A consumação do mistério de Deus

O papel do "filho varão" no final desta era.

Rodrigo Abarca

O livro de Apocalipse é essencialmente um livro de revelação - a revelação de Jesus Cristo. Quando lemos este livro não devemos esquecer jamais que esse é o assunto. Mas essa é uma revelação que deve ir sempre crescendo. Não é que simplesmente Deus revelou o seu Filho no passado, como um evento definitivo, completo e fechado, mas que ele começou a nos revelar o seu Filho e continua revelando a seu Filho e vai seguir revelando-o até o fim, até que alcancemos o conhecimento pleno do Filho de Deus.

O tempo se acaba

Vamos diretamente ao nosso assunto. Diz o apóstolo no capítulo 10:1: "Vi descer do céu outro anjo forte...". Este anjo que aparece aqui é um anjo especial, porque quando você lê a descrição que o apóstolo faz do anjo, descobre que algumas das suas características são as mesmas do Senhor Jesus Cristo.

Então, embora não podemos assegurar que este anjo seja o próprio Senhor, podemos dizer que ele vem representando o Senhor. E diz assim: "Tinha em sua mão um livrinho aberto; e pôs o seu pé direito sobre o mar, e o esquerdo sobre a terra...". A terra e o mar representam o mundo criado. Pôr os pés sobre um e outro significa que o anjo está tomando posse de ambos da parte do Senhor.

"...e clamou com grande voz, como ruge um leão..." (V. 3). Quem é o Leão da tribo de Judá? O Senhor Jesus Cristo. O anjo clama com a voz do leão, porque o que vai expressar é a autoridade do Senhor Jesus Cristo. "E o anjo que vi em pé sobre o mar e sobre a terra, levantou a sua mão ao céu, e jurou pelo que vive pelos séculos dos séculos, que criou o céu e as coisas que estão nele, e a terra e as coisas que estão nela, e o mar e as coisas que estão nele, que não haveria mais demora" (10:5-6).

Recordam as palavras do Senhor, o sentido de urgência do livro quando diz: "Certamente, venho breve"? O tempo se acaba, e ele vem. E aqui o anjo diz que não haveria mais demora para o tempo. Que tempo é esse? É obvio, não se refere ao tempo cronológico, mas ao tempo determinado para que o Senhor estabeleça o seu propósito eterno.

Quando vai ocorrer isto? Versículo 7: "...nos dias da voz do sétimo anjo...". Aqui o anjo nos dá uma chave. Não só nos diz que vem breve, mas também nos diz como vai ser que o Senhor virá breve. E nos diz que esse tempo determinado por Deus para que se consume o seu plano e o seu Filho Jesus Cristo retorne, vai terminar quando o sétimo anjo começar a tocar a trombeta.

A consumação do mistério de Deus

Do que trata esse mistério? Toda a obra de Deus que está em curso neste momento, o que está sendo desencadeado do trono, o que o Cordeiro de Deus está fazendo quando desata os selos e começa a dirigir o rumo da história, tudo isso pode ser englobado na expressão "a consumação do mistério de Deus". O mistério de Deus está se consumando, e nós fazemos parte disso.

Vamos ver do que se trata esse mistério. Vamos ler em Efésios, onde nos fala do mistério de Deus de maneira mais clara e ampla no Novo Testamento.

Efésios 1:9: "...nos dando a conhecer o mistério da sua vontade...". A palavra mistério quer dizer algo que está escondido no secreto do coração de Deus, e que é inacessível para qualquer criatura, inclusive para a raça humana. Ninguém pode ter acesso ao secreto de Deus, a menos que ele próprio o permita.

Quando contemplamos as coisas que Deus criou, maravilhamo-nos, mas não sabemos por que, a menos que Deus nos diga o porquê. E o porquê está aqui, e isto é o que ele nos revelou. Deus deu a conhecer este mistério ao corpo de Cristo, a nós, que somos os seus filhos. E a razão disso é porque nós temos um lugar especial nesse mistério.

"...nos dando a conhecer o mistério da sua vontade ... de reunir todas as coisas em Cristo...". Quando? "...na dispensação do cumprimento dos tempos...". O que disse o anjo? "...que não haveria mais tempo". Uma dispensação é um período de tempo, uma administração divina com um propósito determinado. Essa dispensação é a que estamos vivendo hoje, e é a dispensação do cumprimento dos tempos, quer dizer, aquela em que todo o mistério de Deus está sendo levado a cabo até que se consume.

E o que deve ocorrer? Deus tem proposto algo neste tempo, nesta geração. Esta é a obra presente de Deus: "Reunir todas as coisas em Cristo". É o mistério que explica todas as obras de Deus desde o começo do tempo até o final do tempo. É o mistério das gerações. Qual? O seu Filho Jesus Cristo.
"...o mistério de Deus se consumará..." (Ap. 10:7). Se o propósito de Deus é reunir todas as coisas em Cristo, quer dizer que quando o mistério tiver consumado todas as coisas se reunirão em Cristo, e Cristo será cabeça de todas as coisas.

Por isso diz: "...mas ainda não vemos que todas as coisas lhe estejam sujeitas" (Heb. 2:8). Quando você olha o mundo, vê que as coisas estão de maneira desordenada; cada homem faz o que quer; parece que no mundo a guerra, a dor, o sofrimento é o que impera. Os homens vão e vêm, fazem uma coisa e outra, mas não estão sujeitando-se ao Senhor Jesus Cristo.

Não há nação que obedeça ao Senhor hoje em dia neste mundo. O trono do Senhor está no céu; mas na terra os governantes deste mundo não obedecem ao trono que está nos céus. E, no entanto, nisso está trabalhando o Pai. Chegará o dia em que todos os reinos deste mundo deverão ser do Senhor Jesus Cristo.

No final desta dispensação, o que vai ocorrer? "O sétimo anjo tocou a trombeta, e houve grandes vozes no céu, que diziam: Os reinos do mundo vieram a ser do nosso Senhor e do seu Cristo; e ele reinará pelos séculos dos séculos" (11:15). Aí se consuma o propósito, o mistério de Deus. O propósito de Deus é que finalmente toda autoridade, todo domínio humano, toda potestade, seja suprimida; que só haja uma cabeça, um Senhor, um Rei, que governe sobre tudo e em todos - nosso bendito Senhor Jesus Cristo. Glórias ao Senhor!

O mistério de Cristo

Mas precisamos entender algo mais. Porque Deus tem um instrumento preparado, um meio, para conseguir esse fim. Certamente, o Senhor Jesus Cristo tem a autoridade para descer do céu neste mesmo instante e suprimir todo poder e domínio e sujeitá-los a ele mesmo, e sentar-se como Rei e Senhor e governar sobre a terra. Ele pode fazer isso, mas não o faz. Por que não o faz?

Devemos conhecer e entender os meios e as razões que permitem que o Senhor Jesus Cristo desça e venha reinar esta terra.

O capítulo 11, quando nos mostra a sétima trombeta, é como uma visão de longe; não se vê como esses eventos se desencadeiam. Mas, a partir do capítulo 12, essa mesma visão vai se aproximando, e agora sim vemos os eventos que finalmente farão com que os reinos deste mundo venha a ser do Senhor e do seu Cristo.

E aqui encontramos algo fundamental. Se o mistério de Deus é o Senhor Jesus Cristo, também o Senhor Jesus Cristo tem um mistério. E esse mistério é o que aparece aqui, e isto é o que nos cabe neste tempo.

"Apareceu no céu um grande sinal: uma mulher vestida de sol, com a lua debaixo dos seus pés, e sobre a sua cabeça uma coroa de doze estrelas" (12:1). Esta mulher que aparece aqui é um sinal, e é um mistério. Tem haver com a consecução desse mistério, para que Cristo chegue a ser cabeça, e tudo seja suprimido e submetido ao Senhor Jesus Cristo. E esta mulher forma parte do êxito desse propósito.

Quem é esta mulher? É a igreja, a noiva de Cristo. A igreja foi chamada para cumprir um papel fundamental na consecução deste mistério. E esta mulher aparece "...vestida de sol, com a lua debaixo dos seus pés, e sobre a sua cabeça uma coroa de doze estrelas". Estes símbolos que aparecem associados a esta mulher representam o caráter celestial da igreja.

Ela está vestida de sol. A igreja existe e foi criada para expressar a glória do Senhor Jesus Cristo. É uma visão celestial, é a igreja segundo os pensamentos de Deus.

O Pai revela ao Filho, e o Filho revela a igreja. O Pai tinha um mistério escondido em seu coração das gerações; esse mistério era o seu Filho. E o Filho também tem um mistério escondido; esse mistério é a igreja.

E também diz: "...com a lua debaixo dos seus pés". Agora, observe! O que são o sol e a lua? No capítulo 1 de Gênesis nos diz que Deus fez dois grandes luminares: o luminar maior que é o sol, para governar o dia, e o luminar menor que é a lua, para governar a noite. A noite é o tempo das sombras, e o dia é o tempo da plena revelação da natureza das coisas.

O sol representa o Senhor Jesus Cristo. O Senhor Jesus Cristo é a realidade. O sol tem luz própria. A lua não tem luz própria; ela simplesmente reflete a luz do sol. Então, esta mulher representa a obra de Deus através do tempo, porque há um Antigo Pacto e um Novo Pacto; há um pacto que é das sombras e das figuras, e há um pacto que é da realidade.

Esse é um mistério que agora é revelado, que dos dois povos Ele fez um; que nós, os gentios, somos co-herdeiros e membros do mesmo corpo, e co-participantes da promessa em Cristo Jesus por meio do evangelho. De maneira que esta igreja gloriosa que aparece aqui resume em si mesmo toda a obra de Deus no mundo.

"...e sobre a sua cabeça uma coroa de doze estrelas". O número 12 representa o número do povo de Deus. No Antigo Pacto, o povo de Israel estava constituído por doze tribos, e no Novo Pacto, o novo Israel está baseado sobre doze apóstolos. E assim, a nova Jerusalém, a expressão final da igreja, tem doze portas com os nomes das doze tribos de Israel, e doze fundamentos, com os nomes dos doze apóstolos. Assim é a igreja no propósito eterno de Deus.

A mulher grávida

Mas o versículo 2 nos diz algo fundamental. Esta mulher, gloriosa como é, cheia das riquezas de Cristo, esta mulher estava grávida, e clamava com dores de parto.

Há dor, há sofrimento nela. Não só é gloriosa; a glória está acompanhada de dor. É um sofrimento de parto. E quanto mais intensos e mais próximos são essas dores, significa que mais próximo está para nascer o menino. Mas é uma angústia que está acompanhada de gozo, porque ela sabe que através dessa dor, um menino virá ao mundo.

Para entender esta mulher, vamos para um exemplo do Antigo Testamento, no primeiro livro de Samuel, capítulo 1.
Antes do livro de Samuel está Rute, e antes de Rute há outro livro que é o ponto onde começa a história de Samuel - o livro dos Juízes.

O último versículo do livro dos Juízes é o resumo do livro. "Nestes dias não havia rei em Israel; cada um fazia o que bem lhe parecia" (Juízes 21:25). Quando você lê o livro dos Juízes, vai dar conta de uma grande tragédia: "Mas morreu Josué ... e toda aquela geração também foi reunida a seus pais. E se levantou depois deles outra geração que não conhecia o Senhor, nem a obra que ele tinha feito por Israel" (Juízes 2:8, 10). O que tinha sido de tanta glória, o estabelecimento poderoso da nação, comandados pelo próprio Deus, tudo isso tinha sido esquecido, e a nova geração não sabia nada, nem conhecia a Deus. E então todo o Israel caiu em uma profunda queda e derrota espiritual. Deus levantava de tempos em tempos um juiz para libertá-los; mas até esses juízes não eram pessoas que satisfaziam a Deus.

Mas observem: no princípio deste livro há uma mulher: Ana. Uma mulher que não pode ter filhos, e sofre. Ao observar a situação de Israel nesse momento, essa mulher estéril representa a própria nação de Israel, uma nação que é incapaz de dar fruto para Deus.

Ana representa essa nação, mas ao mesmo tempo representa a dor de Deus por essa nação. Porque a dor de Ana para ter um filho é a dor de Deus por obter frutos através do seu povo. Ana chora, mas é Deus quem chora em Ana. Leia o cântico de Ana e vai descobrir que ela não só chorava por ter um filho, mas também chorava pela tragédia da nação.

Há homens e mulheres que são como Ana, que vêem a necessidade de Deus, que choram pelo que Deus chora, que gemem por aquilo que o coração de Deus geme: o desejo de Deus de produzir um fruto para a glória do seu Filho Jesus Cristo.

Mas observem o que ocorre. O pranto de Ana atrai a atenção de Deus sobre ela. E Deus lhe dá um filho. E Ana o traz para o templo sendo pequeno, e o entrega ao sacerdote. Ana renuncia a seu filho e o dá a Deus. E esse menino cresce no templo.

"O jovem Samuel ministrava ao Senhor na presença de Eli; e a palavra do Senhor escasseava naqueles dias; não havia visão com freqüência" (1 Samuel 3:1). O que diz a Escritura quando não há visão? Quando não há visão, o povo perece. Morre. Mas Deus chamou a Samuel sendo pequeno, sendo um jovem.

"Samuel estava dormindo no templo do Senhor, onde estava a arca de Deus; e antes que a lâmpada de Deus fosse apagada, o Senhor chamou a Samuel; e ele respondeu: eis-me aqui" (1 Sam. 3:3-4). Havia uma ordem aos sacerdotes sobre a lâmpada que ardia no templo: não podia apagar-se. Eles deviam manter a lâmpada acesa. Essa lâmpada representava o testemunho de Deus na nação. Se ela apagasse, significava que a nação tinha morrido aos olhos de Deus.

Estava a ponto de morrer, mas antes que se apagasse, ali havia um menino, concebido na dor e na angústia de uma mulher. E esse menino foi usado por Deus para manter a lâmpada acesa.

"E Samuel cresceu, e o Senhor era com ele, e não deixou cair por terra nenhuma das suas palavras. E todo o Israel, desde Dão até a Berseba, conheceu que Samuel era fiel profeta do Senhor. E o Senhor tornou a aparecer em Siló; porque o Senhor se manifestou a Samuel em Siló pela palavra do Senhor" (1 Samuel 3:19-21). Deus tornou a aparecer no meio do seu povo.

O filho varão

Agora, em Apocalipse 12, a mulher está grávida, clamando com dores de parto. Ela vai dar a luz um menino que é como Samuel. É um menino que vem para levar adiante os propósitos de Deus.

Mas, agora, o que é o que dá a luz a igreja? Alguns irmãos, quando lêem esta parte de Apocalipse, dizem: 'Bom, esse menino aqui é o Senhor Jesus Cristo'. Claro, em certo sentido, o Senhor Jesus Cristo é o menino varão que nasceu da mulher, de Maria, e se sentou no trono de Deus. Mas aqui, não é Maria - é a igreja. E a igreja também tem que dar a luz algo. E o que dá a luz?

"Também apareceu outro sinal no céu: eis aqui um grande dragão escarlate, que tinha sete cabeças e dez chifres, e em suas cabeças sete diademas; e a sua cauda arrastava a terceira parte das estrelas do céu, e as lançou sobre a terra. E o dragão parou diante da mulher que estava para dar a luz, a fim de devorar o seu filho logo que nascesse" (V. 3-4).

Este dragão é o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás. Por que ele para diante da mulher? A mulher vai dar a luz um menino, e esse menino têm um propósito, tem um destino marcado por Deus - vai ser arrebatado para Deus e para o seu trono.

Esse dragão é descrito com certas características. Tem sete cabeças e dez chifres. Isso nos fala do seu poder mundial. E ele vai fazer tudo o que esteja ao seu alcance para impedir que se consume o mistério de Deus na terra.

E aqui está o importante. A chave para que isto se consiga, para que Cristo se estabeleça finalmente como Rei supremo e Senhor, e todas as coisas se submetam a ele, é o menino que nasce da mulher.

Versículo 5: "E ela deu a luz um filho varão, que regerá com vara de ferro a todas as nações...". O dragão quer destruí-lo, mas no momento em que nasce, "...o seu filho foi arrebatado para Deus e para o seu trono".

Vamos a Apocalipse 3:21 para ver um pouco mais isto. "Ao que vencer, lhe darei que se sente comigo no meu trono...". Aqui o Senhor está dizendo algo mais. Não só ele está sentado no trono - ele quer que todos nós sentemos junto com ele no trono. Você e eu, irmão, fomos chamados pelo Senhor para sentarmos com ele em seu trono.

"Ao que vencer...". É obvio, para sentar-se no trono com o Senhor, há uma condição, um requisito - terá que vencer. Por este motivo é que o dragão está, porque o menino antes de subir para o trono tem que vencer o dragão, e em seguida subir para o trono.

E o que disse o apóstolo Paulo? "meus filhinhos, por quem torno a sofrer dores de parto, até que Cristo seja formado em vós". O menino que nasce da mulher é Cristo formado em nós. A mulher dá a luz filhos para Deus; a igreja leva em seu ventre os filhos que se assentarão para reinar com Cristo em seu trono. Cristo reinará através da sua igreja - os meninos de Deus, que devem amadurecer, que devem alcançar a estatura de varão perfeito, para reinar junto com Cristo.

Então, podemos ver o que o Senhor está fazendo neste tempo? Esta visão de Apocalipse 12 é para a igreja. Deus quer nos mostrar algo do seu coração; ele quer formar o seu Filho em nós.

Isto é algo que deve ir de geração em geração, porque é o Senhor que quer vir a ser formado em sua igreja, e por isso o filho varão tem que nascer. Mas recordem, há dores de parto para que isso ocorra; tem que haver um coração quebrantado pelo desejo do coração de Deus. Como dizia Paulo: "Porque o amor de Deus nos constrange, pensando isto: que se um morreu por todos, logo todos morreram...". Para que? "...para que os que vivem, já não vivam para si, mas para aquele que morreu e ressuscitou por eles" (2a Cor. 5:14-15).

Para quem você vive, irmão amado? Para quem você tem família? Para quem você tem tudo o que tem? É para o Senhor? Ele não morreu e ressuscitou para ser Senhor de todos?

E aqui necessitamos outra advertência. O maior engano que pode cometer qualquer pessoa que vai à guerra é subestimar o seu inimigo. Nosso inimigo é formidável. Não é todo-poderoso, nem é invencível; mas é formidável. Ele tem o domínio dos reinos deste mundo. E não só isso: com a sua cauda arrasta a terça parte das estrelas do céu - uma terça parte dos poderes angelicais. Poderes superiores a tudo o que você imagina e que estão a serviço do dragão e operam neste mundo para levar a cabo os seus planos malignos de destruição, e estão sobre a igreja respirando ameaça e morte sobre os meninos de Deus.

Não esqueçam, é uma batalha que não terminou. Nunca um soldado deve relaxar-se no meio da batalha. Quem relaxa pode morrer a qualquer momento. Não deixemos que o inimigo ganhe vantagem.

Mas vamos ver agora a vitória do filho varão. O versículo 12:5 nos esclarece melhor o assunto. "E ela deu a luz um filho varão, que regerá com vara de ferro a todas as nações". O que diz a Escritura sobre Jesus Cristo? Que ele regerá com vara de ferro. Mas agora nos diz que o filho varão também regerá com vara de ferro.

O reino de Deus vai vir para a terra através da igreja. Esses filhos devem ser formados no campo de batalha, em meio da tribulação, em meio de uma enorme pressão.

Então, quando o tempo vai terminar? Quando ele tiver a sua rainha preparada para reinar com ele. O Senhor necessita da igreja, e esse é o filho varão que sobe para reinar.

Então, aqui está a chave. O filho varão sobe, é colocado no trono e como conseqüência disso, diz o versículo 9: "E foi lançado fora o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o qual engana o mundo inteiro; foi precipitado na terra". Isso significa que perde a sua posição de domínio, e é finalmente despojado e lançado na terra por meio desse filho varão. "...e os seus anjos foram precipitados com ele". Não só ele, mas também as suas potestades.

"Então ouvi uma grande voz no céu, que dizia: Agora é chegada a salvação, o poder e o reino do nosso Deus, e a autoridade do seu Cristo; porque foi lançado fora o acusador dos nossos irmãos, que os acusava diante de nosso Deus de dia e de noite" (12:10).

Recorde qual é o mistério de Deus que se consuma: "Os reino deste mundo vieram a ser do Senhor e do seu Cristo..." (11:15). Mas agora temos uma visão de mais perto. É pelo filho varão que sobe ao trono que o dragão é precipitado. Então, a vinda do reino de Deus significa também a expulsão definitiva de Satanás deste mundo e de todos os seus poderes associados. Tudo isso deve ocorrer por meio da igreja.

As chaves da vitória

O versículo 11 nos dá a chave de como vencer a batalha a que somos chamados.

Como venceram? "E eles o venceram por meio do sangue do Cordeiro..." (12:11). Sabe o que significa isso? O precioso sangue que nos limpa de todo pecado. Mas, por que o sangue está aqui? Porque o sangue significa que nós somos absoluta e totalmente impotentes para nos justificar a nós mesmos diante de Deus.

Nunca teremos méritos, nunca teremos nada que apresentar diante de Deus para sermos recebidos, acolhidos e amados por Deus. O sangue significa que Deus, gratuitamente, recebe-nos em Cristo Jesus.

Mas, sabem o que significa isso em uma aplicação mais prática? Significa que não podemos vir ter comunhão com Deus a menos que venhamos vestidos desse manto de justiça que Deus teceu para nós. Não as nossas boas obras, não o nosso bom comportamento, mas sim a justiça dele. Mas em uma aplicação mais ampla significa que jamais vamos ter méritos próprios que apresentar aos olhos de Deus.

Isto é algo muito sutil. Porque é tão fácil -e Satanás trabalha sobre isso- que comecemos a pensar que somos algo, que há algo em nós de valor, que o Senhor nos escolheu porque encontrou algo em nós, que ele nos olha e nos ama porque acha que somos um pouco diferentes, mais obedientes ou possivelmente mais fiéis, ou porque talvez reagimos melhor à Sua palavra. Mas não é por isso; nunca vai ser por isso, porque não temos mérito algum diante de Deus.

O dia em que os nossos olhos se desviarem do sangue de Cristo, e deixarmos de pensar que somos justificados só pelo valor precioso desse sangue, e somos amados, acolhidos e recebidos só por essa misericórdia e essa graça incomparável de Deus, esse dia iremos começar a perder todas as coisas.

Segundo elemento: "...a palavra do testemunho deles...". Qual é o nosso testemunho? Qual é a palavra do testemunho da igreja? O que confessamos? Que Jesus é o Cristo. Qual foi a confissão de Pedro? "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo". Essa é a confissão que vence a Satanás.

O que disse o Senhor? "Bem-aventurado és tu, Simão, filho de Jônas, porque não foi carne nem sangue quem te revelou , mas meu Pai que está nos céus. E eu também te digo, que tu és Pedro, e sobre esta rocha edificarei a minha igreja" (Mat. 16:17-18). Que rocha? Pedro? Não, não é Pedro. A rocha é a confissão de Pedro, o fato de que Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo. "...e sobre esta rocha edificarei a minha igreja; e as portas do Hades não prevalecerão contra ela".

Todo o poder do inferno, todo o poder do Hades pode se lançar contra a Rocha, e não vai movê-la um só centímetro, porque é a Rocha incomovível e eterna dos séculos, é o bendito Senhor Jesus Cristo, para sempre invencível! Satanás pode nos vencer todas as vezes que quiser se pararmos diante dele em nossa força, em nosso poder e em nossa capacidade; mas se você se apresentar em Cristo, não será removido jamais.

Essa é a nossa vitória. Não é só a confissão. É o fato de viver nessa confissão. Se dissermos que Jesus é o Cristo, o que queremos dizer? Que é o Senhor, que é o dono, que é o Rei. Que ele governa, que ele domina. Então, não basta dizer: "Jesus é o Cristo". Temos que viver nesta vida sob a autoridade do Senhor Jesus Cristo.

Por que nestes anos, em sua graça e em sua misericórdia, o Senhor nos insistiu tanto sobre a necessidade de que em cada localidade não haja como cabeça um só homem, e que na obra de Deus não haja um só homem como cabeça? Porque existe uma só cabeça - Jesus Cristo. Ele é a cabeça da igreja. E para garantir que ele seja cabeça da igreja, não deve haver outras cabeças nela.

Não estamos interessados na eclesiologia; estamos interessados em Cristo o Senhor. A ele amamos. Queremos que ele seja cabeça de todas as coisas, e deve começar por sua casa e por sua igreja.

Quem é a cabeça da sua família? Jesus Cristo! Se você não estiver sob a autoridade de Cristo, não é nada em sua casa. Para isso estamos neste mundo - para que Cristo seja cabeça sobre todas as coisas.

E o último passo diz: "..e desprezaram as suas vidas até a morte". A obra da cruz; a necessidade imperiosa de que a cruz trabalhe em nossas vidas. Este é o caminho para o trono, o caminho para o reino; é o caminho para a maturidade e para a plenitude. Mas é o caminho da cruz. É o caminho da justiça de Cristo e não a própria; o caminho do reino de Cristo, e não o próprio. E é o caminho da cruz de Cristo que nos leva ao trono.

O que é a cruz de Cristo? "...desprezaram as suas vidas até a morte". A morte é o fim de nós mesmos. Quando morremos, acabamos, terminamos. Se você morrer hoje, os seus planos, os seus projetos, tudo o que você tem pensado, acaba. Não há nada mais - chegou a morte.

Para vencer o dragão, para trazer a vitória de Cristo a este mundo, há só um caminho - desprezar a vida até a morte. Ao anjo da igreja em Esmirna é dito em Apocalipse: "Eis aqui, o diabo lançará a alguns de vós na prisão ... e tereis tribulação por dez dias". Graças ao Senhor, a tribulação está delimitada; mas há tribulação. Mas lhe diz algo mais. Não lhe diz: 'vou libertar-te, vou tirar-te do cárcere depois de dez dias', mas lhe diz: "Sê fiel até a morte, e eu te darei a coroa da vida".

A coroa da vida está além da morte. A morte é o fim de nós mesmos; mas a morte deve trabalhar em todos os aspectos da nossa vida, porque é desprezar as nossas vidas "até a morte".

O que significa morrer? Morrer significa aceitar a obra da cruz. A obra da cruz significa que somos deixados de lado, que não somos tomados em conta. Tudo isso é obra da cruz. Na vida da igreja, se alguém quer destacar-se, deve saber que este não é um lugar para receber glória.

É bom que nos estimulemos ao amor e que nos amemos, mas para que Cristo possa reinar e possa formar-se em nós, devemos desprezar as nossas vidas até a morte. A morte tem o poder de liberar a vida de Deus em nós. Se você quer conhecer o que há além da morte, você tem que passar pela morte.

Agora, aqui há um mistério glorioso. Cada um dos filhos de Deus é como uma semente que tem vida de ressurreição dentro dela. Mas essa vida não se manifesta nem é liberada até que morre. Quando morre, libera-se a vida de ressurreição, e essa vida de ressurreição é a vida do reino, é a vida de autoridade, é a vida do trono. E então Satanás é submetido e é vencido.

Nós somos para Satanás como essas minas explosivas semeadas em um campo. Satanás vai caminhando, e crê que vai ganhar de nós, e está nos pisoteando, e ocorre que dentro de nós há poder, e em vez de morrer, explodimos. A vida que está em nós explode em poder, e Satanás é vencido.

Irmão amado, não tema à morte. Os crentes não devem temer a morte, porque a morte só consegue liberar a vida que está escondida dentro de nós. A morte não pode te destruir.

A morte simplesmente libera o poder da ressurreição que está encerrado em cada um de nós. Você, irmão; você, irmã, tem o poder da ressurreição, a mesma vida que ressuscitou a Cristo dos mortos está dentro de ti, e se a morte vem sobre ti, você precisa saber que essa morte simplesmente vai liberar a vida escondida em ti. Amém.

Síntese de uma mensagem ministrada no Retiro de Callejones, 2008.

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