Aperfeiçoando aos santos

No que consiste a edificação do corpo de Cristo?

Rodrigo Abarca

O propósito divino

Como vocês sabem a carta aos Efésios tem como assunto principal o propósito eterno de Deus, no que consiste esse propósito, quais são os meios que Deus dispôs para levá-lo a cabo, e de que maneira finalmente seu propósito vai se cumprir plenamente.

Deus quer que este seja também nosso propósito, e por isso quis revelá-lo. E isto é algo que não devemos dar por garantido; quer dizer, não porque falemos do propósito eterno de Deus, quer dizer que esse propósito está compreendido e gravado em nossos corações. Tem que ser revelado pelo Espírito, e converter-se no assunto que governa a totalidade de nossas vidas.

Qual é esse propósito, esse mistério, como o chama Paulo? Em Efésios 1:9-10 diz, «reunir todas as coisas em Cristo». Agora, a palavra «reunir» não só significa juntar ao redor de Cristo todas as coisas. A palavra grega significa basicamente elevar Cristo por cabeça, para que, sob sua autoridade, se reúnam todas as coisas. E também significa fazê-lo, o centro de todas as coisas; que todas elas convirjam para ele, e encontrem sua razão, seu destino, sua finalidade, nele. Em suma, que Cristo seja o tudo e em todos.

Como Deus vai realizar esse propósito? Seu plano tem duas etapas. A primeira delas, que é fundamento da segunda, já se cumpriu, e compreendem a encarnação, a morte, a ressurreição, a exaltação e a coroação de seu Filho como Rei e Senhor. (Ef. 1:20-22).

A segunda é que seu Filho tinha que revelar-se e manifestar-se através de uma criação especial. E essa criação não era a raça dos anjos, mas sim o homem. Por isso O Verbo foi feito carne.

Cristo é a Cabeça

O Senhor Jesus Cristo é Rei e Senhor de todas as coisas; o Pai submeteu todas as coisas sob seus pés. Mas, sobre todas as coisas, ele o deu por cabeça da igreja (Ef.1:22). Então, a relação que há entre Cristo e todas as coisas é distinta da relação que há entre Cristo e a igreja. Sobre todas as coisas, ele é Rei e Senhor, e ele governa e domina sobre tudo. Mas com relação à igreja, ele não somente é Rei e Senhor, mas também é sua Cabeça.

Assim como uma cabeça está vinculada a seu corpo, e é inseparável de seu corpo, assim Cristo se uniu à igreja, para sustentar, para alimentar, e para expressar-se a si mesmo através dela. Há entre Cristo e a igreja uma intimidade e uma relação que não existe entre Cristo e nada mais neste universo criado.

A cabeça necessita do corpo para expressar-se. Quando o Pai o faz cabeça da igreja, ao mesmo tempo põe uma ‘limitação’ para o Senhor: Que ele tem que se expressar, revelar e manifestar, e levar adiante seus propósitos através de seu corpo que é a igreja.

Imagine você, sua cabeça atua separada de seu corpo alguma vez? Se em sua cabeça você tem planos que levar adiante, por exemplo, construir uma casa, planejada desenhada e pensada por completo em sua mente. Na hora de executar seus planos, o que necessita? Não necessita suas mãos, ou seus pés?

Agora, suponhamos que sua cabeça tenha sentimentos profundos. Você é jovem, está apaixonado por alguém, e quer lhe dizer que a ama. Não necessita um corpo? Se você não tivesse rosto, olhos, expressões faciais e corporais, como poderia expressar o que sente?

Quando Cristo se converte em cabeça da igreja, se auto-limita dessa maneira a si mesmo e fica indissoluvelmente atado à igreja, de maneira que ele agora necessita da igreja para cumprir seus planos, para levar adiante os propósitos eternos de Deus. E essa é a segunda parte do plano de Deus. Que Cristo possa encher tudo de si mesmo por meio da igreja.

Cristo é o modelo

Agora, vamos a Efésios 4. «Aquele que desceu, é o mesmo que também subiu acima de todos os céus para enchê-lo todo» (v.10). Aí está o propósito – que Cristo encha tudo. Isso quer dizer, irmãos, que ainda nem tudo está cheio de Cristo. No céu, tudo está cheio dele; mas, na terra, nem tudo está cheio dele. Ainda o mundo está sob o príncipe da potestade do ar, e Satanás está movendo-se e manifestando suas intenções e intuitos malignos nesta terra.

Mas, como Cristo vai encher tudo? Edificando sua igreja, e enchendo a sua igreja dele mesmo. E, uma vez que a igreja estiver cheia dele, então a igreja vai encher tudo dele e já não haverá mais lugar para Satanás na terra. Esse é o plano. Por isso diz o versículo 3:21, falando de Deus o Pai: «...a ele seja a glória na igreja em Cristo Jesus por todas as gerações». Pois a Igreja é o cumprimento eterno de seu propósito em Cristo.

Que meios ele vai empregar para edificar a sua igreja? Leiamos Hebreus 3:5: «E Moisés na verdade foi fiel em toda a casa de Deus, como servo, para testemunho do que haviam de dizer». Quando Moisés tirou os israelitas do Egito, que cruzaram o mar Vermelho e chegaram ao monte Sinai, Deus o chamou para que estivesse com ele quarenta dias e quarenta noites. Ali, Deus lhe mostrou detalhadamente o desenho de um tabernáculo ou casa. Deus foi revelando a Moisés essa casa e todos os móveis, utensílios e elementos que deviam estar na casa. E não só isto, mas também o serviço sacerdotal, tudo o que tinha a ver com o funcionamento dessa casa.

Enquanto Deus falava com Moisés, dizia-lhe: «Farão um taber-náculo... Farão uma arca ... um altar ... uma mesa ...». Cada vez que ele falava com Moisés e terminava de descrever um aspecto dessa casa, advertia-lhe: «Presta atenção, Moisés: Que faça todas as coisas –não oitenta por cento, não noventa por cento, não noventa e nove por cento, mas sim todas, cem por cento– conforme o modelo que te foi mostrado no monte».

Por que Deus fez essa advertência a Moisés? Diz Estevão que Moisés era um homem preparado em toda a sabedoria dos egípcios, poderoso em suas palavras e em suas obras. Pois bem, os egípcios foram os maiores construtores da antigüidade. Até o dia de hoje, as coisas que eles construíram são consideradas maravilhas do mundo antigo: as pirâmides, os templos que edificaram. Inclusive os israelitas construíram cidades inteiras para os egípcios.

Assim, se alguém sabia de construções e edificações, esse era Moisés. E se alguém sabia de edificação, eram os israelitas. Mas Deus disse a Moisés: «Eu vou usar o conhecimento que você tem, de construção, de edificação», (porque se ele não soubesse nada de construção, Moisés não teria entendido nada), mas com uma advertência: «Não pode pôr nada de ti mesmo no desenho, nem na obra da minha casa».

Era uma grande tentação para Moisés adicionar algo de si mesmo ao desenho. Mas diz que Moisés foi fiel como servo. Sabe o que é um servo? É um escravo. Quando um amo manda a um escravo fazer algo, o escravo tem que simplesmente ir e fazer as coisas como lhe disse. Não tem que receber explicações.

Moisés não pediu explicações. Fez tudo como Deus lhe mandou, e porque ele foi fiel, diz a Escritura, tudo o que ele fez pode dar testemunho agora, pode representar tipologicamente a Cristo e à igreja. Por exemplo, a arca tinha que ter um côvado e meio de altura, para representar a união do homem com Deus, porque um e meio mais um e meio são três, e três é o número da Divindade. A arca representa a união de Deus e do homem, em Cristo – um e meio para Deus, um e meio para o homem. Se Moisés tivesse posto meio côvado a mais, a arca teria ficado bonita, mas sem nenhum significado em relação com Cristo.

Agora, quando Moisés ergueu o tabernáculo, Deus foi severo com respeito a algo que era uma sombra e uma figura, destinada a passar e a desaparecer. Mas agora estamos falando da casa eterna e definitiva de Deus que é a igreja. Então, se Deus foi tão severo e rigoroso com o que era sombra e figura, não tem que ser rigoroso e severo com o original? Será que Deus mudou e agora nos permite improvisar ou pôr nossas próprias idéias na igreja, ou introduzir nossos conceitos, nossas opiniões e as coisas que cremos saber na edificação do corpo de Cristo? Terá mudado Deus?

Não; tudo tem que ser feito «conforme o modelo que te foi mostrado no monte» (Ex. 25:40). Você perguntará: «Temos um modelo para a edificação da casa? Sim, e é um modelo muito claro, muito específico, concreto e real. Esse modelo é o Senhor Jesus Cristo!

Por isso dissemos que a primeira parte é a revelação do Senhor Jesus Cristo. «Deus foi manifestado em carne» (1 Tim. 3:16). E a Escritura diz literalmente «pôs seu tabernáculo», sua morada, no meio de nós. (João 1:14). Assim, ao vê-lo, nós vemos a morada de Deus com os homens. E esse modelo agora tem que ser mostrado e comunicado em nós. A plenitude dele tem que vir a nós e, pelo Espírito, o que é dele tem que ser formado em nós. Não só um aspecto dele, não só uma parte dele. Assim como a plenitude de Deus habitou nele e habita nele, assim a plenitude de Cristo tem que habitar na igreja.

Os dons aperfeiçoam

Entretanto, como Cristo vai encher tudo em todos? O primeiro, diz a Escritura, é que ele deu dons aos homens. E aqui começa a edificação da casa. Agora, aqui os dons, como já outros irmãos explicaram muito bem, não são dons que ele deu às pessoas. Ele também dá dons individuais aos membros de seu corpo. Mas estes dons que dá aqui não são dons dados a membros do corpo, individualmente, mas sim são pessoas que ele dá como dons a todo o corpo.

Ele prepara a um homem, converte-o em um apóstolo, e o dá à igreja. Ele prepara a outros homens, converte-os em profetas, e os dá como presentes a sua igreja. Ele toma ainda a outros, converte-os em evangelistas, e os dá em seguida à igreja; e ele prepara a outros como mestres, e os dá à igreja.

Jovens, prestem atenção a isto. O Senhor toma homens e os prepara; trata com eles, trabalha com eles, e não em um período curto de tempo. Vai revelando-se a eles, e uma medida dele, dos planos que estão nele, forma-se neles. Assim os prepara, e em seguida os dá a seu corpo. Essa é a forma em que ele edifica a casa. Ele não começa organizando nada; nem com esquemas, ou metodologias ou com planos em um papel. Ele começa sempre sua obra com homens formados por ele e enviados por ele. Esse é o método de Deus.

Há algum método na Escritura para levantar uma igreja? Será que o Senhor chamou um dia aos apóstolos e lhes disse: «Venham para cá, agora eu vou lhes explicar o que é a igreja, seu organograma e suas funções?» Assim fez o Senhor à igreja? Um método, um plano?

Não, irmãos amados, o plano é ele, o método é ele. Homens que o conheçam, que tenham estado tempo com ele, que tenham estado na intimidade com ele, que tenham ouvido a voz dele. (1 João 1:1-2).

Ele formou apóstolos, e esses homens foram dados como dons à igreja. Os apóstolos, para colocar fundamentos. Paulo diz: «...eu como perito arquiteto pus o fundamento» (1 CO. 3:10). Qual é o fundamento? Jesus Cristo é o fundamento. «E perseveravam na doutrina dos apóstolos» (At. 2:42). O que é a doutrina dos apóstolos? Tudo o que eles ouviram, contemplaram e apalparam enquanto estavam com Jesus Cristo, isso se converteu depois na doutrina dos apóstolos. «E todos os dias, no templo e pelas casas, não cessavam de ensinar e pregar a Jesus Cristo» (At. 5:42).

A Escritura diz: «...o fundamento dos apóstolos e profetas» (Ef. 2:20). Então, os apóstolos e profetas vão de antemão; os apóstolos, para pôr o fundamento, e os profetas, para regar sobre o fundamento, para ampliá-lo. Ambos, profetas e apóstolos, estão relacionados com a revelação de Jesus Cristo dada à igreja através deles. Mas os primeiros colocam o fundamento de Cristo, e os segundos aprofundam o fundamento, ampliam a visão e o entendimento de Cristo para a igreja.

O terceiro que ele deu à igreja são os evangelistas. Também é um aspecto de Cristo que se dá à igreja; porque, recordem, a igreja tem que ser a plenitude de Cristo. A que veio o Filho do Homem? «...o Filho do Homem veio buscar e a salvar o que se havia perdido» (Lc. 19:10). Bendito seja o Senhor Jesus Cristo! Ele foi o primeiro dos evangelistas; ele veio com um coração cheio de amor pelos perdidos.

Cristo se dá a nós através dos evangelistas. O que seria de nós sem o amor daqueles que, representando ao Senhor Jesus Cristo, pregaram o evangelho! Aqueles que deixaram seus lares em terras longínquas, aqueles missionários de antigamente, que cruzaram meio mundo para trazer o evangelho. O que seria de nós sem eles!

Em seguida, pastores e mestres. Eles tomam tudo o que está na doutrina dos apóstolos, a revelação dos profetas, a visão de longo alcance dos evangelistas, e começam a aplicar em todos os aspectos da vida da igreja, até nos mínimos detalhes.

Aqui temos a igreja completa? Não, não temos a igreja ainda; aí só temos o princípio da igreja. Então, prestem atenção, por favor. A quem deve vocês apegar-se? Apeguem-se a aqueles homens que Deus deu à igreja, sentem-se aos pés deles, aprendam de Cristo através deles. Busquem-nos, porque vão conhecer Cristo através deles, porque são um presente de Cristo para vocês, e para toda a igreja.

Uma coisa mais a respeito. Paulo diz aos Coríntios: «...tudo é vosso: seja Paulo, seja Apolo, seja Cefas ... tudo é vosso, e vós de Cristo, e Cristo de Deus» (1 Co. 3:21:23). Isto significa que Deus deu dons à igreja. Mas, o que é mais importante? Os dons ou a igreja? Se você tiver uma noiva e vai se casar com ela, e lhe dá muitos presentes, o que é mais importante: sua noiva ou os presentes? A noiva! O que é mais importante, os dons –apóstolos e profetas, evangelistas, pastores e mestres– ou a noiva de Cristo? A noiva! Eles são presentes, mas ela é sua noiva.

A noiva é mais importante que os presentes. Então, a noiva não deve estar dependendo dos presentes, mas sim dependendo do Noivo. Graças a Deus pelos dons; mas nossa vista tem que estar no Senhor dos dons.

Aqui não há uma hierarquia. O Senhor não está falando de uma estrutura hierárquica de governo sobre a igreja; ele está falando de dons, de presentes que ele livremente dá à igreja. Vêm dele, são dele. Tampouco que a igreja se juntou e disse: «Vamos nomear apóstolos, profetas, evangelistas, etc...». Os homens não podem ‘fabricar’ apóstolos, profetas, evangelistas, pastores ou mestres. Só Cristo pode, e ele os dá à igreja. Não cometamos um engano; isto não é um método. É a vida de Cristo que vai se desenvolvendo, pelo Espírito, na igreja.

«...Tudo é vosso...». Apropriem-se de tudo. Tomem os apóstolos, são seus; os profetas, são seus; os evangelistas, são seus. Irmãos e irmãs todos os dons são de vocês; mas vocês são de Cristo, e Cristo é de Deus. Não desperdice os dons, não os menospreze, não os desprezem. Dêem graças ao Senhor que nos deu dons; receba-os todos, acolha-os a todos. Mas você é de Cristo, a igreja é de Cristo, e Cristo é de Deus.

Então, qual é a finalidade desses irmãos? Aqui vamos ter que redefinir algumas palavras, de acordo com a Escritura. A finalidade desses irmãos, é edificar a igreja? Não. Leiamos de novo Efesios 4:12: «...a fim de aperfeiçoar...». Agora, se você segue lendo, um pouco mais adiante, aparece a palavra edificar. Mas, aqui não diz que eles são dados para edificar a igreja, mas sim para aperfeiçoá-la. A palavra aperfeiçoar não é fazer perfeitas às pessoas. A palavra grega se traduz melhor por preparar, equipar, e reparar, quando é necessário. Tudo isto é aperfeiçoar. É mais ou menos a idéia que temos quando em uma empresa dizem: «Vai a um curso de aperfeiçoamento». Não é que você vai a esse curso para sair dali perfeito; mas sim para sair mais preparado para fazer seu trabalho. Essa é a idéia aqui: aperfeiçoá-los, prepará-los para fazer seu trabalho, para cumprir sua função no corpo de Cristo.

Todo o corpo edifica

Os apóstolos, os profetas, os evangelistas, os pastores e mestres estão no corpo para preparar os santos, para que os santos cumpram sua função no corpo de Cristo. Eles não estão para edificar os santos. Preste atenção a isto; é muito importante a distinção que faz a Escritura. Por quê? Porque o ministério da palavra, por si mesmo, não edifica.

Você pode vir a milhares de reuniões e receber e ser exposto ao ministério da palavra por anos e anos, e você não vai crescer um centímetro na edificação de Deus. Você pode ter milhares de horas acumuladas de ministério da palavra, e nem por isso foi edificado. Porque a edificação de Deus não tem a ver com receber a palavra somente, mas sim com tomar essa palavra e começar a edificação do corpo de Cristo.

E isto não o fazem os ministros da palavra, mas quem? Veja comigo. «...a fim de preparar os santos para a obra do ministério». Ah, agora sim, todos nós, os santos, fazemos a obra do ministério! E, qual é o propósito da obra do ministério? A edificação do corpo de Cristo! Aqui, sim, está a palavra edificação. Quando os santos começam a trabalhar e a fazer sua parte, então logo começa a edificação do corpo de Cristo.

Quando você vem a uma reunião e diz: «O irmão pregou uma palavra tão bonita, tão do Senhor! Saí tão edificado!». Saiu edificado? Não! Saiu preparado, saiu animado, saiu treinado. Mas agora tem que ir edificar; agora, pouco depois, tem que ir edificar.

Tivemos recentemente o Mundial de Futebol. Ali os treinadores preparam os seus jogadores, ensinam-lhes estratégias, e fazem esquemas, quer dizer, os treinam (-os). Mas, imaginemos que esses jogadores nunca jogaram uma partida? Que frustrante seria para eles! Às vezes nós somos como uma equipe de futebol destreinada, que nunca joga uma partida de verdade.

Por quantos anos você foi treinado? Quantas pregações, quantas ministrações da palavra você recebeu em sua vida? Eu diria que você está destreinado, irmão amado. O que você acha? Está utilizando tudo o que recebeu para edificar o corpo de Cristo, ou não está fazendo nada e segue preparando-se?

É a capacitação, o treinamento desses irmãos que permite que logo esses irmãos, tendo as ferramentas, os elementos necessários, levem a cabo a obra do ministério. E qual é a obra do ministério? A edificação do corpo de Cristo.

Assim, o que Deus tem em mente, não é a edificação pessoal somente. Deus quer que o corpo cresça, que a igreja se edifique. Ele quer que todo o corpo comece a tomar forma; a forma de Cristo.

Isto significa que o corpo tem que começar a ajustar-se, a relacionar-se. As juntas têm que começar a ligar-se entre si; os membros têm que começar a unir uns com os outros e a trabalhar uns com os outros. E então, o corpo começa a funcionar, quando todos os membros estão ligados, entrelaçados e amalgamados uns com os outros. Nisto consiste a edificação. As pedras se juntam umas com as outras para elevarem-se juntas como casa de Deus. Então, todos os membros, por meio da palavra que tem recebido dos apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres, alimentam uns aos outros, e (se) nutrem-se uns com os outros da cabeça que é Cristo.

Vou dar um exemplo: A igreja em Jerusalém. Ela começou com doze apóstolos e mais ou menos uns quinze mil irmãos, contando as mulheres e as crianças. «E todos os dias, no templo e pelas casas, não cessavam de ensinar e pregar a Jesus Cristo» (At. 5:42). E assim, (pelos) 50 anos consecutivos, esses irmãos estiveram escutando os apóstolos e deleitando-se com o que os irmãos ensinavam? Não, não foi assim, irmãos. Porque o que Deus tinha em mente não era que essa igreja estivesse toda a vida recebendo e escutando palavra após palavra. Ele queria que o corpo começasse a funcionar, a encher toda a terra do conhecimento de seu Filho Jesus Cristo.

Então, aquilo foi uma escola. Jerusalém foi a primeira escola de Deus, de treinamento e de capacitação na terra. E não durou muito tempo, não mais que sete a dez anos. Quando o Pai considerou que estavam preparados, ele deteve tudo isso e disse: «Muito bem, agora estão preparados, vão!». Quem foi... os apóstolos? Não. Quando começou a perseguição por motivo de Estevão, diz a Escritura que, em uma noite, toda Jerusalém ficou vazia de irmãos, pois todos foram dispersos, exceto... os apóstolos!

Os apóstolos ficaram em Jerusalém, para voltar a formar outra geração. Já seu trabalho tinha sido feito. Agora, aqueles irmãos que tinham o fundamento dos apóstolos com eles, e a revelação dos profetas, a visão dos evangelistas ardendo em seu coração, o ensino dos pastores e mestres, estavam preparados para ir. E Deus os enviou a todos eles.

E por onde eles foram? O que ocorreu? Por toda a região da Judéia, e por toda Samaria, e até bem distante como Antioquia, a igreja de Jesus Cristo se multiplicou. Não foram os apóstolos que fundaram as Igrejas na Judéia. Não foram os apóstolos que fundaram a igreja em Antioquia. Foram os irmãos e irmãs.

Dirás: «Mas eu pensava que os obreiros são os que levantam as igrejas». Pois, observe que não. Sim e não. Eles levantam algumas. Mas se você tiver o fundamento, então, você pode ir e pôr esse fundamento em outros, você pode ser um obreiro do Senhor em qualquer lugar que (vá).

Quantos de vocês têm a revelação de Cristo recebida dos profetas? Quantos viram ao Senhor? Você pode ir falar com outros a respeito de Cristo, de sua glória, de sua grandeza, de sua profundidade, de sua autoridade. Você pode! Para isso foi preparado por Deus.

Agora, quantos ouviram a Cristo dos evangelistas? Então, você pode levar essa palavra a qualquer parte do mundo. Você também é um evangelista, porque tem o evangelho de Jesus Cristo ardendo em seu coração.

E quantos foram pastoreados por anos? Quantos ensinos para edificar a sua família, seu matrimônio, sua situação de trabalho, toda a sua vida inteira? Quanto tem recebido de Cristo por meio dos pastores e mestres? Muito, verdade? Agora você pode ir e aconselhar a outros, pode ir e ensinar a outros. Você também é um mestre e é um pastor para outros. Esse é o propósito do Senhor! Ele quer que todos nós vamos fazer a sua obra, a edificar a sua casa, a levantar a sua igreja em toda parte.

Uma história mais, para que você veja que isto não só ocorreu em Jerusalém. Também quando Paulo e Barnabé realizaram sua obra apostólica. Você recorda que Paulo, na metade de sua carreira, escreve uma carta à igreja em Roma – a carta aos Romanos? Você sabe que Paulo nunca havia estado em Roma? Não conhecia a igreja em Roma de vista, pois nunca tinha pisado nas ruas de Roma. Entretanto, quando escreve sua carta aos Romanos, no capítulo 16 da mesma, começa a saudar irmãos e irmãs como se os conhecessem por toda a vida.

Agora, como podia Paulo, que nunca havia estado em Roma, conhecer aqueles irmãos? É que em Roma tinha ocorrido o mesmo que na Judéia, em Samaria e em Antioquia. Os irmãos das igrejas na Ásia Menor e da Acaia (Grécia) tinham ido a Roma. Eles tinham ido, não Paulo.

Esses irmãos começaram a igreja em Roma. Irmãos que se formaram com Paulo, mas que logo foram e fundaram outras igrejas. E muitos anos depois, Paulo chegou a Roma também, preso e em cadeias.

Talvez você, irmã, se considera sem importância. Leia os nomes que menciona Paulo. Quantas irmãs há nessa lista? A metade pelo menos. Irmãs que trabalharam muito no Senhor, diz Paulo, que foram colaboradoras em Cristo Jesus, que ajudaram a levantar a igreja de Jesus Cristo em Roma e em muitas outras cidades.

«Priscila e Áquila, meus colaboradores». E menciona a Priscila antes de Áquila, seu marido. Irmã, você acredita que pode? Está disposta? Ou queremos seguir anos e anos, todos sentados, escutando mensagens e mais mensagens, e treinando-nos e treinando-nos, sem nunca fazer o trabalho que o Senhor espera de nós?

Vocês crêem que os obreiros devem fazer todo o trabalho? Não, irmãos, não é trabalho deles; eles preparam os santos para que vão e façam a obra do ministério. Não diz isto a Escritura? E sua tarefa continua «...até que todos cheguemos à unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, a um varão perfeito, à medida da estatura da plenitude de Cristo» (Ef. 4:13).

Jovens, para que vocês estão sendo preparados? Não é para tomar seu lugar nesta grande obra do ministério que é a edificação do corpo de Cristo? Não tenham uma visão estreita. Não digam: «Eu sou pouca coisa, eu nasci em sei lá que esquecido povoado». Isto não importa. Não importa de onde é ou de que família procede. Se tiver a Cristo, se o fundamento está em seu coração, se tiver visto o Senhor, se o evangelho arder em seu coração, você pode ir também. O Senhor necessita que vá, que amplie a sua visão e que alargues o seu coração.

Alguém diz: «Eu sou muito velho, já passou meu tempo». Não, nunca passa seu tempo, irmão; se você for velho, o Espírito de Deus vai te renovar e sustentar até o final. Mas você anda e faz o que o Senhor quer que faça. Na mesma igreja local tem que fazer tudo o que o Senhor quer que faça. Você tem que ser um obreiro aí, um profeta, um mestre, um evangelista, na medida em que o Senhor tem te dado ser essas coisas onde você está.

Desta maneira, todos podemos e devemos colaborar na obra de edificação que o Senhor encomendou a seu corpo que é a Igreja. Até que tudo seja cheio do conhecimento da glória do Senhor. Amém. Bendito seja o nome de Senhor.

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