A igreja na cidade

Um compromisso de amor para os que estão mais próximos.

Gonzalo Sepúlveda

"Santificado seja o teu nome... Santificai a Deus o Senhor em vossos corações… Pai, glorifica o teu nome… Eu te glorifiquei na terra" (Mt. 6:9). "De maneira que se um membro padece, todos os membros padecem com ele, e se um membro recebe honra, todos os membros com ele se alegram" (1 Cor. 12:26).

A maior parte daqueles que tem vivido alguns anos na fé de nosso Senhor Jesus Cristo, tem a experiência de sofrer junto ao amado irmão ou irmã em Cristo que padece, seja por um acidente, enfermidade ou qualquer outra desgraça desta vida. De igual modo compartilhamos a alegria dos nossos irmãos quando somos abençoados com algum dos muitos favores do nosso Deus. É algo que flui naturalmente quando temos a consciência de que somos filhos de Deus, membros da maravilhosa família celestial.

Entretanto, devemos reconhecer que costumamos aplicar estas palavras só com respeito ao nosso contexto congregacional imediato, e com isso nos esquecemos do resto do corpo de Cristo.

Não devemos esquecer que no Novo Testamento as Igrejas são locais. A igreja em Éfeso foi repreendida por circunstâncias bem distintas do que foram as outras Igrejas da Ásia. Éfeso era uma cidade, e o Senhor avaliou (e repreendeu) às Igrejas como um todo dentro da sua respectiva cidade conforme é registrado claramente nos capítulos 2 e 3 de Apocalipse.

É certo que as circunstâncias atuais diferem muito de como os primeiros cristãos viviam a sua fé de acordo como o que vemos no Novo Testamento, (a história não joga a nosso favor quanto à unidade local dos filhos de Deus, tem-se entendido a unidade cristã como um acordo quanto à fé e prática que se herda segundo a denominação ou corrente na qual fomos criados), não obstante, cremos que no tempo presente, o próprio Deus, de forma soberana, quer dizer, acima de todo projeto humano, irá pondo em situações em que necessitemos da cooperação, o apoio ou do socorro de outros membros do corpo de Cristo em cada localidade.

Amadurecendo

Permita o Senhor que tenhamos amadurecido alguma coisa depois de séculos de separação. Que o Espírito do Senhor nos ajude a diferenciar entre o que é essencial e o secundário. O essencial é a pessoa e obra de nosso Senhor Jesus Cristo. As Sagradas Escrituras do princípio ao fim revelam o Deus santo e amoroso que nos enviou um poderoso Salvador para 'ré unir-nos' com ele. O secundário são as formas pelas quais inconscientemente nos agarramos. Cada um de nós aprendeu uma forma de orar, uma forma de adorar ou de governar a igreja, mas elas não são mais do que isso, 'formas', maneiras, costumes. E não é precisamente um sinal de maturidade nos agarrar às 'nossas formas' em detrimento do essencial.

Enfatizemos, por um momento, o que nos une como irmãos em Cristo: Um mesmo precioso sangue nos lavou de todos os nossos pecados! Um mesmo Salvador, Jesus Cristo, que vive intercedendo por nós à mão direita da Majestade nas alturas! Um só e mesmo Espírito foi derramado em nossos corações, e continuamente nos consola nos recordando as riquezas que temos como filhos do Deus vivo e verdadeiro! Somos homens e mulheres que temos uma bendita experiência em comum: nascemos de novo, somos crentes que confessamos o santo nome de nosso Senhor Jesus Cristo e esperamos o seu glorioso retorno.

Você pode orar ou cantar diferente de como eu faço, pode servir e/ou entender o governo da congregação de uma maneira distinta do que a minha, mas tudo aquilo não são mais que pequenas diferenças, comparadas com a grandeza do Deus e Salvador que nos une.

Cristo em cada irmão

Podemos nos amar com amor íntimo, com o Seu amor que nos inunda (Rom. 5: 5), podemos respeitar com paciência aquelas pequenas diferenças históricas e reconhecer que o nosso Deus está nos ordenando "sendo hospitaleiro uns aos outros" no coração (1ª Ped. 4:9). Podemos aprender uns dos outros com humildade, compartilhando a medida de graça que recebemos do nosso Senhor (Rom. 12:3-6). "Cristo habita pela fé em nossos corações", ensina Paulo, e acrescenta que necessitamos de todos os santos para compreender a Sua grandeza (Ef. 3:17-18).

Cristo é demasiadamente maravilhoso para que só um indivíduo ou grupo em particular possa conhecer e expressar-lhe na sua plenitude. Lendo o Novo Testamento podemos dizer que conhecemos e temos nos nutrido do Cristo de Mateus, do Cristo de Marcos, Lucas, João, Pedro e Paulo. Do mesmo modo, hoje necessitamos do "Cristo que está se formando em cada irmão" (Gál. 4:19), e, com maior razão, no irmão que temos mais próximo, em nossa vizinhança e em nossa própria cidade.

Muitas vezes temos boas e frutíferas relações com irmãos de outros lugares, mas eles não conhecem como somos e como vivemos.

A realidade do nosso testemunho para o mundo será a unidade e/ou a comunhão que pratiquemos com os santos com quem vivemos em nossa cidade, além do nosso contexto congregacional imediato. Então "o mundo verá", será testemunha do nosso amor de irmãos em Cristo, e finalmente o próprio Senhor verá com agrado como a sua vontade se cumpre nos que são dele (Ef. 4: 1-4; Jo. 13:34-35; Jo. 17: 21).

O fruto que vem

Quantas coisas poderíamos obter se tão somente orássemos uns pelos outros? Você ora somente pelo bem do seu próprio serviço ao Senhor? Você pode pronunciar bênçãos também para outros servos do Senhor de toda a sua cidade? Quão apoiados se sentiriam muitos irmãos, nas distintas tarefas que o Senhor lhes encarregou, se a 'igreja na cidade' estivesse orando por eles? Qual seria o fruto diante do Senhor?

O desafio é grande, os temores muitos, mas a verdade segue sendo que também prestaremos conta diante do Senhor de como nos relacionamos com os nossos irmãos em Cristo na cidade onde residimos. Muitas feridas devem ser curadas. Devemos muito amor aos outros, e tal dívida deve ser paga.

Que a graça do Senhor nos ajude.

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