O quebrantamento dos dias finais

Com respeito à vontade do Senhor para sua igreja e sua obra em nossa geração.

Lance Lambert

Leitura: Lucas 12:54-56, Efésios 5:6-21.

Deus está removendo todas as coisas

Vamos considerar essa pequena palavra em  Efésios 5:15-17: «Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios e sim como sábios, remindo o tempo, porque os dias são maus. Por esta razão não vos torneis insensatos, mas procurai compreender qual a vontade do Senhor».

Jesus estava falando com a multidão quando disse essas palavras: «Quando vedes aparecer uma nuvem no poente, logo dizeis que vem a chuva, e assim acontece; e, quando vedes soprar o vento sul, dizeis que haverá calor, e assim acontece… não sabeis discernir esta época?». Entre todas as pessoas do mundo, os cristãos verdadeiros, nascidos do Espírito de Deus, devem ter entendimento dos tempos nos quais estamos vivendo. Por esta razão, o apóstolo Paulo disse: «Por esta razão não vos torneis insensatos, mas procurai compreender qual a vontade do Senhor ». Isso não significa necessariamente dizer que saibamos a vontade de Deus para nossa vida individual, e sim que devemos saber a vontade do Senhor para sua igreja e sua obra em nossa geração.

Ao olharmos as palavras do nosso Senhor Jesus fica perfeitamente claro que uma das características dos últimos dias é um enorme quebrantamento. Por exemplo, Ele diz que os corações dos homens desmaiarão de medo e expectativa de coisas que estão vindo sobre a face da terra. Por que? Porque algo acontecerá ao mar, algo acontecerá com a lua e algo acontecerá com o sol. Os poderes celestiais serão abalados. É óbvio que se algo acontece ao sol, imediatamente haverá um reflexo na lua e então as estações e as marés da terra serão afetadas.

«Pois assim diz o Senhor dos Exércitos: Ainda uma vez, dentro em pouco, farei abalar o céu, a terra, o mar e a terra seca; farei abalar todas as nações, e virá O Desejado de todas as nações; e encherei de glória esta casa, assim diz o Senhor dos Exércitos» (Ageu 2:6-7). Perceba que o Senhor diz: «Eu farei abalar todas as coisas. Farei abalar todas as nações. Farei abalar a terra seca, o mar, a terra, os céus». E então o Senhor virá.

Assim, uma das características do último período da historia do mundo será um quebrantamento grande e universal – um quebrantamento dos padrões morais e éticos das nações, uma agitação de sua vida social, uma desordem de sua vida religiosa, um abalo de toda a estrutura da sociedade humana, um estremecimento da vida nacional e internacional. Tudo o que é possível ser abalado será abalado.

«Aquele, cuja voz abalou, então, a terra; agora, porém, ele promete, dizendo: Ainda uma vez por todas, farei abalar não só a terra, mas também o céu. Ora, esta palavra: Ainda uma vez por todas significa a remoção dessas coisas abaladas, como tinham sido feitas, para que as coisas que não são abaladas permaneçam. Por isso, recebendo nós um reino inabalável, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência e santo temor; porque o nosso Deus é fogo consumidor» (Hebreus 12:26-29).

O Senhor é quem provoca o tremor. Ele pode usar Satanás, as ideologias, as potestades e, até mesmo, o anticristo. Mesmo assim, é sempre o Senhor quem está provocando o abalo. O Senhor não é meramente destrutivo; ele não está simplesmente destruindo. Ele está abatendo o que pode ser abatido, para que fique manifesto aquilo que é inabalável.

O problema que ocorre com muitos de nós é que temos muitas coisas que são quebrantáveis em nossas vidas e nos apegamos a elas. Nossa vida é centrada no que é abalável e a única maneira que o Senhor tem para nos separar do que é abalável para o que é inabalável é derrubando todas as coisas. Então, repentinamente, descobrimos que há um montão de coisas que considerávamos muito importantes e que agora já não são mais importantes. As pessoas, algumas vezes, temem quando ouvem falar sobre esse quebrantamento. Porém o tema é: Não temeremos se nosso tesouro estiver num lugar seguro. Porém, se estiver no lugar errado, temos muito que temer.

Este quebrantamento começa com as nações, começa com a terra. Depois chega ao espiritual, nas regiões celestes, culminando com um quebrantamento real e literal do universo. Todos os profetas estão de acordo com isto – Isaías, Joel, Amós –, assim como também o Senhor Jesus e os apóstolos. Todos eles falam do abalo físico dos céus no tempo do fim. Não poderia haver nada mais verdadeiramente projetado para abater ao humanismo em suas bases que abalar o sol, a lua e as estrelas.

A última grande ideologia da humanidade será a humanista. Nós colocamos um homem na lua; estamos explorando o espaço; temos russos e americanos reunindo-se no espaço.  Estamos muito orgulhosos do que o homem está fazendo. Todavia, se algo ocorresse ao sol, e imediatamente houvesse um reflexo na lua e se de imediato as marés do oceano, as estações e os poderes celestiais fossem abalados, o homem de repente perceberia quão frágil ele é. Isto é exatamente o que o Senhor Jesus disse: «Os corações dos homens  desfalecerão de medo e expectativa por causa das coisas que sobrevirão sobre a face da terra».

Nós estamos na última era da história do mundo. Já vimos a recriação do Estado de Israel e a reunificação de Jerusalém. Temos visto duas guerras mundiais neste século: vinte e dois milhões de pessoas foram exterminadas na primeira e cinqüenta e cinco milhões na segunda. Desde então, somente na China, se tomarmos as cifras da Cruz Vermelha Internacional, cinqüenta e cinco milhões foram dizimados entre 1950 e 1965. Sob do governo de Stalin, na totalidade, excetuando as duas guerras mundiais, trinta e dois milhões de pessoas foram ultimadas, e esta é uma estimativa bem conservadora. Eu não estou falando sobre o período babilônico ou o período romano, falo do século XX, no qual você e eu nascemos. Este foi o século mais sangrento na longa história sangrenta da humanidade. Deus está quebrantando todas as coisas.

Poucos anos depois daquele extraordinário avivamento do país de Gales em 1903-04, houve uma reunião numa pequena cidade chamada Llanelli, numa antiga capela presbiteriana. O avivamento ainda estava tocando a todos, e o local estava abarrotado. Duas senhoras de idade que estiveram presentes naquela reunião, que já faz algum tempo partiram para o Senhor, foram as que me contaram esta história. Enquanto o pregador ministrava, um dos presbíteros da primeira fila apontou para algo sobre sua cabeça. Na parede posterior do púlpito apareceu uma visão. Era a imagem da cabeça de um cordeiro, com grandes olhos humanos, de cujos olhos corriam lágrimas como um rio. Aquela imagem permaneceu por mais de meia hora, tanto que algumas pessoas correram para buscar vizinhos para trazê-los à reunião. O pregador jamais concluiu sua mensagem. Em vez disso, todos caíram de joelhos, perguntando a Deus o que significava aquilo. Eles receberam este entendimento: um tempo de problemas inimagináveis estava para acontecer sobre a face da terra. Contudo, ninguém percebeu a grandeza do problema.

Durante mil anos de história as coisas seguiram mais ou menos iguais; porém em 1917, na  Primeira Guerra Mundial, Deus sacudiu toda a sociedade humana. O império otomano – um dos grandes impérios da história– desapareceu. Desapareceram também o império austro-húngaro e o império zarista. A dinastia chinesa que já durava dois mil anos desapareceu em 1911. Aquele foi um período de quebrantamentos incríveis.

A Segunda Guerra Mundial somente concluiu o que já havia iniciado a Primeira. Então desapareceram os impérios britânico, francês, holandês, português e o espanhol. Desde então Deus continuou sacudindo mais e mais. Setenta anos se passaram depois que o acordo marxista foi firmado no Kremlin, porém essa força  monolítica invencível, que serviu de apoio a todo o século XX se desfez quando Deus falou a palavra. Setenta é um número muito interessante.

Deus está derrubando tudo. É hora de despertar; é tempo de se preparar; é tempo de estar atentos. Que ninguém pense que escapará se for descuidado. Não devemos culpar a ninguém se nos apresentarmos diante do Senhor com as mãos vazias, por termos desperdiçado nossas vidas, por termos centralizado nossas vidas em torno do que é abalável, do que é transitório. Nós recebemos um reino que não pode ser abalado.

O Senhor Jesus nos falou assim: «…sobre esta rocha edificarei a minha igreja; e as portas do Hades não prevalecerão contra ela». A rocha é inabalável. É um reino inabalável porque o Rei é inabalável.

Somos insensatos? Nós temos este Livro; é a revelação do coração e da mente de Deus. Temos uma salvação tão plena, tão poderosa e tão valiosa para Deus, por meio da qual Ele nos trouxe para a união consigo mesmo em Cristo. O Espírito Santo nos foi dado para nos conduzir a tudo o que é o nosso Senhor Jesus. Ainda assim, vivemos como mendigos. Estamos adormecidos. Se não estamos adormecidos, somos como sonâmbulos. Quão néscios somos!

Podes entender agora porque o Senhor Jesus tem que sacudir todas as coisas? Esta é a única forma na qual Ele pode nos redirecionar; é a única maneira que Ele pode usar para nos reajustar, de modo que nos centremos no que não pode ser abalado.

Os últimos dias

«Por isso, ficai também vós apercebidos, porque, à hora em que não cuidais, o Filho do homem virá» (Mateus 24:44).

Agora, eu gostaria de fazer uma pergunta bem simples, e depois tentarei respondê-la: Como sabemos que estamos nos últimos dias? Sim, vemos que está ocorrendo um grande abalo, porém como sabemos que ele está ocorrendo nos últimos dias? Todos parecem crer que nós estamos nos últimos dias, porém como saber que são os últimos dias? Os cristãos verdadeiros sempre creram que o Senhor está às portas e, de fato, dificilmente houve uma geração na história da igreja que não cresse que a sua geração veria o retorno do Senhor Jesus.

Os cristãos sempre crerão que o Senhor está voltando. A igreja primitiva creu, porém Ele não veio. Os reformistas, os puritanos, os metodistas, todos aqueles crentes do passado criam que o Senhor estava voltando, porém Ele não veio.

A medida do tempo do Senhor é muito diferente da nossa. Dois mil anos atrás o Senhor disse: «Venho em breve». Isso significa que o Senhor tem uma unidade de medida distinta da nossa. Entretanto, o Senhor voltará, e a sua volta será repentinamente. Se eu não compreendo mal o que o Senhor Jesus e os apóstolos anunciaram repetidas vezes, não é o mundo que será tomado de surpresa pela vinda do Senhor, e sim muitos cristãos.

Muitas pessoas crêem que Jesus proferiu esse discurso acerca de seu retorno – conforme Mateus 24-25, Marcos 13 e Lucas 21 – para os não salvos. Porém essas palavras não foram faladas para descrentes, nem para a grande multidão morna de discípulos, muitos dos quais iriam apostatar. Nem ainda foi dada aos cento e vinte que estavam no aposento alto. Não foi dada aos setenta que saíram em nome do Senhor Jesus e presenciaram curas impressionantes e viram a Satanás cair do céu como um raio. Nem mesmo foi dada aos doze apóstolos que era o círculo más íntimo do Senhor Jesus. Esta palavra foi dita a quatro de entre os Doze, o grupo mais íntimo do círculo más íntimo do Senhor Jesus – André, Pedro, Tiago e João (ver Marcos 13:3). Quanto maior entendimento do Senhor Jesus, maior discernimento era dispensado no discurso falado do Senhor.

Quando Ele disse: «Vigiai», foi para aqueles apóstolos. Quando Ele disse: «Vigiai e orai», foi para aqueles quatro. Quando Ele disse: «Olhai por vós mesmos», foi para aqueles quatro. Quando Ele disse: «Estai preparados; pois na hora em que não cuidais, o Filho do homem virá», foi para aqueles quatro. Se o Senhor Jesus proferiu todo este discurso com respeito a sua vinda para aqueles quatro discípulos, e enfatizou sua pronta vinda, vigiem vocês, é porque existe a possibilidade de ser tomados de surpresa no retorno do Senhor. Qual a conclusão que você e eu devemos tirar disso?

Todo o mundo crê que estamos nos últimos dias. Os fundamentalistas islâmicos crêem; os judeus ortodoxos também. A maioria dos cristãos verdadeiros crê que estamos nos últimos dias. Até as pessoas comuns inconversas crêem que estamos nos últimos dias. Porém como podemos assegurar que estamos nos últimos dias?

Alguém dirá de imediato: ‘O Senhor Jesus deixou sinais, e estes são os sinais: haverá guerras e rumores de guerras; se levantará nação contra nação e reino contra reino; haverá terremotos, pragas, enfermidades, fome e perseguições. Porém, por acaso, desde que  Jesus proferiu estas palavras, houve algum tempo no qual não tenham ocorrido guerras e rumores de guerras, terremotos, pragas, enfermidades e fome?

Não houve sequer uma geração na qual estas coisas não tenham ocorrido.

É claro que o mundo não tinha telefones, TV, fax ou satélites. Quando havia fome na China, passavam-se meses até que alguém deste lado do mundo viesse a saber. Quando havia guerra neste lado do mundo, levava meses, talvez até anos, antes que soubessem disso do outro lado. O fato é que sempre houve guerras, rumores de guerras, terremotos, fomes, pragas e enfermidades, e de certa forma tem havido perseguições.

Outro dirá: ‘Não, Jesus não quis dizer uma guerra aqui e outra ali, um terremoto aqui e uma fome lá, Ele quis dizer guerras mundiais, e isto foi no primeiro século’. Porém sempre se faz a mesma pergunta: Como uma geração poderia saber que estava para vir algo pior que o que eles mesmos haviam experimentado?

Suponha que você tivesse vivido na época da Guerra dos Trinta Anos, que devastou toda uma parte da Europa. Você não teria dito: ‘Isto é incrível’? Se você estivesse na Guerra dos Cem Anos, onde milhares de pessoas perderam as suas vidas, de onde surgiram pragas, fome e também perseguições, você também pensaria que eram sinais, assim como não é de se surpreender que os cristãos daquela época pensassem que o Senhor estava retornando.

Suponha que você tivesse vivido na Europa durante a grande Peste Negra. Oitenta e sete por cento da população do Mediterrâneo, na Escandinávia, na Europa e na Grã-Bretanha morreram. Na mesma época, houve uma grande guerra, seguida de perseguições. Você teria pensado: ‘O Senhor está voltando!’. Então, como podemos saber com certeza que nós estamos nos últimos dias?

É muito interessante ver como o Senhor Jesus terminou este discurso. Nos três evangelhos onde se registra este fato, Ele conclui da mesma maneira. A pergunta era a seguinte: «Dize-nos quando sucederão estas coisas – a destruição do templo e o exílio do povo judeu – e que sinal haverá da tua vinda, e do fim do século?». Então Jesus disse: «Ouvireis falar de guerras e rumores de guerras, terremotos, fomes, pragas, dores; porém ainda não é o fim; tudo isto é o princípio do fim».

Então Ele falou de perseguições e disse ainda: «Isto não é o fim; é o princípio das dores, o primeiro surgimento das angústias da vinda do reino de Deus». Então Ele falou do último período, da abominação desoladora, de um período enorme de tribulação que o Senhor teria que encurtar. Ele disse assim: «Então verão o Filho do homem vir nas nuvens, e todo olho o verá». Olhando nos olhos daqueles quatro apóstolos, Ele resumiu tudo: «Da figueira aprendei a parábola».

Que é a parábola da figueira? Ela é obviamente importante, porque a encontramos em Mateus 24:32-33, em Marcos 13:28-29 e em Lucas 21:29-31. Ou, em uma tradução mais moderna: Qual é a lição da figueira? O que foi aquilo que Jesus viu tão importante?

Algumas pessoas dizem que a figueira é somente uma figura da chegada do verão; quer dizer, quando começam a brotar suas folhas, sabes que o verão está próximo. Isto também é possível, porém a questão é que a figueira é a última das árvores frutíferas em Israel na qual brotam as folhas. Quando brotam as folhas da figueira, o que com freqüência ocorre em um período de apenas vinte e quatro horas, dentro de poucas semanas se inicia a larga estação seca.

Se Ele estava nos dando uma figura  da vinda do verão, haveria sido melhor usar a amendoeira. Se Jesus houvesse dito: «Aprendei a lição da amendoeira», não haveria problema, porque em toda a Bíblia a amendoeira é uma figura da ressurreição. È a primeira árvore frutífera que floresce em Israel. Este é um anúncio da chegada do verão. Então, o que Jesus quis dizer?

A figueira e todas as outras árvores

É muito interessante ver como Lucas escreve isto. Lucas sempre nos dá alguma informação adicional. Ele diz: «Vede a figueira e todas as árvores». É como se Lucas, como médico, estivesse dizendo: ‘Tenham muito cuidado; não façam um diagnóstico equivocado’.

Há duas coisas aqui: a figueira e as demais árvores; uma coisa que é comum a ambas, e algo que tem a ver apenas com uma árvore. Em outras palavras, temos sinais gerais e um sinal particular. Quando o sinal particular e os sinais em geral se juntam, então você sabe que chegou a última etapa da história do mundo. Jesus não estava dizendo somente que os sinais gerais são as guerras, rumores de guerras, terremotos, fomes, pragas, enfermidades e perseguições, mas estava dizendo que havia uma árvore em particular que simboliza alguma coisa e que você deve saber seu significado. Agora, qual é seu significado?

A figueira simboliza a Israel

No Antigo Testamento, a figueira significava a terra prometida. Lembrem de uma pequena frase que aparece pelo menos três vezes ali: «Cada um debaixo de sua vide e debaixo de sua figueira» (ver 1 Reis 4:25, Miq. 4:4, Zac. 3:10).  O que quer dizer isso? Não é somente uma frase poética. Isto significa que cada um dos filhos de Israel terá uma porção da terra prometida, grande ou suficiente para que possa crescer nela uma figueira. A vide também crescerá nela, e as duas viverão juntas e frutificarão, e ele se sentará debaixo de sua sombra. Em outras palavras, a figueira é um símbolo da terra, a verdadeira terra de Israel. Se olharmos para Jeremias e Oséias, perceberemos que a figueira também é uma figura da nação. Assim, nós temos tanto a terra, como o território, e a nação.

O Senhor Jesus proferiu uma parábola da figueira em Lucas 13:6-9. Certo homem tinha uma vinha, na qual tinha uma figueira. Ele havia buscado frutos na figueira durante três anos, sem achar nada. Ele ordenou ao lavrador que cortasse a árvore, pois estava tirando do solo todo seu benefício. O lavrador pediu que fosse lhe dado um ano mais, então ele araria e fertilizaria a terra, e se produzisse frutos, bem; se não, ele a cortaria.

Os fariseus e saduceus sabiam exatamente o que Jesus estava dizendo. Ele estava falando acerca da nação e sua esterilidade, e de seu ministério messiânico de três anos. Não foi um ano o tempo que foi dado aos judeus, mas uma geração de quarenta anos - de 30 d. C. até 70 d. C. Naqueles quarenta anos, a terra foi verdadeiramente arada e fertilizada, pois aquela foi toda a maravilhosa história da igreja primitiva. Ainda assim Israel não creu e a árvore, no final, foi cortada.

 Isto me parece uma evidencia convincente de que, quando Jesus falou sobre a figueira e todas as demais árvores, ele falava do povo judeu como um sinal de confirmação. Todos os demais sinais são inválidos a menos que aquele sinal de validação esteja presente. Porém, no momento em que o sinal de confirmação está presente, e ao mesmo tempo haja guerras, rumores de guerra, terremotos, fomes, pragas, enfermidades e perseguições, então saberemos que temos chegado aos últimos dias.

Agora, há um pequeno trecho a mais de evidencia no evangelho de Marcos, e para mim é a evidencia mais clara de todas. No dia anterior ao que Jesus dissera: «Da figueira aprendei a parábola», algo ocorreu a uma figueira (ver Marcos 11:12-14). Jesus costumava passar as noites em Betânia, e nesse dia, ao subir ao monte das Oliveiras, eles estavam em um lugar chamado Betfagé (em hebreu, «casa dos figos imaturos»). Em outras palavras, por alguma razão, naquele ponto em particular, os figos nunca amadureciam. Ao chegar a esse lugar, para espanto dos doze apóstolos, Jesus se dirigiu a uma figueira que tinha somente folhas e disse: «Tenho fome». Então lhe ouviram dizer: «Nunca mais coma alguém fruto de  ti».

Os apóstolos devem ter pensado: Ele tem algum problema? O que se passa com Ele? Ele sabe tudo sobre as aves, sobre as raposas, sobre cultivar, semear, segar, colher; certamente deveria saber que nenhuma figueira em Jerusalém produz figos em março. Pobre figueira! Ela não podia fazer o que Jesus pedia, porque nenhuma figueira dá frutos em março. O que era que Jesus estava fazendo? Será que Maria e Marta não lhe haviam dado o desjejum apropriado? Por que os Doze não tinham fome?

Claro que se dão muitas explicações para aquilo. A teologia liberal diz: ‘Bem, você sabe, Jesus era um homem como nós. Quando se fez homem tinha um entendimento limitado, e quando os homens estão famintos, ficam impacientes. Jesus tinha fome, portanto, com uma irritação normal, Ele maldisse a figueira. Eu não posso aceitar essa explicação.

Assim existem cristãos que crêem na Bíblia, que sentem que precisam defender a Bíblia. Eles ignoram as grandes palavras de C. H. Spurgeon quando lhe pediram para unir-se a uma sociedade em prol da defesa da Bíblia: «Não o farei debaixo de nenhuma circunstância. Vocês não precisam defender um leão. Deixem-no fora de sua jaula, e ele se defenderá por ele mesmo». Em outras palavras, deixem que a Palavra de Deus seja a Palavra de Deus, e ela vai se defender sozinha. Assegura-te somente em obedecê-la. Entretanto, os cristãos que se precipitam para defender a Bíblia dizem: ‘Essa figueira é muito especial. Exatamente de onde saem as folhas, há pequenos grupos de frutos brotando; assim, dessa maneira, pode-se dizer se ela será frutífera ou não’. Isso não explica porque Jesus tinha fome. Você não pode comer  frutos que ainda estão brotando!

No meu entendimento, Jesus estava mostrando uma parábola. Ele fez dela um exemplo, uma ilustração, um ensinamento representado. Posteriormente, quando o Espírito Santo veio sobre eles, lembraram-se de tudo, tal como Jesus lhes havia dito: «Ele vos fará lembrar de todas as coisas». Recordaram que depois de deixar aquela figueira, Jesus havia entrado no templo, virado as mesas dos cambistas, libertado as pombas, e disse: «Minha casa será chamada casa de oração para todas as nações, mas vós a tendes feito covil de salteadores». Na manhã seguinte, manhã posterior à noite em que Jesus lhes havia dito: «Da figueira aprendei a parábola», eles passaram junto à figueira, e Pedro disse: «Mestre, olha, a figueira que amaldiçoaste secou-se». Jesus disse: «Tede fé em Deus» – de nenhuma maneira podes matar figueiras, senão pela fé.

O que Jesus estava dizendo era o seguinte: «Onde quer que haja uma fé viva, há saúde espiritual. Onde há saúde espiritual, há fertilidade. Onde há fertilidade, há benção de Deus. Onde há incredulidade há corrupção. Onde há corrupção, ha esterilidade. Sobre a esterilidade, vem o juízo de Deus». Jesus então teve sua última confrontação com todos os diferentes grupos estabelecidos da nação – os herodianos, os saduceus, os fariseus– e concluiu com a mensagem mais dura que já havia dado (ver Mateus 23).

Quando Jesus saiu do templo, quando eles saíam da porta Formosa, o apóstolo disse: «Mestre, olha que pedras e que edifícios!». Então Jesus disse: «Vês tudo isto? Não ficará pedra sobre pedra». Então eles desceram ao vale do Cedrón e atravessaram o estero. Deixando a oito dos apóstolos provavelmente no Jardim do Getsêmane, ele tomou consigo a quatro deles e subiram mais alto. Sentaram-se ali, com toda a cidade ante sua vista, e os quatro disseram: «Quando acontecerá a destruição de Jerusalém e do  templo? E qual será o sinal de tua vinda, e do fim do século?». Olhando nos olhos daqueles quatro apóstolos, todos judeus, Jesus começou a falar e terminou com as palavras: «Da figueira aprendei a parábola».

A figueira de volta a sua base original

O que Jesus estava dizendo era o seguinte, e digo com minhas próprias palavras: «Vocês viverão para ver a destruição deste templo, esta cidade arrasada, esta nação sendo tomada. Vocês viverão o início do exílio dos judeus. Vai parecer que nunca houve uma figueira neste solo. O juízo será tão completo que vocês jamais poderão imaginar que uma árvore esteve nesta terra. Apesar de tudo, antes que eu volte, a figueira voltará a sua base original, não como na antiguidade, não como um fóssil, mas como uma árvore viva, com folhas brotando com promessas  de fruto». Em outras palavras, os judeus retornarão à sua terra.

É um fato histórico que, desde que Jesus proferiu estas palavras faz 1900 anos, nunca houve um estado judeu. Por apenas uns poucos meses, entre os anos 135-136 d. C., houve a rebelião de um falso messias chamado Bar Kochva, em Jerusalém. Fora disso, nunca houve um estado judeu até o dia 14 de maio de 1948. Naquele dia ocorreu um milagre. Não houve um só especialista econômico ou um perito militar que desse aos judeus uma chance em um milhão de probabilidades. Ninguém creu que o recém-nascido estado judeu sobreviveria sequer por alguns meses. Todo o inferno foi liberado. Dois milhões de jovens em cinco exércitos vieram contra ele, e houve oito mil judeus capazes de enfrentar-los. Aqueles exércitos estavam totalmente mobilizados, totalmente equipados, totalmente treinados; três deles foram treinados pelos britânicos. Ali ocorreu um milagre; os dois milhões fugiram, e Israel foi preservado. Desde então, em quarenta e sete anos, houve seis guerras, quatro das quais deveria haver exterminado este estado – a Guerra da Independência em 1947-1948, a Guerra de junho de 1967, a Guerra de Yom Kippur de 1973, e a Guerra do Golfo de 1991. O pequeno Israel sobreviveu a todas estas guerras.

Isto é incrível. Em todo o mundo, não há outro exemplo como o deste povo. Todos os profetas falaram disso. Até mesmo Moisés falou disso. Ele disse: «Vós sereis espalhados aos confins da terra, porém dos confins da terra o Senhor vos ajuntará. Vós vos tornareis um provérbio entre as nações. Todos vos desprezarão. Quando for manhã, desejareis que seja noite; e quando for e quando for noite, desejareis que fosse manhã. Não achareis paz para vossos corações em nenhum lugar para descansar a cabeça; porém dos confins da terra, o Senhor vos trará de regresso» (ver Deuteronômio 28 e 30).

Jeremias disse: «Se esta ordem estabelecida falhar diante de mim, diz o Senhor, deixará também a linhagem de Israel de ser uma nação diante de mim para sempre. Assim diz o Senhor: Se puderem ser medidos os céus lá em cima, e sondados os fundamentos da terra cá em baixo, também eu rejeitarei toda a linhagem de Israel, por tudo quanto eles têm feito, diz o Senhor. » (Jer. 31:36-37). Em outras palavras, eles são um sinal. Jeremias disse: «Ouvi a palavra do Senhor, ó nações, e anunciai-a nas longínquas terras marítimas, e dizei: Aquele que espalhou a Israel o congregará e o guardará, como o pastor ao seu rebanho» (Jer. 31:10).

Cumprido o tempo dos gentios

O fato é que temos este sinal, e ele é um marco profético. Além disso, o Senhor Jesus havia confirmado deliberadamente esta parábola da figueira. Em Lucas 21:24, ele diz: «E (o judeus) cairão ao fio da espada, e serão levados cativos a todas as nações (Isto se cumpriu no início do ano 70 d. C.); e Jerusalém será pisada pelos gentios, até que se cumpram os tempos dos gentios».

Se você não consegue aceitar a figueira, pelo menos deve compreender que  Jerusalém é a chave para nosso entendimento da economia de Deus. Enquanto Jerusalém estava sob governo não judeu, o mundo não estava no tempo do fim; porém no momento em que ela passou ao governo judeu, o mundo entrou nos últimos dias.

Jerusalém tem sido governada por muitas outras capitais – Cairo, Bagdá, Damasco, Constantinopla, Roma, Londres, Aman. Jerusalém nunca tina sido capital de coisa alguma nos últimos 1900 anos – exceto um século (XI), como a capital do reino das Cruzadas – até o dia 7 de junho de 1967. Ambos os dias são marcos proféticos. Porém o mais impressionante é que muitos cristãos estão adormecidos. Eles não têm a menor idéia sobre o que está ocorrendo.

Existe um estado Judeu neste mundo? Claro que sim. Conhecemos todo o alvoroço e controvérsias a esse respeito. É Jerusalém a capital deste estado? Sim, ela é. Desde o dia 7 de junho de 1967, ela foi reconciliada (reunida), e por um ato do parlamento, foi declarada a capital eterna e indivisível de Israel. De fato, o status de Jerusalém é a linha originária do assim chamado processo de paz. Ao final, isto irá elucidar toda a questão de Jerusalém.

Ali há um estado judeu? Sim. É Jerusalém sua capital? Sim. Tem havido guerras? Houve duas guerras mundiais. Na primeira, morreram 22 milhões; na segunda, 55 milhões. Nunca antes na história houve uma guerra mundial, porém o século XX presenciou duas guerras mundiais, e exatamente no mesmo tempo, se produziu a ascensão de Israel.

Em 1917, na Primeira Guerra Mundial, se firmou a Declaração de Balfour, no tempo exato da guerra. Depois de 700 anos de governo islâmico, Jerusalém foi libertada, não pelos judeus, mas pelo general Allenby, no dia 7 de dezembro de 1917, no qual ocorreu o primeiro dia de Hanukah, o festival Judeu da liberdade, a festa das luzes (feriado religioso judeu). Não vos parece impressionante?

Temos ouvido rumores de outra guerra mundial desde então até 1992. Tem havido guerras e mais guerras, rumores e guerras reais. Tem havido terremotos? Necessitas resposta? Tem ocorrido pragas e enfermidades? Necessitas que te responda? Tem havido perseguições? Nenhum outro século tem visto cristãos martirizados como o século XX, não somente na China, onde talvez um milhão de cristãos tenha sofrido martírio, mas também na Rússia e Europa Oriental. Necessito agregar mais? Do mesmo modo, nenhum século viu tantos judeus martirizados – pelo menos seis milhões, ainda que se calcule que tenha sido uma cifra de oito milhões. Mais de cinqüenta por cento da população judia mundial morreu na Segunda Guerra Mundial.

Ao final da Segunda Guerra Mundial, Israel se transformou numa nação. Não é isso extraordinário? Existe um estado judeu? Sim! Jerusalém é sua capital? Sim! Tem havido guerras? Sim, houve duas guerras mundiais e rumores de guerras.

Sonâmbulos

Nós estamos nos últimos dias, e o mais impressionante é que a maioria dos cristãos está dormindo. Agora, quando tu dormes, não estás morto, porém estás na posição horizontal. Não andas, não corres, não voas. Tu respiras, teu coração segue batendo, teu cérebro segue funcionando, teu sangue segue circulando; porém tu estás dormindo. Muitos cristãos estão dormindo, e eu não me refiro a cristãos nominais. Eles não estão ouvindo ao Senhor, não estão vivos para o Senhor, não estão andando com o Senhor; não estão participando da carreira, não têm idéia de onde estamos no propósito de Deus.

Outros cristãos não estão na posição horizontal, porém são como sonámbulos. têm toda uma rotina, uma prática regular. Deambulam dormindo na reunião. Sentam-se na mesma cadeira de sempre, levantam-se quando devem levantar-se, sentam-se quando devem sentar-se, participam da mesa do Senhor, e ainda assim estão dormindo. É uma rotina de sonâmbulo. De fato andamos, entretanto, estamos dormindo. O apóstolo Paulo disse: «Não durmamos como os demais» (1Ts. 5:6). Na verdade, muitos de nós estamos dormindo, e desse modo, as palavras do Senhor caem em ouvidos surdos. É tempo de despertar. Você não poderá culpar a ninguém se os últimos acontecimentos lhe pegarem  de surpresa. Nosso Senhor disse: «Da figueira aprendei a parábola». Toma esta palavra, deixa que ela alcance seu objetivo, deixa que ela te desafie, permite que ela te fascine, pois temos muito pouco tempo.

Cuidai-vos, vigiai e orai

Qual foi a principal ênfase do Senhor Jesus em seu maior discurso com respeito ao seu retorno? Não foi a seqüência dos acontecimentos. Ainda que Ele falou de uma seqüência de acontecimentos, não era esta a sua ênfase. Embora o Senhor tenha falado dos detalhes, Ele não centralizou seu discurso nos detalhes de tais acontecimentos. Sua ênfase foi a seguinte: «Tende cuidado para que nenhum homem vos desencaminhe; cuidai de vós mesmos, sede cautelosos, eu vos tenho dito de antemão todas estas coisas. Sede cautelosos, vigiai e orai… Estai preparados, pois na hora em que não pensais, o Filho do Homem virá».

As pessoas sempre me perguntam: «Nós iremos ser arrebatados antes da tribulação, no final, ou no meio dela?». Eu tenho uma visão bem definida; entretanto, tenho que dizer que em cada interpretação do arrebatamiento nós temos problemas. Creio que é só uma questão de terminologia. É como se o Senhor estíbese dizendo: ‘Você não pode vive ruma vida descuidada e de repente dizer: Chegou a hora; agora vou buscar o Senhor’. Se quer enganar-se a si mesmo, pode continuar a fazê-lo.

Despertai

Deixa-me dizer-te a coisa mais notável que o Senhor Jesus disse. Não está nos evangelhos, mas no último capítulo de Apocalipse. Ele está falando sobre sua vinda, falando às sete igrejas, falando a cristãos: «Continue o injusto fazendo injustiça, continue o imundo ainda sendo imundo». Em outras palavras, se você está envolvido com negócios desonestos, siga adiante. Estás imundo? Ainda podes ficar mais imundo. «…e o justo continue na prática da justiça, e o santo continue a santificar-se. E eis que venho sem demora, e comigo está o galardão» (Apocalipse 22:12). Não é isso extraordinário? Não se parece com o evangelho. É quase como se o Senhor dissesse: ‘Se queres despertar, desperta. Se desejas te levantar, levanta-te. Se queres continuar sendo frouxo, continua. Se queres continuar sendo sonâmbulo, continua; se queres seguir na horizontal, continua assim. Contudo, eu estou vindo. Se queres estar preparado, necessitas despertar’.

Que Deus nos fale e em verdade nos alcance.

Isto que te falei pode te fazer sentir um tanto desconfortável, porém deixa-me dizer-te que não tens que culpar a ninguém, somente a ti mesmo no caso de não estar preparado. Se não te ajustas com o Senhor, se não decides seguir-lhe completamente, não terás que culpar a ninguém a não ser a ti mesmo se a Sua vinda te encontra despercebido. Que o Senhor, em sua graça, alcance nossos corações, nos toque e, de alguma maneira, nos desperte.

(Tradução do espanhol: Fátima Fonsêca, Brasil).

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