ÁGUAS VIVAS
Para a proclamação do Evangelho e a edificação do Corpo de Cristo
Da Cruz à glória (3)
O caminhar do cristão exemplificado nos patriarcas do Antigo Testamento.
Hoseah Wu
Para que Deus possa restaurar a criação para si mesmo, necessita primeiro nos restaurar - a igreja. Quando a igreja estiver plenamente restaurada, então Deus restaurará toda a criação para si mesmo. Nós somos o vaso principal, a figura chave para a restauração. Aqueles que estavam na arca, são os que encontramos em Efésios 1:10. Na plenitude do cumprimento dos tempos, Deus reunirá todas as coisas em Cristo Jesus, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra. Então, na arca, tudo foi restaurado para Deus.
Quando nós tentamos cumprir o testemunho de Deus na terra, esse testemunho não tem que ser somente completo em nosso meio. Lembre-se que não é só para nós, o povo de Deus, mas sim deverá incluir toda a criação. Temos uma tremenda responsabilidade no cumprimento da nossa chamada.
E graças a Deus, nossa fé para essa restauração tem um fundamento sólido, porque aquilo que Deus deseja obter para si mesmo, já o tem em seu Filho. O ministério do Espírito Santo é reproduzir a Cristo em nós, porque o testemunho não somos nós, mas sim Cristo em nós. Quão necessário é que permitamos que o Espírito Santo faça uma obra real tanto na forma individual, como coletivamente - como igreja.
Abraão
Vamos falar mais um pouco sobre Abraão. Na vida de Abraão, por meio da sua fé e obediência, e dos cuidados de Deus com ele, o objetivo de Deus era que Abraão pudesse testificar como é Deus o Pai. Quando vemos a Abraão, vemos o amor de Deus, porque ele, no final de sua vida, quando ofereceu a Isaque, ofereceu tudo de volta a Deus. Não reservou nada para si mesmo, entregou tudo no altar; reconheceu que o Deus Todo-Poderoso é quem merece tudo, e esteve disposto a dar tudo para Deus.
A verdadeira adoração consiste em devolver a Deus tudo o que ele nos deu. Em Romanos 8 há uns versículos muito lindos a respeito de que Deus amou a tal ponto que ele não reteve nada para si mesmo. E Abraão é um testemunho do amor de Deus. Ele pôs o seu filho sobre o altar como holocausto. O testemunho de Abraão é que Deus nos amou de tal maneira que nos deu tudo o que tinha.
Em todas as assembléias locais, necessitamos de irmãos e irmãs que conheçam algo do amor de Deus, e que estejam dispostos a permitir que esse amor tenha expressão. Pensem isso. Sem esse amor, não haveria Conferência. Por detrás desta Conferência, há pessoas que deram as suas vidas, que devolveram as suas vidas a Deus. Deus não pode prosseguir se não houver amor, se não houver vidas entregues em suas mãos.
Graças a Deus por esta Conferência, porque atrás dela há amor de Deus pelo seu povo, há amor pelo testemunho de Deus e pelo povo de Deus. E o amor dos que entregaram as suas vidas por esta Conferência, operou muitas vezes em forma invisível. As pessoas não o vêem; no entanto, Deus viu. Porque quando Abraão ofereceu Isaque somente dois sabiam. Então, damos graças ao Senhor pelo amor e pelas vidas que foram entregues.
Isaque
Isaque nos fala da vida de ressurreição, pois ele foi posto no altar, e de maneira figurada esteve morto. No entanto, Deus o ressuscitou da morte. A vida que nos foi dada é a vida da ressurreição de Cristo. Quando nós temos essa vida de ressurreição, como disse o irmão Sparks, a morte é história, porque Deus é Deus de vivos, não de mortos.
Isaque nos fala da vida de ressurreição. Esta é uma vida de ascensão, uma vida de plenitude. Tudo o que Isaque fez foi cavar poços. E quando ele estava cavando os seus poços, teve conflitos. Isaque enfrentou oposição; lutaram contra ele. No entanto, ele não se rendeu, porque quando um não se rende, significa que está vivendo uma vida de ascensão, porque sabe que está no alto.
A realidade de uma vida de ascensão é que um dia a sua vida natural estará disposta a submeter-se à vida do espírito. Uma vida de ascensão significa que está no alto, e quando o espírito está no alto, a carne se converte em servo do espírito. Então poderá cumprir a vontade de Deus, e poderá expressar a vontade de Deus. Deus tem que restaurar essa vida abundante, essa vida de ressurreição, de ascensão em sua igreja. Esta é a vida dos vencedores.
Há muitas dificuldades e impedimentos que precisam ser vencidos, porque aquilo que nosso Deus deseja, o inimigo odeia. No entanto, graças a Deus, por causa da ressurreição, nós estamos ao lado do Vencedor; nossa vitória já está assegurada, porque hoje Cristo já está na glória.
Jacó
Jacó nos fala de transformação. Abraão nos fala do amor de Deus como nosso Pai. Isaque nos fala de Deus o Filho, da vida de ressurreição do nosso Senhor Jesus Cristo, a vida de plenitude, a vida vitoriosa, a vida de ascensão. É a vida de Cristo que nos foi dada. Então nos atrevemos a ser vencedores e não ser derrotados, porque essa vida agora mora em nós. A epístola de João nos diz que maior é o que está em nós do que aquele que está no mundo. E graças a Deus por todas essas promessas, e o Espírito Santo deseja tornar realidade todas essas promessas em nossa experiência.
Uma das crises de Jacó é que ele lutou com Deus. Quando ele lutou com Deus, Deus disse que Jacó venceu. Não há nada de errado nisso. Vocês desejam ter a Deus? Desejam ganhar a Deus para si mesmos? Sim, porque Deus está se dando a nós, e ele deseja que nós o vençamos. No entanto, antes que possamos vencê-lo, ele nos venceu. A menos que Deus não nos vença primeiro, não podemos ganhar a Ele.
Na revista Água Vivas há alguns artigos de Harry Foster, um colaborador do irmão Sparks. Ele tem escrito muitas lições para crianças; é um excelente mestre. Conheço-o pessoalmente a ele e a sua esposa; ambos estiveram em nossa casa. Ele escreveu um livro devocional a respeito dos personagens bíblicos. E ali diz que Jacó foi abençoado porque esteve feliz de que Deus o havia vencido. Podem entender? Deus conquistou a Jacó para si mesmo. Se Deus te tomar como a sua possessão, você tem tudo. Deus não só venceu a Jacó, mas também ele aceitou ser conquistado por Deus. O que eu quero dizer? Que, uma vez que formos conquistados, nós nos rendamos a ele. É possível que alguém tenha sido conquistado, mas que não deseje entregar-se a ele.
Vou lhes dar uma ilustração muito concreta. Durante a II Guerra Mundial, eu estive nas Filipinas. Antes dos japoneses invadirem este território, pertencia aos Estados Unidos. Mas as tropas americanas e os filipinos não estavam preparados para a guerra, e a invasão os tomou de surpresa. E havia ali um grande soldado, o general Douglas MacArthur. Quando os japoneses chegaram, MacArthur conseguiu escapar. No entanto, ele tomou uma decisão, e antes de ir-se, disse aos filipinos: "Voltarei". E, sabem, eles viveram com essa esperança em sua mente. Todos os dias, os filipinos se perguntavam: "Quando retornará MacArthur para nos libertar?".
Eu estive ali durante os anos da ocupação, e fui testemunha dos sofrimentos das pessoas. Ocorreram coisas incríveis. Em 1944 os americanos iniciaram a invasão do Pacífico, e em pouco tempo recuperaram as Filipinas. E quando vimos os soldados chegando com os seus tanques, houve uma grande festa de bem-vinda. Alguns meses depois, os japoneses se renderam, e em Tóquio assinaram a sua rendição incondicional. Oficialmente se renderam; no entanto, havia muitos soldados que estavam escondidos na selva que se recusavam a render-se.
Vêem? Oficialmente, nos rendemos; no entanto, na prática, estamos recusando a nos render. Ali na cruz, o Seu amor já nos conquistou. É um fato consumado, real. No entanto, nós não o percebemos, não estamos dispostos a nos render. Quanto mais rápido nos rendemos, mais cedo o reconhecemos como o Cristo e Rei sobre as nossas vidas.
Então, depois daquela luta, Deus tocou na coxa de Jacó, e este ficou coxo. Quando alguém se torna coxo por causa do Senhor está a ponto de conhecer a plena bênção de Deus. Quando percebemos que não podemos andar por nós mesmos, então nos apoiamos nele.
Espiritualmente, precisamos ficar coxos. Então nos apoiaremos nele e teremos bênção o resto das nossas vidas. Não podemos permitir que ele se vá; necessitamos dele em todo tempo. Sem ele não podemos avançar um só passo. Cada passo adiante é por sua graça e seu poder. E aqueles de vocês que têm uma história com o Senhor, cada vez que avançam, é por obra de Deus, é por sua graça. Que o Senhor faça a todos espiritualmente coxos, para que ele possa manifestar o seu poder em nós. Ele pode nos conduzir no caminho que devemos andar.
Irmão ou irmã, você já foi conquistado? Graças a Deus, na Cruz, fomos conquistados. Agora podemos confessar: "Senhor, tu me tens conquistado!".
José
Agora queremos falar sobre José. Sempre que leio a história de José, não posso deixar de continuar lendo, porque é uma história tão bela e comovente. A história de José abrange muitos capítulos no livro de Gênesis. A criação ocupa só um ou dois capítulos. Isaque e Jacó, alguns capítulos mais. Mas, a partir do capítulo 28, parece que está todo ocupado com Jacó e sua família, e José tem um papel muito importante.
Queria compartilhar com vocês algumas características peculiares do caráter de José. Não vou falar sobre os seus sonhos, que vocês conhecem bem. Por causa deles, os seus irmãos o odiavam, e até os seus pais não lhe entendiam completamente. Mas uma das características de José é que tinha uma conexão muito íntima com o seu pai. Era muito apegado a seu pai, era o seu filho predileto. E o pai fez a José uma vestimenta especial. Esta era uma amostra exterior; mas, se lermos a sua história, veremos que há uma conexão muito estreita entre José e seu pai.
José tinha naquela época uns dezessete anos, e estava aos cuidados das ovelhas com os seus irmãos. Ele chegou a sua casa e contou a seu pai algumas coisas más que os seus irmãos faziam. Não é que ele falasse mal dos seus irmãos pelas costas, mas fazia com a esperança de que corrigissem a sua conduta.
Há uma preocupação sincera pelos irmãos e irmãs. Quando vemos que uma coisa não é correta, não deve ser para condenar nem criticar, mas sim para orar por restauração. Todos nós temos falhas, ninguém é perfeito, e necessitamos que o Senhor corrija os nossos erros. No entanto, os irmãos de José não o apreciaram. Eles o odiavam, mas o amor dele para com eles nunca mudou. É por isso que José é um tipo perfeito de Cristo, no seu amor por seu pai e seu amor por seus irmãos.
Vocês se lembram que, quando o pai chamava José, ele imediatamente respondia: "Eis-me aqui". Em outras palavras, estava sempre disposto a responder para fazer a vontade de seu pai. Do mesmo modo, quando Deus falou com Abraão, este respondeu: "Eis-me aqui". Eles estavam dispostos, tinham os seus ouvidos atentos. Atentos para ouvir e atentos para obedecer; estas duas coisas andam juntas. Quando há um ouvido atento para ouvir, é porque há um coração disposto para obedecer.
José sabia que os seus irmãos o aborreciam. Seu pai lhe enviou para ver o que eles estavam fazendo, mas José não os encontrou. Sabendo que lhe odiavam, ele voltou inventando uma desculpa e dizendo: "Busquei-os, mas não os achei; a minha missão está cumprida". No entanto, quando os andava procurando, alguém lhe perguntou: "A quem buscas?". Ele respondeu: "Procuro os meus irmãos". Disseram: "ouvi dizer que foram a Dotã". E ele foi a Dotã atrás deles.
José é uma figura perfeita do nosso Senhor Jesus Cristo. Ele veio para os seus, e os seus recusaram aceitá-lo. Apesar disso, ele veio. Isso nos fala do amor de José por seu pai, e do amor de José por seus irmãos.
O que quero compartilhar com vocês é sobre o fim da vida de José, e de como ele se reconciliou com os seus irmãos. Para que José subisse ao trono, teve que passar por algumas coisas muito profundas em sua vida. Os seus irmãos o venderam para os egípcios. Mas, sempre que se menciona sua estadia no Egito, as Escrituras nos dizem que Deus estava com ele.
Para reinar com Cristo, esse reinado que Deus está buscando tem um alto custo. Nada espiritual vem com facilidade. Temos que aceitar esse fato. Embora José soubesse que estava destinado ao trono, ele estava preparado para aceitar toda a disciplina necessária para chegar ao trono. Há uma característica muito bela em José: diante de tudo o que lhe aconteceu, não se ouve nenhuma palavra de queixa. Aceitou tudo como se viesse da mão de Deus sobre a sua vida. Ele disse: "Possivelmente os meus irmãos tiveram uma má intenção; no entanto, Deus usou tudo isto para bênção".
Quando José era um escravo no palácio de Faraó, embora servisse a um amo terrestre, em seu coração, ele estava aprendendo a servir a Jeová o seu Deus. O capitão da guarda reconheceu que Deus estava com José. E toda a casa daquele funcionário foi abençoada porque José estava ali. Imagine um escravo abençoando o seu senhor? O que pode fazer um escravo? Não pode contribuir em nada. Mas não é o que pode fazer, mas sim a sua presença, pois Deus estava com José.
Estamos vivendo dias difíceis, dias de maldade, dias de trevas. No entanto, em qualquer lugar que estejamos, temos que resplandecer como luminares, devemos ser sal da terra. É por isso que estamos aqui. Assim, em qualquer lugar que José se encontrava, a presença de Deus estava com ele, e através de todas as suas provações, estava disposto a conhecer e aprender quem é Deus. E aprendeu uma atrás da outra, muitas lições de submeter-se completamente, sem murmurações.
Sabem no que falharam os israelitas ao entrar em Canaã? É que eles murmuraram, e a murmuração é incredulidade ou desobediência. E dos lábios de José não houve nenhuma palavra de reclamação, porque, por cima de tudo, ele via a mão de Deus sobre a sua vida. Nos dias em que estava na prisão, ou quando era escravo na casa do chefe da guarda, ele aprendeu a preciosa lição de submeter-se. Deus estava fazendo José amadurecer, preparando-lhe para o trono.
Vamos ver uma ilustração da vida de José. Lembram-se quando ele estava em seu lar e teve esses sonhos? Ele não sabia o seu significado, só tinha os sonhos, mas não podia interpretá-los. Mas, à medida que crescia espiritualmente, pouco antes de subir ao trono, o Senhor lhe concedeu sabedoria para interpretar sonhos, e foi por meio da interpretação deles que Faraó o fez subir ao trono.
Deus andou em intimidade com José, fez uma obra profunda nele, ao ponto de José conhecer bem a mente de Deus, e podia interpretar sonhos, e até o que ocorreria no futuro. É por isso que José subiu ao trono. Porque quando chegou o tempo oportuno, Deus o promoveu. Em certo sentido, não foi Faraó quem elevou José ao trono, mas o próprio Deus, porque tinha chegado a hora de ser promovido, e ele se converteu em salvador do mundo.
José e seus irmãos
Agora quero compartilhar a respeito de alguns encontros de José com os seus irmãos. Antes disso, vamos ler Gênesis 47. O povo veio a José para obter pão, e José lhes deu pão. Mas o seu interesse não era somente lhes dar pão. José desejava ganhar um povo para si mesmo - tal como o Senhor Jesus veio buscar o que estava perdido.
"Não havia pão em toda a terra, e a fome era muito grave, por isso desfaleceu de fome a terra do Egito e a terra de Canaã" (Gên. 47:13). Isto se refere ao pão físico. Hoje falamos do pão espiritual. Irmãos e irmãs, onde podemos encontrar hoje o pão da vida, a palavra da vida? Onde há pessoas que realmente conhecem a mente do Senhor por meio da Palavra?
Vou contar-lhes uma história verdadeira. Houve um irmão que foi a Honor Oak para ouvir a pregação do irmão Sparks, pela primeira vez. Ele se sentou para escutar, e dizia: "Mas, de onde ele tira tudo isso?". E depois do encontro, procurou o irmão Sparks e lhe perguntou que versão da Bíblia estava usando. Ele dizia: "Como é possível que ele enxergue na Bíblia coisas que eu não vejo? Que versão da Bíblia está usando? Que tipo de notas há nesta Bíblia? Como é possível que nos mesmos versículos haja coisas que eu não vejo?".
Nós estamos vivendo dias de fome espiritual. E digo-lhes que realmente nós somos privilegiados; hoje mesmo, temos o privilégio de partir o pão juntos. Graças a Deus, ele é o nosso alimento, nossa palavra de vida. E nós sabemos que só ele pode nos satisfazer.
"E recolheu José todo o dinheiro que havia na terra do Egito e na terra de Canaã, pelos mantimentos que dele compravam; e colocou José o dinheiro na casa de Faraó" (V. 14). Não havia pão no Egito nem em Canaã, e a única maneira de sobreviverem era comprando pão. "Acabado o dinheiro da terra do Egito e da terra de Canaã, veio todo o Egito a José, dizendo: dá-nos pão; por que morreremos diante de ti, por haver-se acabado o dinheiro?" (V. 15).
Deus está fazendo hoje uma obra muito profunda. Nós desejamos pão, e pensamos que temos dinheiro para comprá-lo, mas cedo ou mais tarde iremos à bancarrota - O dinheiro se esgotará, e não haverá como comprar pão. No entanto, se desejas sobreviver, procurará a forma de obtê-lo.
"E José disse: Dêem os seus gados e eu lhes darei por seus gados, se acabou o dinheiro" (V. 16). Quando acabou o dinheiro, aceitou o gado. "E eles trouxeram os seus gados a José, e José lhes deu mantimentos por cavalos, e pelas ovelhas, e pelas vacas, e por asnos; e lhes sustentou de pão por todos os seus gados aquele ano" (V. 17). O pão é uma coisa consumível; quando alguém come o pão, vai cada vez mais se escasseando, e um dia este se acaba.
"Findo aquele ano, vieram o segundo ano, e lhe disseram: Não encobrimos a nosso senhor que o dinheiro certamente se acabou; também o gado já é de nosso senhor; nada ficou diante de nosso senhor senão nossos corpos e a nossa terra. Por que morreremos diante dos seus olhos, assim nós como a nossa terra? Compre a nós e a nossa terra por pão, e seremos nós e a nossa terra servos de Faraó; e nos dê semente para que vivamos e não morramos, e não seja assolada a terra" (V. 18-19).
Aqui vemos a progressão do nosso caminhar espiritual. Todos nós estávamos com fome. A princípio, pensávamos que tínhamos os meios para satisfazer a nossa fome. Mas quando nos esgotaram os meios, por detrás disso, Deus estava trabalhando no seu propósito. O dinheiro se acabou, o gado se foi, tudo se foi; o único que ficou foi eu mesmo. José estava aguardando esse momento para ganhá-los para si mesmo, porque ele mesmo representava o pão.
Freqüentemente nós procuramos as coisas fora de Cristo, e assim nossa fome nunca será satisfeita. No entanto, Cristo é tudo o que nós necessitamos. José estava esperando o momento quando eles dissessem: "Não temos nada; tudo o que possuímos é o nosso corpo, nós mesmos; toma-nos para ti". Quando pertencemos a Ele, o problema da fome estará resolvido, porque Jesus é o verdadeiro pão. O importante não são as coisas que ele dá, mas ele mesmo, que é o pão de vida.
Quero dar-lhes outro exemplo: Quando os seus irmãos foram para o Egito para comprar comida, eles não reconheceram a José, mas ele os reconheceu. No entanto, ele desejava o momento em que eles chegassem a saber com quem estavam tratando.
Queria concluir com um princípio muito importante: Para que o Senhor possa restaurar o seu povo, para nos reunir como um diante da sua presença, o seu trono tem que nos manter unidos. A razão pela qual ele é exaltado é porque todos devem confessar que ele é o Senhor. Se você confessar que ele é o seu Senhor e eu confesso que ele é o meu Senhor, nós somos um.
Benjamim
Agora quero compartilhar com vocês sobre o caráter de Benjamim, aquele que foi o instrumento para reunir a família. Quando Benjamim nasceu, Raquel o chamou 'Filho da tristeza', e depois Jacó trocou o seu nome por 'Filho da minha mão direita'.
Na história da relação entre Jacó e seus filhos, nenhum dos mais velhos tinha intimidade com o seu pai. De fato, vários deles causaram grandes problemas. Mas, ao ler as Escrituras, percebemos que o coração de Jacó e o de Benjamim estavam muito unidos. E quando Judá prometeu que a próxima vez que viesse a José, traria Benjamim, José insistiu que o trouxesse. E Jacó disse: "Se tirarem a Benjamim, morrerei". E creio que também Judá disse: "Se levar o meu irmão caçula, meu pai irá morrer".
Aqui temos um princípio espiritual. É claro que José não estava com a sua família. Benjamim era o único que na realidade compreendia o coração de Jacó. É evidente que Jacó desejava ver a José. Embora estivesse próximo da sua morte, Jacó sempre sentia saudades de José. No entanto, para que Deus possa restaurar o seu povo para si mesmo, uma vez mais, precisa levantar muitos benjamins, que conhecem o desejo do coração do pai.
A oração do Senhor é que nós sejamos um. Esse é o desejo do Senhor, e este também deveria ser o nosso desejo. Só o trono pode nos manter unidos. Os que entendem o coração de Deus estão dispostos a pagar qualquer preço para permanecer na unidade do povo de Deus. Quando nós somos um com a Cabeça, então o testemunho de Jesus Cristo é plenamente realizado.
Deus deseja que nos entreguemos a ele. Gastamos todo o nosso dinheiro, e ainda temos fome; vendemos o nosso gado, e ainda temos fome. José disse: "Esta é a oportunidade; entreguem-se a mim, e jamais terão fome. Isto é o que o Senhor está procurando - Ele precisa de muitos benjamins.
Nestes últimos dias, quando o povo está tão dividido, quem entende o desejo de Deus de que todo o seu povo seja um? Para que o testemunho de nosso Senhor Jesus Cristo seja plenamente completo, a unidade no testemunho é vital. Um Deus, um Senhor, um povo. Todos são um, e nós somos um. A Cruz nos fará um. Graças a Deus por isso.
Quando Deus nos olha lá do alto, e nos vê unidos, sendo um, esquecendo as nossas diferenças, simplesmente nos olhando uns aos outros em Cristo Jesus, isso trará satisfação ao Seu coração. Se quisermos lhe agradar, guardemos com diligência a unidade do Espírito. Há uma Cabeça, há um Corpo. Há um alimento, o Senhor Jesus. Temos um só caminho, e há um só testemunho que Deus procura: a plenitude de Cristo em todos nós.
(Resumo de uma mensagem ministrada na 2ª Conferência Internacional, Santiago do Chile, Setembro 2005).