Apropriando-nos da nossa herança

Uma lição básica para crentes novos.

Roberto Sáez

Deus tem nos provido em Cristo todos os recursos do céu para uma vida triunfante. Cristo é a nossa herança, é a herança de Deus nosso Pai. Paulo orava pelos crentes para que "...o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai de glória, vos dê espírito de sabedoria e revelação no conhecimento dele, iluminando os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual é a esperança para que ele vos chamou, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos e qual a suprema grandeza do seu poder para conosco os que cremos, segundo a operação da força do seu poder" (Ef. 1:17-19).

O que sou determina o que faço

Alguém que esta iniciando na vida cristã, precisa saber o que tem, saber com o que conta agora, depois do seu encontro com o Senhor. O primeiro é saber quem sou. Antes de conhecer o Senhor eu era um perdido e agora que fui achado por ele, sou um filho, redimido na casa de Deus. O que sou determina o que faço. Alguns enfoques do cristianismo põem a ênfase no que se deve fazer; isto é partir às avessas. O primeiro é estabelecer o que somos para que depois o que fazer seja o produto do que se é. "Sou o que sou pela graça de Deus", dizia Paulo.

Chegamos a crer que somos o que somos pela graça de Deus, por haver crido em Deus, porque definitivamente é pelo que ele diz que somos, que cremos ser o que realmente somos. Somos filhos de Deus porque assim Deus nos trata. Filhos de Deus são somente aqueles que tendo ouvido o seu chamado e crêem na sua palavra, recebem o poder de serem chamados filhos de Deus; e se filhos, herdeiros juntamente com Cristo.

Tornei-me para o coração do Pai. Nem sequer sabia que Deus era meu Pai, e ignorava a sua riqueza. Percebo que tenho novos irmãos, uma nova família. Na realidade, tudo é novo para mim! Todos os meus irmãos têm o mesmo - a vida de Cristo, a mesma fé. Uns vão mais adiante, vêem-se mais crescidos, mas todos têm o mesmo: é a vida cristã.

Porque sou filho, sou herdeiro. Meu Pai me deixou um testamento assinado com o sangue de Jesus. Na medida em que abro o testamento, percebo que Deus dispôs uma riqueza incomensurável para mim e para os meus irmãos. É uma riqueza para já começar desfrutá-la. Agora conto com uma vida que antes não tinha, uma fé que não tinha, um poder que me capacita para vencer as fraquezas da minha natureza. Antes era dominado por meus impulsos, agora não estou sozinho, Cristo está em mim e com ele todos os recursos do céu para me ajudar em minhas fraquezas.

Descobrindo a vida nova

Estou descobrindo o amor do meu Pai, a graça do meu irmão mais velho -Jesus Cristo- e o poder do seu Espírito. Estou habitando e ao mesmo tempo, imerso nas pessoas da Trindade, estou sendo ministrado pela palavra de Deus, para conhecer a família celestial e os filhos de Deus. Tudo isto é novo para mim.

Embora vislumbre as riquezas espirituais que meu Pai me deixou, não consigo assimilá-las, ainda há vestígios da vida velha em mim. O que fazer para desfrutar plenamente a vida cristã? Vivi tanto tempo na esfera de uma vida terrestre e mundana, que é difícil para eu assumir a herança da minha vida nova.

Renunciando à vida antiga

É necessário renunciar à vida anterior. A vida que herdamos dos nossos pais terrestres é uma vida que tem uma herança pecaminosa carnal, "sabendo que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver, a qual recebestes dos vossos pais, não com coisas corruptíveis, como ouro ou prata, mas com o sangue precioso de Cristo, como de um cordeiro sem mancha e sem contaminação" (1ª Ped. 1:18, 19). A vida terrestre tem o estigma do pecado e as desgraças ancestrais de quem viveu toda uma vida separado de Deus. É uma vida que arrasta cadeias. É preciso romper com o passado; tem que haver uma quebra com a vida anterior.

"Sabendo..."

Desde o início, na vida cristã, é muito importante considerar o que Deus quer que saibamos. O texto chamado acima diz: "Sabendo". Que coisa? Que "fostes resgatados". Se souber, é porque crestes e assim o recebeste. Está resgatado da parte de Deus e não depende de que se sinta resgatado, mas que creias. Toda a verdade e as verdades de Deus têm que repousar no coração dos crentes pela fé. Não é por intelectualismo nem por sentimentalismo: é pela fé.

O batismo, uma forma de renunciar o passado

Quando o povo de Israel saiu do Egito, cruzaram o Mar Vermelho. Isso foi um verdadeiro batismo; estiveram debaixo do mar, imersos nas águas, embora cruzassem em seco. As águas ultrapassaram as suas cabeças em ambos os lados, um prodígio glorioso. Quando eles passaram, as águas se fecharam atrás deles, deixando definitivamente para trás os seus perseguidores, os seus inimigos. Aqueles que não queriam deixá-los livres para render culto ao Senhor, ficaram sepultados no mar, ao mesmo tempo em que para Israel foram fechados os caminhos de retorno para o Egito.

Assim também, para nós que viemos para a vida cristã, não há retorno para a vida passada. O inimigo quer nos perseguir para nos impedir o desfrute da vida nova que empreendemos, mas temos que lhe dizer que perdeu-nos. Uma forma de dizê-lo é descendo às águas do batismo, testificando que renunciamos ao mundo, à vã maneira de viver que tínhamos herdado dos nossos pais. Renunciamos à escravidão de Satanás e do pecado.

Batismo significa imersão. Portanto, mergulho na morte de Cristo, me identificando com ele em sua morte. A sua morte é a minha. Assumo que a minha vida velha ficará sepultada; mas da mesma maneira, como Cristo ressuscitou dentre os mortos, assim também creio que me ressuscitou juntamente com ele, para andar em uma vida completamente nova. Agora Cristo será a vida da minha vida.

Uma vez que estamos do outro lado do Mar Vermelho, encontramo-nos com o deserto. Empreenderemos a viagem rumo à terra prometida. Deus prometeu a terra por herança. No caminho haverá dificuldades, que representam para os cristãos as provações e aflições que nos esperam no deserto que é o mundo. "As aflições do tempo presente não são comparáveis com a glória vindoura que tem que manifestar-se" (Romanos 8:18). "No mundo tereis aflições…" (João 16:33).

Embora, no deserto que é este mundo, Deus esteja sempre conosco, a plenitude da sua herança só é encontrada em Canaã. A terra prometida terá que ser possuída, terá que ser conquistada. Assim também na vida cristã temos que entrar para possuí-la para poder desfrutá-la. A terra da nossa herança é Cristo. Cristo é a nossa Canaã. Foi-nos dado, e está em nosso espírito; mas daí tem que transitar para a nossa alma. Essa é precisamente a viagem interna, espiritual, que os cristãos têm que realizar até conseguir desfrutar de Cristo.

O terreno da nossa alma, da mesma forma que Canaã, apresenta muitos inimigos para quem queira possuir a terra como herança. Não obstante, com Deus faremos proezas, e os "nossos inimigos os comeremos como pão", como disseram Josué e Calebe quando viram os inimigos em Canaã. Assim também hoje em dia, precisamos nos encher da fé de Josué e Calebe para conquistar para a nossa alma a Cristo, a nossa Canaã atual.

Agora pertencemos Àquele que nos comprou com o seu sangue. Não sou mais meu, não me pertenço; sou de Jesus e da família celestial.

A vida velha, que era uma má e vã maneira de viver, além de ser uma vida mundana, estava governada por três características: "...os desejos da carne, os desejos dos olhos e a soberba da vida" (1ª João 2:16).

Os desejos da carne. A carne é a natureza humana com as suas virtudes e defeitos. Nada que provenha da carne agrada a Deus, seja bom, ou mau. O homem em si não está habilitado para produzir nenhuma obra para Deus; por esta razão é que Deus não recebe nem sente prazer com nada que se origine no homem. Da mesma maneira, Deus outorga a graça ao homem, para que todos os seus impulsos, desejos e motivações tenham uma nova origem, isto é, na vida cristã que recebemos.

Os desejos dos olhos. O principal problema dos desejos dos olhos tem a ver com o sexo oposto. Vivemos em um mundo erotizado. Os pecados de voyeurismo (observador sexual) levaram muitos cristãos a naufragar quanto à fé. Os desejos dos olhos também têm a ver com as coisas que cobiçamos. A candeia do corpo são os olhos; quer dizer, o corpo é iluminado pelo que os olhos vêem. Mas se os olhos olham para as trevas, o corpo também se encherá do mesmo. "A candeia do corpo são os olhos; assim, se o teu olho for bom, todo o teu corpo estará cheio de luz; mas se o teu olho é maligno, todo o teu corpo estará em trevas" (Mateus 6:22, 23).

Soberba da vida. É qualquer motivo que ocupe o lugar que corresponde a Deus no coração do homem. Pode ser o dinheiro, o sexo, a fama, a profissão, a família, o que for, se estiver em primeiro lugar na escala de valores. Isso é a soberba da vida. Tudo isto é o que provém do mundo, e precisamos ser libertos desta vã maneira de viver.

Convido-lhe a pronunciar uma oração de libertação: "Pai, no nome do Senhor Jesus Cristo, quebra as minhas cadeias que me prendiam ao passado. Me limpa no sangue de Jesus e me liberte do inimigo. Liberta a minha consciência das cargas e pecados. Corta as maldições dos meus antepassados, não leve em conta os juízos que me cabem por parte dos meus ancestrais. Consagro a ti o meu espírito, alma e corpo. Apresento-me a ti como uma oferenda. Recebe a consagração de todos os meus membros. Fui escravo do pecado, mas agora me faço teu escravo, para servir à justiça. Vou às águas do batismo para selar o fim com o meu passado. Vou para assumir a minha morte junto com Cristo, e o início para uma nova vida juntamente com Cristo. No nome de Jesus, Amém".

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