Da Cruz à glória (1)

O caminhar do cristão exemplificado nos patriarcas do Antigo Testamento.

Hoseah Wu

Creio que esta Conferência é muito importante. Como o Senhor poderá restaurar o seu testemunho neste tempo tão breve que vivemos nesta terra? O tempo é curto. Paulo diz que devemos remir o tempo; temos que ganhar tempo para o Senhor, e se não o fizermos, vamos desperdiçá-lo.

Estes são os últimos tempos; temos que nos levantar e nos envolver nos negócios do nosso Pai. Não podemos permanecer inativos, porque ele está às portas. Nós não sabemos quando ele vai aparecer. Entretanto, quando ele aparecer, estaremos preparados?

Estamos vivendo tempos cruciais. Precisamos estar despertados, porque Deus vai obter aquilo que ele deseja. Deus é sério; no entanto, nós somos sérios para com ele? Que o Senhor nos livre de um espírito negligente. Temos que estar despertados e ocupados com diligencia nas coisas do Senhor; nas coisas que são importantes para ele, e não naquelas que são importantes para nós.

Há uma coisa que quero compartilhar com vocês. Pelo menos nos Estados Unidos, nos últimos vinte ou trinta anos, ouvimos alguns ensinos da parte dos nossos irmãos a respeito da visão celestial e do propósito eterno de Deus; a respeito do que o Senhor tem proposto em seu coração assegurar-se para si mesmo e a respeito da noiva que o Senhor Jesus Cristo está esperando para si mesmo. Ele está esperando a sua amada; no entanto, ela não está suficientemente madura para encontrar-se e viver com ele na eternidade.

Há, então, uma advertência que ouvimos reiteradamente, e que conhecemos muito. Entretanto, se não permitir que aquilo que recebemos seja realidade em nossas vidas; se falharmos em permitir que o Espírito Santo torne real o que Cristo quer fazer em nós; isso que nós sabemos, no final, vai nos julgar.

O que nós conhecemos é para que se cumpra em nossas vidas. Entretanto, se falharmos em permitir que isto se cumpra, o conhecimento que temos disso nos julgará no final. Isto é muito sério nestes tempos finais. Como devemos ocupar o nosso tempo com o Senhor mesmo, colaborar com ele, e permitir que o seu propósito seja cumprido plenamente! Não é suficiente só saber, não basta compreender. Concordar com o que ouvimos não é tudo. Devemos permitir que aquilo que conhecemos opere em nossas vidas individual e corporativamente.

Também quero dizer-lhes que Deus está decidido a cumprir o seu propósito. Ele não desistirá de nós, nem se submeterá a nossa vontade, mas sim vai concluir aquilo que começou em nós.

Eu gostaria de citar uma frase do nosso irmão Stephen Kaung. Escutem e pensem nela. Quando ouvi estas breves palavras do nosso irmão, elas tocaram o meu coração profundamente, e não pude esquecê-las. É uma palavra que nos desafia; ouçam-na com muita atenção. Ele disse: "Deus já nos confiou o seu testemunho, como poderíamos falhar com ele? Ele confiou o seu testemunho ao seu povo. Pela fé, confiou-nos o seu testemunho, porque ele sabe que tem o poder para cumpri-lo. Mas a pergunta é a seguinte: Nós estamos dispostos a permitir que Deus cumpra a sua vontade?".

Ouçam estas palavras e as ponham em seu coração. Deus já nos tem confiado o seu testemunho, já nos deu o seu Filho Jesus Cristo. Ele deseja que o seu Filho seja plenamente formado em nós, individual e corporativamente. E a graça e o poder para que isto se cumpra, também estão a nossa disposição. Portanto, ninguém tem desculpa para dizer que não é capaz, porque o que nos chamou pode cumprir a sua vontade em nós.

Algumas vidas de Gênesis

Nesta oportunidade em que estaremos juntos, vamos compartilhar a respeito de algumas das vidas registradas no livro de Gênesis. Veremos como Deus, de maneira progressiva trabalhou nelas, até finalmente obter aquilo que procurava.
Mas, antes de falar disto, me permitam mostrar-lhes algo que para mim é crucial: Deus nunca vai demandar que você faça aquilo que não está preparado para que você o faça. Deus nunca vai chegar a ti como se ele estivesse improvisando.

No Novo Testamento encontramos festas e pessoas convidadas para uma festa. No capítulo 22 de Mateus, o motivo pelo qual se enviou o convite é porque a comida já estava preparada, a mesa estava disposta, os mantimentos já estavam sobre a mesa; entretanto, faltava que chegassem os convidados. Assim é o coração de Deus. Tudo o que ele deseja que seja obtido em nós, em um sentido, já está feito em seu Filho. Isso é o evangelho. Porque a obra já está feita, venham e tomem posse; pertence-lhes.

Então, já tem um Homem na glória - nosso Senhor Jesus Cristo. Este é o fundamento da nossa fé. E se Cristo está ali, nós também conseguiremos chegar. Ele está lá primeiro por nós, e agora que ele está glorificado pode levar muitos filhos à glória. Nós temos que ver isso como nossa plena segurança. Nossa fé está ancorada, tem um fundamento seguro, porque tudo o que Deus quer obter do seu povo, ele já tem obtido e concluído em seu Filho.

Adão

Começaremos com a vida de Adão. Sem dúvida, Deus tem interesse no homem; por isso criou o homem. Deus está procurando um homem, e este homem que ele procura deve ser um homem de acordo com o coração de Deus. E tal é o nosso Senhor Jesus. No começo do livro de Gênesis Deus disse: "Eu quero um homem de acordo com o meu coração, um homem que concorde comigo em tudo. Por meio deste homem, será cumprida a minha vontade para com toda a criação. Por meio dele, eu vou reconciliar tudo novamente comigo".

Sabemos que antes da criação houve uma rebelião. Sempre que ocorre uma rebelião, ou que há pecado, os direitos de Deus são violentados. Então ele fez o homem um pouco menor que os anjos para restaurar esse direito conforme a vontade de Deus. E essa é a glória de Deus e também é a nossa glória. Quando os direitos de Deus são restaurados, e nós somos usados como instrumentos para a sua restauração, essa é a nossa glória. A nossa glória é trazer as coisas em sujeição a Cristo. É muito importante que compreendamos isto.

Quando Adão foi criado, o desejo de Deus era que ele participasse da vida de Deus. A princípio era que Adão simplesmente escolhesse a árvore da vida, porque sem vida, sem a vida de Deus, não há um verdadeiro começo. Deus amou tanto a Adão, que desde o começo quis que Adão escolhesse a ele. Se Adão tivesse escolhido sabiamente, se tivesse escolhido a vida de Deus, então teria estado no caminho correto para que se cumprisse o propósito de Deus para a sua vida. Todavia, não escolheu o caminho de Deus, mas sim o seu próprio caminho, e por causa de sua desobediência foi deixado fora do jardim de Éden.

Deus deseja que você tenha a sua vida, porque tudo começa com a sua vida. A restauração do testemunho de Deus em seu Filho começa com a vida de seu Filho; porque sem Deus e sem o seu Filho, não há testemunho. Ele veio para que tenham vida, e para que a tenham em abundância. Não só vida, mas também vida em abundância.

Deus é um Deus de plenitude; qualquer medida inferior à plenitude, não reflete o que Deus é. Deus se recusa ser minimizado. Você não pode diminuir a Deus. Ele é muito grande para nós. Nós precisamos ser engrandecidos, expandidos.

Então, a restauração do testemunho de Deus em seu povo começa com a vida do Senhor Jesus. Deus nos amou tanto, que deu a seu Filho, a vida de seu Filho. Porque o cumprimento do propósito de Deus começa com a própria vida de Deus.

Essa é a história de Adão. Mas nós não queremos ficar com o negativo, mas sim com o positivo. Embora Adão tenha recusado a proposta de receber a vida de Deus; no entanto, Deus é imutável, e a atitude de Adão não pôde mudar a atitude de Deus para com os homens. Por um pouco de tempo, ele defraudou a Deus, atrasou temporalmente o propósito divino. Entretanto, Deus não pode falhar.

Quero dar-lhes uma palavra de alento, irmãos e irmãs. No ano passado, o irmão Stephen Kaung e eu, junto com as nossas esposas, fomos a uma curta visita a Filipinas, e encontramos um pequeno grupo de irmãos que passavam por muitas provas e tribulações, pressões de fora, problemas internos, muitos sem solução aparente. Eles tentavam resolvê-los, e quanto mais se esforçavam, mais problemas apareciam; quanto mais se ocupavam com os seus problemas, menos se ocupavam com o Senhor. Estavam em grande agonia.

Os irmãos vieram a nós e nos perguntaram o que podiam fazer. Parecia não haver uma saída. Até o número dos irmãos estava diminuindo, e talvez no final ficassem só dois ou três deles. Tinham um grande peso no coração com esses problemas; queriam aliviar os seus corações dessa carga. Aqueles que de fato conhecem ao Senhor, nada poderá perturbar-lhes. Conhecer a Deus plenamente é descansar nele plenamente.

Então o irmão Stephen sorriu, enquanto todos os irmãos tinham os seus semblantes caídos. Ele disse: "Se no final não ficar nada, mas só o Senhor, isto é o suficiente". O Senhor é suficiente. Essa é uma prova para a nossa fé, uma prova do nosso testemunho. Se não tivermos nada, mas tivermos a Cristo, é o suficiente.

O dia da comoção virá, e tudo o que tiver que ser abalado o será. Quanto mais cedo formos abalados, melhor. Não queremos ser daqueles que não se abalam, ou dos que têm medo da comoção. Porque quando o Senhor nos abala, é a oportunidade para que vejamos o que é verdadeiro e real em nós.

Assim, embora Adão tenha recusado a vontade de Deus, Deus nunca se desanimou, porque ele tem a sabedoria para restaurar aquilo que se perdeu.

Abel

Nosso próximo personagem é Abel. A história de Caim e Abel é muito interessante. Ambos eram filhos de Adão e Eva. Assim, quando Caim nasceu, Eva estava muito contente, e por isso chamou-o Caim: "Com a ajuda de Deus temos agora um filho". Recordem que no capítulo 3 do livro de Gênesis Deus disse que a semente da mulher ia ferir a cabeça da serpente e a serpente ia feri-la no calcanhar. Então, Eva estava muito contente, pois esperava que Caim fosse aquele que ia livrá-los da maldição do pecado.

Permitam-me dizer algo aos irmãos e irmãs jovens. Nós nunca vamos pedir libertação do pecado até o dia em que provemos quão terrível é o pecado. Só Deus sabe quão terrível é o pecado. Por causa dele, nos separamos de Deus. Essa separação feriu mais a Deus do que a nós.

Deus deseja nos restaurar mais intensamente do que nós desejamos ser restaurados. É por isso que ele estava preparado para nos restaurar até antes da fundação do mundo. O Cordeiro foi imolado antes da fundação do mundo, porque Deus não podia suportar a separação do homem. Ele sabia que haveria essa possibilidade de separação, e por isso preparou um caminho para nos trazer de volta.

E aqui encontramos a história de Abel. É o caminho de volta para Deus. Quando Deus olhou para Abel, olhou também para o sacrifício de Abel. No Antigo Testamento, o que oferece e o sacrifício são um. Em outras palavras, Deus ao olhar para Abel olhou para o sacrifício de Abel, viu a Abel naquele sacrifício.

Quando Cristo morreu, nós morremos. É por isso que Deus incluiu todos na raça adâmica. Na crucificação de Cristo toda a raça antiga foi removida; acabou. O sacrifício de Abel foi a via para que ele retornasse para Deus, porque Deus aceitou o seu sacrifício. Esse é o sacrifício mais excelente, o sacrifício que Deus aprova. Cristo é o único sacrifício que Deus aprova para a nossa redenção, porque só aquele que não tem pecado pode morrer pelos pecadores. Por isso, há só um caminho aprovado, e por isso Abel foi aceito e trazido de volta para Deus.

Nosso caminho de restauração começa com a nossa volta para o Senhor. Se não há vida, não há começo, e se não retornarmos para o Senhor para ter vida, não temos como começar o nosso caminho. Todos nós precisamos ser restaurados e encontrar o caminho de volta para Deus.

Para falar de uma maneira mais concreta, depois que fomos restaurados e reconciliados com Deus, o caminho para que retornemos a Deus é o sacrifício do Cordeiro. É o único caminho; não há outra opção. É o único caminho, tanto que não é possível escolher: o caminho já foi escolhido para nós. Você só tem que aceitá-lo; é tudo graça.

Agora, uma vez que fomos reconciliados com Deus e começamos a caminhar, há muitas coisas que ele tem que fazer ainda. Se a necessidade de retornar a Deus foi satisfeita, agora temos que começar a caminhar com ele. Uma vez que pertencemos a ele, podemos começar a andar com ele. E este andar com Deus não é só algo para que possamos passar por esta vida. Não é só para que estejamos livres de problemas, de provas e tribulações.

Temos o conceito errado de que se andarmos com Deus, iremos bem em tudo. Então, quando as pessoas enfrentam problemas, lhes dizem: "Tudo o que você precisa fazer é andar com Deus". Compreendem? Pensam que andar com Deus é algo fácil.

Deus é perfeito, Deus é puro, Deus é santo. Deus não muda, ele é sempre o mesmo, e te diz: "Você deve caminhar comigo; não sou eu quem deve andar contigo; e se quer andar comigo, tem que aprender a fazê-lo da minha maneira".

Aqui há alguns casais que vivem muitos anos juntos, e estou seguro que ambos estão andando com o Senhor. Se forem honestos, em todos os anos que vocês viveram juntos, tiveram alguma divergência ou discussão, alguma diferença ou discordância? (Talvez os casais chilenos sejam perfeitos, mas não é assim com os chineses). Mas quanto mais dificuldades enfrentamos juntos, através de todas elas, o Senhor permite que nos aproximemos um do outro. Todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam a Deus.

Caminhar com Deus não é fácil. Porque ele não muda, somos nós que temos que mudar. Pensem a respeito disso. Mudar nossa maneira de viver é difícil. Mas precisamos estar dispostos a mudar.

Vou mencionar algumas coisas. Amós 3:3: "Andarão os dois juntos se não estiverem de acordo?". Primeiramente o que temos que fazer é uma livre escolha, e isto é muito importante. Deus é sério conosco. Temos que escolher voluntariamente. Você está disposto a ir contra você mesmo? Isto requer coragem, estar disposto a pagar qualquer preço para concordar com Deus.

Essa é a vida do nosso Senhor Jesus Cristo. Antes de vir, ele propôs em seu coração concordar com a vontade de Deus. Nada iria mudar esse propósito. "Eis aqui venho, Oh! Deus, para fazer a sua vontade". Para concordar com ele, nós precisamos negar-nos a nós mesmos. Temos que fazer que a nossa vontade deseje a vontade do Senhor. Não é algo passivo. Não é aconteça o que acontecer, não é assim: Você tem que tomar a decisão.

Se nós não fizermos nossa decisão por Cristo, o testemunho de Deus nunca poderá ser restaurado. Deus já fez a sua parte; agora é a nossa responsabilidade. Nós, juntos, temos que concordar com Deus. Isto é o que se requer para andar com Deus. Falar é uma coisa; fazer é outra completamente distinta.

Nós dizemos: "Eu quero concordar com Deus". Deus te perguntará: "Você diz seriamente? Eu não vejo". Porque Deus é sério, ele é veraz, e ele procura a verdade; com ele não há mentira. Nós não podemos mentir-lhe; ele esquadrinha o nosso coração. Então, se dizemos que concordamos com Deus, qualquer que seja o custo, ele dirá: "Está bem, vamos ver se realmente está disposto: Toma o meu jugo sobre ti". Concordamos, mas, estamos dispostos a tomar o seu jugo sobre nós? Falar é uma coisa; agir em obediência é outra.

Quero falar sobre outro importante conceito que vamos tocar nestes dias: A medida da nossa obediência é a medida do nosso real conhecimento da Sua pessoa. A medida da nossa obediência é a única medida verdadeira a respeito de quanto o conhecemos realmente.

Deus é real. Que ele tenha misericórdia de nós. Se você disser que quer andar com ele, então tome a sua cruz, negue-se a si mesmo, e segue o Senhor. "Viva a sua vida a Minha maneira, faça as coisas a Minha maneira, pense a Minha maneira". Então, nos enjugamos juntos com Deus. Esse é o testemunho do nosso real compromisso com ele; se o seu jugo não estiver sobre nós não haverá um compromisso verdadeiro.

Estas são as coisas que temos que aprender. O tempo é curto. Temos que nos levantar e ocupar-nos com os negócios do nosso Pai. O que estamos compartilhando a respeito da vida de Adão, de Abel e de outros, são exemplos da Bíblia que o Senhor deseja que nós sigamos, e que nos mostram o caminho para seguir a Cristo.

Finalmente, este é um caminho de fé. Como compartilhei com vocês, se virmos que nada está acontecendo, ainda seguiremos crendo que ele está conosco. O sol está brilhando, e, entretanto, podemos passar por dias escuros crendo em Deus, crendo que já vem a manhã. O irmão Sparks diz que quando você pensa que Deus não está, quando não vê Deus fazendo coisa alguma, não pense que ele não está fazendo nada, porque não andamos por vista, mas sim por fé.
Não vivemos pelos sentimentos. Mesmo que, embora às vezes não sintamos nada, não vemos nada, Deus ainda continua sendo Deus, e ele ainda está determinado a concluir a sua obra em nós.

Resumo de uma mensagem ministrada na 2ª Conferência Internacional, Santiago do Chile, Setembro 2005.

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