ÁGUAS VIVAS
Para a proclamação do Evangelho e a edificação do Corpo de Cristo
Luminares no mundo (1)
Qual é o testemunho dos cristãos no mundo?
Christian Chen
"Fazei tudo sem murmurações e contendas, para que sejam irrepreensíveis e singelos, filhos de Deus imaculados no meio de uma geração maligna e perversa, entre a qual resplandeceis como luminares no mundo; retendo a palavra da vida, para que no dia de Cristo eu possa me gloriar de que não corri em vão, nem em vão tenho trabalhado" (Filipenses 2:14-16).
O tema desta Conferência é a restauração do testemunho do Senhor. Queria tocar este tema considerando especialmente o versículo já citado.
Vamos enfatizar especialmente a última frase do verso 15: "...resplandeceis como luminares no mundo". Outras versões dizem: "...resplandeceis como estrelas no universo". A palavra "luminares" aparece só duas vezes no Novo Testamento. Os luminares não tem luz em si mesmos, são portadores da luz.
Deus é luz, e nós somos os que levamos a luz. Recordem, vocês resplandecem como luminares no mundo, ou como estrelas no universo. A ilustração aqui não é como a luz de uma vela ou de uma luminária. Nós pertencemos à esfera celestial, somos um povo celestial, por isso brilhamos como estrelas no universo. Esse é o nosso testemunho.
Quando falamos do testemunho, referimo-nos ao testemunho de Deus, ao testemunho de Cristo, e também do nosso testemunho. Qual é o nosso testemunho? Que somos os portadores da luz.
O exemplo da criação
Para entendermos este pensamento tão importante, regressemos a Gênese 1. Tentaremos entender o que significa a palavra "luminares".
Quando Deus criou os céus e a terra, ele criou os luminares deste universo, e os colocou como uma maravilhosa ilustração de como nós somos o testemunho de Cristo.
Ao ler Gênese 1, chegamos à origem do universo, à origem da humanidade, à origem de tudo. Aqui há algo relacionado com a vontade eterna de Deus, algo que já estava na mente de Deus na eternidade passada. "No princípio criou Deus os céus e a terra". Este é só um versículo no capítulo 1, que fala da criação original do universo. "Criou Deus os céus", significa que ele criou o sol, a lua e também as estrelas, todos os luminares, todos os corpos celestes. A isso, a Bíblia chama "os céus".
No verso 1 temos todo o universo; mas, no verso 2, o foco da câmara está na terra. E assim, desde Gênesis 1:2 até o final do capítulo, registra-se a história desta terra.
Mas algo ocorreu aqui. O verso 2 diz: "E a terra estava desordenada e vazia". De acordo com outras passagens da Bíblia, quando Deus criou a terra, preparou-a para ser morada dos seres humanos. Não foi sua intenção criá-la para que estivesse desordenada e vazia. No versículo 1, a terra era perfeita, formosa, cheia de harmonia, de acordo com o desenho de Deus - a terra ia mostrar a grandeza de Deus como engenheiro e matemático.
Entretanto, no versículo 2, algo aconteceu. A expressão hebraica para estava tem duas traduções: Pode ser estava ou se tornou. É a mesma palavra que descreve a esposa de Ló, quando esta se tornou uma estátua de sal. Então, podemos traduzir o versículo 2 como: "E a terra se tornou desordenada e vazia".
Algo ocorreu. E nós sabemos o que ocorreu. O registro bíblico diz que um dia, no passado longínquo, houve uma grande rebelião no universo, encabeçada por Satanás, e um terço dos anjos seguiu os seus passos. Por essa causa, Satanás e seus seguidores foram arremessados para fora da presença de Deus, até chegar às cercanias de nosso planeta. Então, a terra e o espaço exterior, nosso sistema solar e nossa galáxia, foram ocupados por Satanás e seus seguidores, e o juízo de Deus veio sobre este planeta. Desta maneira, a terra se tornou desordenada e vazia, e as trevas estavam sobre a face do abismo.
Satanás é o autor das trevas. Deus é o autor da luz - Deus é luz. Quando Jesus esteve na terra, ele disse: "Eu sou a luz do mundo; o que me segue, não andará em trevas".
Onde se originaram as trevas? Depois da grande rebelião no universo. Por isso diz que as trevas estavam sobre a face do abismo. O abismo, em hebraico, indica a profundidade do oceano. Não só a água cobria o nosso planeta, mas sim o oceano tornou-se muito denso. Por isso a Bíblia diz abismo, para referir-se a algo tão profundo que não se pode medir. Todo o planeta foi envolto em uma densa capa de água.
Por muitos anos, os cientistas tentaram descobrir porque existe o oceano. Ao olhar para o sistema solar, não há como explicar a existência do oceano. Ao olharmos para o sistema solar, não há como explicar a existência do oceano. No entanto, hoje, os investigadores sabem de onde surgiram os oceanos e a água dos mares.
Vocês conhecem a história dos cometas. Todo cometa tem uma cauda, e os cientistas descobriram que ali há uma grande quantidade de água congelada. Ao fazer uma análise química da água, acharam os mesmos componentes da água do mar que há em nosso planeta. Gradualmente, os cientistas começaram a entender que há muito, muito tempo atrás, não só um cometa, mas sim muitos, bombardearam nosso planeta, e assim chegou essa quantidade de água do mar à terra. Essa seria a origem de nosso oceano.
Este é um descobrimento muito recente que nos ajuda a entender nosso planeta e a existência do oceano. Agora, de acordo com a Palavra de Deus, sabemos que Satanás era Lúcifer, a estrela da manhã. E quando um terço dos anjos lhe seguiram, de acordo com o registro bíblico, um terço das estrelas caíram sobre a terra.
É claro que os anjos são espíritos, mas houve uma manifestação no mundo físico. O que se viu foi a estrela da manhã, e um terço das estrelas bombardeando a terra. Por isso, diz a Escritura que "as trevas estavam sobre a face do abismo".
Em seguida diz que "o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas". A água era tão densa que, embora o sol e a lua tinham sido criados, sua luz não podia penetrar até o nosso planeta. Foi a conseqüência do juízo de Deus.
Até que Deus disse: "Haja luz". E houve luz. O que aconteceu? Quando Deus julgou a terra, podemos imaginar que por causa do juízo nosso planeta tinha uma temperatura muito elevada. Então, Deus esperou que este se esfriasse, e quando a temperatura baixou, algumas moléculas de água começaram a evaporar, e a capa de água se fez cada vez mais fina. Assim, quando Deus disse: "Haja luz", a luz do sol e da lua puderam penetrar até a terra.
No segundo dia, Deus separa as águas de cima das águas de baixo. Não só a capa de água se tornou cada vez mais fina, mas também agora havia águas acima e águas abaixo; as águas de cima eram invisíveis e as de baixo visíveis. Em seguida, formou um espaço entre as duas águas. No segundo dia, foi muito mais fácil para a luz do sol e da lua brilhar sobre este planeta. Entretanto, só no quarto dia tudo se tornou mais claro.
E ainda mais, então vemos os luminares no firmamento, criados para sinais, para as estações, para dias e anos. Agora não é só uma impressão, pois é tal a claridade, que podem servir de sinais para distinguir as estações, os dias e os anos.
Por meio de sua criação, por meio da restauração de nosso planeta, Deus deseja nos dar uma importante lição. Qual é o testemunho? Que Deus é luz. Há luz no dia e também na noite. Como ocorre isso?
Prossigamos: "E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro". Não só temos a tarde, temos também a manhã. Por que? Não só há noite, mas também há dia. Entretanto, como chamamos o primeiro dia? A tarde e a manhã, foi o primeiro dia. Em seguida vieram a tarde e a manhã, o segundo dia; a tarde e a manhã, o terceiro dia.
Ao estudar a história dos seis dias, em cada um deles a Bíblia diz: "E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro". E então começamos a nossa vida. Nós nascemos à meia-noite. Recordam a história da páscoa? Aquela foi chamada a noite do Senhor. Nela, o cordeiro da páscoa foi imolado, e isso representa a morte de nosso Senhor Jesus Cristo na cruz. Quando morreu na cruz, ele disse: "Deus meu, Deus meu, porque me desamparastes?". Ele tinha estado sempre na presença do seu Pai, em uma maravilhosa comunhão. Na eternidade passada, nunca houve uma nuvem escura entre o Pai e o Filho. Por amor de ti e por amor de mim, Jesus tomou os seus pecados e os meus sobre si mesmo, e quando Deus pôs nossos pecados sobre seu Filho, quão escura foi aquela cena!
Quando o Pai viu os pecados de todo o mundo sobre o seu Filho, tirou seus olhos dele. Tudo isso por causa de ti e de mim. Porque nessa hora nosso Senhor estava realizando sua obra de salvação. O custo desta obra, a causa do pecado da humanidade, foi que Deus tirou seus olhos do seu Filho. Não é de surpreender que o Filho tenha dito: "Deus meu, Deus meu, porque me desamparastes?".
No momento em que Deus tirou os olhos do seu Filho, é chamado "a noite escura do Senhor", porque Deus nunca se separou do Filho. Agora, por causa dos nossos pecados, algumas vezes temos que dizer adeus a nossos amigos, a nossos pais ou a nossos seres amados. Mas nem por um segundo sequer na Divindade, Deus o Pai e Deus o Filho tinham estado separados. Aquela foi a noite escura do Senhor.
Agora, quando nós cremos em Jesus Cristo como nosso Salvador, quando aplicamos o sangue do Cordeiro sobre a verga de nossas portas, a ira de Deus passa por cima e nós somos salvos. Todos nós nascemos a meia-noite.
Esta é a vida cristã: vida que sai da morte. A vida que começa com morte e ressurreição, começa com a noite, e logo vem a manhã. Primeiro dia e segundo dia. Qual é o significado do primeiro e do segundo dia? O primeiro dia, a luz está lá; o segundo dia, a luz também está presente. O terceiro dia, também. Sim, temos a tarde, temos a noite; temos passado por uma noite longa e escura, entretanto, verás a luz. De acordo com o propósito do Senhor, ainda durante a noite verás a luz.
Seguimos lendo, e temos seis dias. O primeiro dia, a luz. O quarto, os luminares. Os primeiros três dias, os segundos três, e em seguida o sétimo dia. Sete dias no total. Os primeiros e os segundos três dias são paralelos. Nos primeiros três dias tudo é abstrato; nos segundos três dias tudo se torna muito concreto, muito claro.
No primeiro grupo de três dias é a separação da luz das trevas; no segundo dia a separação das coisas de cima das coisas de baixo; o terceiro, a separação da vida e da morte. Em seguida, nos segundos três dias, Deus repete de novo.
Comparemos estes dois conjuntos de três dias. No começo dos primeiros três dias, Deus diz: "Haja luz". E houve luz. E quando chegamos ao primeiro dia do segundo grupo: "Haja luminares na expansão dos céus". Aqui, novamente, temos luz; mas é distinto. Quando Deus disse: "Haja luz", era a luz em geral. Entretanto, ao chegar no quarto dia, no segundo grupo de três dias: "Haja luminares na expansão dos céus para separar o dia da noite; e sirvam de sinais para as estações, para dias e anos, e sejam por luminares na expansão dos céus para alumiar a terra".
Agora entendemos as luzes nos céus. E então vemos corpos celestes que brilham. Não somente luz, vemos agora luminares, algo que leva a luz.
"E fez Deus os dois grandes luminares...". Estes dois grandes luminares são os que sustentam a luz, o maior para governar o dia, e o menor para governar a noite. E estão também as estrelas.
Agora, na sabedoria de Deus, temos os luminares nos céus: as estrelas, a lua e o sol; de maneira que mediante as estrelas, a lua e o sol nós começamos a entender todos os aspectos a respeito da luz. Deus é luz, e Cristo é o Sol da justiça. Quando nós vemos a Cristo, vemos Deus, porque Cristo é o luminar de Deus. Então, não é surpresa para nós que um dos dois grandes luminares representa a Cristo.
Quando o Verbo se fez carne e andou na terra, ele era o luminar, e por meio dele começamos a descobrir e a conhecer o Pai. Este é o testemunho de Deus: Cristo. Ele quer dizer ao mundo, mostrar ao mundo, que Deus é luz. Então, essa grande luz é Cristo, o Sol da justiça. E mais ainda, o outro luminar é a lua.
De acordo com Filipenses 2, nós resplandecemos como luminares no mundo. Cristo é o Sol de justiça, e nós somos luminares. O que são os luminares? As estrelas, ou a lua. Quando falamos de cristãos individuais, nós brilhamos como estrelas, e quando falamos dos cristãos no sentido coletivo, da igreja como o corpo de Cristo, brilhamos como a lua no universo. Então, na Palavra de Deus, o sol tipifica a Cristo, a lua tipifica à igreja, e todas as estrelas tipificam os santos.
Não é de admirar que Abraão tenha dois tipos de descendência: a descendência celestial e a terrestre. A descendência celestial será tão numerosa como as estrelas, e a terrestre, como as areias do mar. Irmãos e irmãs, nós somos do céu, temos uma chamada celestial, de modo que deveríamos brilhar como estrelas. Este é o nosso testemunho. É por isso que nosso Senhor Jesus disse: "Vós sois a luz do mundo".
Então, qual é a nossa missão? Depois que fomos salvos, todos nós temos uma vida cristã para viver, e esta vida vai crescendo. Nossa missão é ser sal da terra e luz do mundo. Por essa razão, brilhemos! Brilhemos como estrelas, individualmente, e brilhemos juntos, como a lua.
De acordo com Filipenses 2, já sabemos quem somos: filhos de Deus irrepreensíveis, no meio de uma geração maligna e perversa, no meio da qual resplandecemos como estrelas no mundo, individualmente, e como a lua, coletivamente. É o que Paulo deseja que entendamos: que somos luminares no universo.
Esta é a nossa missão. No que concerne a nossa missão, como se descreve à igreja? Quando lemos Apocalipse, diz que os sete candeeiros são as sete Igrejas. O Espírito Santo compara à igreja com candeeiros. Os candeeiros são portadores da luz, que não têm luz própria. A luz se mostra por meio de lâmpadas ou candeeiros, porque o azeite está neles e então a luz começa a brilhar.
Quando em Apocalipse 1 o Espírito Santo compara às Igrejas com candeeiros, está nos dizendo que somos um testemunho para Cristo e para Deus. Não temos luz própria. Tudo o que podemos fazer é sustentar a luz, e esse é o nosso testemunho. Quando falamos a respeito da restauração do testemunho do Senhor, recordemos que a igreja é comparada com um candeeiro. No que concerne a nossa missão, somos candeeiros. Entretanto, nós não entendemos isso, e necessitamos que a Palavra de Deus nos explique as coisas.
O exemplo de Apocalipse
Já mencionei que há só duas passagens no Novo Testamento onde encontramos a palavra 'luminares'. Uma está em Filipenses 2. Agora, vejamos a outra passagem.
"E me levou no Espírito a um grande e alto monte, e me mostrou a grande cidade santa de Jerusalém, que descia do céu da parte de Deus, tendo a glória de Deus. E seu brilho era semelhante ao de uma pedra preciosíssima, como pedra de jaspe, transparente como o cristal" (Ap. 21:10-11). No grego, a palavra 'brilho' é a mesma de Filipenses 2. 'Seu brilho' é o mesmo dos 'luminares'. E era semelhante ao de uma pedra preciosíssima, assim é que toda a nova Jerusalém é como um luminar, como estrelas, ou como a lua no universo.
Esta nova Jerusalém é uma Jerusalém celestial, e ao ser celestial, tem a glória de Deus; toda a cidade é como um luminar, como a lua. A pedra de jaspe hoje é uma pedra semipreciosa; não é uma pedra preciosíssima. O jaspe é semitransparente; nunca é transparente como o cristal. Nos novos céus e nova terra, embora o nome seja o mesmo -jaspe- é diferente, porque os novos céus e a nova terra são céus e terra glorificados. Assim pois, a pedra de jaspe se converterá em preciosíssima, transparente como o cristal. Em outras palavras, toda a nova Jerusalém será como um diamante. É o que o Espírito Santo trata de nos ensinar.
O que é um diamante? Nós vemos um fogo no diamante, porque o diamante foi talhado de tal forma que quando a luz penetra nele há uma reflexão total, a luz não pode sair e se reflete de uma a outra face, ficando presa em seu interior. Quando você tem um diamante em suas mãos, pode dizer: "A luz está presa em seu interior, e quando olho o diamante, posso ver nele o arco íris, e quando vejo o arco íris, vejo a glória".
A luz é uma coisa muito abstrata. Quem pode capturar a luz? Quem pode torná-la concreta? O diamante pode torná-lo, embora ele não tenha luz própria, e é como qualquer outra pedra. Quando apagamos a luz, o diamante é como qualquer outra pedra.
Como podemos entender a luz? É quase impossível, pois a luz é invisível. Mas, como pode tornar-se visível? Como é possível ver sua glória e formosura? Ao ver o diamante, descobre-se que é só um portador de luz, para mostrar a luz e contar às pessoas a história da luz. Assim é a nova Jerusalém: toda a cidade é como um diamante. A luz é abstrata; entretanto, nesse diamante que é a nova Jerusalém tudo é muito transparente.
Então sabemos o que ocorre com a nova Jerusalém. Em outras palavras, quando chegamos a Apocalipse 21, há um grande e único luminar. A nova Jerusalém não é mais que um grande candeeiro. Nos primeiros capítulos de Apocalipse, as sete Igrejas são sete candeeiros. Quando ainda estamos no tempo, há sete candeeiros; mas na eternidade há um só candeeiro. Todos aqueles sete candeeiros são a manifestação desse grande candeeiro.
Quem é o luminar? "A cidade não necessita nem de sol nem da lua que brilhem nela; porque a glória de Deus a ilumina, e o Cordeiro é o seu luminar" (Apoc. 21:23). A Bíblia começa com o sol e a lua em Gênese 1, e termina com o sol e a lua em Apocalipse 21. Em Gênesis 1, necessitava-se do sol e da lua; na nova Jerusalém, não há necessidade do sol nem da lua. O sol e a lua só são sombras; agora chegou a realidade.
O que é o luminar? A última frase diz: "O Cordeiro é o seu luminar". Nós não temos luz, só Cristo tem a luz. Então, quem é a luz? "A cidade não tem necessidade de sol nem de lua que brilhem nela; porque a glória de Deus a ilumina...". O que significa isso? Deus é luz, Cristo é o luminar, e a igreja é o candeeiro. Então, na eternidade, veremos todo o corpo de Cristo, do primeiro renascido até o último. Um grande corpo de Cristo.
Um dia, quando vier o reino milenar, quando olharmos para os compartimentos celestiais, veremos muitas estrelas brilhando, muitos justos brilhando como o sol, transformados na imagem de Cristo. Esse é o significado do reino milenar.
Entretanto, quando chegamos à eternidade, a nova Jerusalém representa o produto final da obra de Deus. Finalmente, a vontade de Deus será obtida. E no capítulo final, vemos a nova Jerusalém descendo dos céus, tendo a glória de Deus, e o seu brilho era semelhante ao de uma pedra preciosíssima, um grande candeeiro celestial. Em si mesmo, não encontramos luz; a luz está sempre com o Luminar -Cristo-, e Deus é a luz.
Creio que agora entendemos melhor o que é o testemunho do Senhor.
A lua reflete a glória do sol
Agora, por que falamos da restauração do testemunho do Senhor? Recordemos que a lua em si mesmo não tem luz. Sempre que vemos a luz da lua, de fato, não é a luz da lua, mas sim o reflexo da luz do sol. Quando a lua mostra a sua face em direção ao sol, absorve a luz do sol.
A lua não tem luz própria, a igreja em si mesmo não tem luz. Não importa quanto se esforce, quanto trabalhe, quanto jejue, não importa quanto faça, nunca criará nem um pouco de luz, nem como a luz de uma vela. Essa é a natureza da lua. Na natureza do testemunho do Senhor, nós somos só a lua.
Entretanto, quando olhamos para o Sol com o rosto descoberto, quando absorvemos a luz, começamos a refletir essa luz. E quando refletirmos essa luz, o mundo verá a luz do Sol. Na noite, quando todo mundo está em trevas, a vontade de Deus é: "Haja luz". E isto é assim tanto no dia como na noite.
O mundo não pode andar nas trevas. Agora, quem se levantará para brilhar? Nós não somos capazes de fazer nada. Mas se absorvermos a luz do sol e a refletirmos, começaremos a ver a luz. Se eles tiverem um pouco de conhecimento científico, saberão que não é a luz da lua, mas sim a luz do Sol. Quando as pessoas vêem a igreja, não só deveriam ver a igreja, mas também a Cristo na igreja.
Como sabemos que temos êxito no testemunho de Deus? Podemos dizer: "Reunimos em duas mil pessoas, somos uma mega-igreja". Pode haver muita gente, pode haver magníficos edifícios; e quando as pessoas olham para a lua, elas verão a lua; mas, onde está Cristo? Então, qual é o testemunho da lua? Deve ser este: "Não mais eu, mas sim o Sol, que comunica a luz". Essa luz é o testemunho da igreja.
Nós nunca nos levantamos para brilhar. Graças a Deus, só Cristo se levanta e brilha. Entretanto, ele já retornou para o seu Pai; ele subiu aos céus. Agora há uma noite longa e escura. Irmãos, só quando a igreja é fiel, embora seja de noite, poderemos descobrir o Sol; eles poderão ver a Cristo na igreja. E essa é a única missão da igreja.
Quando a igreja deixa de funcionar como tal, quando já não funciona mais como candeeiro, sabe o que o Senhor fará? Removerá esse candeeiro. Recordem que é por sua graça que podemos estar em pé e brilhar, para que o mundo não veja nada mais, a não ser a Cristo. Esta é a nossa razão de ser.
Quando falamos sobre a restauração do testemunho do Senhor, estamos falando da restauração da ordem da igreja, ou estamos pensando nos reformadores? Você deseja ser um reformador? Quando olha ao seu redor, todos estão equivocados e você tem a razão? É isso a restauração do testemunho do Senhor?
Embora seja uma noite longa e escura, o mundo deveria ver a luz. Se permitirmos que a lua testifique acerca do Sol, ela dirá: "Eu me levanto com o único propósito de que, durante as horas de ausência de nosso amado Senhor, o mundo possa ver a luz do Sol". Este é o nosso testemunho.
As fases da lua
Agora, da posição da lua depende como ela brilha sobre o nosso planeta. Se ela estiver exatamente entre o sol e a terra, então a terra não pode ver a luz da lua. Assim, de alguma forma, o Senhor tem que fazer algo com a lua. Quando troca a posição, gradualmente, as pessoas começam a ver a luz da lua crescente, que vai crescendo pouco a pouco, e depois de 15 dias, a terra está entre o sol e a lua, e esta já não é um impedimento para a luz do sol.
Quando temos lua nova é como se não houvesse lua, tudo está às escuras. A lua está ali, a igreja está ali. Recorda-nos a Idade Escura da igreja. Onde estava a igreja na Europa? Sabemos que havia igreja nesta terra, mas, por que houve essa Idade? A igreja estava ali, mas a lua nunca brilhou. Ela se pôs a si mesmo em tal posição, tão poderosa em si mesma, que se tornou um obstáculo para a luz. Não é de surpreender que não houvesse luz.
Entretanto, no século XVI, quando Deus levantou a Lutero, a Zwinglio e a Calvino, as pessoas começaram a ver a lua crescente. Agora tinham a Bíblia aberta, e começaram a entender a justificação pela fé. Foi como se a luz da lua começasse a crescer. Isso é o que o Senhor está fazendo do século XVI ao século XXI. Vemos que a luz da lua vai se tornando mais e mais plena. É obvio, o desejo de Deus é a lua cheia.
Na lua crescente, vêmos a luz do sol parcialmente. Todos os indivíduos deveriam ser luz do mundo, todas as Igrejas deveriam ser testemunho de Cristo. Ninguém pode dizer que tem o testemunho exclusivo de Cristo. Mas, onde está o problema? Que tipo de testemunho tem você? Se for a lua nova, ninguém verá a Cristo. Você é cem por cento cristão, a igreja é cem por cento igreja, e todos são salvos, mas, onde está o testemunho?
Graças a Deus por Martín Lutero, por João Calvino, no século XVI, através deles o mundo começou a ver alguma luz. Nós chamamos a isso restauração do testemunho do Senhor. Mas o verdadeiro testemunho do Senhor consiste na plenitude desse testemunho. Quando a lua está crescente, é testemunho; entretanto, não é a plenitude do testemunho. Quando falamos de restauração, a lua crescente é parte da restauração, que vai desde nenhum testemunho a algum testemunho, de nenhuma luz a alguma luz. Entretanto, não é disso que estamos falando. Quando nos referimos à restauração do testemunho do Senhor, pensamos na vontade eterna de Deus. Deus nunca estará satisfeito até que ele veja a lua cheia.
Isto é muito interessante. Sabemos que a lua também ascende e também se põe. Na fase de lua nova, quando o sol se eleva, a lua se eleva; quando o sol se põe, a lua também se põe. É como a igreja na Idade Escura. Ali há presunção, há pretensões; há alguém que disse representar a Cristo sobre a terra.
Mas, na fase da lua cheia, quando o sol se põe, a lua cheia sai. Quando a lua fica, começa a ascender o sol. O que significa isso? Quando o sol reina todo o dia, então a lua começa a subir, e começa a reinar na noite. Exatamente o mesmo modelo. O sol sai do leste e se põe no oeste. Na noite, a lua sai do leste e também se põe no oeste. Isso significa que a lua é exatamente como o sol.
Quando falamos da lua cheia, em linguagem espiritual, significa ser transformados na imagem de Cristo. Assim, quando a igreja é madura, no dia o Sol sobe e o Sol se põe; e na noite, a lua sobe e logo se põe. Sempre é o mesmo modelo. O que significa isso? A lua é a representante do Sol, ela pode declarar tudo acerca do Sol. Esse é o testemunho do Senhor.
Queria reiterá-lo: Quando falamos da restauração do testemunho do Senhor, estamos falando da lua cheia. Algo menos que a lua cheia não satisfará o coração de Deus. Nós necessitamos a ajuda do Senhor para que possamos ver a restauração do seu testemunho. Começando da lua nova, gradualmente, o Senhor está fazendo algo. Finalmente, devemos ser capazes de ver a lua cheia; isso significaria que a igreja realmente alcançou a sua maturidade, e isso é o que o Senhor deseja.
Irmão, o que você pensa a respeito da restauração do testemunho do Senhor? Somente a recuperação da igreja de acordo com a Bíblia? A igreja deveria ser desta forma ou de outra? Pode-se pôr tudo em ordem, mas aquela luz se obtém da vida, e a menos que a vida cresça até a maturidade, nossa vida sempre estará como na crescente, e talvez como a lua nova. Embora seja o melhor reformador, poderá ajudar a igreja a ser um pouco mais que crescente. Mas o que Deus quer é a lua cheia.
Nós não temos luz própria; em nós mesmos não há bem algum. Mas, graças a Deus, não só somos como estrelas no universo, mas sim também brilhamos como a lua no universo. Você está satisfeito ao ver a igreja recuperada, ou a ver tudo de acordo à Bíblia? Deus só pode estar satisfeito quando vê o Sol na igreja, quando a igreja está sendo transformada na imagem de Cristo.
Deus ainda está avançando, está trabalhando em nosso meio, e ele deseja que nós alcancemos a meta, porque só a lua cheia satisfará o Seu coração. Só a lua cheia significa que estamos sendo transformados à imagem de Cristo. Nós poderemos estar satisfeitos somente quando Deus estiver satisfeito.
Que o Senhor fale constantemente aos nossos corações.
Resumo de uma mensagem ministrada na 2ª Conferência Internacional, Santiago do Chile, Setembro 2005.