ÁGUAS VIVAS
Para a proclamação do Evangelho e a edificação do Corpo de Cristo
Para a vida do corpo
Um olhar para a epístola aos Romanos como o percurso de fé que vai do individual ao corporativo.
Gonzalo Sepúlveda
«Pois se pela transgressão de um só reinou a morte, muito mais reinarão em vida por um só, Jesus Cristo, os que recebem a abundância da graça e do dom da justiça» (Rom. 5:17).
Partindo desta palavra, esperamos, mediante a graça do Senhor, fazer um breve recorrido pela mensagem do livro de Romanos, o qual, considerado em forma geral, podemos tomar como se toda a nossa história espiritual fosse nele contada.
Por causa da transgressão de Adão, a morte reinou, com muita eficácia, sobre todos os homens. À medida que nosso corpo envelhece e enfraquece, sentimos muito de perto a presença da morte. Além disso, tudo aquilo que nos esmaga, deprime, desalenta e que nos separa do Senhor, não é outra coisa que a morte, a herança da queda de Adão que nos persegue com seus efeitos devastadores.
Se nós provamos a eficácia da morte em todo o transcurso de nossa vida, o que agora vem, quer dizer, o reinar com Cristo em vida, tem que ser muitíssimo mais eficaz do que a morte foi.
Quem reinarão em vida? «...os que recebem...». Se um cristão está sendo derrotado, é porque de alguma forma não entrou nesta abundância do Senhor. Por isto, vemos muitos sucumbir diante da menor prova ou que vivem em uma permanente e vergonhosa fraqueza.
Apeles e uma igreja normal
Vejamos agora Romanos 16:10 «Saúdem a Apeles, aprovado em Cristo». Que formosura, irmãos! Todos desejamos ser homens e mulheres aprovados em Cristo. Apeles não está no céu, ainda não compareceu diante do tribunal de Cristo. Ele está na terra, é um membro da igreja na cidade de Roma, e chegou a ser um irmão aprovado em Cristo.
Será possível, encontrar homens aprovados? Será possível, além disso, achar nas Escrituras uma igreja funcionando normalmente? Parece-nos que é em Romanos capítulo 16 onde podemos ver sua melhor descrição.
Note você que neste capítulo ninguém é nominado por seu cargo. Há irmãs que trabalham e outras que trabalham muito no Senhor. Cada um parece ter uma função e ser aprovado nessa função. Há quem se caracteriza só por estar cheios do amor do Senhor, e outros que ajudaram os apóstolos a ponto de expor sua vida por eles. A maioria dos irmãos abrem o seu lar: «Saúdem os da casa de Aristóbulo ... Saúdem os que estão com eles ... à igreja que está em sua casa». As famílias estão convertidas e a casa veio a ser um ambiente onde a igreja se reune; os santos chegam ali com toda confiança para ter comunhão uns com os outros. Que preciosa ver a igreja, cheia da vida do Senhor!
A versão Reina-Valera 1960 sub-titulou este capítulo como «Saudações pessoais». Pasrece-nos que é muito inadequado, pois se apenas fossem simples saudações pessoais do apóstolo, não o leríamos com muito interesse. Mas irmãos, aqui temos uma riqueza imensa: vemos como a doutrina dos capítulos anteriores do livro de Romanos se tornou em vida. É precioso ver todos os irmãos cumprindo uma valiosa função no corpo. Cada um parece ter encontrado seu lugar e todos trabalham em harmonia e coordenação com o resto dos irmãos. Este capítulo está cheio da vida de Cristo, da vida prática que a igreja em Roma alcançou ao experimentar naquele tempo histórico.
Quão precioso é ver esta igreja onde cada membro parece estar contente em sua função. Dirigentes não se destacam, pastores, apóstolos, ou anciões; não são mencionados por seus cargos. Parece melhor uma igreja amadurecida, onde todos os membros cumprem alegremente a sua função. Ninguém está ocioso, observa-se uma igreja vigorosa em espírito; os irmãos se ajudam, visitam-se; há orações por aqui e por ali; uns cantam, outros adoram, todos se amam, etc.
Eles alcançaram tal grau de maturidade que até podem identificar rapidamente quem causa divisão e tal malvada intenção pode ser facilmente julgada. Uma das coisas que mais nos encoraja é que a esta igreja é feita a promessa de que prontamente Satanás será esmagado sob seus pés. Notemos que esta promessa está no plural: «...sob seus pés» (16:20). Não nos atrevamos a atacar sozinhos o inimigo, pois como indivíduos somos muito vulneráveis; a promessa é para o corpo em sua totalidade. Somente vivendo a vida corporativa, todos os membros, em harmonia com o Espírito do Senhor, poderemos avassalar as trevas e prevalecer contra elas. Satanás não pode contra uma igreja que está bem edificada e fortalecida no Senhor. Como deseja Deus ver esta classe de igreja, e como nós desejamos ver o corpo funcionando desta maneira!
Amados irmãos, o Senhor está trabalhando na edificação de sua casa. Ele disse: «Sobre esta rocha edificarei a minha igreja». Também sabemos que ele «apresentará a si mesmo uma igreja gloriosa». Nós sonhamos com essa igreja gloriosa. Em algum momento de nossas vidas, essa igreja entrou no fundo do coração. No Antigo Testamento, nos dias de Ageu, nos diz que Deus despertou o espírito de seus servos, então eles deixaram de ocupar-se somente com as suas próprias casas adornadas e vieram edificar a casa de Deus.
Que o Senhor ilumine os nossos corações, pois a fé que hoje temos não só é para a salvação eterna individual, mas também viemos para ser pedras vivas para a edificação da casa de Deus. Porque o Senhor quer chegar a ter uma igreja gloriosa, e nós temos que trabalhar na mesma direção em que o Senhor está trabalhando. Temos que lutar como dizia Paulo: «…trabalho, lutando segundo a eficácia dele, a qual atua poderosamente em mim» (Col. 1:29). Ele clamava, e muitas vezes chorava, até que Cristo fosse formado nos crentes (Gál. 4:19), pois desejava que o Senhor obtivesse aquela «virgem pura» como diz em 2 Corintios 11:2.
A epístola aos Romanos é um dos livros mais ordenados da Bíblia. Começa do mais básico e vai se desenvolvendo até o mais sublime. Cada capítulo é semelhante a um degrau de uma escada. Nós, como crentes, poderíamos estar no terceiro degrau, ou no quinto, o Senhor nos permita que logo cheguemos a estar no degrau (capítulo) dezesseis de nossa experiência cristã.
Vamos contrastar dois versículos: Romanos 16:10 e Romanos 1:29. Enquanto em Romanos 16:10 aparece Apeles «aprovado em Cristo», em Romanos 1:29 aparece o contraste mais absoluto: «estando cheios de toda injustiça…». Aqui estão os dois extremos da escada. Em algum momento, Apeles esteve cheio de pecados e maldade. Foi um pecador como qualquer um de nós. O que ocorreu com Apeles? O que descobriu este irmão? Como chegou a ser aprovado no Senhor?
Irmãos, Apeles nem sempre esteve aprovado. Aprovado é alguém que primeiro conseguiu superar muitas provas. Quantas dificuldades e conflitos terá enfrentado nosso irmão até aparecer finalmente aprovado?
Se olharmos o livro de Romanos sob a perspectiva de que é necessário ir galgando etapa após etapa até chegar à maturidade do capítulo 16, é muito provável que possamos identificar em que degrau desta escada nos encontramos hoje em nossa experiência cristã. Estaremos só em Romanos 3, ou já avançamos até Romanos 5? Já são partes de nossa experiência as verdades de Romanos 6 e 7? Estaremos talvez em Romanos 8? Entretanto, não importa que estejamos até no 3. O importante é que estejamos! Mas, queira o Senhor que prontamente estejamos ao menos no capítulo 5!
As verdades de Romanos
Pensando que a maioria dos leitores conhece este livro, desejamos dar algumas chaves que sirvam de ajuda para avançar no ascendente caminho do Senhor.
No capítulo 1 aparece uma ampla descrição do homem cansado, culpado – o homem sem Deus e sem Cristo. Assim estivemos todos em algum tempo, até que um dia a graça de Deus se manifestou a nós e viemos a conhecer o Senhor, seu evangelho, seu amor e sua salvação. Quando nos apropriamos da graça, já nos localizamos no capítulo 3 de Romanos, «justificados gratuitamente por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus» (V. 24). O bendito sangue de Jesus Cristo nos lavou de uma vez e para sempre. Bendito seja seu santo nome!
É precioso estar consolidados em Romanos 3. A posição é muito vantajosa: podemos levantar todo louvor e adoração a Deus nosso Pai e proclamar a viva voz que fomos lavados de nossos pecados com o sangue do Cordeiro de Deus.
Sigamos avançando. Em Romanos 4 nos encontramos desfrutando da bem-aventurança de que nossas iniqüidades foram perdoadas e que o Senhor já não nos culpa de pecado (4:7-8). Em seguida chegamos a Romanos 5, «tendo paz para com Deus» e com o amor de Cristo derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado, e nos gloriamos na esperança que não envergonha.
Na segunda metade do capítulo 5, já começamos a conhecer algo de nossa herança adámica, mortal e pecaminosa. Agora começamos a conhecer a nós mesmos: que estamos associados com o transgressor Adão, e que é necessário que sejamos transladados de Adão para Cristo. E isto ocorreu desde o momento que cremos no Senhor. É um grande descobrimento poder ver que já não estamos em Adão mas sim «em Cristo». Obrigado Senhor! Podemos seguir avançando.
Infelizmente, muitos irmãos passam anos repetindo as mesmas verdades básicas. Eles somente ficaram em Romanos 3; seu problema segue sendo «os pecados», e devem recorrer continuamente ao sangue para que volte a limpar-lhes; seus feitos pecaminosos ainda os apanham e sua vida cristã está estancada.
Em Romanos 5 descobrimos que há algo mais importante que os pecados (plural). Agora começa a falar do pecado (singular). Romanos 5:19 diz que fomos «constituídos pecadores», e isto necessita uma solução radical, que vai além do sangue. Sendo precioso e valioso o sangue de Cristo, necessitamos algo mais profundo, que não só nos limpe dos fatos externos, mas também nos livre desta «máquina produtora» de pecados que somos nós mesmos.
Os pecados são como as maçãs da macieira, e nos damos conta que a macieira está poluída. Necessita-se, em realidade, cortar a macieira e plantar ali outra vida, que produza verdadeiros frutos. Isso exatamente é o que ensina Romanos 6. Ali lemos: «Porque os que morremos para o pecado…». Irmão, você terá dado um grande passo se compreender a diferença entre «o pecado» e «os pecados». Os pecados foram (e sempre serão) lavados pelo sangue de Cristo. Não aceitemos acusação alguma, pois «...o sangue de Jesus Cristo seu Filho, nos limpa de todo pecado» (1 João 1:7). Agora bem, Romanos 6 nos diz que morremos «para o pecado». Notemos que o pecado não morre – sou eu quem morro.
Mortos para o pecado e para a lei
Me permitam uma pausa. Muitas vezes entrei em conflito com a Palavra de Deus, pois encontro que as verdades da Bíblia não são realidade em minha vida; são verdades no texto, mas não em minha experiência. Então surge o clamor: «Senhor, me socorra para que isto seja verdade em minha vida prática!». Muitas vezes esta experiência se vive com angústia, com gemidos profundos, com oração e até com jejuns, com consultas a outros irmãos ou a escritos de servos de Deus que possam nos esclarecer verdades fundamentais.
Quando descobrimos nas Escrituras uma riqueza que não podemos desprezar, devemos nos apropriar delas com diligência. Do contrário, seríamos uns néscios. Se nos é oferecido tudo para sermos vitoriosos em Cristo, por que vamos seguir em torno somente de Romanos 3, se podemos chegar a ser mais que vencedores como em Romanos 8? Mas, para chegar a Romanos 8 necessitamos primeiro experimentar as verdades de Romanos 6 e 7.
Olhemos em forma paralela Romanos 6 e 7. Em Romanos 7:4 diz: «Assim também vós, meus irmãos, morrestes para a lei…» Alto!, em Romanos 6:2 diz que morremos para o pecado, e aqui diz que morremos para a lei! Sigamos lendo: «…mediante o corpo de Cristo, para que sejamos de outro, daquele que ressuscitou dos mortos, a fim de que demos fruto para Deus». Como nós gostamos deste versículo! Pois todos desejamos ser frutíferos, ninguém deseja ser estéril; portanto, ponhamos atenção a estas palavras: o pecado e a lei não morrerão, nós morremos para o pecado e para a lei!
O que é o pecado? Basicamente, é tudo aquilo que não devemos fazer. Do mesmo modo, a lei representa tudo aquilo que deveríamos fazer para agradar a Deus (pois a lei é justa, santa e boa, 7:12). Deus não nos requer coisas injustas.
Entretanto, nos damos conta que nossa natureza é absolutamente impotente para ambas as coisas (você tem descoberto isto?). Não podemos evitar o mal e tampouco podemos fazer o bem que desejamos. À medida que avançamos em nossa experiência cristã, maior será nossa consciência da incapacidade «da carne», quer dizer, de nossas próprias forças para agradar a Deus. Tornam-se inúteis os esforços piedosos do homem religioso em sua tentativa por agradar a um Deus santo.
Entretanto, irmãos, a Escritura diz que já morremos para o pecado e para a lei! (Imagino Apeles passando por esta estreiteza que representa Romanos 6 e 7. Ele não passou de Romanos 3 ao 16 de uma vez. Me imagino rogando: «Senhor, me revele esta palavra! Porque se for possível morrer para o pecado e para a lei, eu quero que isso se cumpra cabalmente em minha vida»). Quando não temos suficiente luz espiritual, imaginamos que isto é um longo e doloroso processo. Entretanto, aquilo já ocorreu! De tal maneira que se um irmão está tratando de morrer para o pecado ou para a lei, está errado. Ainda não entendeu a obra de Deus em Cristo Jesus para conosco, e está ainda fora do poder do evangelho, ou só o entendeu parcialmente, «porque no evangelho a justiça de Deus se revela por fé e para fé», e os que reinam em vida são os que recebem a abundância da graça.
Irmão, deixe-me dizer-lo desta maneira: Você e eu necessitávamos do sangue de Cristo (com Romanos 3 estamos já muito claros); mas, além disso, precisávamos morrer e precisávamos ressuscitar. Necessitávamos um sangue que nos limpasse de nossos feitos pecaminosos e necessitávamos de uma morte que terminasse com nós mesmos, e além disso necessitávamos de uma ressurreição que nos levantasse dentre os mortos. Isto parece uma loucura, mas a palavra nos diz que fomos «sepultados junto com Cristo ... a fim de que como Cristo ressuscitou dentre os mortos pela glória do Pai, assim também nós andemos em nova vida.
Pergunto: Cristo Morreu? Cristo Ressuscitou? Nossa resposta é um terminante: Sim! Agora, cremos no que está escrito? É obvio que sim, cremos! Então, nós também morremos e ressuscitou com Cristo! Convido-o, irmão amado, que da mesma maneira como você creu que o sangue de Cristo lavou todos os seus pecados, creia também que a morte de Cristo é inclusiva: incluiu a você também, e de igual forma sua ressurreição também nos inclui.
Concluímos, então, que nós crentes morremos com Cristo e ressuscitamos com ele! Irmãos, isto não é algo para saltar de alegria? Não é esta a ampla provisão de Deus para todos nós? Você e eu precisávamos morrer e ressuscitar, e a menos que tenhamos visto estas coisas – porque isto terá que vê-lo espiritualmente – nosso entendimento deve ser iluminado, e para isto veio o Espírito Santo, enviado do céu, para nos dar a conhecer esta linguagem e esta experiência celestial.
Para os homens, esta linguagem é loucura; mas para nós, Cristo é poder de Deus e sabedoria de Deus. De tal maneira, irmão, que em Cristo você acabou, você já não vive! Você escutou alguém falar disto alguma vez? Sim, pois era a experiência do apóstolo Paulo: «Com Cristo estou juntamente crucificado, e já não vivo eu, mas Cristo vive em mim» (Gál. 2:20). Paulo não estava louco (embora alguns incrédulos quiseram apelidá-lo de tal). Ele entendeu as coisas de tal maneira que soube que sem esforço algum, sua vida terminou com Cristo e de uma vez recomeçou com Cristo.
Irmão, isto não se pode compreender tudo de uma só vez em uma só mensagem. Nossa capacidade de compreensão das coisas mais profundas de Deus deve ir num aumento constante. Isto está enunciado para que você se aprofunde. Agora o assunto fica em suas mãos. Se você se conformar com a experiência de salvação de Romanos 3, você é igualmente um filho de Deus e não irá para a condenação; mas temo que sua recompensa não será a mesma se você subir ao próximo degrau e procurar que se faça vida em você a verdade de que morremos e ressuscitamos com Cristo.
Alguns se complicam com Romanos 7, mas o que está ocorrendo de verdade ali, é que o homem espiritual, o homem que deseja viver a vida do Espírito, está-se descobrindo a si mesmo. Seu problema não é só um assunto de certos «feitos» que o complicam em sua carreira cristã. Ele está descobrindo que possui tão somente as «boas intenções»: «O querer o bem está em mim, mas não o fazê-lo ... não faço o bem que quero, mas sim o mal que não quero, isso faço (7: 18-19). E começa a luta do bem e do mal, e estas coisas do «bem e do mal», leva-nos de volta a Gênesis (a famosa árvore da qual Adão comeu).
Então, nosso problema vem de muito atrás, de Adão, mas nossa realidade atual não é de Adão, pois estamos em Cristo, e em Cristo morremos. De maneira que agora necessitamos que outra pessoa viva em nós: «Cristo em nós, a esperança de glória» (Col. 1:27).
A glória de Romanos 8
Como vamos cumprir as demandas de Deus? A vida poderosa de Cristo está agora dentro de mim; é a vida de ressurreição..., e com isto chegamos a Romanos 8:2: «Porque a lei do espírito de vida em Cristo Jesus, livrou-me da lei do pecado e da morte».
Bem-aventurado o crente que chega a este ponto. Tem descoberto que existem duas leis, e que ambas estão presentes em sua vida. Tal como em Paulo ou em Pedro, em todos nós estão operando ambas as leis. Até nas pessoas que possamos considerar mais refinadas está operando a lei do pecado e da morte. Entretanto, aquela lei foi vencida pela outra lei, a lei do Espírito de vida em Cristo Jesus. (É difícil muitas vezes que pessoas boas, morais, de sãs costumes, compreendam o evangelho. Freqüentemente, eles parecem não ter do que arrepender-se).
Peço-te, irmão meu, ou jovem crente, que não descanse até que esta letra se translade do livro para o seu coração e se faça vida em ti, em sua experiência diária. Porque o mundo inteiro jáz no maligno, o pecado nos assedia, e as tentações estão aumentando à medida que o mundo avança. Hoje temos o pecado a um «click» de distância (linguagem computacional). Portanto, é necessário que nós os crentes desta geração sejamos achados de tal maneira estabelecidos em Cristo, sendo aprovados e avançando em cada um desses degraus até sermos aprovados em Cristo.
Porque estou unido a Cristo, porque morri com Cristo, porque o Espírito de Cristo está dentro de mim, então, crendo isto, posso viver na abundância dessa graça. Não me derrubará qualquer tentação, não me arrastará qualquer murmuração, porque há uma lei dentro de mim; não porque sejamos melhores que os outros, mas sim porque recebemos a abundância da graça e nos apropriamos dela.
Avançando em Romanos 8 nos encontramos com o Espírito Santo dando testemunho ao nosso espírito de que somos filhos de Deus (8:16), e, ocupados nas coisas do Espírito já não militamos com os pobres recursos da carne. Esta é uma vida maravilhosa, pois já não estamos sozinhos, tratando de agradar a Deus com as nossas próprias forças.
Agora, o Espírito do Deus vivo derramado no dia de Pentecostes pela obra consumada de Cristo, habita no coração do crente e dá testemunho ao nosso espírito de que não somos forasteiros, mas sim concidadãos dos santos e membros da família de Deus; que não somos das trevas, mas sim da luz; que não somos mais meros indivíduos, mas sim membros do corpo de Cristo, e mantemos uma comunhão viva com o Deus vivo!
Finalmente Romanos 8 nos ensinará que somos mais que vencedores por meio daquele que nos amou. Podemos imaginar Apeles avançando em Cristo, superando etapa atrás de etapa? Depois de ter sido um homem cheio de pecados, encheu-se da palavra, valorou o sangue de Cristo, valorou a justificação, valorou seu trasporte de Adão para Cristo, viu-se morto em Cristo, viu-se ressuscitado em Cristo, começou a viver pela lei do Espírito de vida, e chegou a ser um homem mais do que vencedor frente às tribulações da vida...
Membros de um corpo
Mas isto não termina em Romanos 8. Embora seja mais que vencedor, ainda é um indivíduo. Mas em Romanos 12 se introduz um novo conceito. E ao dizer um novo conceito, digo-o a propósito, para que você enumere em seu coração todos os conceitos já introduzidos.
Em Romanos 12 aparece outro conceito: Somos membros de um corpo. Você nunca será aprovado sozinho, como indivíduo, nunca. Você necessita do corpo, necessitamos de outros membros do corpo. Para viver a realidade do corpo de Cristo, é imprescindível uma profunda renovação em nosso entendimento, todo alto conceito de nós mesmos, nosso individualismo, deve ser demolido. Quão conscientes estamos de que somos membros uns dos outros? (Rom.12: 3-5) O que você faz, seja bom ou seja mau afetará (para bem ou para mal) a toda a igreja.
Em Romanos 12:11 diz: «No que requer diligência, não sejais preguiçosos; sede fervorosos no espírito, servindo ao Senhor». Como nós gostamos disto! Mas, em troca, é motivo de muita tristeza encontrar-se com cristãos apagados, com uma oração rotineira. Mas, que distinto é quando alguém está fervoroso no espírito, e se derrama em amor!: «...alegrai-vos na esperança; pacientes na tribulação; constantes na oração...».
Assim chegamos a Romanos 14:1: «Recebam ao fraco na fé, mas não para contender sobre opiniões». Ah, Apeles já está mais maduro! Em Romanos capítulo 3 ou 4, certamente, ele diria: «Eu penso isto, eu penso outra coisa». Agora não. Apeles já morreu. Já não discute sobre pontos doutrinários. Se um irmão pensar diferente, ama-o, recebe-o; não contende sobre opiniões, em troca dirá: «Simplesmente, irmão, se você guardar o dia, para o Senhor o guarda; se não comer carne, para o Senhor não come. Mas, amemos ao Senhor; isso não é essencial; bendigamos ao Rei». Se, mediante a graça de nosso Deus, alcançamos este degrau em nossa experiência em Cristo, o Senhor terá ganho muito conosco.
Até há mais. Romanos 15:1: «Assim, os que somos fortes devemos suportar as fraquezas dos fracos, e não agradar a nós mesmos». Eu quero estar em uma igreja assim irmãos, onde há fortes e há fracos, que convivem; se suportam, se amam! Versículo 5: «Mas o Deus de paciência e de consolação lhes dê entre vós um mesmo sentir segundo Cristo Jesus, para que unânimes, a uma voz, glorifiquem a Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo». Reparou que Deus tudo dá, que Deus não vende a vida?
Já estamos concluindo. Romanos 15:13: «E o Deus de esperança os encha de todo gozo e paz em crença, para que abundem em esperança pelo poder do Espírito Santo». Enchamos-nos de esperança; é possível amadurecer em Cristo. Enchamos-nos de gozo e de paz em crença. Creiamos que é possível que experimentemos isto de morrer e ressuscitar em Cristo; creiamos que é possível chegar a ser aprovados em Cristo, e que a gloriosa realidade do capítulo 16 do livro de Romanos a possamos viver também nós, em nossos dias.
Irmão, se você não passou pela morte e a ressurreição, como vai viver a vida do corpo? Se a vida de ressurreição não é uma realidade em você, como vai se entender com os irmãos? Por ser tão distintos uns dos outros, todos precisamos morrer e ressuscitar. Quando todos ressuscitamos, congregamo-nos em um e chegamos a ter um mesmo sentir, a mente de Cristo, a mesma vida, a vida de Cristo.
Deus está trabalhando persistentemente, ele obterá o que quer: um corpo, não somente indivíduos espetaculares, um corpo onde todos os membros funcionam harmonicamente, sem hierarquias asfixiantes, um corpo onde na verdade, Jesus Cristo, Sua Cabeça, preside mediante o glorioso Espírito Santo que enche poderosamente a cada um de seus membros.
Que assim seja.
(Síntese de uma mensagem ministrada na Colômbia, em julho de 2006).