ÁGUAS VIVAS
Para a proclamação do Evangelho e a edificação do Corpo de Cristo
Os vencedores e a herança
Como Deus cumprirá o seu propósito de levar muitos filhos à glória.
Rodrigo Abarca
“Aquele que vencer herdará todas as coisas, e eu serei o seu Deus, e ele será o meu filho” (Ap. 21:7).
Estas palavras, que encontramos quase no final do livro de Apocalipse, resume o propósito que o Senhor tem neste livro, e não só neste livro, mas também no desígnio de sua vontade. Isto é o que Deus tem proposto fazer.
Esta sentença resume o propósito do Senhor com respeito à igreja. Claro que não é tão evidente como nós gostaríamos; mas, se olharmos com atenção e tratarmos de descobrir o seu significado, vemos que, efetivamente, neste versículo, o Senhor está nos dizendo algo essencial, que resume a sua vontade.
Um chamado para vencer
«Aquele que vencer herdará todas as coisas…». O Senhor está nos dizendo que há uma condição para herdar todas as coisas – que sejamos vencedores. Se formos vencedores, herdaremos todas as coisas, ele será nosso Deus, e nós seremos seus filhos.
Também observamos que está no singular. Embora possamos falar no plural, e é evidente que a promessa se refere a nós como igreja, por alguma razão fundamental, o Espírito quis que ficasse registrada em termos singulares, dirigida a cada um de nós como filhos de Deus considerados individualmente.
A resposta a este chamado diz respeito a nossa responsabilidade particular. Não podemos delegá-la a outros; não podemos dizer: ‘Senhor, porque os outros não venceram, eu não venci’. Ou: ‘Senhor, a condição do seu povo era tão baixa, e eu também estava dentro dessa condição’. Mas o Senhor está nos dizendo, a cada um em particular: «Aquele que vencer...».
Há aqui, então, a intenção do Espírito de nos dizer, como também o vemos nas cartas às igrejas no princípio: ‘Não importa qual seja a condição que te rodeia; você está sendo chamado a vencer. Você é, em particular, quem está sendo chamado a vencer’.
Além disso, é interessante observar o seguinte: Diz: «…e eu serei o seu Deus, e ele será meu filho». Observe o tempo futuro dos verbos. Na primeira parte, quando diz: «…herdará todas as coisas», é mais claro, porque é evidente que o herdar todas as coisas é um acontecimento futuro. Mas o que não é tão evidente é o que segue: «…e eu serei o seu Deus».
Nós podemos dizer com certeza que o Senhor é hoje o nosso Deus. No tempo presente, ele é o nosso Deus. E também no tempo presente, podemos acrescentar que somos seus filhos. E, no entanto, a promessa está no tempo futuro: «…eu serei o seu Deus, e ele será meu filho». Deve significar algo mais do que entendemos habitualmente. Há algo aqui que está no tempo futuro, e que nos fala de um propósito que vai além da nossa experiência presente.
Vamos tratar, então, com o socorro do Espírito do Senhor, de entender esta promessa, porque ela foi dada à igreja, para um tempo de decadência e de ruína espiritual. Precisamente, o livro está intimamente ligado, em significado, com as promessas que aparecem no final do livro de Isaías.
A última parte do livro de Isaías foi escrita para uma nação que tinha sido derrotada, que tem caído na ruína espiritual, e precisa recuperar a sua posição nos pensamentos de Deus para ela; uma nação a qual Deus não abandonou; porque, embora nos esqueçamos dos seus propósitos, ele jamais se esquece dos seus planos para conosco.
Recordem o que está escrito: «Eu nunca me esquecerei de ti. Eis que nas palmas das mãos eu te gravei; diante de mim estão sempre os teus muros» (Isaías 49:15-16). Embora nós sejamos tardios para escutar a sua voz, embora nós sejamos obstinados para fazer a sua vontade, mesmo assim, ele sempre insiste, e uma e outra vez vem o seu chamado: «Levanta-te, resplandece, porque é vindo a tua luz».
E essas mesmas palavras se repetem no livro de Apocalipse: «Aquele que tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas». Embora a ruína seja grande, embora pareça que tudo está morto (como em Sardes), ou embora pareça que tudo se tornou mundano (como em Laodicéia), no final, sempre há uma promessa: «Aquele que tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas».
Irmãos amados, não há condição espiritual de ruína e de morte em que a igreja possa cair, da qual o Senhor não a possa levantar. Sempre é possível que sejamos levantados, porque ele é poderoso. Bendito seja o seu nome para sempre!
E aqui temos, então, esta situação parecida, mas agora nos tempos do Novo Testamento, e não muito diferente do que acontece com a cristandade em nossos dias. Também vemos que os males que se descrevem no livro de Apocalipse, e que se descrevem com respeito à nação de Israel no tempo passado, estão hoje ao nosso redor.
No entanto, as palavras do Senhor permanecem vigentes – o chamado a que sejamos vencedores. Essa é a resposta do Senhor a esta situação.
Em uma situação de derrota, qual é a resposta do Senhor? Um chamado à vitória. Mas esse chamado está dirigido a cada um; porque nem todos escutam a voz do Espírito, nem toda a igreja vai responder a esse chamado do Senhor; mas, com aqueles que respondam, ele vai realizar a sua vontade. A promessa está associada, então, para aqueles que respondem à voz do Senhor.
O significado de «adoção»
Essa é a promessa do livro de Apocalipse: «Eu serei o seu Deus, e ele será meu filho». Para entender por que está no tempo futuro, podemos observar que a palavra filho, que a Escritura usa aqui, em grego, é huiós. No grego do Novo Testamento, há duas palavras diferentes que se traduzem como filho. A primeira, a mais comum, é teknós. Por exemplo, em João 1:12: «Mas a todos quantos o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus», a palavra filhos, em grego, é teknós.
E, no entanto, cada vez que a Escritura fala do Senhor Jesus Cristo, como Filho de Deus, a palavra grega ali é huiós. É importante entender a diferença, pois o nosso idioma não tem equivalentes que possam traduzir com exatidão o significado das palavras em grego. E esse é o significado que invoca o Espírito Santo ao usar estas palavras.
Então, temos duas palavras gregas que têm um significado distinto, e que se aplicam de maneira diferente, segundo o caso. Quando se fala de nós, exceto em alguns casos como o que vemos aqui em Apocalipse, usa-se a palavra teknós, que poderia ser traduzida, mais ou menos, como um menino pequeno, um menino que está sob a autoridade de seus pais, sendo formado para a vida adulta.
E um filho huiós, a segunda palavra, é um filho que chegou à idade adulta, não só em termos biológicos, mas, sobretudo em termos mentais, morais e espirituais; um menino que se converteu em adulto, porque aprendeu o significado, a responsabilidade e as habilidades necessárias para a vida adulta.
Então, observe bem: Jesus Cristo o Senhor é sempre chamado Huiós de Deus, Filho de Deus, no sentido de um filho maduro, adulto, perfeito, completo, que tem todas as responsabilidades, habilidades, conhecimentos e capacidades para a vida adulta; enquanto que nós somos nomeados normalmente como meninos sendo preparados para a vida adulta, mas que ainda não somos adultos.
E agora, conhecendo essa diferença, podemos entender melhor o versículo de Apocalipse. «Eu serei o seu Deus…». A palavra Deus, no Novo Testamento, quando se usa Deus com o significado de Pai, vai sempre precedida de um artigo que não se pode traduzir, porque não tem sentido. Se fosse traduzido literalmente teria que dizer: «Eu serei o Deus deles», e se refere sempre ao Pai.
Por exemplo: «No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus» (João 1:1). Se traduzirmos não fica claro a distinção; mas no grego é muito claro, porque quando diz: «…e o Verbo estava com Deus», aí Deus tem um artigo e, portanto, refere-se ao Pai. E quando diz: «…e o Verbo era Deus», não leva artigo, portanto se refere que o Filho, o Verbo, é Deus. Porque João não quer dizer que o Pai e o Filho são idênticos; ele está claramente dizendo que, sendo Deus, não é a mesma pessoa do Pai.
Em outras palavras: «Eu serei seu Pai, e ele será meu filho maduro». O que vencer será esse filho. Então, vamos ver o que quer dizer isto, no pensamento do Novo Testamento.
«…em amor nos havendo predestinado para sermos filhos de adoção por meio de Jesus Cristo, segundo o puro afeto de sua vontade…» (Ef. 1:5). Quando traduzimos: «…filhos de adoção», não quer dizer a mesma coisa que entendemos hoje por adoção. Para nós, significa que um casal que não pode ter filhos, e quer ter um, pega um menino pequeno e faz uns trâmites legais, pelos quais este –não tendo sido gerado por eles– se converte em parte legal da família.
Mas, no Novo Testamento, a adoção não se refere –ainda que seja evidente, seja verdade– ao momento em que nós somos nascidos do Espírito, regenerados e nascidos de Deus. Refere-se ao momento em que chegamos a ser filhos maduros, refere-se ao propósito eterno de Deus conosco.
Para chegar a sermos filhos maduros, primeiro temos que nascer de Deus e nos converter em teknós de Deus, e através de um processo de formação, debaixo da sua mão amorosa, debaixo da disciplina do seu Espírito, finalmente, chegarmos a filhos maduros.
Essa é a meta de Deus; mas ainda não chegamos até lá, ainda estamos nesse caminho. Por isso, Apocalipse nos diz: «Aquele que vencer herdará todas as coisas, e eu serei o seu Deus, e ele será meu filho». Trata-se, então, deste processo. E o que o apóstolo Paulo tem em mente, quando diz que nos predestinou «para sermos filhos de adoção», não é só o ato em que Deus nos gera como seus meninos. Inclui, é evidente, porque esse é o ponto de partida; mas ele está pensando na meta final.
A palavra grega que aqui se traduz como ‘adotados’ é huiothesía. Pode-se traduzir literalmente ‘pôr no lugar de filho’. A palavra huiothesía se referia, no tempo antigo, a uma cerimônia que se efetuava quando um menino alcançava a maior idade – os judeus aos doze anos; os gregos e os romanos, aos quinze anos.
Nessa cerimônia, o pai de família fazia uma grande festa, e convidava a todos os seus parentes e amigos, a todos os seus escravos, seus servos e suas servas. E no meio dessa festa, ele trazia o seu filho, apresentava-o, e diante de todos dizia: ‘Este é meu filho; reconheço-o como meu huiós. De agora em diante, ele é dono de tudo o que eu tenho; de agora em diante, ele me representa em todos os direitos e deveres. Este é meu filho. Essa era a huiothesía.
Irmãos amados, para isso nós fomos predestinados. Para um dia reunir a todos seus seres criados, a todos os seus anjos, a todas as criaturas do universo, e dizer: «Aqui estão os meus filhos! Tudo que é meu é deles, e tudo o que eu criei é deles agora. E eles reinarão comigo pelos séculos dos séculos». Glória ao Senhor!
Apocalipse 3:5: «Aquele que vencer será vestido de vestiduras brancas; e não apagarei o seu nome do livro da vida, e confessarei o seu nome…». Recordam? O pai chama os seus servos, e lhes diz: ‘Este é meu filho’. E o que o Senhor fará conosco? «…confessarei o seu nome diante de meu Pai, e diante dos seus anjos».
Apocalipse 2:26: «Ao que vencer e guardar as minhas obras até o fim, eu lhe darei autoridade sobre as nações, e as regerá com vara de ferro, e serão quebradas como vasos de oleiro; como eu também a tenho recebido de meu Pai».
Apocalipse 3:21: «Ao que vencer, dar-lhe-ei que se assente comigo no meu trono, assim como eu venci, e me sentei com meu Pai em seu trono».
«Ao que vencer…». Quem são os que vencem? Os que chegam à estatura de filhos maduros, a quem ele dá em herança todas as coisas. Eles recebem autoridade sobre as nações; eles recebem vestiduras brancas, e o seu nome é confessado diante dos anjos, para que estes, assim como obedecem a Cristo, obedeçam também aos que estão com Cristo.
Esse é o propósito de Deus; disso nos fala o livro. Quando nós estamos em um tempo de ruína, de adversidade, de dificuldade, como estas palavras nos consolam, como nos consola saber o propósito que Deus tem conosco. Não importa o que ocorra, não importa o que acontecer com este mundo, um dia, se formos fiéis, se vencermos, nos sentaremos com ele em Seu trono. Bendito seja o seu nome!
Ele está nos preparando para esse dia. O Pai vem trabalhando em nós para nos preparar, para um dia nos dar em herança todas as coisas. Este é o chamado do livro de Apocalipse, a vencer, e que se cumpra em nós o propósito eterno de Deus.
«Eu lhe darei…», diz o Senhor Jesus, «porque eu já o obtive». Ele é o primeiro dos vencedores, o primeiro que entrou na posse da sua herança, para que nele e com ele nós também possamos entrar na posse da herança. Por isso está escrito: «somos … herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo». Porque ele herdou todas as coisas, agora também nós podemos herdar com ele todas as coisas.
O Filho de Deus herda todas as coisas
O capítulo 5 de Apocalipse nos mostra um pouco mais esse momento em que o próprio Senhor Jesus herdou todas as coisas. Ele, já sabemos, é Deus e é Filho de Deus desde a eternidade. Quanto a sua Divindade, ele não precisava ser reconhecido como Filho, porque ele eternamente tem sido Filho de Deus.
Mas o Verbo foi feito carne, foi feito como um de nós; e então, em sua humanidade perfeita, ele deveria percorrer o caminho que nós estamos chamados a percorrer, por nós e a favor de nós. O caminho que ele percorre para a glória, foi percorrido não por sua causa, mas por causa de nós, e então ele vem a este mundo, e vive a vida que todos nós estamos chamados a viver.
E assim também, então, converte-se em um menino pequeno, e fica sob a autoridade dos seus pais, e debaixo da autoridade de seu Pai celestial. E cresce, e aprende. «E Jesus crescia em sabedoria e em estatura, e em graça para com Deus e os homens» (Lucas 2:52). Assim o Senhor Jesus cresceu, e aprendeu tudo o que tinha que aprender, sendo um homem. Aprendeu a obedecer a seu Pai, e a guardar as obras de seu Pai, para ouvir a voz de seu Pai, e foi aprendendo a caminhar com seu Pai pelo Espírito, e aprendendo a ser um Filho de Deus, até que um dia chegou a ser um Filho maduro, adulto – Estou falando como homem, em sua humanidade.
E assim, um dia, você se lembra, quando João Batista estava junto ao rio Jordão, e veio o Senhor Jesus para ele, e João o batizou, no momento em que ele subia da água, o Espírito do Senhor desceu como uma pomba sobre ele. E veio uma voz do céu que dizia: «Este é o meu Filho amado». Nesse momento, o Pai, pela primeira vez, reconheceu-o como seu Filho. Recebeu a adoção do Pai – Não que ele antes não fosse Filho de Deus, mas adoção no sentido em que se usa a palavra no Novo Testamento.
É o momento em que o Pai reconhece a seu Filho e delega nele o seu poder e a sua autoridade. Você lembra que o Senhor cresceu em silêncio, em secreto durante trinta anos? Ninguém sabia quem ele era. Ele não falou palavra alguma, não ensinou nada. Mas chegou o dia. Ele tinha mais ou menos trinta anos, quando foi reconhecido como Filho, e começou o seu ministério. Desde esse dia em diante, ele teve autoridade para dizer: «Eu e o Pai, somos um… Quem me viu a mim, viu o Pai».
Mas ainda faltava uma etapa por cumprir, e essa é a etapa que encontramos em Apocalipse 5. Ele deveria morrer na cruz e ser ressuscitado. E então foi exaltado. E isto é o que ocorreu quando o Senhor chegou aos céus: «Vi na mão direita do que estava sentado no trono um livro escrito por dentro e por fora, selado com sete selos. E vi um anjo forte que apregoava com grande voz: Quem é digno de abrir o livro e desatar os seus selos? E ninguém, nem no céu nem na terra nem debaixo da terra, podia abrir o livro, nem mesmo olhar para ele. E eu chorava muito, porque não se achou ninguém digno de abrir o livro, nem de lê-lo, nem de olhar para ele» (Apoc. 5:1-4).
Na mão direita de Deus há um livro escrito por dentro e por fora. O que representa esse livro? No tempo antigo, essa era a maneira em que se escreviam os testamentos. A vontade de um pai era escrita em um testamento. Esse livro é o testamento de Deus, que contém a vontade de Deus, os propósitos de Deus. E quem deve executá-lo? O seu Filho, o seu herdeiro. Mas ocorreu algo que impediu que essa vontade fosse executada.
Algo atrapalhou, até este momento, o cumprimento dessa vontade. Os planos de Deus estão detidos. Por isso, João chorava muito, porque ele entende o que esse livro contém. Não havia ninguém suficientemente digno de tomar esse livro em suas mãos e executar o que nele está escrito; nem sequer os anjos. Por mais poderosos que sejam os anjos, mesmo assim, o livro não é para eles.
«E um dos anciões me disse: Não chore. Eis aqui que o Leão da tribo de Judá, a raiz de Davi, venceu para abrir o livro e desatar os seus sete selos». Aleluia! «Aquele que vencer herdará todas as coisas». Aqui temos o primeiro e grande Vencedor; que entrou como precursor, além do véu, na presença de Deus. Como precursor, o primeiro de muitos. Bendito seja o Senhor! «…venceu, para abrir o livro e desatar os seus selos», quer dizer, executar a vontade de Deus.
Na Escritura, quando um livro está selado, significa que não se pode cumprir o que está escrito. Recordem que, quando Daniel terminou de escrever o seu livro, o anjo lhe disse: «Sela o livro, porque isto é para o tempo do fim. Quando chegar esse tempo, os selos se abrirão, e o conteúdo da sua profecia se cumprirá».
O que foi dito a João? «Não sele as palavras da profecia deste livro, porque o tempo está próximo». O livro selado significa que está todo detido, e quem desata os selos é aquele que vai permitir que se cumpra o que está escrito. E quem desata os selos é o Senhor Jesus Cristo. Bendito seja o seu nome!
Muitos filhos maduros na glória
Irmãos amados, podemos dar um passo a mais. Qual é a vontade do Pai? O que estará escrito dentro desse livro? Vejamos Hebreus 2:5-8: «Porque não sujeitou aos anjos o mundo vindouro, sobre o qual estamos falando; mas alguém testificou em certo lugar, dizendo: Que é o homem, para que dele te lembres, ou o filho do homem, para que o visites? Um pouco menor do que os anjos o fizeste, de glória e de honra o coroaste, e lhe pôs sobre as obras das tuas mãos; tudo lhe sujeitaste debaixo dos teus pés. Porquanto lhe sujeitou todas as coisas, nada deixou que não fosse sujeito a ele; mas ainda não vemos que todas as coisas lhe sejam sujeitas».
Ainda não vemos que o homem governe sobre todas as coisas. Por todos os lados, vemos como a criação se rebela contra ele. E vemos os terremotos, os furacões e as calamidades da natureza, e o aquecimento global, o sol que queima e os microorganismos que matam. Toda a criação se rebela contra o homem.
«Mas vemos aquele que foi feito um pouco menor do que os anjos, a Jesus, coroado de glória e de honra…». Então, temos estas duas coisas: Por um lado, nada nos obedece; mas a ele tudo lhe obedece. Aleluia! «…coroado de glória e de honra, por causa da paixão da morte, para que pela graça de Deus provasse a morte por todos». Hebreus nos diz que, o que Cristo experimentou e o que Cristo ganhou, não o fez por ele – fez por nós. Glória ao Senhor!
«Porque convinha que aquele –Deus o Pai– por cuja causa são todas as coisas…». E aqui está o conteúdo do livro, esta é a vontade do Pai: «…convinha que aquele por cuja causa são todas as coisas, e por quem todas as coisas subsistem, que havendo de levar muitos filhos à glória…». A vontade do Pai é levar à adoção, à glória, muitos filhos maduros.
E o que teve que fazer para obter isso? «…aperfeiçoasse por aflições ao autor da salvação deles». Para levar muitos filhos à glória, o Pai teve que entregar o seu Filho à aflição e à morte, para que, através da sua morte, esses muitos filhos fossem levados à glória. Por isso, João escuta o ancião que lhe diz: «Não chore. Eis aqui que o Leão da tribo do Judá, a raiz de Davi, venceu para abrir o livro e desatar os seus selos».
Quando você ouve uma declaração assim, e você se volta para ver quem é, o que espera encontrar? Um leão poderoso. E o que João encontra? «E vi que no meio do trono e dos quatro seres viventes, e no meio dos anciões, estava em pé um Cordeiro como imolado…». Convinha ao Pai, por cuja causa são todas as coisas, por cuja vontade existem e foram criadas, e foram criadas para, um dia, os seus filhos a herdarem; mas, para que os seus filhos pudessem entrar na posse da herança, o seu Filho unigênito tinha que padecer e morrer.
«…um Cordeiro como imolado». Quando ele morreu na cruz, nossa dívida foi cancelada, nossos pecados foram apagados; aquilo que nos separava da glória do Pai, foi tirado; a ata de decretos que havia contra os seus filhos foi tirada do meio de nós, na cruz. E agora, irmãos amados, o caminho para a glória está aberto, pela carne bendita do Senhor Jesus Cristo, que foi partida por nós; por suas chagas, entramos na glória do Pai. Bendito seja Deus!
«Porque o que santifica e os que são santificados, de um são todos…». Somos todos filhos. Não só o Senhor é Filho; nós, também. «…pelo qual não se envergonha de lhes chamar irmãos». «…confessarei o teu nome diante de meu Pai». Um dia, o Senhor confessará o teu nome, e dirá: ‘Este é meu irmão, e esta é minha irmã; e todos os que estão aqui são meus irmãos; porque eu lhes dei a minha vida, para que sejam meus irmãos’. Bendito seja o Senhor!
«E veio, e tomou o livro da mão direita daquele que estava assentado no trono. E quando tinha tomado o livro, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciões se prostraram diante do Cordeiro; todos tinham harpas, e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos; e cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir os seus selos; porque tu foste imolado, e com o teu sangue nos tem redimido –outras versões dizem «os tem redimido»– para Deus…».
A quem redimiu? A aqueles filhos que ele deve levar à glória. Ele os redimiu com o seu sangue, e por isso é digno de abrir o livro. Ele tem o poder de levar esses filhos, pela vontade de Deus, à glória. Se você o segue, é através da morte, e em seguida pela ressurreição; mas a meta final é a glória. Siga a ele por qualquer lugar que ele vá, como está escrito em Apocalipse, e ao final, você chegará com ele à glória.
«…e nos fizeste para o nosso Deus reis e sacerdotes, e reinaremos sobre a terra». «O que vencer herdará todas as coisas». Bendito seja o seu nome! Porque, irmãos, ele tem proposto nos levar à glória, e nos apresentar diante do Pai um dia, amadurecidos, perfeitos, preparados para herdar com ele todas as coisas.
Mas ainda não chegamos... Somos seus filhos, nascidos dele, mas ainda não chegamos à glória. Há obstáculos, há dificuldades, e há um inimigo que está decidido a impedi-lo. Mas, bendito seja Deus! Aquele que vai adiante de nós é o Cordeiro de Deus que venceu e tem aberto o livro. Essa é a mensagem. A partir do capítulo 6 de Apocalipse, o Cordeiro começa a desatar os selos, e então vemos como começa a cumprir o propósito eterno de Deus de levar estes filhos à glória.
E por isso, Apocalipse termina nos mostrando os filhos de Deus na glória. «E eu, João, vi a santa cidade, a nova Jerusalém, descer do céu, de Deus… e ele habitará com eles; e eles serão o seu povo». Aí está o cumprimento. Cristo venceu, por todos nós. Bendito seja o seu nome para sempre!
Síntese de uma mensagem ministrada no Retiro de Rucacura, em janeiro de 2009.