Levanta-te, resplandece

O chamado do Senhor para a sua igreja, a um compromisso de fé e de amor.

Marcelo Díaz

Leitura: Isaías 60:1; 9:6.

Quando lemos estas passagens de Isaías, vemos um Deus que chama o que não é como se já fosse. Passagens conhecidas, como Isaías 54: «Regozija-te, oh estéril, a que não dava a luz; levanta canção e dá vozes de júbilo, a que nunca esteve de parto; porque mais são os filhos da desamparada do que os da casada, tem dito o Senhor». Há várias passagens no mesmo sentido, porque temos um Deus bom, um Deus que nos escolheu, não por nossa dignidade, mas porque ele é digno, porque lhe agradou, como diz Efésios, «pelo puro afeto de sua vontade». Ele, afetivamente, saiu ao nosso encontro, e nos levantou dali de onde estávamos.

«Levanta-te, resplandece; porque é vindo a tua luz…». Um Deus restaurador, um Deus que renova a vida, um Deus de esperança, um Deus de luz. Quando ele chega na luz, as trevas se dissipam. Bem diz João 1:4-5: «Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens. A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela».

«Nele», no Filho, na glória de Deus. Ele é a luz, e nele estava a vida. E sua vida é a luz dos homens. «Eu sou a luz do mundo; quem me segue, não andará em trevas, mas terá a luz da vida».

A vida de Deus é luz. Onde há vida de Deus, há luz, e as trevas retrocedem, porque está a vida. Nada pode contra a vida. Ele é o Filho da luz; ele é a vida de Deus. A sua vida ilumina nossa vida; a vida de Cristo é um exemplo para nós. Ele caminhou entre nós, e as suas palavras, seus feitos, são vida para nós; trazem-nos vida. Toda vez que escutamos falar do Senhor Jesus, toda vez que ouvimos a sua palavra, nos ilumina o caminho, porque ele é a luz, porque ele é vida. Bendito seja o Senhor!

Em outro tempo, nós éramos trevas, mas agora somos luz no Senhor. Disse também, e é interessante como diz 1ª Coríntios 6:9-10: «Não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não erreis; nem os fornicários, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores, herdarão o reino de Deus». Fixem-se no que diz o versículo 11: «E isto éreis alguns…».

Quer dizer, na igreja de Corinto havia alguns que noutro tempo foram fornicários, foram idólatras, adúlteros, efeminados, sodomitas, ladrões, avarentos, bêbados, maldizentes, roubadores. Mas «isto foram…». Isto fomos. «Mas vós sois linhagem escolhida, real sacerdócio, nação santa, povo adquirido por Deus, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua luz admirável».

Isso nós fomos. Agora, Deus nos transportou para o reino do seu amado Filho. Estando nas trevas, agora somos do reino da luz. «Enquanto estou no mundo – disse o Senhor –, sou a luz do mundo» (João 9:5). «Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade assentada sobre um monte. Nem se acende uma luz e a deixa debaixo do alqueire, mas sobre o candeeiro, e ilumina a todos os que estão na casa. Assim ilumine a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus» (Mat. 5:14-16).

«Levanta-te, resplandece, porque é chegada a tua luz». Aleluia! «Assim ilumine a tua luz diante dos homens, para que vejam as tuas boas obras». Nele estava a vida, e a vida é a luz dos homens. Onde está a luz? Na vida do Filho. Como as pessoas podem ver a luz? Nas boas obras; em Cristo, que é a obra perfeita; as obras que Deus preparou de antemão, para andar nelas. Ele é a luz na igreja, ele nasceu na igreja. A igreja é o que ele é, porque ele está presente. Ele é a luz. Bendito seja o Senhor!

Quando se fala da igreja nos capítulos finais de Apocalipse, diz: «Eu a vi descer, diz João, transparente, diáfana como o cristal, e ela continha a glória de Deus». Uma cidade tão cheia de luz. Diz: «Não há necessidade de sol nem de lâmpada, porque o Cordeiro mesmo é a lâmpada. Ele é a luz, e a igreja contém a luz, e é diáfana, transparente, preciosa.

«Vós éreis trevas», agora sois luz no Senhor. Então, Paulo diz, «andai como filhos da luz». «Levanta-te, resplandece…». O chamado é para assumir, para tomar, para nos apossar do que somos. Cristo está em nós; a luz do mundo está em nós. A luz da vida está na igreja, e a igreja tem que levantar-se e iluminar, com a vida de Cristo, com a vida do Filho, que está na igreja.

Deus depositou a vida do seu Filho em um continente – a igreja. E ali está a glória de Deus, iluminando as nações. Por isso Isaías diz: «Venham, e subamos ao monte de Jehová, à casa do Deus de Jacó; e nos ensinará os seus caminhos, e caminharemos por seus caminhos. Porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém a palavra do Senhor» (Isaías 2:3). É como todos querem vir à igreja, é como o mundo quer ver a igreja. Na igreja, querem ver a luz. A igreja é a luz do mundo.

Irmãos, nós somos a luz do mundo. Você é luz para seu colega de trabalho, você é luz para seus companheiros de estudo, você é luz para os seus parentes. A vida do Filho está em ti, e essa vida ilumina; é a vida que ilumina o mundo. É um ambiente de transparência, se aqui estivermos todos na luz do Senhor.  O que seria de nós se o Senhor não estivesse!

Estes dias, uma irmã se aproximou de mim, chefe de uma empresa, e me disse: ‘Sabe? Na empresa há muitos empregados; mas há um que se destaca entre todos os outros, por sua afabilidade, por sua amabilidade, por sua responsabilidade, por seu companheirismo, por sua atitude, por seu serviço. E quando eu fui pedir para ele a razão do seu comportamento, sabe o que me disse? É que eu sou de Cristo’.

E ela era uma irmã, mas nunca tinha se declarado. ‘E este jovem me trouxe para cá, para a reunião. Este jovem tinha algo, que o distinguia dos outros’. É a vida do Filho, que está em nós; é a vida do Filho que é luz para os homens. Quem tem o Filho, tem a vida. Temos o Filho de Deus, e esta vida é luz para os homens. Bendito é o Senhor!

Isto tem haver com a missão que a igreja tem para com o mundo, para os outros. Somos luz. E entre nós, o que somos entre nós? Há um ambiente de amor, de comunhão, de transparência. A igreja é um lugar de repouso, é um lugar onde reina a luz. Se para fora somos luz, quanto mais para dentro? Reina a luz em nosso meio; não pode haver trevas na igreja de Jesus Cristo.

Quando vemos a vida do Senhor, damo-nos conta de quão transparente ele era. Inclusive diante de todos os desafios e todas as artimanhas que os fariseus e os principais lhe faziam, ele sempre manifestou uma transparência extraordinária. Um homem precioso, um homem cheio de luz; ele é o exemplo perfeito.

Leiamos em Isaías capítulo 11. Falando do reinado de Cristo, esta passagem vai dar um pouco a clareza do que é a igreja, do que é o reino do Filho de Deus, e o que somos nós, com a diversidade do que éramos e o que somos agora. Olhe a quantidade de pessoas que somos aqui, todas distintas umas das outras, mas com o mesmo chamado.

Todos têm o mesmo chamado para servir o Senhor, temos o mesmo Senhor, mas somos tão distintos uns dos outros. E, no entanto, somos um só, e entre nós nos recebemos, nos acolhemos, porque estamos debaixo do reino do amado Filho, um reino de luz.

A caverna de Adulão

Isaías 11:1: «Sairá uma vara do tronco de Jessé, e um renovo brotará das suas raízes». Sim, é Cristo; mas, quem é o filho de Jessé? Davi. Em 1 Samuel capítulo 22 há uma cena de Davi que quero comentar, para notarmos o que fomos, e o que somos agora em Cristo. «Indo-se logo Davi dali, fugiu para a caverna de Adulão; e quando os seus irmãos e toda a casa de seu pai souberam, vieram ali para ele. E se juntaram com ele todos os afligidos, e todo o que estava endividado, e todos os que se achavam em amargura de espírito, e foi feito chefe deles; e teve consigo como quatrocentos homens» (1 Samuel 22:1-2).

«Porque o insensato de Deus é mais sábio que os homens, e o fraco de Deus é mais forte que os homens. Pois olhai, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos nobres; mas Deus escolheu o néscio do mundo, para envergonhar os sábios; e Deus escolheu o fraco do mundo, para envergonhar o forte; e Deus escolheu o vil do mundo e o desprezado, e o que não é, para desfazer o que é» (1ª Cor. 1:25-28).

«Levanta-te, resplandece, porque veio a tua luz…». Não estamos aqui porque somos melhores. Não, é porque Deus teve misericórdia. Bendito seja Deus! Ele pôs a sua glória em nós. Que maravilhoso! Que bom é o Senhor! Que cheio de bondade e de ternura! Escolheu-nos por seu afeto, por sua boa vontade. Bendito seja Deus!

Não esperemos entre nós pessoas perfeitas, cheias de dons e cheias de tudo; porque não somos. Somos homens e mulheres cheios de enganos, mas aí Deus agradou pôr a sua glória. E lhes diz: «Levanta-te, resplandece…». Então, enquanto estamos neste processo de ser um carvão de braseiro a um diamante maravilhoso, o que devemos fazer uns com os outros? Tolerar-nos, nos amar e nos suportar.

Porque Deus está trabalhando conosco; Deus pôs a sua glória e cada vez está pondo mais glória. Como diz a Escritura, vamos de glória em glória, de triunfo em triunfo; mas enquanto seguimos, entre nós, vamos nos suportando e nos amando.

Para fora, somos luz; entre nós, nos suportamos e nos amamos. Assim deve ser; essa é a nossa realidade. Sempre, entre nós, há algum irmão complicado. Ai! E o que diz Paulo? «Estes membros débeis, pequeninhos, são os mais necessários. Porque Deus trabalha com o que tem, e tem somente a nós; então, nos usa. Deus nos trata com os irmãos, e nos quer levar à sua glória. «Levanta-te, resplandece, porque veio a sua luz».

Voltemos para Isaías: «Sairá uma vara do tronco de Jessé, e um renovo brotará das suas raízes. E repousará sobre ele o Espírito do Senhor; espírito de sabedoria e de inteligência, espírito de conselho e de poder, espírito de conhecimento e de temor do Senhor. E deleitar-se-á no temor do Senhor. Não julgará segundo a vista dos seus olhos, nem argüirá pelo que ouvem os seus ouvidos; mas julgará com justiça os pobres, e argüirá com eqüidade pelos mansos da terra; e ferirá a terra com a vara da sua boca, e com o sopro dos seus lábios matará o ímpio. E a justiça será o cinto dos seus lombos, e a fidelidade o cinto da sua cintura» (11:1-5).

Irmão, pode confiar; nada escapa à mão do Senhor. «Levanta-te, resplandece», porque nem mesmo a pior das dificuldades escapa aos olhos do Senhor. Bendito seja Jesus! Isto é a igreja. Temos um Rei de luz, um Rei de graça, um Rei de vida, que está sobre nós, nos governa e trata conosco, e nos está levando à glória.

Mas atentem para o que vem a seguir. Para descrever a harmonia que há na igreja, no reino do amado Filho, sendo tão distintos uns dos outros, diz o versículo 6: «Morará o lobo com o cordeiro, e o leopardo com o cabrito se deitará; o bezerro e o leão e a fera doméstica andarão juntos, e um menino os pastoreará. A vaca e a ursa pastarão, as suas crias se deitarão juntas; e o leão como o boi comerá palha. E o menino de peito brincará sobre a toca da áspide, e o recém desmamado estenderá a sua mão sobre a cova da víbora. Não farão mal nem dano algum em todo o meu santo monte; porque a terra será cheia do conhecimento do Senhor, como as águas cobrem o mar» (Isaías 11:6-9).

Todos estamos debaixo de Cristo, sendo tão distintos; mas há um clima de harmonia, de graça e de amor, porque é um reino de luz, um reino onde o Senhor governa. Eu creio que estes animais somos nós, que sendo tão diversos, sendo tão distintos, estamos debaixo do mesmo reino. O lobo e o cordeiro, o leopardo, o cabrito, o bezerro, o leão, a fera doméstica, andarão juntos. Este é o reino do Senhor, o reino da luz. Conservamos as características individuais, e estamos sob o mesmo reino. Em harmonia, em graça, podemos morar juntos, compartilhar, conviver, porque somos governados pela vida, somos governados pelo Senhor. Que precioso!

Há um clima de harmonia, de comunhão. Nos recebemos, nos aceitamos, com as diferenças, com as peculiaridades de cada um; somos um no Senhor. Deus não quer militares, onde todos são iguais. Não, Deus ama a diversidade; Cristo quer expressar a sua glória através de todos. Ele é tão cheio de glória e de graça, que um punhado lhe é insuficiente. Ele necessita de centenas e milhares, e milhões e milhões, porque a sua glória é infinita, e ele quer expressar-se através de todos nós.

Por isso somos tão distintos, tão diversos, porque através de ti e através de mim, ele quer expressar algo da sua glória. Não quer uniformizar a todos; aí expressaria só uma parte muito pequena do que ele é. Ele é tremendamente diverso. O Rei de glória se expressa em sua igreja, na transparência da sua igreja. Somos um no Senhor. Irmão, levanta-te, resplandece, porque a glória do Senhor está em nós. Para fora, iluminamos; para dentro, estamos em um trabalho de nos amar, de nos suportar, de expressar a glória do Senhor, de resplandecer, de crescer à medida de Cristo. Bendito seja o Senhor!

Lendo esta passagem, emociono-me muito, porque, até com esta diversidade do que somos, a igreja do Senhor é uma. Deus nos fez um. E sendo tão distintos, e vindo de tantos lugares, e tendo uma história de vida tão distinta uns dos outros, se nos pusermos para escutar a história de cada um e as situações que vivemos, são tão tremendamente distintas, e tão profundas e complexas, mas mesmo assim, estamos aqui, e somos um.

Irmãos, sigamos no compromisso de manter esta unidade a qual o Senhor nos chamou; sigamos atrás do Senhor Jesus Cristo, sendo diligentes, e cuidando do depósito que o Senhor pôs na igreja.

Este chamado para levantar-se e resplandecer implica muitos aspectos no individual e no coletivo. Fazemos um chamado a toda a igreja, a seguir defendendo a fé, cuidando da família, cuidando dos filhos dos irmãos. Onde quer que o Senhor nos semeou, ali, sermos diligentes, cuidar dos que são nossos, dos que são de Cristo. Este levantar-se é para isso, para resplandecer com a glória e com a vida do Filho de Deus, porque assim «conhecerão todos que sois meus discípulos». Bendito seja o Senhor!

Que o Senhor tenha renovado as suas forças para este compromisso de fé e de amor, de seguir atrás do Cordeiro aonde quer que ele vá. E, onde for o Senhor, ali todos vamos juntos, e que ninguém fique para trás. E se alguém ficar para trás, tenhamos o amor e a paciência para ir resgatá-lo. Que nenhum se perca, como o Senhor fez com os seus discípulos, e que tenhamos o ânimo de estar ali, velando para que ninguém fique para trás. Procuremos os fracos, os cansados.

Somos a igreja do Senhor. Há um compromisso de fé, de amor, de unidade. Deve haver não só um compromisso com Cristo e com a palavra, mas um compromisso com a igreja e com o irmão. Deus faz este chamado à igreja. Bendito seja o Senhor!

«Também vos rogamos, irmãos, que admoesteis aos ociosos, que consoleis os de pouco ânimo, que sustenteis os fracos, que sejais pacientes para com todos» (1ª Tessalonicenses 4:14). Esta é a exortação que o apóstolo Paulo faz à igreja, e que é a palavra do Senhor para nós. Nós temos o compromisso de nos cuidar, de ir nos buscar e de nos sustentar. Irmãos, façamos o compromisso, uns com os outros, de manter este reino de luz. Que este levantar-se e resplandecer signifique também um compromisso com o seu irmão e com a sua irmã, em Cristo Jesus. Amém.

Síntese de uma mensagem ministrada no Retiro de Rucacura, em janeiro de 2009.

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