ÁGUAS VIVAS
Para a proclamação do Evangelho e a edificação do Corpo de Cristo
Graça e verdade (2)
A destruição e a reconstrução que o Espírito Santo realiza nos filhos de Deus.
Eliseo Apablaza
Leitura: João 1:14, 16-17.
Como víamos em nossa mensagem anterior, o Senhor Jesus expressou de maneira muito equilibrada a graça e a verdade. Em cada encontro que ele teve com as pessoas, manifestou estes dois aspectos de sua maravilhosa pessoa. Às vezes manifestou primeiro a graça, outras vezes, a verdade; mas sempre as duas estavam presentes. Por isso diz o versículo 16, a graça excedia à verdade.
Víamos também que a graça nos perdoa, nos levanta, no entanto a verdade nos derriba e nos quebranta.
Quando Jesus aparece
No capítulo 1, do versículo 35 em diante, temos a João Batista, que, ao ver Jesus que andava por ali, disse: "Eis aqui o Cordeiro de Deus". E os dois discípulos que estavam com ele seguiram a Jesus. Neste dia João perdeu os seus dois discípulos. Até aparecer Jesus, João Batista era o grande profeta; todo mundo corria para escutá-lo, recebiam a sua palavra e se batizavam com o seu batismo. Mas o dia que o Senhor Jesus foi manifestado, João começou a perder os seus discípulos. Então, a verdadeira estatura espiritual de João ficou em evidência.
Antes de Jesus aparecer, João era grande. Depois que Jesus apareceu, deixou de ser grande. Antes, era um grande mestre; depois que Jesus apareceu, João pôde ver a sua verdadeira estatura. Quando Jesus aparece, todos os mestres perdem os seus discípulos, porque estes têm que seguir a Jesus. Isso significa que ele é a verdade. A verdadeira estatura de João só ficou em evidência quando Jesus apareceu.
No capítulo 2 de João diz que o Senhor foi a umas bodas em Caná. E quando estavam no meio da festa, acabou-se o vinho. Então o Senhor Jesus converteu a água em vinho. E este vinho era melhor que o anterior. A segunda parte da festa foi melhor que a primeira. O que na verdade aconteceu ali? Simplesmente, que a verdade se manifestou; e tudo o que não é verdadeiro ficou em evidência. Quando Jesus vem, toda a nossa festa termina, o vinho se acaba, porque o verdadeiro vinho deve ser introduzido na festa.
O vinho representa o deleite, o gozo. Antes de Jesus aparecer parece que a nossa alegria é completa, mas quando o Senhor aparece se acaba o nosso vinho. E necessitamos que ele converta a água em vinho. Jesus manifesta a irrealidade daquele que veio, e ele introduz o vinho verdadeiro, porque Jesus é a verdade.
Mais adiante, no capítulo 2, nos diz que o Senhor foi ao templo de Jerusalém. Esse lugar era muito admirado pelos judeus, e também pelos discípulos. Essa maravilha que Herodes tinha levantado fazia os discípulos exclamar: "Que pedras e que edifícios!". No entanto, o Senhor Jesus, tomando um açoite de cordas, expulsou todos para fora do templo, e as ovelhas e os bois. Espalhou as moedas dos cambistas e derrubou as mesas, e disse: "Tirem daqui isto, e não façam da casa de meu Pai casa de negócio!".
Para os judeus o templo era um lugar sagrado; mas quando o Senhor Jesus veio a ele, a irrealidade do templo ficou em evidência. Era só uma casa de negócios.
Antes de Jesus aparecer, tudo para nós parece real, esplendoroso. Mas quando ele se manifesta, todas as coisas tomam a sua justa posição e estatura. Porque ele é a verdade.
Antes de o Senhor começar a manifestar a nós como a verdade, temos opiniões erradas a respeito de tantas coisas. Principalmente a respeito de nós mesmos. Antes parecia que tínhamos certo grau de humildade, provavelmente tínhamos lido alguns livros, e através deles, tínhamos aprendido que a humildade é uma virtude e procurávamos nos exercitar nela. E chegamos a pensar que éramos humildes. Mas quando apareceu o Senhor, a nossa humildade, que na realidade era um orgulho disfarçado, desfez-se. E assim ocorreu com muitas outras coisas. Porque nós vivemos em um mundo que está enganado, que está sob a potestade do enganador. As coisas parecem ser reais, mas não são. São ilusórias, são aparentes.
Nos tempos do Senhor Jesus havia tantas coisas ilusórias e aparentes. Um grande mestre que na verdade não era um grande mestre; uma festa que na verdade não era festa; um templo que na verdade não era um lugar sagrado. Os judeus diziam que eles eram filhos de Abraão, e o Senhor lhes disse que eram filhos do diabo (João 8:41-44). Os judeus pensavam que nas Escrituras encontrava-se a vida eterna, mas o Senhor lhes diz: "A vós vos parece que nelas tereis vida eterna, e não quereis vir a mim para que tenham vida" (João 5:39-40). "Vos parece". Quão errados estavam! Quantas coisas nos parecem reais, verdadeiras, e não são.
Muitos dos nossos fracassos se devem a que nós presumíamos de ter algumas coisas, e não as tínhamos. Um dos meus maiores fracassos eu tive poucos dias depois de que em meu coração tive este pensamento: "Como meu irmão pode ser tão profano!". Em poucos dias, Deus me mostrou que eu era mais profano do que ele. Mas eu não sabia. Vivemos envoltos no auto-engano. Porque nós nascemos no meio de irrealidades, aparências e hipocrisias. Mas o Senhor está conduzindo a sua igreja pelo caminho da graça e da verdade, e para que passemos da graça para a verdade.
Porque a graça não é eterna - em Apocalipse não encontramos a graça. Mas encontramos a verdade, encontramos a realidade. Porque a graça é um meio para nos levar à realidade das coisas; para nos tirar da nossa baixeza, para nos elevar, e para que tudo em nós, por meio da graça, seja real. Para que toda justiça, todo amor, toda paz, toda bondade, toda mansidão, toda humildade, sejam reais.
Por que necessitamos a graça? Porque caímos. Porque somos defeituosos. Mas chegará um dia que não seremos defeituosos, então não necessitaremos da graça. Seremos puras realidade de Deus em Cristo. E o Senhor está nos conduzindo para lá. E quando ele vier, terá uma igreja santa, sem mancha e sem ruga. Sem misturas. Sem coisas espúrias. Autêntica.
É interessante que no final do capítulo 2 de João diz as seguintes palavras: "Mas o próprio Jesus não confiava neles, porque conhecia a todos, e não tinha necessidade de que ninguém lhe desse testemunho do homem, pois ele sabia o que havia no homem" (vv. 24-25). Conforme o meu entendimento, esta é a única parte dos evangelhos em que diz algo assim. Ele não confiava no homem. Precisamente, a verdade que ele manifestou no evangelho de João revelou o que havia no coração dos homens.
Lembro-me de uma profecia que Maria recebeu, a mãe do Senhor, quando Jesus nasceu. Simeão lhe disse: "Eis aqui, este está posto para queda e levantamento de muitos em Israel, e para sinal de contradição ... para que sejam revelados os pensamentos de muitos corações" (Lucas 2:34-35). O Senhor apareceu para revelar o escondido, para trazer luz para o que estava encoberto, o aparente. Quando o Senhor Jesus apareceu, as trevas foram repreendidas, ficaram em evidência, porque ele é a luz.
Provavelmente você se viu mais de uma vez decepcionado com você mesmo. Então nota que na verdade não ama o Senhor tanto como deveria; que a experiência de Pedro é também a sua. Pedro negou o Senhor, e depois, junto ao mar, o Senhor lhe diz: "Pedro, você me ama mais do que estes?" - porque Pedro havia dito: "Embora todos estes lhe neguem, eu não". Então Pedro lhe diz: "Senhor, tu sabes que te quero". Pedro não usa a mesma palavra que usa o Senhor, usa uma de inferior qualidade. A segunda vez, o Senhor lhe diz: "Pedro, amas-me? Pedro responde: "Senhor tu sabes que te aprecio". A terceira vez o Senhor lhe pergunta: "Pedro, me aprecias?". E lhe diz: "Senhor, tu sabes todas as coisas, tu sabes que te aprecio". É como se lhe dissesse: "Senhor, devo reconhecer que não te amo, só te aprecio".
Onde está aquele amor incondicional de Pedro? Não havia tal amor incondicional, mas ele não sabia. Esse interrogatório do Senhor o desnuda. Não o amava mais que os outros, nem sequer lhe amava. Apenas o apreciava, o queria.
Só depois disso Pedro pôde ser usado, porque a venda dos seus olhos caiu para ver-se a si mesmo. Como necessitamos nos vermos a nós mesmos, para não presumirmos!
O outro Consolador
Mas o Senhor Jesus se foi; ele está à mão direita do Pai. E a noite anterior a ser entregue, nessa conversação íntima que tem o Senhor com os seus discípulos, e que ocupa os capítulos 13 ao 17 de João, em um momento o Senhor lhes diz: "Eu rogarei ao Pai, e vos dará outro Consolador, para que esteja convosco para sempre: o Espírito de verdade". Notem como se conjugam aqui duas expressões para referir-se ao Espírito Santo: "o outro Consolador" e "o Espírito de verdade". E esta dupla menção aparece três vezes, uma no capítulo 14, outra no capítulo 15 e outra no capítulo 16. E sempre aparecem juntas as duas, o "Consolador" e o "Espírito de verdade".
E se nós olharmos atentamente podemos ver aqui a mesma relação que há no Primeiro Consolador: "graça" e "verdade". O segundo Consolador, quer dizer, o Espírito Santo, consola, acolhe, o que equivale à graça, e também como Espírito de verdade, conduz à verdade.
Então, no ministério terrestre do Senhor, os homens que o tocaram, encontraram a graça e a verdade. Em seguida, quando se foi, o Espírito que foi enviado em seu lugar cumpre exatamente o mesmo ministério: mostra a graça e a verdade. O papel que o Senhor Jesus desempenhou em seu ministério terrestre, hoje é cumprido para conosco pelo Espírito Santo. E ainda tem um detalhe a mais. Assim como em João 1 aparece mais vezes a palavra "graça" que a palavra "verdade", assim também com respeito ao Espírito Santo, aparece mais vezes como o Consolador que como Espírito de verdade (Ver 14:26). É muito interessante!
Agora, nós temos, por causa da distorção acerca do Espírito Santo na história da Igreja, especialmente no século XX, preconceitos contra o Espírito Santo. E às vezes até o tememos. Alguns chegam a dizer: "Por favor, não nos fale do Espírito Santo. Não toque no tema do 'batismo do Espírito Santo'. "Porque não queremos nos encher de escândalos, de desordens, de manifestações estranhas que não têm sentido". Por causa dessa distorção lamentável, estamos perdendo o ministério precioso e insubstituível do Espírito Santo.
Aqui em João vemos que o principal trabalho do Espírito Santo é nos consolar, e é nos revelar toda a verdade. Primeiro, a verdade com respeito a Deus, ao Senhor Jesus Cristo, em seguida a respeito de todas as demais coisas -que aparecem nas demais epístolas e em Apocalipse- e também a verdade a respeito de nós. Sem o Espírito não há realidade alguma, porque ele é o Espírito de verdade. Nós não temos realidade de Cristo a não ser pelo Espírito Santo. Ninguém pode nascer de novo se não for pelo Espírito Santo. Ninguém tampouco pode chegar a ter o caráter de Cristo a não ser pelo Espírito Santo. "De sua plenitude tomamos todos"; o Espírito toma da plenitude de Cristo e nos reparte.
Como se forja a humildade em um cristão? É forjada só por ler, por entender o conceito? Não, certamente o Espírito Santo vai nos conduzir por um caminho de tropeços, de aflições, de desprezo, para que a humildade de Cristo nos seja comunicada. O Senhor Jesus aprendeu a obediência por aquilo que sofreu.
Nenhuma realidade espiritual é gerada em nós a não ser pelo Espírito, e se não for por meio de certas tribulações. Isso é doloroso, mas o fruto é genuíno. É realidade, é verdade. A humildade do homem não é absolutamente confiável. É palha, ainda que pareça formosa. Há ateus que são humildes, que são bondosos, que são filantropos. Tudo isso é palha! A única humildade real, verdadeira, é Cristo em nós, pelo Espírito Santo.
Surpreendemo-nos com tantas coisas desagradáveis com respeito a nós, e com respeito a outros cristãos. "Parecia que o irmão era mais maduro, mas olhe o que fez!". OH, parecia! Era realidade? Não era realidade; era um parecer. "vos parece", disse o Senhor (João 5:39). "A mim me parece".
O Senhor não quer que sejamos cristãos enganados, cheios de pareceres, de opiniões, de suposições. É tão doloroso, quando vemos que algo que parece real, não é real. É como o ouropel. Coloque-o no fogo, espere um pouquinho, e verás que não é ouro. A diferença entre o ouro e o ouropel, a realidade de um e a irrealidade do outro, vai ficar em evidencia no momento do teste. Quando nós seremos desenganados de todo o falso que temos? Será que quando estivermos diante do tribunal de Cristo, ou quando estivermos no leito de morte, e tivermos que dizer à esposa, e aos que estiverem ao nosso lado: 'Tenho muito do que me arrepender. Na realidade, vocês têm crido em alguém que não era'?
Lembro-me de uma experiência que o irmão Devern Fromke nos contou. Quando ele era um pastor jovem participava de um ministério conjunto com outros pastores, servindo aos jovens. Levantaram grandes edifícios, mas um dia um grande incêndio acabou com tudo. Parado diante das cinzas, ele se sentiu assolado, e inclusive aborrecido com Deus por não ter defendido a Sua obra.
Então viu a si próprio em uma longa fila de pessoas diante do trono de Cristo, esperando o julgamento. Muitos tinham os seus braços cheios de madeira, feno e palha - eram todas as suas obras. Quando chegavam diante do Senhor, imediatamente os Seus olhos de fogo queimavam tudo. Fromke podia reconhecer entre elas muitas pessoas conhecidas como homens de Deus com as suas obras diante do Senhor. E viu também a alguns que tinham as suas mãos cheias de ouro, prata e pedras preciosas. E quando os olhos do Senhor se punham sobre essas obras, brilhavam mais ainda, e via o sorriso de aprovação do Senhor. E eles tiveram uma entrada ampla e generosa. Então, o próximo a chegar diante do Senhor era ele mesmo. Mas o Senhor fechou as cortinas e disse: "Ainda não". Fromke disse, com alívio: "Obrigado Senhor". Então o Senhor lhe deu uma palavra chave, que foi a motivação de sua vida daí em diante. "Que a sua construção seja em vidas e não em edificações materiais". Desde então ele começou a edificar o corpo de Cristo.
O que vos pareceria chegar ao final da carreira, e o Senhor só com o seu olhar destruísse as suas obras, e mais ainda, que vocês -como diz a Escritura- fossem 'salvos como pelo fogo'? Porque o tribunal de Cristo não só será um juízo sobre as nossas obras, mas também sobre nós mesmos. Quando chegarmos a essa instância, o que apresentaremos? Como nos apresentaremos? Será como quando você tem sede e alguém lhe oferece um copo de bebida, e está tão agitada que enche o copo de espuma? Você tem sede de líquido, não de espuma! Mas o copo está cheio de espuma. Que terrível! Não é espuma que o Senhor quer, ele quer realidade.
Alguém disse que na Bíblia aparece só duas vezes o dedo de Deus escrevendo. E nestas duas ocasiões, os homens foram pesados em uma balança. A primeira vez ocorreu com o rei Belsazar (Daniel cap. 5), quando viu uns dedos escrevendo na parede, que Daniel interpretou para ele: "Pesado foste na balança, e foste achado em falta". Esse mesmo dia Belsazar morreu. Morreu e sua medida não foi completada. A outra vez foi quando o Senhor escreve na terra, quando os judeus trouxeram aquela mulher surpreendida em adultério (João 8). Esta vez o seu dedo também pesou os homens, e também os encontrou em falta.
Há uma balança que está esperando por nós, por ti e por mim. Nesse momento a única coisa que encherá a medida vai ser o que Deus tiver produzido em nós por meio do seu Espírito. Porque é o único Espírito de verdade. É o Espírito de realidade.
O amor e a verdade
João foi o último dos apóstolos a partir desta terra. E seus escritos são também os últimos escritos das Escrituras. Tem-se dito com verdade que João é o apóstolo da restauração, assim como Pedro é o iniciador e Paulo o da edificação. João é o apóstolo para os tempos finais, quer dizer, os nossos tempos. Então os escritos de João têm muita vigência para nós.
Se olharmos de forma global os escritos de João vemos como este assunto da graça e a verdade vai se desenvolvendo - pois as Escrituras desenvolvem gradualmente as verdades, de um início balbuciante até um final perfeito. Então este assunto da graça e da verdade tem que ser visto não só no evangelho, mas também em todos os seus escritos. Se nós fizermos assim, vamos levar uma tremenda surpresa. Veremos que se a verdade é enfatizada, e que a graça é mudada em amor. Agora é "o amor e a verdade".
Já não há tanto uma relação céu terra -que é o que a graça implica- mas uma relação horizontal - o amor. Na relação entre os homens não se pode falar de graça, porque a graça vai de alguém que é superior para outro inferior, mas entre nós é na forma horizontal, a graça transformada em amor. Então o amor prova se antes houve graça ou não, porque se você recebeu graça, essa graça recebida se transforma em amor. Então, temos o amor e a verdade.
E a verdade está ali muito forte nas três epístolas de João.
Leiamos em 1ª de João 1:6: "Se dissermos que temos comunhão com ele e andarmos em trevas, mentimos, e não praticamos a verdade". Aqui está se falando da prática da verdade. Mostra que não é um assunto apenas de ser confrontados com a nossa realidade, mas se nós estamos ou não praticando a verdade. Se estamos ou não nos apossando de certa realidade de Deus em Cristo. Versículo 1: 8: "Se dissermos que não temos pecado, enganamos a nós mesmos, e a verdade não está em nós". Versículo 2:4: "Aquele que diz: Eu o conheço, e não guarda os seus mandamentos, o tal é mentiroso, e a verdade não está nele". Versículo 2:21: "Não vos tenho escrito como se ignorásseis a verdade, mas porque a conheceis, e porque nenhuma mentira procede da verdade". É como se dissesse: "Porque conhecem a verdade, precisam praticá-la". Uma coisa é conhecer e outra coisa é andar na verdade. Aqui a ênfase não é conhecer a verdade, mas é "por que conhecem a verdade, andem nela". Versículos 3:18-19: "meus filhinhos, não amemos de palavra nem de língua, mas de fato e em verdade. E nisto conhecemos que somos da verdade". Não só conhecer a verdade: somos da verdade. Quer dizer, a verdade nos possui, pertencemos à verdade. Somos pessoas de realidades, não de mero conhecimento.
Vamos agora a Segunda e a Terceira Epístolas de João. Em 2ª João 4 diz: "Muito me regozijei porque tenho achado a alguns de seus filhos andando na verdade". O andar na verdade é a prática da verdade.
E na 3ª de João vemos a culminação. Aqui está o ápice. Vejamos o que diz o apóstolo a Gaio. "Pois muito me regozijei quando vieram os irmãos e deram testemunho da tua verdade, de como andas na verdade" (V. 3). OH, esta palavra é maravilhosa. "Tua verdade ... a verdade". Quer dizer, "a tua verdade é a verdade". "A tua realidade é equivalente à Realidade. Isto é maravilhoso! Este irmão chamado Gaio alcançou a meta. Tudo nele era realidade.
Mas há um segundo exemplo. Porque estas coisas devem constar pelo menos duas testemunhas. O outro é Demétrio. Versículo 12. "Todos dão testemunho de Demétrio, e até a própria verdade; e também nós damos testemunho, e vós sabeis que o nosso testemunho é verdadeiro". OH, bem-aventurados Gaio e Demétrio! Irá ocorrer algo assim conosco? Chegaremos a essa meta?
O Apocalipse nos faz tremer quando lemos as epístolas às igrejas, porque cada uma delas começa com esta frase: "Eu conheço as tuas obras". É como dizer: "Eu conheço a sua verdade, a sua realidade". Eu conheço quanto do que você fala se traduziu na verdade. Quanto do que você pensa, diz, sustenta, crê, quantas coisas que te parecem são realidade.
Oremos ao Senhor para que ele nos permita, conceda-nos, a graça que foi dada a Gaio e a Demétrio de que a sua verdade é a verdade, e de que a verdade dê testemunho de nós.
Demos liberdade ao Espírito
Não tenhamos temor do Espírito Santo; ao contrário, busquemo-lo. Demos-lhe liberdade em nosso coração. OH, o Espírito Santo é precioso; é respeitoso. Não tenha temor; nunca vai te ferir, nunca vai te atropelar; nunca vai violentar a sua personalidade, nunca vai te anular. Nunca vai te escandalizar. O Espírito Santo é o outro Consolador, e é o Espírito de verdade.
A nossa única esperança, de sermos genuínos, de sermos reais, autênticos e plenos, completos, cabais em Cristo é por meio do Espírito Santo. Assim, abramos-lhe o coração sem temor.
O Espírito Santo pode ser ofendido, pode ser apagado, pode ser entristecido, pode ser resistido. É como uma pomba muito sensível; basta que você peque, que o ignore; então ele se recolhe. Ele não toma a iniciativa se você não a der. É tão delicado, mas por outro lado é tão poderoso.
Enquanto estamos dizendo estas coisas, o Espírito Santo está tocando a porta do seu coração, para dizer: Posso intervir? Posso te guiar? Posso te encher? Você quer que eu te mostre, te console? Quer que eu te guie para toda a verdade?
O Senhor disse a Jerusalém: Quantas vezes eu quis, e você não quis! (Mateus 23:37). Talvez o Espírito Santo nos diga o mesmo: Quantas vezes eu quis, mas você não quis! Portanto, digamos ao Espírito Santo que nos dê a realidade de Cristo, para não levarmos uma desagradável surpresa naquele dia. E para não escandalizar amanhã os pequeninos; para não ser motivo de dor na igreja. Quanta dor pode trazer uma irrealidade descoberta tardiamente! Necessitamos a realidade de Cristo!
Síntese de uma mensagem ministrada em Barbosa, Colômbia, em julho de 2007.