ouvi o número dos selados…».
Lembrem que é possível saber o número dos que vão à batalha: «E ouvi o número dos selados, cento e quarenta e quatro mil selados de todas as tribos dos filhos de Israel». Note o sentido do livro. O Cordeiro tomou o livro em suas mãos, abriu os selos, o panorama da história está aberto, as dificuldades são enormes, e então chama os que terão que vencer, os que terão que entrar na terra e possuí-la. Vale dizer, aqueles que terão que possuir a Cristo em plenitude, não só para eles, mas também para todos os que estão com eles. Lembrem, só os de vinte anos para cima tomavam a terra; mas todos herdavam: os meninos, as mulheres e os que foram para a guerra.
Irmãos amados, vivemos em um tempo de ruína espiritual. Quando olhamos a cristandade ao nosso redor, não podemos senão lamentar e nos entristecer pelo quadro que se apresenta diante dos nossos olhos. Quando você olha ao redor, não se sente triste quando vê a infantilidade, a infância doentia e persistente de tantos filhos de Deus, que sempre permanecem girando em torno de coisas que são elementares, no ABC da vida cristã, e nunca crescem e amadurecem?
Como Deus poderia cumprir os seus propósitos? Como o Cordeiro de Deus poderia, através deles e em união com eles, desenvolver os pensamentos eternos de seu Pai, se não são capazes de crer nele, de lhe obedecer e lhe seguir por qualquer lugar que ele vá? Se não conhecerem a graça, e mais ainda, por não conhecê-la nem sequer responde aos apelos da graça, como o Senhor poderá cumprir o seu propósito com essas pequenas crianças? Israel poderia, se tivesse sido uma nação só de crianças, entrar na posse da terra?
Pois, essa é a tragédia da igreja ao longo dos séculos. E então, o que Deus faz? Bendito seja o seu nome! Ele não pode ser derrotado; os seus planos vão se cumprir cabalmente. Então, o Senhor chama, seleciona aqueles que podem liberar para a batalha, e junto com ele, entrar na posse plena de todas as coisas que Deus preparou para nós em Cristo. O resultado é que a igreja herda todas as coisas.
Este é o princípio envolvido aqui. Por isso, são selados. Como no Antigo Testamento, são selados por tribos. Só que há uma coisa interessante na maneira em que se descrevem as tribos. Talvez você se recorde que a tribo número um era a de Ruben, o primogênito de Jacó. Mas, como em Apocalipse o sentido é espiritual, não aparece em primeiro lugar a tribo de Ruben, mas a de Judá, já que o grande vencedor é Cristo, e ele é o Leão da tribo de Judá. De modo que Judá está em primeiro lugar, pois Cristo tem a preeminência em tudo como primogênito do Pai.
Outra coisa interessante é que não aparece a tribo de Efraim, e em seu lugar aparecem a de Manasses e a de José. O versículo 6 nos diz: «Da tribo de Manasses, doze mil selados»; e o 8,»Da tribo de José, doze mil selados». Os que conhecem um pouco de história bíblica no Antigo Testamento vão poder notar que aqui há algo estranho. O que é?
A tribo de José não era nomeada no Antigo Testamento como tribo; não se contabilizava no número das doze tribos, porque foi dividida em duas tribos: a meia tribo de Efraim e a meia tribo de Manasses. Por isso, quando se contabilizava o número dos filhos de Israel por tribos, não dizia «a tribo de José», mas «a tribo de Efraim e a tribo de Manasses».
No entanto, aqui aparece algo estranho, porque diz «a tribo de Manasses», e em seguida diz «a tribo de José». Por que aparece a tribo de José nesta conta? Porque, lembrem, esta não é a linhagem de Israel segundo a carne; é a linhagem do Israel espiritual. E nesta linhagem, o primogênito não é Ruben, mas Judá; porque Cristo é o Leão da tribo de Judá. E no Israel espiritual, não se contabiliza Efraim, mas José; porque José é o tipo mais perfeito de Cristo do Antigo Testamento.
Além disso, não se contabiliza Efraim, porque a tribo de Efraim foi desprezada por Deus. Você se lembra disto? Deus lhe deu carta de divórcio, repudiou-a e deixou de ser sua esposa, por causa dos seus pecados. Efraim era Samaria. A partir de então, não foi contabilizada espiritualmente, porque eles fornicaram, e se separaram de Deus e seguiram deuses estranhos. Mas aqui estão os que se mantêm, os vencedores, os que seguem o Cordeiro por qualquer lugar que vá.
E outra coisa interessante. Na conta das tribos que deveriam sair para a guerra no livro de Números, não se contabilizou a tribo de Levi, porque é a tribo sacerdotal, e os sacerdotes não deviam sair para a guerra. Eles deviam levar a arca, orar, cantar e louvar enquanto os seus irmãos lutavam. No entanto, aqui também a tribo de Levi é contada, porque este é o Israel de Deus, e no Novo Testamento não há uma só tribo sacerdotal, mas todos nós somos um reino de sacerdotes.
Desta maneira, temos os princípios que envolvem a conta. São selados doze mil, mais doze mil, mais doze mil, até constituir cento e quarenta e quatro mil. O que representa esse número? Doze é o número do povo de Deus. Doze tribos de Israel; doze apóstolos do Cordeiro. E na nova Jerusalém, doze portas, com os nomes das doze tribos de Israel e doze alicerces com os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro.
Doze é o número do povo de Deus completo. Mas, como eles vão sair para a batalha em lugar dos seus irmãos e a favor dos seus irmãos, então, representam a totalidade do povo de Deus na batalha. Nem todos vão à guerra, mas os benefícios da batalha são recebidos por todos, até os que não saíram para a guerra. Do que este fato nos fala? De que a igreja, por meio deles, chega a possuir a plenitude de Cristo, a terra prometida.
Os elementos da maturidade
Assim também, Efésios 4:13 expressa o propósito final de Deus conosco: «…até que todos cheguemos…». Quem tem que chegar? Todos os filhos. Todos os meninos de Deus têm que chegar a ser filhos maduros de Deus. E isto significa em primeiro lugar, «…até que todos cheguemos à unidade da fé». Por que há tanta divisão na igreja? Porque somos meninos imaturos; a divisão é sinal de imaturidade. Mas, o dia em que chegarmos à maturidade, teremos chegado à unidade da fé.
Em seguida, «…e do conhecimento do Filho de Deus». O conhecimento do Filho de Deus, em grego é epignosis, e deve ser traduzido como o conhecimento pleno do Filho de Deus. Não é um conhecimento parcial, não é o conhecimento que você obtém no dia da salvação. Mas aqui falamos da plena posse de Cristo por parte da igreja. Em seguida, «…a um varão perfeito». No grego, significa literalmente «a um varão maduro»; isto é, que alcançou a maturidade.
Finalmente, «…à medida da estatura da plenitude de Cristo». Você tem visto quando os seus filhos pequenos fazem marcas nas portas ou nas paredes, para ver o quanto cresceram? Vão deixando uma marquinha: Um metro e vinte, um metro e trinta. Neste sentido, Cristo é a medida completa e perfeita. Então, a marca dele está aqui: Um metro e noventa. E a igreja está em um metro e dez. O que a igreja tem que fazer? Crescer até chegar a um metro e noventa de Cristo.
A estatura completa de Cristo, «…à medida da estatura». Isto é o que Paulo tem em mente. Até que esse menino pequeno chegue a ser do mesmo tamanho de Cristo. Temos que ir até lá. É obvio que não se refere a crescimento físico, mas a crescimento espiritual. Até que cheguemos a ter «a medida da estatura da plenitude de Cristo». Ou, em palavras do Antigo Testamento, até que possuamos toda a terra.
E o versículo 14, para que não fique nenhuma dúvida do que Paulo está falando, diz-nos: «…para que já não sejamos meninos». Meninos imaturos, pequenos, carnais e flutuantes, que mudam de propósito cada dia, e não são capazes de seguir um propósito de maneira constante, definida e persistente. Essa é a natureza dos meninos.
É claro que, em um sentido, a Escritura diz que nós devemos ser como meninos para entrar no reino dos céus. Mas se refere à inocência dos meninos, a sua capacidade de crer e confiar. Não se refere à imaturidade. No entanto, em um sentido diferente, Paulo diz em Coríntios: «Vocês são meninos. Devia vos falar como a espirituais, mas tenho que vos falar como a carnais, como a meninos em Cristo». E aí, a palavra menino não é um elogio, mas uma repreensão.
Como Deus pode confiar os seus planos, os seus propósitos, os seus pensamentos, aos meninos? Não serviria de nada, não é verdade? O que estamos dizendo é que a infância significa carnalidade; porque os meninos são basicamente egocêntricos. Só pensam em si mesmos e não são capazes de ficar no lugar de outros; não são capazes de se restringir e se negar. Quantos de nós não somos assim com o Senhor?
Irmãos amados, temos um Pai que nos ama, que nos dá tudo o que necessitamos. Mas ele espera que um dia possamos falar com ele como adultos, e ele possa nos confiar os desejos do seu coração. Porque assim era o nosso Senhor Jesus Cristo. O Pai lhe dizia: «Filho, eu tenho um propósito em meu coração; o maior de todos; o desejo que arde em meu coração da própria eternidade: Eu quero ter muitos filhos na glória». O Pai falou com o Filho do desejo do seu coração – Estou, é obvio, expressando-o em uma linguagem humana.
E, o que o Filho fez? Aquele Filho maduro de Deus, o nosso Senhor Jesus Cristo? «O que eu posso fazer para te ajudar, Pai?». E o Pai respondeu: «O que tenho que te pedir, Filho, não lhe posso impor; só se você quiser, só se amar o que eu amo. Não é uma obrigação; em qualquer momento você pode se arrepender, e eu não direi nada».
E, então, o que o Filho respondeu? «Fazer a tua vontade é o meu prazer, Pai; o cumprir os desejos do teu coração, é a única coisa que eu quero». Então, o Pai lhe falou do seu propósito eterno, e como ele deveria entrar no mundo, fazer-se homem e humilhar-se a si mesmo. E como ele deveria ser aborrecido pelos homens e desprezado por todos; e como ia perder toda a sua dignidade divina, e como tudo o que ele sempre teve lhe seria tirado. E o mais terrível de tudo é que, no momento mais difícil, o Pai teria que abandoná-lo.
«Quando chegar a hora suprema, Filho, a hora mais dolorosa e mais escura, eu não poderei estar do seu lado para te confortar». E o que o Filho de Deus respondeu? «Eu te amo, Pai, e vou fazê-lo». E ele fez. Essa classe de filhos é a que o Pai está procurando; esses são os filhos dos quais diz Apocalipse: «aquele que vencer herdará todas as coisas, e eu serei o seu Pai e ele será o meu filho». Por que vocês crêem que o Pai disse um dia: «Este é o meu Filho amado»? Porque o Senhor Jesus sempre fez o que o Pai quis.
Que tipo de filhos nós somos para Deus? Somos estes filhos que estão dispostos a ir para a batalha, a tomar as armas de guerra, com tudo o que isso possa significar para nós? Eu nunca estive em uma batalha, mas imagino que deve ser uma experiência aterradora. Todo soldado que entra na batalha sabe que é possível que não retorne. Só servem para a batalha aqueles que sabem que a sua vida está perdida antes de entrar na batalha. Só estes têm a possibilidade de vencer na batalha.
É certo que o Senhor provê todas as nossas necessidades. Bendito seja ele por isso. Todos nós gostamos do amor do Senhor; todos nós gostamos da sua proteção; todos somos filhos na casa do Pai. Ele não ama mais a seus filhos maduros do que os seus pequenos. No entanto, com alguns ele conta, e com outros não pode contar.
Um dia, ele tinha apenas um Filho, e com esse Filho pôde contar até o último. Agora o Senhor Jesus está edificando a sua igreja; mas, para acabar de edificar a sua igreja, ele deseja e necessita que colaboremos com ele. E para isso requer esta classe de filhos, aqueles que são maiores de vinte anos, e que podem entrar na batalha.
Não se engane, irmão amado. Sabe quem enfrentaremos? Já sabemos; a batalha não é contra carne nem sangue. A posse plena de Cristo vai ocorrer enfrentando um adversário. E me deixe lhe dizer que o adversário tem armas, capacidades e habilidades que você nem suspeita. E o pior de tudo, jamais descansa. Nunca relaxa; nunca se dá por vencido.
Você já viu como foi a vida do Senhor Jesus Cristo. Não uma vez; muitas vezes, intermináveis vezes, o adversário voltou para tentar fazê-lo tropeçar. Você o vê ao longo de toda a sua vida, quantas vezes o diabo insistiu, tratando de destruir o Senhor, e quando não conseguiu apartá-lo da vontade do Pai, então decidiu assassiná-lo sobre uma cruz.
Esse é o nosso adversário; mas me deixe lhe dizer que Aquele que está em você já venceu. Um dia, Ele esteve sozinho para enfrentar a morte e a escuridão, e o Pai tinha que afastar-se, porque era a única maneira que ele poderia realmente nos redimir. Ele devia suportar a ira de Deus até o último, e o extremo dessa ira de Deus era ficar totalmente abandonado por Deus. Assim ele padeceu; mas nós nunca mais teremos que estar assim. Ele esteve sozinho na cruz, para que você e eu nunca mais tenhamos que estar sozinhos. Só ele teve que receber esse castigo.
Você irá para a batalha, e enfrentará a batalha, mas nunca estará sozinho; ele sempre estará conosco. E porque ele está conosco, sempre seremos mais que vencedores. Aquele que venceu, que esmagou a cabeça da serpente, que despojou a todos os principados e potestades, que os derrotou completamente na cruz, habita em nós, e por isso, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Mas você tem que entrar na batalha. A batalha é possuir a Cristo, e quem se opõe a isso é o diabo.
A obra dos vencedores
No capítulo 14 de Apocalipse vemos os vencedores, os mesmos selecionados no capítulo 7, e que passam através de todas as dificuldades e adversários. Combatem a batalha. Tem passado através da água e do fogo, e emergiram finalmente para a vitória e para a abundância. Enfrentaram ao diabo, à besta e ao falso profeta, a marca da besta e o número do seu nome, e venceram. E estão de pé sobre o monte de Sião, o monte da vitória, junto com o Cordeiro, porque é em união com ele e seguindo a ele, que venceram.
Por isso diz: «Depois olhei, e eis que o Cordeiro estava em pé sobre o monte de Sião, e com ele cento e quarenta e quatro mil, que tinham o nome dele e o de seu Pai escrito na testa. E ouvi uma voz do céu como estrondo de muitas águas, e como o som de um grande trovão; e a voz que ouvi era como de harpistas que tocavam as suas harpas. E cantavam um cântico novo diante do trono…».
O que é um cântico novo? Na Escritura, é um canto que surge de uma experiência por qual você passou; através da aflição, da tribulação, e aquele momento em que lhe pareceu que tudo estava perdido, mas, o Senhor interveio poderosamente, deu-lhe vitória, e você aprendeu algo que antes não sabia. Então começou a cantar um cântico que antes não podia cantar. Isto é um cântico novo.
É verdade, irmãos amados, que o fruto desses cento e quarenta e quatro mil, que combatem as batalhas e emergem em vitória, redunda finalmente em benefício de todos os filhos de Deus, até daqueles que não foram para a batalha. De fato, não batalham para si mesmos. Assim como Cristo não deu a sua vida por si mesmo, mas por nós, o chamado deles não é para fazer algo para si mesmos, mas em benefício de todos. Paulo diz: «meus filhinhos, por quem torno a sofrer dores de parto, até que Cristo seja formado em vós». Os padecimentos que Paulo descreve, não são para ele, são por causa da igreja.
Então, aqui temos este cântico novo que representa este princípio de representação. É certo que todos herdam, mas só uns poucos cantam o cântico. Ainda que todos entrem finalmente no reino eterno de Deus, e herdem com Cristo, há algo de supremo valor que você não terá se não tiver seguido o Cordeiro com fidelidade. Eu não sei o que é, mas estou seguro que se trata de algo de supremo valor que só se pode aprender seguindo ao Cordeiro por qualquer lugar que ele vá. Por este motivo, aqui nos mostra que só eles cantam, e que ninguém mais pode fazê-lo.
A continuação nos diz que, além disso, são primícias: «Estes foram redimidos dentre os homens como primícias para Deus e para o Cordeiro» O que são as primícias? No Antigo Testamento, quando se aproximava o tempo da colheita, o sacerdote devia sair aos campos e buscar entre a semeadura do trigo, até encontrar as espigas que tinham amadurecido primeiro. Então, recolhia as primícias e as apresentava na casa de Deus. Isso significava que, dentro de pouco tempo, todo o campo estaria preparado para ser colhido.
Este é o princípio daqueles que são chamados para vencer. Eles amadurecem primeiro, para que com a sua maturidade, com aquilo que eles ganham de Cristo, toda a igreja se beneficie, e um dia, não muito longínquo, toda a igreja esteja preparada para ser recolhida.
O versículo 14:6 nos mostra a seguir, e de modo resumido, as coisas que são obtidas através da obra daqueles que são chamados para vencer. «Vi voar pelo meio do céu a outro anjo, que tinha o evangelho eterno para pregá-lo aos moradores da terra, a toda nação, tribo, língua e povo». O Senhor ordenou: «Ide por todo o mundo e preguem o evangelho a toda criatura». E aqui temos o cumprimento dessa promessa. Aqui o evangelho foi pregado a todas as nações, tribos e línguas. Mas, quem tem pregado? Chegou a todas as nações, porque houve homens e mulheres que foram atrás do Senhor e pagaram o preço de chegar com o evangelho a todas as nações. Você leia a história dos homens que levaram o evangelho, e você vai descobrir ali uma parte destes cento e quarenta e quatro mil.
A segunda coisa que ocorre como obra deles é esta: «Outro anjo o seguiu, dizendo: Caiu, caiu Babilônia, a grande cidade, porque tem feito beber a todas as nações do vinho do furor da sua fornicação» (14:8). Babilônia, representa o sistema deste mundo. É a cidade inimiga de Deus, cheia de prazeres, de seduções, cheia de coisas para apanhar o coração. Destas coisas nos fala o apóstolo João: os desejos da carne, os desejos dos olhos e a vanglória da vida. São as coisas que constituem a Babilônia.
Mas então, aqui temos homens e mulheres que saíram da Babilônia, que renunciaram a Babilônia, em cujo coração esta tem sido julgada. E, porque a Babilônia foi julgada primeiro no coração deles, finalmente Babilônia será julgada e cairá. O fim deste mundo ocorre primeiro no coração dos filhos de Deus. Para que o mundo termine, primeiro deve terminar no coração dos filhos de Deus. Deus não poderá julgar o mundo, até que este não tenha sido completamente julgado em nossos corações. Isto também faz parte da obra e a tarefa de Cristo nos vencedores.
Em terceiro lugar, vem a queda da besta e também a derrota do número do seu nome e da sua imagem. Estes eventos também vêm através dos vencedores. Por último o versículo 13 nos diz: «Ouvi uma voz que do céu me dizia: Escreve: Bem-aventurados daqui em diante os mortos que morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, descansarão dos seus trabalhos, porque as suas obras seguem com eles». Irmãos amados, a edificação da igreja não é uma obra que se faz com apenas uma geração. De fato, é impossível que se faça em uma só geração. A restauração e edificação da igreja, até que alcance a plenitude, é uma obra que o Senhor veio fazendo através de muitas gerações de homens e mulheres. E tudo aquilo que tem sido ganho no passado, por aqueles irmãos e irmãs que pagaram o preço de seguir a Cristo por qualquer lugar que ele vá, ficou para nós como um legado espiritual que não poderá jamais ser apagado.
Hoje em dia falamos da justificação pela fé, e ensinamos a justificação pela fé. No entanto, durante mil anos não se falou dela, e ninguém soube praticamente nada da justificação pela fé. Não obstante, houve homens, como Lutero e outros, que receberam esta palavra, perseveraram nela, de maneira que hoje a temos como um legado permanente. A edificação do corpo de Cristo é uma obra que abrange da partida do Senhor até a sua volta. E nós herdamos a riqueza espiritual de muitos outros que, antes de nós, obtiveram de Cristo as suas riquezas pagando o preço necessário para isso.
A posse da terra foi sendo realizada lentamente ao longo da história da igreja. «As suas obras seguem com eles». Você parte deste mundo; você vive setenta ou oitenta anos, e vai. Mas o que você fizer por Cristo, o que você ganhar de Cristo, permanecerá como um legado eterno para a igreja. Creia nisto, porque este é o princípio que a Escritura nos mostra. Um dia, por causa de tantos que sofreram, porque tantos padeceram, porque tantos cresceram para serem filhos maduros de Deus, porque tantos tomaram os propósitos de seu Pai, os propósitos do Cordeiro, e os têm feito deles, o acumulo de todo este peso de glória na igreja trará a maturidade, e então virá a ceifa.
Por isso diz: «Olhei, e eis que uma nuvem branca; e sobre a nuvem um sentado semelhante ao Filho do Homem, que tinha na cabeça uma coroa de ouro, e na mão uma foice aguda. E do templo saiu outro anjo, clamando com grande voz ao que estava sentado sobre a nuvem: Mete a tua foice, e ceifa; porque a hora de segar chegou, pois a colheita da terra está madura. E o que estava sentado sobre a nuvem colocou a sua foice na terra, e a terra foi segada» (14:14-16).
Irmãos amados, o Senhor virá. E deverá segar a sua igreja deste mundo, e recolherá o trigo em seu celeiro, e queimará a palha no fogo que nunca se apaga. Um dia, o Senhor juntará as espigas douradas, o Senhor virá e segará a terra, e reunirá a igreja consigo. E como diz o apóstolo Paulo, «...estaremos para sempre com o Senhor». Mas não pense que é algo automático. A maturidade que o Senhor espera da igreja antes de segar é o produto da sua obra, em e através destes homens e mulheres que responderam a sua voz, seguiram-no por qualquer lugar que vá e venceram juntamente com ele.
Que o Senhor ajude a todos.
Síntese de uma mensagem ministrada no Retiro da Rucacura, em janeiro de 2009.